5 Filmes com os Beatles

5 Filmes com os Beatles

Estreou na Disney+ um documentário sobre os Beatles. Peter Jackson, aquele mesmo que fez O Senhor dos Anéis, pegou 55 horas de material filmado em janeiro de 1969, tratou as imagens, e construiu um documentário mostrando os bastidores dos ensaios, composições e gravações do disco Let it Be. E o que mais chama a atenção é a qualidade das imagens – parece que foram captadas recentemente, com câmeras atuais.

Pensei em ver o documentário e comentar aqui, mas são quase 8 horas de filme, e confesso que bateu preguiça. Mas… Por que não lembrar de 5 filmes que falam direta ou indiretamente dos Beatles?

Em ordem cronológica…

Febre de Juventude (1978)

Primeiro filme de Robert Zemeckis, que seria um grande nome do cinema pipoca na década seguinte, com filmes como Uma Cilada Para Roger Rabbit, Tudo por uma Esmeralda e a trilogia De Volta para o Futuro, e que ganharia o Oscar nos anos 90 por Forrest Gump, Febre de Juventude (I Wanna Hold Your Hand, no original) não mostra os Beatles. O filme conta a história de um grupo de fãs que quer ver uma apresentação da banda no programa Ed Sullivan, pouco depois do lançamento da música I Wanna Hold Your Hand.

Backbeat – Os Cinco Rapazes de Liverpool (1994)

O filme é focado em Stuart Sutcliffe, que era o baixista dos Beatles antes da banda fazer sucesso. Na época que eles foram para a Alemanha para fazer shows em bares e tentar conseguir algum tipo de reconhecimento, Stuart, que também era pintor, se apaixona por uma artista plástica, e tem que decidir entre sua paixão ou continuar com a banda, onde é um reconhecido ruim instrumentista. Filme dirigido por Ian Softley e estrelado por Stephen Dorf e Sheryl Lee.

Across The Universe (2007)

Nos anos 60, o inglês Jude decide partir para os Estados Unidos, e lá se apaixona por Lucy, que se envolve com emergentes movimentos de contracultura, da psicodelia aos protestos contra a Guerra do Vietnã. O roteiro do musical é baseado em músicas dos Beatles. Quando as músicas não estão cantadas, elas estão faladas ou citadas por outros elementos – como os nomes dos personagens Jude, Lucy, Sadie, Prudence ou Jo Jo, todos personagens presentes em músicas. Dirigido por Julie Taymor e estrelado por Evan Rachel Wood e Jim Sturgess. (texto aqui no heuvi)

O Garoto de Liverpool (2009)

Outro filme que não fala dos Beatles. O principal foco de O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy no original), longa de estreia da diretora inglesa Sam Taylor-Wood, é nas conturbadas relações entre o adolescente John Lennon, sua mãe e sua tia. Ainda assim, a parte musical é bem legal. Lennon, então com 15 anos, aprende a tocar banjo, muda para o violão e monta, com colegas da escola, a banda The Quarrymen, através da qual conhece Paul e George. E o resto é história da música pop. (texto aqui no heuvi)

Yesterday (2019)

Um músico de fundo de quintal sofre um acidente, e quando acorda está em uma realidade paralela onde os Beatles nunca existiram. Ele agora é a única pessoa no planeta que conhece o repertório dos Beatles. Com direção de Danny Boyle e roteiro de Richard Curtis, Yesterday tem no elenco Himesh Patel, Lily James e Ed Sheeran e é o típico “feel good movie” – quando acaba o filme, a plateia se sente feliz. (texto aqui no heuvi)

Os Piratas do Rock

Crítica – Os Piratas do Rock

Sinopse (imdb): Um grupo de DJs rebeldes que cativaram a Grã-Bretanha, tocando a música que definia uma geração e enfrentando um governo que queria música clássica e nada mais, nas ondas de rádio.

Sei lá por que, nunca tinha ouvido falar deste filme, até que o Fernando Caruso, meu companheiro de Podcrastinadores, me recomendou. E que bela recomendação!

Escrito e dirigido por Richard Curtis (falei dele aqui outro dia, quando falei de Yesterday), Os Piratas do Rock (The Boat that Rocked, no original) tem bem a cara de um filme que heu vou gostar. Um elenco cheio de nomes legais, contando uma história rock’n’roll, ambientada nos anos 60. Pronto, já é o suficiente pra virar um dos meus filmes favoritos.

A história é baseada em eventos reais – a programação de rádio na Inglaterra era dominada pela BBC, que não tocava rock, então surgiam rádios piratas para suprir a demanda dos ouvintes. E sim, havia rádios que ficavam em navios!

Os Piratas do Rock não tem muita história, a trama se baseia na rica galeria de personagens e nas relações entre eles. Taí, daria uma boa série.

Ah, o elenco! O personagem principal é o desconhecido Tom Surridge, mas Os Piratas do Rock conta com Philip Seymour Hoffman, Bill Nighy, Nick Frost, Chris O’Dowd, Kenneth Branagh, Gemma Arterton, Rhys Ifans, January Jones, Emma Thompson e Jack Davenport, entre outros. Nada mal!

O filme é um pouco longo demais (duas horas e quinze minutos), achei umas partes cansativas no meio (tipo o “duelo” nos mastros do barco – pra que aquela cena?). Mas a sequência final é tão empolgante que a gente esquece disso e fica com vontade de rever logo.

Quero mais recomendações de filmes rock’n’roll assim!

Rocketman

Crítica – Rocketman

Sinopse (imdb): Uma fantasia musical sobre a fantástica história humana nos anos de descoberta de Elton John.

Quando o filme Bohemian Rhapsody teve problemas com o diretor, Bryan Singer foi dispensado e chamaram Dexter Fletcher pra terminar o filme. Mas, quem é Dexter Fletcher? Era o diretor por trás da vindoura cinebiografia do Elton John!

Rocketman (idem, no original) não segue o mesmo formato de Bohemian Rhapsody – que é um filme convencional recheado de momentos musicais. Aqui temos um musical no formato clássico, daqueles onde o elenco para de falar e começa a cantar e fazer coreografias. Isso pode até incomodar parte do público, mas heu sempre gostei.

A seleção de músicas é muito boa (Elton John tem um repertório riquíssimo), e a narrativa flui bem através delas. E um detalhe que nem todos sabem: o ator Taron Egerton canta todas as músicas – e com a benção do próprio Elton.

(Quem acompanha a carreira do ator vai se lembrar que ele já tinha cantado uma música do cantor em Sing, e ambos contracenaram em Kingsman 2. A parceria não é exatamente uma novidade.)

Egerton está excelente, uma indicação ao Oscar não será surpresa (principalmente se a gente se lembrar que o último Oscar de melhor ator foi pro Rami Malek e seu Freddie Mercury). Diferente de Bohemian Rhapsody, que pegou leve nas excentricidades, Rocketman mostra tudo, todos os excessos que vieram junto com o enorme sucesso do cantor. Jamie Bell também está muito bem como Bernie Taupin, o parceiro musical de Elton. Também no elenco, Richard Madden e Bryce Dallas Howard.

Ainda preciso falar da cenografia e do figurino – uma das características marcantes do cantor é o seu visual excêntrico. Se tem uma aposta certa para o Oscar, arriscaria dizer que é o de melhor figurino.

Filmão.

Aladdin (2019)

Crítica – Aladdin

Sinopse (imdb): Um moleque de rua de bom coração e um famigerado Grão-Vizir disputam uma lâmpada mágica que tem o poder de realizar seus mais profundos desejos.

E vamos a mais uma adaptação live action de um desenho clássico da Disney.

Quando surgiram imagens de Will Smith como o gênio, muita gente chiou “pelas internetes”, reclamando da caracterização do novo gênio. Não fiz coro, isso não me incomodou. Na minha humilde opinião, o problema não era a caracterização, e sim, o desafio de se fazer um gênio tão bom quanto o gênio do desenho, que trazia uma interpretação sensacional e muito marcante do Robin Williams. Bem, Will Smith pode não ser tão bom quanto Robin Williams, mas pelo menos seu gênio ficou muito bom.

Aladdin (idem, no original) segue os passos da animação de 1992. Alguns pontos da trama foram atualizados para se encaixarem melhor nos dias de hoje, tipo um Jafar com ambições políticas e uma Jasmine empoderada – mas basicamente, a história é a mesma.

Às vezes a gente nem se dá conta, mas boa parte das animações da Disney são musicais. No live action isso fica mais claro, é um musical assumido. As músicas que todo mundo conhece estão lá, além, claro, de algumas novidades para o Oscar ano que vem (para ser indicada ao Oscar de melhor canção, a música precisa ser composta para o filme – arrisco a dizer que aquela música da Jasmine cantando “ninguém me cala” será a bola da vez no Oscar do ano que vem).

Preciso falar sobre a direção. Não, não vou falar mal, o filme é bem dirigido. Mas… O diretor é Guy Ritchie!!! Sim, o mesmo de Jogos Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Snatch, RocknRolla, O Agente da UNCLE – quase toda a sua filmografia tem violência e personagens de moral duvidosa. Por que diabos ele foi escolhido para Aladdin??? Bem, ele está bem, mas não vemos nada do seu estilo neste filme.

Sobre o elenco, o único nome a ser citado é Will Smith, que, como falei lá em cima, está bem. Já Marwan Kenzari, que faz o Jafar, está caricato – no mau sentido. Também no elenco, Mena Massoud, Naomi Scott, Nasim Pedrad e Navid Negahban.

No fim fica aquele mesmo comentário das outras vezes: não precisava de uma versão live action tão parecida com o desenho original. Mas pelo menos o trabalho foi bem feito.

Bohemian Rhapsody

Crítica – Bohemian Rhapsody

Sinopse (imdb): Uma crônica dos anos que antecederam a lendária aparição de Queen no concerto Live Aid (1985).

Sempre reclamei aqui de leitores de HQs que se queixam do filme porque “está diferente do que eu lia”. Um filme é um filme, uma adaptação não precisa copiar fielmente a obra onde se originou. Se o roteirista / diretor usou outro caminho diferente do que está na sua cabeça (o tal “head canon”), é você quem está errado.

Pois bem, agora é a minha vez de fazer o “mimimi nerd baseado em head canon”. Sou fã de Queen desde a minha adolescência, nos anos 80. Ainda tenho toda a discografia em vinil, além de vários cds, dvds, livros, camisas, etc. Ou seja, sei em qual disco está cada música, e sei a ordem que esses discos foram lançados. Bagunçar a linha temporal da banda me incomodou – muito.

Entendo que o filme tenha mudado algumas datas. Queriam mostrar a turnê nos EUA antes da gravação de A Night at the Opera, em 1975, aí usaram a música Fat Bottomed Girls, do Jazz (de 78), mais animada do que Now I’m Here, que estaria na ordem “certa”. Ou então quando queriam mostrar a importância do Rock in Rio de 85 – milhares de pessoas cantando Love of My Life em uníssono é realmente algo marcante – e por isso deslocaram “o show do Rio” pro meio do filme – dando a entender que We Will Rock You (de 77) foi gravada inspirada por aquele momento.

É. Foi a minha vez de provar do mesmo veneno. O meu conhecimento prévio sobre a banda me atrapalhou… O que foi uma pena, porque Bohemian Rhapsody (idem, no original) é muito bom!

O filme teve problemas sérios na produção. Me lembro que Sacha Baron Cohen seria o Freddie Mercury, mas pelo que se diz, ele queria mostrar os lados bizarros da história do cantor (muitos exageros com sexo e drogas), e a produção quis mostrar uma versão mais “família”. Além disso, houve uma troca no comando. Bohemian Rhapsody foi dirigido por Bryan Singer, mas este foi demitido pela produção quando faltavam poucas semanas para terminar as filmagens, e chamaram Dexter Fletcher (que está fazendo o filme do Elton John que estreia ano que vem). Não sei ao certo o quanto cada um dos dois palpitou no resultado final…

A primeira pergunta que todos fazem é: Rami Malek (conhecido pela série Mr Robot) consegue fazer um bom Freddie Mercury? O pior problema de Malek é a semelhança física. Mercury é um rosto muito conhecido na cultura pop, e Malek não se parece com ele. Mas a interpretação dele está ótima! Malek copia todos os trejeitos e, sim, é possível “ver” o Freddie na tela. E vou além: o resto da banda também está excelente, com interpretações de Gwilym Lee (Brian May), Ben Hardy (Roger Taylor) e Joseph Mazzello (John Deacon). Ainda no elenco, Lucy Boynton, Aidan Gillen, Allen Leech, Tom Hollander e Mike Myers, irreconhecível debaixo de maquiagem pesada, mas com uma piada muito boa pra quem se lembra de Quanto Mais Idiota Melhor.

(Diferente do filme The Doors, que usou a voz do Val Kilmer nas músicas do Doors, Bohemian Rhapsody usa gravações originais da banda Queen.)

Toda a reconstituição está perfeita. Ensaios, gravações, reuniões com a gravadora, festas, entrevistas coletivas, e, principalmente, shows, muitos shows. O Live Aid, ponto alto do filme, está quase completo (vemos três músicas e meia!). E se na linha temporal o fã fica chateado, aqui o fã fica feliz: você vê que o filme respeita cada detalhe dos shows do Queen.

Na verdade, esse é o grande mérito de Bohemian Rhapsody. As músicas são muito boas, e estão muito bem representadas na tela. A costura da trilha sonora pode não respeitar a ordem cronológica, mas vai ser muito difícil o espectador não se emocionar e sair cantando junto. E prevejo sessões terminando com palmas, como se o público estivesse saindo de um show.

Claro, o filme podia ser diferente em vários aspectos. Podia ter se aprofundado mais nas extravagâncias do Freddie (parece até um filme Disney, não mostra nada que possa gerar polêmica). Podia ter mostrado casos importantes como a briga com o empresário antes do A Night at the Opera, que gerou a música Death On Two Legs. Podia ter avançado na época que o Freddie descobriu que estava com Aids e a banda parou de excursionar. Podia ter mostrado mais os outros integrantes. Ah, podia ter respeitado a linha temporal da banda – não se se falei aqui, isso me incomodou muito…

Faltou muito pouco para termos uma das melhores cinebiografias da história. Mas, com certeza, vai ficar para sempre na memória e nos corações de todos os fãs. Vou comprar meu blu-ray e guardar junto com os shows do Queen!

Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo

Crítica – Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo

Sinopse (imdb): Cinco anos depois dos eventos de Mamma Mia! O Filme, Sophie aprende sobre o passado de sua mãe durante a gravidez.

O primeiro Mamma Mia foi um grande sucesso. Claro que uma continuação era prevista, afinal, estamos falando de Hollywood. A dúvida era como eles fariam, já que quase todas as músicas famosas do ABBA estavam no primeiro filme. E, se o filme só tivesse “lados B”, não venderia tanto.

A solução foi repetir músicas, mas em outros contextos (com exceção da mais famosa de todas, Dancing Queen, que repete o mesmo cenário e as mesmas coreografias do primeiro filme). Além de Dancing Queen, temos novamente Thank You For The Music, Waterloo, S.O.S., I Have A Dream, Mamma Mia (claro) e Super Trouper (essa como encerramento, com todo o elenco cantando). Não me lembro de como foi Mamma Mia no filme anterior, mas aqui ficou bem legal.

Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo (Mamma Mia! Here We Go Again, no original) resolve usar flashbacks pra contar o passado da personagem. Assim, Meryl Streep dá lugar a Lily James, que vira a protagonista do filme e conta a história dos três pais e da chegada à Grécia, vinte anos antes do filme anterior.

(Uma crítica que fiz sobre o filme anterior é que não sabíamos quando se passava. Agora dá pra saber: Donna chegou na Grécia em 1979, então o filme anterior se passa em 1999, e este aqui seria em 2004. Custava eles dizerem que era um filme “de época”?)

A direção é do desconhecido Ol Parker, que não inventa novidades e deixa o filme fluir de acordo com as músicas. Afinal, o que mais funcionou no primeiro filme foram os belos cenários gregos e as boas músicas do ABBA. Então, o negócio é repetir, e todo mundo sai do cinema feliz.

Sobre o elenco: Meryl Streep deveria estar com a agenda cheia, então seu papel é reduzido (ela só filmou por uma semana). Estão de volta Amanda Seyfried, Pierce Brosnan, Colin Firth, Stellan Skarsgård, Dominic Cooper, Christine Baranski e Julie Walters; de novidades, temos Lily James, Andy Garcia, Cher, Alexa Davies, Jessica Keenan Wynn, Hugh Skinner, Josh Dylan e Jeremy Irvine. E, para os fãs, temos cameos dos dois “B” do ABBA, Benny Andersson e Björn Ulvaeus.

O segundo filme está sendo um grande sucesso de bilheteria, assim como foi o primeiro. Claro que estão pensando num terceiro filme. O ABBA tem música pra três filmes? Ou vão ter que pegar emprestadas músicas de outra banda sueca? O Roxette ia gostar… 😉

Stage Fright

stagefrightCrítica – Stage Fright

Sinopse (imdb): Um acampamento esnobe de teatro musical é aterrorizado por um assassino sedento de sangue que odeia teatro musical.

Não me lembro de onde veio a indicação, mas lembro de alguém falando de um musical de terror. Demorei, mas achei o filme!

Escrito e dirigido por Jerome Sable (também autor das músicas), Stage Fright (acho que não tem título em português) já diz ao que veio logo de cara, quando aparece o texto “O filme foi baseado em eventos reais. Enquanto os nomes foram trocados em respeito às vítimas e suas famílias, os números musicais serão executados exatamente como aconteceram“.

Claro que não é pra levar a sério. O filme é previsível e cheio de clichês. E, mesmo assim, muito divertido!

Na parte do terror, o clima é de um slasher dos anos 80 – um vilão mascarado caricato matando um de cada vez, com algum gore (sem exageros). Além disso, o fã de filmes de terror vai encontrar várias referências a clássicos, como Sexta Feira 13 (o acampamento), Halloween (a faca), Hellraiser (a cabeça com pregos) e Carrie (o balde). O diferencial está nas músicas. Stage Fright é um musical clássico, daqueles onde o personagem para de falar e começa a cantar. E algumas músicas são muito boas!

O problema de Stage Fright é que existe um preconceito com filmes de terror, e um preconceito ainda maior com musicais. O espectador aqui precisa curtir ambos os estilos.

Agora, quem entrar no espírito vai se divertir!

O Rei do Show

Rei do ShowCrítica – O Rei do Show

Sinopse (imdb): O filme celebra o nascimento do show business e mostra um visionário que surgiu do nada para criar um espetáculo que se tornou uma sensação mundial.

Sinopse (heuvi): Segundo a Wikipedia, “Phineas Taylor Barnum foi um showman e empresário do ramo do entretenimento norte-americano, lembrado principalmente por promover as mais famosas fraudes (…) O circo foi a origem de sua fama duradoura. Ele fundou o ‘P. T. Barnum Grande Museu, Zoológico e Hipódromo Itinerante’, uma mistura de circo, zoológico e museu de freaks que mudou de nome várias vezes.”. O Rei do Show mostra uma visão romântica da vida e do sonho de P. T. Barnum.

Assim como aconteceu um ano atrás com La La Land, entrei na sala de cinema para ver O Rei do Show (The Greatest Showman, no original) sem saber que se tratava de um musical. E, mais uma vez, me surpreendi positivamente.

(O trailer de O Rei do Show vende um filme colorido, com um visual que lembra Moulin Rouge, mas não deixa claro que é um musical “clássico”, daqueles onde as pessoas param os diálogos para cantar e fazer coreografias. Sorte que não tenho nada contra musicais…)

Bem, O Rei do Show não é tão bom quanto La La Land (o grande injustiçado do Oscar do ano passado). Mas a comparação é injusta, né? Porque O Rei do Show pode não ser “papa Oscar” (La La Land ganhou seis e concorreu a outros oito), mas é um ótimo filme!

Dirigido por Michael Gracey, O Rei do Show tem uma história cativante, e, principalmente, músicas empolgantes, compostas por Benj Pasek e Justin Paul (que ganharam o Oscar ano passado por, olha só, La La Land) – coisa essencial quando estamos falando de um musical. A primeira coisa que fiz quando cheguei do cinema foi catar a trilha no youtube, pra ouvir as músicas de novo…

Ok, o roteiro escrito por Jenny Bicks e Bill Condon (ganhador do Oscar de melhor roteiro por Chicago) tem clichês, e todos os conflitos são rasos e resolvidos facilmente. Além disso, queria ter visto mais sobre os personagens freaks do circo. Quem estiver atrás de uma trama mais complexa pode se decepcionar.

Li em algum lugar que o P.T. Barnum real era um cara bem diferente desse aí, que seria um cara oportunista e aproveitador. Aqui ele é mostrado como um romântico sonhador. Sei lá, acho que podiam ter criado um personagem fictício, apenas baseado no Barnum real.

O elenco está muito bem. Hugh Jackman já tinha feito um musical, o bom (mas cansativo) Os Miseráveis, aqui ele está bem melhor. Zac Efron, veterano em musicais apesar da pouca idade (foram três High School Musical e um papel importante em Hairspray) é um ótimo coadjuvante – a cena onde os dois negociam a parceria é ótima! Zendaya (que estava no úlyimo Homem Aranha) não só canta, como ainda fez todas as cenas de trapézio. Rebecca Ferguson é a única que é dublada – ela declarou que sabe cantar, mas como interpreta “a melhor voz da Europa”, achou melhor deixar uma cantora profissional fazer as honras. Michelle Williams fecha o elenco principal.

Falei lá em cima que esse filme não seria um “papa Oscar”. É, não acredito que ele ganhe muitas indicações. Mas provavelmente teremos uma ou duas músicas indicadas, tocando na festa do Oscar. Uma delas já levou o Globo de Ouro…

Legalize Já

Legalize-JáCrítica – Legalize Já

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): Como o encontro entre dois jovens que vendiam camisetas e fitas cassete no centro do Rio de Janeiro para se sustentar pôde dar origem a uma das bandas mais populares do Brasil na década de 1990? O filme narra esse momento transformador na vida de Marcelo – futuramente, conhecido como Marcelo D2 – e Skunk, que culminou na formação do Planet Hemp. Reprimidos por uma sociedade preconceituosa, os dois fizeram da música um grito de alerta e de resistência, conquistando corações e mentes de toda uma geração.​

Uma cinebiografia de uma banda nacional dos anos 90 – gostei da ideia!

Confesso que tinha um pé atrás com a proposta do filme (principalmente pelo nome “Legalize já”). Gosto do som do Planet Hemp, sou amigo de alguns dos integrantes da banda. Mas não sou fã de maconha – nada contra, mas é algo que nunca “fez a minha cabeça”. A boa notícia (pelo menos pra mim) é que Legalize Já foca muito mais na relação entre D2 e Skunk do que na maconha.

Nem todos sabem, mas um dos fundadores do Planet Hemp faleceu antes da banda gravar seu primeiro disco e fazer sucesso. O filme foca neste momento, o início da amizade e a formação da banda, que, segundo a proposta de Skunk, falaria mais de problemas sociais do que de maconha – mas isso é ironizado pelo próprio filme, num diálogo onde alguém comenta “mas as músicas só falam de maconha”. É, a crítica social está lá, mas o que vendeu a banda foi a maconha…

Legalize Já foi dirigido pela dupla Johnny Araújo e Gustavo Donafé, que já tinham feito juntos O Magnata, com roteiro do Chorão (Charlie Brown Jr); e que estão em cartaz com Chocante. A fotografia quase preto e branca, assinada por Pedro Cardillo, traz um visual interessante à história.

No elenco, destaque para Ícaro Silva, que antes já interpretou os cantores Jair Rodrigues e Wilson Simonal no teatro, e que aqui faz um, bom trabalho como o Skunk. Marcelo D2 foi interpretado por Renato Góes, enquanto Stepan Nercessian faz um papel menor como seu pai. Uma boa notícia: na minha humilde opinião, uma das falhas do cinema nacional é o descuido com relação ao sotaque dos atores. Ícaro é paulista; Renato, pernambucano. E ambos passam por cariocas. Finalmente alguém se preocupa com sotaques!

Que venham mais cinebiografias musicais brasileiras!

Quadrophenia

QuadropheniaCrítica – Quadrophenia

Sinopse: Na Londres dos anos 1960, Jimmy, como tantos outros jovens, odeia seus pais e seu emprego. Ele só se sente livre na companhia de seus amigos, ouvindo rock, se drogando e andando de lambreta. Ele acaba surtando e sua vida piora.

Sábado passado teve The Who no Rock in Rio. Aqui é um espaço para comentar filmes e, eventualmente, séries, e não shows. Então fui catar um filme baseado em The Who. Heu já tinha o dvd do filme Quadrophenia há anos, mas, sei lá por que, ainda estava lacrado. Agora era o momento certo de abrir!

Dirigido por Franc Roddam, Quadrophenia é baseado no disco homônimo, lançado em 1973 (o filme é de 79). Esse conceito de “ópera rock” já tinha sido usado com Tommy (disco de 69, filme de 75). Mas Roddam quis fazer diferente aqui – enquanto Tommy é um musical no formato clássico, onde personagens cantam as músicas; Quadrophenia é um filme onde ouvimos as músicas originais, e não cantadas pelo elenco.

O curioso de se ver Quadrophenia hoje em dia, no Brasil, é constatar como a cultura mod era algo importante naquele contexto, apesar de ser algo completamente fora da nossa realidade. Diferente, por exemplo, do movimento punk, os mods passaram quase desapercebidos por aqui (lembro de ter lido algo sobre mods na época do início da banda Ira!). Pelo que o filme passa, a cultura mod foi algo bem forte, assim como a sua rivalidade com os rockers. Acho que a comparação aqui no Brasil seria a rivalidade entre os punks e os metaleiros, mas isso aconteceu nos anos 80… Falando nisso, a cena da briga em Brighton é impressionante, mesmo vista hoje, quase 40 anos depois.

Algumas curiosidades sobre o elenco. Sting está creditado como um dos principais, mas seu personagem é secundário – importante na trama, mas só aparece na parte final. Aliás, a produção do filme deu sorte, o Police já existia na época das filmagens, mas ainda era uma banda desconhecida. Mas a banda estourou antes do filme ser lançado, por isso capitalizaram em cima do nome do baixista / vocalista. Ray Winstone tem um papel pequeno; Timothy Spall tem um papel menor ainda. O ator principal, Phil Daniels, está na ativa até hoje, mas nunca mais fez nada relevante – acho que seu segundo papel mais conhecido foi dublando Fuga das Galinhas.

Agora, posso falar do show? Sou fã de The Who desde os anos 90. Quando abri a minha videolocadora, comprei uns VHS musicais aleatórios, e um deles era o show do The Who na Ilha de Wight, em 1970. Um dia, estava arrumando as fitas nas prateleiras, e resolvi colocar um som pra me distrair. Coloquei esse The Who – e pouco depois, me vi parado, estático, vendo aquele show pela tv da locadora. Virei fã na hora! E desde aquela época torcia para o dia que eles viriam ao Brasil.
Vi MUITOS shows ao longo da minha vida. Vi muitos shows memoráveis, shows históricos, mas ainda faltava o Who. Agora não falta mais! Feliz e realizado, vi os dois septuagenários sobreviventes (Roger Daltrey tem 73 anos, Pete Townshend, 72), cheios de energia, no palco, em mais um show memorável no meu currículo.
Quando for velhinho, quero ser daquele jeito!