I Bought a Vampire Motorcycle

Crítica – I Bought a Vampire Motorcycle

Sinopse (imdb): Quando uma gangue de motociclistas mata um ocultista, o espírito maligno que ele invocava habita uma moto danificada. A moto é então comprada e restaurada, mas revela sua verdadeira natureza ao tentar se vingar da gangue e de qualquer outra pessoa que se interponha em seu caminho.

Outro dia mandaram no grupo de apoiadores do Podcrastinadores um short de Instagram com uma cena de uma moto vampira. Claro que fui catar que filme era!

É um filme trash inglês de 1990, dirigido por Dirk Campbell. O nome original é I Bought a Vampire Motorcycle, mas não consegui descobrir qual é o nome brasileiro – pelo Google parece ser “A Moto Vampira”, mas no imdb está “A Motocicleta do Vampiro”. Aliás, me pergunto se esse filme já foi lançado oficialmente aqui no Brasil, desconfio que não.

Enfim, como previsto, I Bought a Vampire Motorcycle é ruim. Mas não é só ruim por ser trash, tem algumas camadas extras de ruindade. Vamulá.

O filme começa com um ritual satânico que dá errado e acaba que a moto fica possuída. Até aí, aceito. Não me incomoda uma moto possuída. O problema são cenas mal escritas, mal filmadas e mal editadas.

Tem uma cena que é tão ruim que vou criticar em dois níveis. Aliás, é uma cena que heu preferia não ter visto: a cena do cocô animado. A gente tem uma cena com uma visita do policial e acaba descobrindo que era um sonho do protagonista. Como é que alguém acha uma boa ideia colocar outro sonho do protagonista na cena seguinte? Será que ninguém se tocou que já tinham acabado de usar esse recurso? E, pra piorar, o segundo sonho – a cena do cocô – é completamente fora de qualquer coisa proposta dentro do filme. Essa cena não se encaixa com nada dentro da narrativa aqui.

Esta é a pior cena do filme, mas tem outras cenas ruins. Tem uma luta num pub que não faz o menor sentido. Pra começar que o dono do pub ia tentar impedir. Mas, independente do dono do pub, a briga é péssima, uma das piores coreografias da história do cinema. E a cereja do bolo é o erro de continuidade nas motos caídas.

Tem outras cenas que apenas são mal filmadas, como a cena onde dois policiais abordam um motorista bêbado e a moto vampira mata um dos policiais. A cena é tão mal filmada que tive que voltar pra entender quem tinha morrido.

Quer mais? Tem uma cena onde o cara entra na garagem e vê que a moto voltou, com um pedaço de perna humana. Chama a polícia? Não, melhor um padre. Ou… Quando policiais veem a moto descendo pela parede do hospital, eles ligam pra delegacia. Mas até o fim do filme não vemos mais nenhum policial, só o investigador que é um dos principais. Detalhe: o padre estava na delegacia, mas logo depois ele está com a galera.

No elenco, vários atores ruins e uma coisa curiosa. O ator principal, Neil Morrissey, fez um seriado na tv britânica, Boon, junto com Michael Elphick e David Daker, que também estão no elenco daqui. Amanda Noar, a principal personagem feminina, era casada com Neil Morrissey. Nunca soube de nenhum outro filme com nenhum deles. Por outro lado, o padre é interpretado por Anthony Daniels, também conhecido como C-3P0. E sim, o padre tem uma moto!

I Bought a Vampire Motorcycle termina com um gancho pra continuação, que até onde pesquisei, nunca foi feita.

Slotherhouse

Crítica – Slotherhouse

Sinopse (imdb): Emily Young, uma veterana, quer ser eleita presidente de sua irmandade. Ela adota um lindo bicho-preguiça, achando que ele pode se tornar o novo mascote e ajudá-la a vencer, até que uma série de fatalidades acontece.

Assim que li o nome desse filme, já deu vontade de ver. Achei genial o trocadilho com “slaughterhouse” (matadouro em inglês)!

Sim, é um filme sobre uma preguiça assassina. Claro que não é um filme sério. A duvida é: é bom? Vamulá.

Logo de cara a gente vê que é uma galhofa. A preguiça é um boneco meio tosco, mas que é capaz de fazer coisas como dirigir um carro ou tirar selfies com o celular. Isso, claro, gera algumas boas piadas. Aliás, gostei da opção da preguiça ser um boneco. Muitas vezes optam por cgi, e quase sempre fica ruim. Aqui ficou toscamente engraçado.

Agora, se por um lado acertaram nas piadas com o boneco da preguiça, por outro lado erraram em segurar a mão nas cenas violentas. Temos um filme de terror com uma preguiça assassina e o filme quase não tem gore!

Tem outro problema: heu aceito uma preguiça que sabe usar computador e dirigir carro. Isso faz parte da premissa absurda. Mas não dá pra aceitar que a preguiça saia matando um monte de gente e ninguém resolva ver o que aconteceu. A premissa absurda é relativa à preguiça, mas teoricamente as pessoas vivem numa sociedade normal, haveria alguma investigação policial.

(Nessa parte de forçadas do roteiro, também aceito “roteirices” como as garras da preguiça, que às vezes rasgam facilmente as costas de um, mas em outras ocasiões, mal conseguem arranhar o pescoço de outra. Ruim? Sim, mas é algo comum em filmes assim.)

No elenco, claro, ninguém conhecido – só reconheci um nome, Sydney Craven, que faz a antagonista Brianna, ela estava no terrível Olhos Famintos 4. Claro, as atuações vão de ruim a péssimo – tem uma amiga da protagonista que é tão caricata que passa de qualquer limite aceitável. Mas, dentro da proposta galhofa, as atuações ruins não chegam a atrapalhar.

No fim do filme, claro, uma cena pós créditos com gancho pra continuação. Que espero que tenha mais gore.

Bad CGI Gator

Crítica – Bad CGI Gator

Sinopse (imdb): Seis universitários alugam uma cabana nos pântanos da Geórgia durante as férias de primavera. Lá, eles decidem jogar seus laptops escolares em um lago no quintal, em um ato de rebeldia juvenil.

Não tem muito o que se falar sobre um filme chamado “Jacaré de CGI ruim”. Mas, vamulá.

Em primeiro lugar, CLARO que o CGI é ruim. Está no nome do filme! Se não tivesse um CGI ruim seria o mesmo que você ver um filme do Homem aranha sem o Homem Aranha, ou o filme da Barbie sem a Barbie! O CGI aqui é propositalmente ruim. Reclamar disso é incoerência.

Seis jovens universitários vão passar um fim de semana em uma casa isolada à beira de um lago. Resolvem jogar os laptops no lago, e a eletricidade faz um jacaré crescer – e voar. Sim, o jacaré flutua no ar. Qual é a lógica? Não tem. Mas também não tem lógica um jacaré crescer porque levou um choque.

Já comentei em outras ocasiões que tenho uma memória bizarra quando o assunto é cinema. Nos créditos iniciais li o nome do produtor Charles Band, lembro dele nos anos 80, quando fazia filmes B, ele dirigiu Trancers O Policial do Futuro e produziu A Visão do Terror, que era um dos meus trash favoritos nos tempos do VHS. Não via nada do Charles Band há anos, fui checar no imdb, o cara continua em atividade, e já soma 424 títulos como produtor!

Bad CGI Gator tem personagens clichês e unidimensionais: dois casais dentro do clichê fútil e descerebrado, um loser e uma descolada. Não sei se os seis atores são ruins, ou se não conseguem desenvolver nada porque são péssimos personagens. Todas as atuações são caricatas. Ah, rola uma breve nudez gratuita que tem tudo a ver com a proposta.

Se o filme é bom? Claro que não! Mas, tem uma coisa muito boa: uma duração de apenas 58 minutos. Como é uma piada curta, não precisa esticar. Conta a piada e acaba logo o filme.

Depois que acabou o filme, descobri que existe um “Bad CGI Sharks”, de 2019; e que existe um “Big Bad CGI Monsters” a ser lançado. Mas, depois deste Bad CGI Gator, acho que não preciso ver outro do mesmo estilo.

O Malvado: Horror no Natal

Crítica – O Malvado: Horror no Natal

Sinopse (imdb): Em uma pacata cidade montanhosa, Cindy tem seus pais assassinados e seu Natal roubado por uma figura verde sedenta de sangue em um traje de Papai Noel. Mas quando a criatura começa a aterrorizar a cidade, Cindy procura matar o monstro.

E se o Grinch fosse uma história de terror?

Dirigido pelo desconhecido Steven LaMorte, O Malvado: Horror no Natal (The Mean One, no original) tem um pé fortemente fincado no trash. Muita coisa não tem muita lógica – como por exemplo a cidade passar 20 anos sem nenhuma visita de forasteiros com espírito natalino. Mas, no clima certo, o espectador pode se divertir.

A proposta aqui é: num flashback, Cindy, a menina da história original, encontra e abraça o Grinch. Sua mãe, assustada, o ataca, mas acaba tropeçando e morrendo na queda. Cindy fica traumatizada e se muda da cidade. Anos depois ela volta decidida e dar um encerramento para essa história e seguir em frente, mas acaba reencontrando o monstro. E, claro, ninguém na cidade dá ouvidos a ela.

Falei que tem um pé no trash porque todo o clima do filme é na galhofa. Nenhuma aparição do Grinch vai causar medo, e as mortes geram mais gargalhadas do que repulsa. É terror, mas vai gerar mais risadas do que assustar.

O Malvado: Horror no Natal mostra muitas mortes, e a maior parte usa efeitos de maquiagem e props. Mas, em pelo menos três momentos, temos sangue em cgi (duas vezes por causa de tiros, uma vez quando uma pessoa é triturada num moedor de carne). Ficou muito claro que um efeito prático tosco funciona muito melhor que um cgi tosco! Ainda nesse assunto, a maquiagem do Grinch é bem feita.

Pra quem não sabe, o Grinch é um personagem criado pelo Dr. Seuss. Ao longo do filme rolam algumas referências, como um cartaz escrito “Horton” ou um personagem que se chama “Zeus”, mas fala que chamam ele de “Doctor”. Outra coisa legal é ter uma narração em off em rimas, como acontece na história original.

O Malvado: Horror no Natal não é bom. Mas, como falei, pode agradar se você estiver com amigos que entrarem no espírito da galhofa.

Corta!

Crítica – Corta!

Sinopse (Festival do Rio): Em um prédio abandonado, um filme de zumbi de baixo orçamento está ruindo durante as gravações. O diretor abusivo já anda testando os limites do elenco e da equipe com seu comportamento desagradável, quando revela seu plano especial para injetar energia e emoção no projeto: liberar uma maldição zumbi de verdade. Em um frenético plano sequência em que pedaços de corpos e fluidos voam, os atores lutam contra os mortos-vivos e contra o diretor pela sobrevivência — antes que o filme chegue a uma conclusão chocante.

A sinopse deste Corta! (Coupez!, no original) me chamou a atenção. Mas me lembrei de um trash japonês que vi uns anos atrás, One Cut of the Dead, que trazia uma sinopse bem parecida.

E era isso mesmo. Corta! é refilmagem do japonês.

Mas o original era divertido, já faz uns anos que vi, e este novo ainda trazia o oscarizado Michel Hazanavicius (O Artista) na direção. Ok, vale checar a refilmagem.

A boa notícia é que Corta! é divertidissimo. Ok, igualzinho ao original. Não revi o filme japonês, mas tudo que me lembro também está presente aqui. Mas, quantas vezes a gente vê refilmagens e não reclama? Então bora.

O filme é claramente dividido em três partes. Tem uma primeira parte que é muito boa, tem uma segunda parte que é meio fraca e tem uma terceira parte que é a melhor coisa do filme. E como eu já falei em outras ocasiões, quando o filme termina bem, ele ganha pontos, porque a gente sai do cinema feliz.

A primeira parte é o plano sequência em si. É um trecho de pouco mais de meia hora com um plano sequência mostrando um set de filmagens de um filme de zumbis, sendo atacado por zumbis. Segundo o imdb, é um take dividido em dois, e demoraram cinco semanas ensaiando e quatro dias filmando.

A segunda parte mostra os bastidores do projeto, começando um mês antes. Ok, faz parte, pra gente conhecer um pouco mais dos personagens. Mas por outro lado é uma parte meio longa onde nada de legal acontece. Só serve pra gente entender alguns detalhes do que acontece depois, tipo o cara do som ter problemas intestinais, ou um dos atores com problemas com álcool.

A terceira parte é o backstage da filmagem do plano sequência em si. Durante a execução deste plano sequência acontecem algumas falhas meio toscas, e quando revemos a mesma cena sob outro ângulo, vemos o que aconteceu nos bastidores pra justificar essas falhas. Acompanhamos os erros técnicos na produção, e então entendemos todos as tosqueiras que aconteceram. Essa terceira parte é muito bem bolada e muito divertida.

Agora, é divertido, mas sinceramente não entendo um diretor ganhador do Oscar em um projeto desses: uma refilmagem de um trash. Não entendi a proposta do Michel Hazanavicius. Mas, ok, a gente aceita. de repente o cara só queria se divertir com um projeto leve.

O elenco traz alguns nomes conhecidos, como Romain Duris (Os Três Mosqueteiros) , Bérénice Bejo (O Artista)  e Matilda Lutz (Vingança). Todos funcionam, esse é um formato de filme que não pede grandes atuações.

Ah, tem uma cena pós créditos, uma piadinha. Não me lembro se tinha no original japonês.

The Amazing Bulk

Crítica – The Amazing Bulk

Sinopse (imdb): Henry ‘Hank’ Howard trabalha como cientista em um laboratório militar, tentando criar uma fórmula sobre-humana, mas com pouco sucesso. Ele também está apaixonado pela filha de seu chefe, um general. Em um esforço para ganhar sua aprovação para se casar com sua filha, Henry testa a fórmula em si mesmo, inadvertidamente se transformando em um monstro roxo e deixando-o à mercê daqueles que desejam explorar seu poder recém-descoberto.

Lembro de um dia, antes da pandemia, que estava conversando com o Otávio Ugá sobre o quadro “Os peores filmes do mundo” no canal dele. Otávio me falou que queria fazer um vídeo sobre este The Amazing Bulk mas que não encontrava o filme. Na época tentei ajudá-lo, mas não consegui, e acabei me esquecendo da existência deste filme.

Até que vi que o Otávio fez o vídeo dele. Aí lembrei, opa, bora ver – mesmo já sabendo que este é um dos piores filmes jamais feitos!

Existem filmes ruins. Existem filmes muito ruins. E existe uma categoria que transcende qualquer padrão de ruindade possível. Uma categoria onde existem títulos como The Room, Cinderela Baiana, Birdemic, Manos The Hands of Fate – e também este The Amazing Bulk.

O filme dirigido e editado por Lewis Schoenbrun é tão tosco que nem sei por onde começar. The Amazing Bulk foi inteiramente filmado em tela verde num chroma key bem mal recortado. E todos os cenários digitais parecem gráficos de videogame dos anos 90.

Os efeitos do monstro roxo pelado, o tal do Bulk, são primários. Qualquer tutorial de efeitos especiais básicos já deve trazer um resultado melhor. Ok, o filme foi feito dez anos atrás, mas não justifica algo tão desleixado.

As atuações, claro, são péssimas. O vilão é tão caricato que seria recusado em um teatrinho infantil de shopping vagabundo. Mas atuações ruins eram esperadas num projeto desses. E os capangas dele, nem sei o que falar, não tem figurino, não tem sentido no roteiro, não tem sentido em nada no mundo. Agora, pior que atuações ruins, são diálogos captados sem o menor cuidado. Em uma mesma cena, num mesmo diálogo, tem áudios com ecos diferentes.

Claro, ninguém conhecido no elenco. Mas, já comentei sobre a minha memória bizarra para guardar nomes ligados ao cinema… A prostituta que morre no início do filme teve um papel pequeno em Californication. Como me lembro disso? Sei lá…

Outra coisa muito tosca é que temos várias cenas com os atores correndo parados. O pano verde do fundo devia ser muito pequeno, ficou muito ruim. E isso porque não estou falando dos bichos desenhados! Caramba, que ideia péssima!

Roteiro: sim é um roteiro ruim, isso já era previsto. Mas tem coisas que não fazem o menor sentido, como por exemplo a relação entre os personagens principais. Ele quer pedir a mão dela em casamento mas tem problemas com isso – mas eles já tiveram um relacionamento e ela fala em ter filhos com ele! Sério que ninguém leu o roteiro antes de filmar?

Ainda no roteiro: é um filme curto, tem uma hora e quinze minutos. E mesmo assim, tem uma sequência looonga, chatíssima, com efeitos que ficam indo e vindo, o que será que deve ter acontecido ao diretor/editor quando fez aquelas sequências de satélites acoplando e desacoplando?

E já que falei da edição, vou copiar um trecho do imdb sobre os cenários digitais: “O diretor encontrou muitos dos planos de fundo em sites de imagens gratuitas, que estão listados nos créditos do filme. Ele fez o filme em torno do que tinha, o que levou a cenas em adegas e campos habitados por duendes.” Parece que na parte final o diretor/editor deve ter pensado “ei, sobraram umas imagens, mas não se encaixam com nada, mas mesmo assim vamos colocar qualquer coisa!” Tem uma longa corrida do monstro roxo pelado por vários cenários aleatórios. Não que o resto do filme faça sentido, mas esse final é surreal.

Por fim, queria entender o uso de um monte de músicas clássicas na trilha sonora. Será que são grátis? A trilha tem vários clássicos famosos. E se eles não gastaram nos cenários digitais, será que gastaram na trilha, ou será que é tudo piratão?

Dava pra falar mais, mas chega. Preciso de um tempo pra limpar o sistema!

Titanic 666

Crítica – Titanic 666

Sinopse (imdb): Forças sombrias das profundezas sobem à superfície, aterrorizando todos a bordo do Titanic III e ameaçando repetir um dos maiores desastres da história.

Acompanho alguns sites pra saber o que está sendo lançado. Tinha visto esse Titanic 666, pareceu ser um filme ruim e dispensável. Mas aí vi que alguns canais que acompanho, tipo Super Oito do Otávio Ugá e Rafa Camargo Refiews, fizeram vídeos sobre o filme, colocando-o como um dos piores do ano. Ok, agora passou a ser um filme ruim e necessário!

Titanic 666 é uma produção da Asylum. Falei sobre essa produtora quando falei de Jungle Run: eles pegam sucessos de outros estúdios e fazem cópias baratas pra tentar enganar o espectador desavisado. São filmes ruins, claro, mas o que mais me incomoda aqui é que são produções preguiçosas. Zero compromisso com qualidade, parece que filmam qualquer coisa e tá bom.

Me lembrei do filme Ed Wood. Segundo Tim Burton, Ed Wood só filmava um take. Deu certo ou deu errado, tá bom e a gente usa assim mesmo. Parece que isso acontece aqui. Não sei se isso é culpa da produção ou da direção, mas várias cenas são capengas, são diálogos que não têm fluência, são cenas onde tem mais de um personagem e parece que alguém está distraído, várias vezes parece que pegaram um take qualquer, enquanto seria mais sensato refazer o take.

Além do roteiro mal feito, Titanic 666 tem atores ruins e mal dirigidos. Vou dividir o comentário em três partes. Primeiro, parece que não há direção de atores, apenas disseram: “fique ali e leia as frases do texto”. De um modo geral, todos estão bem mal.

Em segundo lugar, um problema que heu entendo. O nome de maior star power do elenco é Analynne McCord, que é a protagonista da primeira metade do filme. Aí ela morre e sai do filme. Mas, num caso desses, entendo. O orçamento do filme não tem grana pra pagar um cache inteiro, paga meio cachê e usa ela em meio filme. Já fiz curtas de baixo orçamento (ou até zero orçamento), sei me adaptar ao que temos em mãos, então entendo essa escolha de ter uma protagonista que some no meio do filme.

Por fim, preciso falar que senti pena de Jamie Bamber. Pra quem não se lembra, ele é o Apolo, um dos principais nomes do elenco de Battlestar Galactica, a melhor série de todos os tempos. Ok, a gente entende que dentro de BSG ele não era um dos melhores personagens, mas é porque BSG tinha muitos personagens bons, como Starbuck, Adama, Gaius Baltar e Caprica 6. Mas, caramba, ele era um dos dois principais pilotos da série! Acho que seria mais digno pra ele ganhar a vida vendendo pôster autografado em convenções de sci fi do que fazer um filme desses!

Ainda preciso falar dos efeitos especiais. Olha não costumo me incomodar com efeitos mal feitos. Mas os efeitos daqui são os mais toscos que vi em muito tempo!

Dito isso, preciso dizer que achei que o navio em si nem é tão ruim. As cenas internas foram filmadas em um cenário que realmente parece ser um navio de verdade. E as externas, onde o navio deve ser cgi, não parecem ser tão fake. A preguiça presente em toda a produção parece que não atingiu o navio.

Pena. Se o resto do filme tivesse o cuidado que tiveram ao mostrar o navio, Titanic 666 ia ser só um filme ruim. Do jeito que ficou, é bem pior do que apenas ruim.

 

Jungle Run

Crítica – Jungle Run

Sinopse (imdb): Os irmãos aventureiros são atacados por animais da selva enquanto procuram por seu pai desaparecido. À medida que lutam contra o ataque implacável, logo começam a perceber que algo muito mais sinistro está acontecendo.

Quando fiz o top 5 plágios de Guerra nas Estrelas, mencionei as picaretagens da Asylum, produtora que faz filmes vagabundos que pegam carona no marketing dos blockbusters. Desta vez a “vítima” foi Jungle Cruise.

Qual é o modus operandi da Asylum? Eles aproveitam um grande lançamento, aí pegam o nome, a sinopse e às vezes o pôster, e filmam rapidinho qualquer coisa pra lançar logo no mercado de home vídeo. Ou seja, são filmes destinados a pegar espectadores distraídos…

Outra característica é apoiar parte do marketing em um ator subcelebridade. Não sei se nos EUA tem algum reality show como A Fazenda, então os subs precisam trabalhar pra pagar as contas, né? Aqui em Jungle Run o nome “grande” é Richard Grieco, que teve um papel secundário na série Anjos da Lei e estrelou Espião Por Engano, de 1991. Aqui, Grieco quase não interage com o resto do elenco. Quase todas as suas cenas são com ele sozinho. Deve ter tido uma ou duas diárias de filmagens.

O resto do elenco é de atores ruins e desconhecidos, pra combinar com o roteiro ruim e os efeitos especiais toscos. Neste filme, nós brasileiros ainda temos uma diversão: alguns dos diálogos são em português. E aparentemente não chamaram nenhum brasileiro pra revisar o roteiro.

Aliás, o roteiro fala do Curupira. Taí, heu queria ver um bom filme com o Curupira. Porque aqui não rolou.

Mas, na minha humilde opinião, o pior dos filmes da Asylum é que são produções preguiçosas. Um exemplo: nesta cena os personagens estão numa parte isolada da floresta amazônica. Claro que eles podem filmar em outro local, ninguém espera que eles tenham que ir até o Amazonas para filmar. Mas, aparecem prédios ao fundo, um porto ao fundo, uma praia com gente ao fundo! – por que não filmar um segundo take?

Jungle Run segue assim do início ao fim. O filme inteiro é feito de qualquer maneira, sem nenhum cuidado.

Lixo.

A Macabra Biblioteca do Dr Lucchetti

Crítica – A Macabra Biblioteca do Dr Lucchetti

Sinopse (imdb): Em 1959, uma mulher sedutora contrata um detetive e se encontra em uma trama densa com vampiros, monstros e um médico louco.

A Macabra Biblioteca do Dr Lucchetti é a adaptação da peça de teatro homônima, escrita e dirigida por Paulo Biscaia Filho, e baseada na obra de R F Lucchetti. Foi lançada como websérie, com 10 capítulos entre 5 e 16 minutos cada, e com a promessa de ser reeditada como um longa metragem a ser lançado ainda este ano.

Considerado “o papa do pulp no Brasil”, Rubens Francisco Lucchetti não é um nome muito conhecido, mas tem um currículo impressionante. O cara lançou dezenas de livros e HQs de teor fantástico, e, no assunto que nos interessa, ele escreveu o roteiro de alguns filmes do Zé do Caixão e do Ivan Cardoso (incluindo As Sete Vampiras, um dos meus guilty pleasures favoritos).

A história contada em A Macabra Biblioteca do Dr Lucchetti não tem nada demais. O legal aqui é a forma e não o conteúdo. O visual lembra Sin City – preto e branco com alguns detalhes coloridos, com muita coisa filmada em fundo verde (não sei sobre Sin City, mas pelo que entendi, toda a série A Macabra Biblioteca do Dr Lucchetti foi filmada em fundo verde).

Confesso que não conheço muito a obra de Lucchetti, então fui ao Boca do Inferno para catar informações: “Helen Zola (Michelle Rodrigues) é baseada na femme-fatale do livro Os Amantes da Senhora Powers. O detetive John Clayton (Ed Canedo) vem de Museu dos Horrores, assim como a misteriosa Vonetta (Caroline Roehrig). Kenni Rogers interpreta o perverso cientista Anton Zola, o vilão de O Abominável Dr. Zola. Os personagens se encontram em uma história concebida pelo diretor e roteirista Paulo Biscaia Filho com ação central na Curitiba de 1959, mas com acontecimentos que atravessam séculos.

Claro, este estilo não vai agradar a todos. O visual camp às vezes beira a tosqueira (não podemos nos esquecer que toda a obra de Biscaia tem um pé no trash) – teve uma luta no episódio 9 que foi mais tosca que as lutas do seriado do Batman barrigudo! Por outro lado, a maquiagem é muito boa. Aparece um monstro tipo Frankenstein no terceiro episódio, que teve alguns segundos de tela, mas provavelmente levou horas pra maquiar. A maquiagem do lobisomem também é bem feita. Também gostei muito da trilha sonora de Demian Garcia, que lembra o theremin de Dr Who.

Preciso falar que não curti muito as atuações com cara de teatro, mas entendo que é a proposta. A Macabra Biblioteca do Dr Lucchetti era uma peça de teatro, e as pessoas que trabalharam na peça também estão na adaptação.

Paulo Biscaia disse que é uma batalha conseguir colocar um longa de pé, ainda mais nos tempos de hoje, e que isso só é possível com fé e dedicação da equipe inteira. Parabéns, queremos mais filmes / séries nacionais assim!

Black Friday

Crítica – Black Friday

Sinopse (imdb): Um grupo de empregados de uma loja de brinquedos deve proteger-se mutuamente de uma horda de compradores infectados por parasitas.

Confesso que achei que a ideia podia funcionar. Um filme satirizando a ânsia do consumidor numa black friday, comparando com zumbis (lembrei da cena de Shaun of the Dead, onde o Shaun está num marasmo tão grande que não repara que todos viraram zumbis). E ainda tinha Bruce Campbell, Devon Sawa, Ivana Baquero e Michael Jai White no elenco! Ok, dificilmente seria um filme bom. Mas pelo menos poderia ser divertido.

E não, não é.

Dirigido pelo desconhecido Casey Tebo, Black Friday falha miseravelmente em quase tudo. É um filme curto (uma hora e vinte e quatro minutos) e mesmo assim consegue ser um filme arrastado. Tudo é previsível, e as atuações, claro, são caricatas.

Tem umas coisas que não fazem sentido. Uma delas nem sei se cabe reclamação: pelo que entendi a loja vai abrir às 9 horas da noite – se é pra abrir essa hora, por que não ficar aberto direto? Pra mim faria mais sentido se fosse abrir meia noite. Mas, não sei se isso é um costume do varejo dos EUA, então não sei se cabe a crítica. Agora, tem outras coisas dentro do roteiro que não tem lógica, como os infectados que vão embora sem motivo. E tem uma cena que aparentemente aparecem umas pessoas saqueando a loja, e isso foi deixado pra lá.

Mas, quando a gente vê um filme com uma proposta dessas, a gente espera algumas tosqueiras, tipo infectados que às vezes repassam a infecção rapidamente, mas quando encontram um personagem importante, demoram para reagir. Agora, o que a gente não espera é um filme chato. Black Friday tem uma longa cena no meio do filme onde os personagens se escondem numa sala e ficam batendo papo e trocando experiências, tipo há quantos anos trabalham na loja. Caramba, se você não tem história pra contar, não estique pra fazer um longa!

O elenco traz alguns nomes importantes. Bruce Campbell, um dos maiores ícones do terror / trash das últimas décadas, pelo menos sabe fazer o personagem canastrão carismático – coisa que metade do elenco não consegue, e param no “canastrão”. Devon Sawa, de Premonição e Idle Hands, funciona para o que o filme pede. Também no elenco, Michael Jai White, que foi o Spawn no filme de 1997, e Ivana Baquero, que era a menininha de Labirinto do Fauno. Poxa, com esse elenco o resultado poderia ser menos ruim!

Se alguma coisa se salva, gostei dos efeitos práticos e da maquiagem dos zumbis. Numa Hollywood repleta de cgi mal feito, é legal ver efeitos old school.