Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Sinopse (imdb): Um charmoso ladrão lidera um improvável bando de aventureiros, que embarcam em uma jornada épica para recuperar uma relíquia perdida, mas as coisas dão perigosamente errado quando eles entram em conflito com as pessoas erradas.

Antes de tudo, preciso falar que nunca joguei nenhum RPG. Conversando com amigos que jogaram, descobri que esta é uma informação importante!

Em 2000 fizeram uma adaptação do jogo D&D, no filme Dungeons & Dragons – A Aventura Começa Agora. Provavelmente vi na época (não tinham tantos filmes lançados por ano, era mais fácil ver todos os lançamentos), mas não me lembro de absolutamente nada – nem se realmente vi o filme. Mas sei que foi um fracasso comercial. E provavelmente o grande sucesso de O Senhor dos Anéis nos anos seguintes ajudou a afundar possíveis novas adaptações com cara de filme de aventura da sessão da tarde.

Demorou, mas finalmente chegou aos cinemas a nova adaptação. Desta vez com orçamento de gente grande e com alguns grandes nomes no elenco. E o resultado foi positivo, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes está bem longe de um épico como Senhor dos Anéis, mas é uma divertida aventura despretensiosa. Dificilmente o espectador vai sair decepcionado do cinema.

O roteiro e a direção são da dupla John Francis Daley e Jonathan Goldstein (A Noite do Jogo, Férias Frustradas e roteiristas de Homem-Aranha: De Volta ao Lar). Pelo passado dos diretores a gente já desconfia qual vai ser o clima do filme. Sim, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes não chega a ser uma comédia, mas tem vários momentos bem engraçados.

Achei algumas saídas de roteiro meio forçadas, tipo quando eles não têm como seguir em frente e, do nada, descobrem que têm um cajado mágico que abre portais. Mas, uma amiga que joga RPG disse que essas coisas acontecem nos jogos, que às vezes surgem soluções absurdas e isso é algo comum pra quem está acostumado a jogar.

Quem me conhece sabe que curto planos sequência. Tem um aqui que é bem legal, que é quando a Doric está fugindo e virando diferentes bichos. Ok, entendo que boa parte da cena é cgi (se bobear, mais da metade), mas, mesmo assim, valorizo.

Outra coisa que gostei foi o visual quando o Simon coloca o elmo. Tudo em volta começa a se desmanchar. Taí, não me lembro desse visual em nenhum outro filme. Hoje em dia é raro a gente ver algo realmente novo, então parabéns à produção do filme. Pena que é uma cena curtinha, heu ia gostar de ver mais desse visual.

Os três principais nomes do elenco, Chris Pine, Michelle Rodriguez e Hugh Grant, têm papéis que são a cara dos atores. Por um lado, isso é bom, porque eles estão muito bem nos papéis; por outro, a gente meio que adivinha o que vai ver só quando vê quem é o ator. Também no elenco, Sophia Lillis, Justice Smith, Regé-Jean Page, Daisy Head e Chloe Coleman.

Existe um cameo na parte final que muitos brasileiros vão ficar com coração quentinho, mas não falo mais por causa de spoilers…

Por fim, queria falar mal do título brasileiro Se o título original é “Dungeons & Dragons: Honra Entre Ladrões”, por que diabos trocar “ladrões” por “rebeldes”? Principalmente porque, no filme, eles são ladrões!!!

A História Sem Fim

Crítica – A História sem Fim

Sinopse (imdb): Uma criança com problemas mergulha em um maravilhoso mundo de fantasia através das páginas de um livro misterioso.

Depois de muito tempo resolvi rever A História sem Fim. Sabe quando um filme envelhece mal? Poizé.

A História sem Fim é a adaptação do livro homônimo escrito por Michael Ende (curioso que o sobrenome do autor significa “fim”). Não sei como é o livro, mas o filme investe na metalinguagem, o garoto lê um livro e dentro do livro acontece a outra história. É uma história dentro da outra, e em alguns momentos pontuais elas se misturam. Ah, o escritor não gostou do desenvolvimento da produção e pediu pra ter o nome retirado dos créditos.

Nem todos sabem, mas A História sem Fim é uma produção alemã – era na época a produção mais cara da história do cinema alemão. A direção é de Wolfgang Petersen, que aproveitou o sucesso do filme e fez carreira em Hollywood, dirigiu vários filmes como Inimigo Meu, Epidemia, Força Aérea Um, Mar em Fúria e Tróia.

Parte da premissa ainda funciona. A História sem Fim tem como vilão o “Nada”, que cresce quando as pessoas param de ler e perdem a criatividade. Ou seja, essa parte ainda funciona nos dias de hoje.

Por outro lado, algumas coisas no roteiro não fazem mais sentido. Tipo logo no início, vemos que Bastian sofre bullying de três garotos maiores. E tem um monte de adultos em volta, e ninguém faz nada? Sei lá, de repente na época as pessoas não davam bola pro bullying, e a gente hoje vê que evoluímos nesse aspecto.

Mas a parte que me deu mais raiva do roteiro foi o cavalo afundando no pântano. O roteiro é claro quando diz que quem está triste afunda. Na minha humilde opinião, um cavalo fica triste é algo meio estranho mas, ok, aceito. Ok, o cavalo ficou triste. E sabe quem mais ficou triste? O Atreyu! Ficou muito mais triste que o cavalo! E por que ele não afundou???

Teve uma parte do roteiro que achei ruim na hora, mas, depois, entendi a ideia. Uma parte importante do final é que Bastian precisa dar um nome para a imperatriz. E não conseguimos ouvir qual foi o nome que ele deu! Mas, isso foi proposital. Acho que era pra deixar aberto para diferentes interpretações dos espectadores.

Vou dividir os comentários sobre os efeitos especiais em duas partes. Existe toda uma ambientação, com cenários e maquiagens, que ficou completamente datada. O filme tem cara de Castelo Rá Tim Bum. Mas, isso não é exatamente um defeito do filme, é uma característica, os realizadores tinham a intenção de fazer algo com esse visual. E, vamulá, não é algo mal feito. Só é muito datado.

Já os voos do Falcor, dragão com cara de cachorro, ficaram péssimos. Aquele chroma key é muito tosco. Impressionante como a gente via aquilo e aceitava na boa. Ah, aquele lobo também ficou muito ruim.

Também tenho dois comentários sobre a trilha sonora. A música tema Neverending Story, cantada por Limahl, é uma música muito boa e fez um enorme sucesso – foi até um ponto importante no encerramento de uma temporada recente de Stranger Things. E além dessa música, a trilha conta com uma outra música instrumental, também muito boa, que aparece em alguns pontos chave do filme.

O único nome a ser citado no elenco é Barret Oliver, que faz o Bastian. A fama de A História sem Fim abriu portas para ele em outros filmes da época, como Daryl e Cocoon (ambos de 1985). Mas seu último filme foi em 1989. Noah Hathaway (Atreyu) estava no Battlestar Galactica de 1978, e tem alguns títulos no imdb, mas nada relevante – seu terceiro título mais importante é Troll O Mundo do Espanto. Tami Stronach, a imperatriz, só fez este filme e não seguiu com a carreira de atriz. Dentre os coadjuvantes, acho que o único que heu reconheci é Deep Roy, que estava em Peixe Grande e A Fantástica Fábrica de Chocolate.

Foi lançada uma continuação em 1990, dirigida por um George Miller homônimo do cara que fez Mad Max, mas esse nunca revi…

Era uma vez um Gênio

Crítica – Era uma vez um Gênio

Sinopse (imdb): Uma estudiosa solitária, viajando para Istambul, descobre um Djinn que lhe oferece três desejos em troca de sua liberdade.

Um filme dirigido por George Miller e estrelado por Tilda Swinton e Idris Elba sempre será motivo de interesse. Mas infelizmente o resultado final não ficou tão bom.

George Miller sempre será lembrado pelos quatro Mad Max, mas a gente tem que se lembrar que ele já passeou por outros estilos – desde o drama de Óleo de Lorenzo, passando pela fantasia em Bruxas de Eastwick e terror em No Limite da Realidade, até o infantil de Babe o Porquinho e Happy Feet o Pinguim. Inspirado no conto The Djinn in the Nightingale’s Eye, de A. S. Byatt, Era uma vez um Gênio (Three Thousand Years of Longing, no original), é até difícil de classificar num estilo. Existe a comédia romântica, né? Acho que este filme pode ser uma “fantasia romântica”.

Boa parte do filme se passa dentro do quarto de um hotel. Mas, diferente de The Outfit, que falei semana passada, onde toda a trama se passa no mesmo ambiente, aqui temos várias cenas em outros ambientes. Os personagens continuam no quarto do hotel, mas o gênio conta histórias, e cada história se passa em lugares diferentes. Temos uma grande riqueza de personagens, cenários e figurinos nessas histórias contadas. Essas histórias são muito boas, definitivamente é o melhor do filme.

Achei que a história perde força no terço final. Acontece uma mudança abrupta de comportamento entre os dois, nada justificou essa mudança. E quando eles saem do hotel o filme fica besta.

E teve uma coisa que me incomodou. A gente vê dois gênios no início do filme, e em nada eles se conectam à história. Pra que incluir esses gênios se eles não serão usado depois?

No elenco, Tilda Swinton e Idris Elba mandam bem como de costume e justificam o valor do ingresso. Além deles, vários nomes desconhecidos dentro das histórias contadas pelo gênio.

Triste dizer, mas Era uma vez um Gênio ficou devendo…

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder

Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder

Sinopse (google): Em uma época de paz, um grupo de guerreiros enfrenta o ressurgimento do mal na Terra-Média. Das profundezas escuras das Montanhas de Névoa, das majestosas florestas de Lindon, até os confins do mapa, o legado desses heróis é maior do que suas vidas.

É complicado falar de uma série que a gente só viu o início. Serão oito episódios, e o Amazon Prime só liberou os dois primeiros. É a mesma coisa que analisar um filme de duas horas tendo visto só a primeira meia hora. Mas… Vamulá.

Outro dia falei aqui do visual da série Sandman. Aqui o visual é ainda mais deslumbrante. Os Anéis de Poder está sendo anunciada como a série mais cara da história da TV, com um investimento de mais de um bilhão de dólares, e a gente vê esse resultado na tela. São várias cenas lindas, de cair o queixo, dava pra fazer vários quadros e colocar na parede.

É uma história nova, então não temos Frodo, Bilbo, Gandalf e Aragorn. Dentre os principais da série, temos versões mais jovens da Galadriel e do Elrond, além de alguns personagens novos. E como ainda estamos sendo apresentados aos núcleos de personagens, não tenho muito a falar sobre eles. A história se divide em quatro núcleos: Galadriel guerreira e os elfos que querem parar a guerra; uma aldeia de hobbits que encontra um “gigante” misterioso; um elfo que vigia uma aldeia de humanos e descobre que orcs estão voltando; e ainda tem um outro plot com anões, esse ainda não sabemos muita coisa.

Sobre a Galadriel: tem gente reclamando que “essa não é a minha Galadriel!”. Ok, reconheço que essa Galadriel está bem diferente da vivida pela Cate Blanchet nos filmes do Peter Jackson. Mas, preciso reconhecer que curti a Galadriel badass. Tem uma cena dela derrotando um troll gigantesco que é muito boa!

No elenco, um monte de gente pouco conhecida. Mas quem acompanha o heuvi vai reconhecer o nome de Morfydd Clark, a Galadriel, que estava no bom terror cabeça Saint Maude.

Ainda é cedo pra julgar a série, mas gostei do que vi até agora. Aguardemos os próximos episódios!

Vamos à polêmica? Os dois lados têm bons argumentos. Vamulá.

J.R.R. Tolkien escreveu O Hobbit na década de 30 e os três livros O Senhor dos Anéis na década de 50 (foram lançados entre 1954 e 55). Era uma outra sociedade, mulheres não tinham espaço para nada. Felizmente estamos evoluindo como sociedade, sei que ainda falta muito, mas, certamente podemos dizer que hoje existe espaço para o protagonismo feminino.

Mas, lá atrás, o normal era só ter homem como protagonista. Na Sociedade do Anel são nove, todos homens (Aragorn, Gandalf, Boromir, Legolas, Gimli e os quatro hobbits). Você pode até achar que é uma obra machista, mas era assim e não temos como apagar o passado.

Agora, na série Os Anéis de Poder, temos uma história nova, criada do zero. Opa, se é uma história nova, então podemos finalmente ter protagonismo feminino! Então, temos várias mulheres em papéis importantes na série.

Isso está incomodando os fãs mais radicais. Tem uma certa lógica, afinal, se na história que se passa depois não tem nenhuma mulher no meio da briga (Galadriel tinha um papel importante, mas não entrava na ação). Ok, entendo. Não concordo, mas entendo.

Essa é a briga da semana no mundo da internet nerd. De um lado, galera que quer mais diversidade numa obra antiga; do outro lado, pessoas que defendem que a essência da obra antiga não seja alterada. Além disso ainda tem a galera que defende que a Galadriel nunca entraria numa briga do jeito como é mostrado na série.

Minha opinião? Não me incomodo nem um pouco com mulheres protagonistas – até defendo isso. E adorei a Galadriel badass. Agora, não posso dizer o mesmo sobre Nori, a “hobbita”. Não que a personagem seja ruim, mas é que é uma personagem que ainda não mostrou a que veio. Meu problema não é com o gênero do personagem, é se o personagem é bom ou ruim, e, pelo menos por enquanto, a Nori não é uma personagem boa.

Enfim, deixemos o pessoal reclamando pra lá, e aguardemos o terceiro episódio!

Sandman

Crítica – Sandman

Sinopse (imdb): Após anos aprisionado, Morpheus, o Rei dos Sonhos, embarca em uma jornada entre mundos para recuperar o que lhe foi roubado e restaurar seu poder.

Gostei de Sandman, mas algumas coisas me incomodaram. Vou primeiro falar das coisas boas, depois falo mal.

Sei que Sandman é uma das graphic novelas mais famosas de todos os tempos, mas nunca li. Meus comentários serão apenas em cima da obra audiovisual – lembrando que uma boa adaptação serve tanto para os iniciados quanto para aqueles que nunca ouviram falar da obra.

O visual é bem legal. Talvez fosse ainda melhor se os sonhos pirassem um pouco mais (pelo menos os meus sonhos são bem mais malucos, e pessoas e lugares mudam num piscar de olhos). Mas a HQ deve ser assim, então ok, a gente aceita do jeito que foi apresentado. Pelo menos temos várias cenas onde daria pra pausar e fazer belos quadros.

A história começa apresentando o protagonista Dream, que é um personagem poderoso que é capturado por um zé mané qualquer – a série deixa claro que o cara não era importante. Mas ok, ele é capturado e roubam três coisas importantes dele. Quando ele consegue escapar, ele vai atrás dos seus três objetos, e aí a história acaba. E ainda estamos no quinto episódio de uma série de dez (ou onze). E se a série já era lenta nessa primeira metade, depois fica ainda mais lenta.

Ouvi comentários sobre o sexto episódio ser o melhor da série. O sexto é bom sim (a série cai a partir do sétimo), mas preferi o quinto, o do restaurante. Se a série mantivesse o ritmo e o clima daquele episódio, seria outra série, muito melhor!

A série foi lançada como se tivesse dez episódios. Mas depois de alguns dias, lançaram um episódio extra, com duas historinhas independentes. Melhor do que os episódios sete a dez, mas mesmo assim, foi bem fuén.

Vamos para a parte ruim? Sandman, como quase todo produto audiovisual, tem altos e baixos. Agora, tem 3 pontos que foram bem ruins, e preciso falar aqui:

– O ator principal, Tom Sturridge, é muito ruim. Não sei se a culpa é dele ou se teve alguma falha na direção de atores. Mas ele passa a série inteira fazendo biquinho com a boca. Dez episódios com o cara fazendo a mesma cara. Talvez isso funcione numa HQ, onde o personagem é estático. Mas uma adaptação é necessária quando sai de uma página de revista e vira uma tela de tv / cinema.

– Achei a personagem da Gwendoline Christie, Lúcifer Morningstar, uma personagem muito ruim. Todo mundo lembra dela como a Brienne de Game of Thrones, mas acho que ela estava melhor como a Capitã Phasma de Star Wars, onde ela pouco aparece e não dá pra ver como ela é limitada como atriz. E aquele duelo foi péssimo. Ninguém viu A Espada era a Lei? A Madame Min vira um dragão, o Merlin vira um micróbio! A gente já viu isso antes!

– São dez episódios (que viraram onze). Os seis primeiros são bons e contam uma história. Essa história acaba, a temporada deveria acabar junto, mas resolveram contar outra história. E essa nova história é bem inferior, e os quatro últimos episódios são muito mais fracos. Tem cenas que são arrastaaaadas… E o episódio extra não é ruim, mas é bem fuén.

Sei que tem gente que ficou incomodada com John Constantine virar Johanna Constantine. Mas, não li as HQs, isso não me incomodou. A atriz Jenna Coleman mandou bem.

Também tem gente reclamando dos números musicais do John Cameron Mitchel (Hedwig). Concordo que foi muita coisa, mas não me incomodou.

A HQ tem muito mais material além do que foi mostrado aqui, então devemos ter outras temporadas. Será que vão ser como a primeira parte, ou como a segunda?

Aladdin (2019)

Crítica – Aladdin

Sinopse (imdb): Um moleque de rua de bom coração e um famigerado Grão-Vizir disputam uma lâmpada mágica que tem o poder de realizar seus mais profundos desejos.

E vamos a mais uma adaptação live action de um desenho clássico da Disney.

Quando surgiram imagens de Will Smith como o gênio, muita gente chiou “pelas internetes”, reclamando da caracterização do novo gênio. Não fiz coro, isso não me incomodou. Na minha humilde opinião, o problema não era a caracterização, e sim, o desafio de se fazer um gênio tão bom quanto o gênio do desenho, que trazia uma interpretação sensacional e muito marcante do Robin Williams. Bem, Will Smith pode não ser tão bom quanto Robin Williams, mas pelo menos seu gênio ficou muito bom.

Aladdin (idem, no original) segue os passos da animação de 1992. Alguns pontos da trama foram atualizados para se encaixarem melhor nos dias de hoje, tipo um Jafar com ambições políticas e uma Jasmine empoderada – mas basicamente, a história é a mesma.

Às vezes a gente nem se dá conta, mas boa parte das animações da Disney são musicais. No live action isso fica mais claro, é um musical assumido. As músicas que todo mundo conhece estão lá, além, claro, de algumas novidades para o Oscar ano que vem (para ser indicada ao Oscar de melhor canção, a música precisa ser composta para o filme – arrisco a dizer que aquela música da Jasmine cantando “ninguém me cala” será a bola da vez no Oscar do ano que vem).

Preciso falar sobre a direção. Não, não vou falar mal, o filme é bem dirigido. Mas… O diretor é Guy Ritchie!!! Sim, o mesmo de Jogos Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Snatch, RocknRolla, O Agente da UNCLE – quase toda a sua filmografia tem violência e personagens de moral duvidosa. Por que diabos ele foi escolhido para Aladdin??? Bem, ele está bem, mas não vemos nada do seu estilo neste filme.

Sobre o elenco, o único nome a ser citado é Will Smith, que, como falei lá em cima, está bem. Já Marwan Kenzari, que faz o Jafar, está caricato – no mau sentido. Também no elenco, Mena Massoud, Naomi Scott, Nasim Pedrad e Navid Negahban.

No fim fica aquele mesmo comentário das outras vezes: não precisava de uma versão live action tão parecida com o desenho original. Mas pelo menos o trabalho foi bem feito.

Dumbo (2019)

Crítica – Dumbo (2019)

Sinopse (imdb): Um elefante jovem, cujas orelhas exageradas lhe permitem voar, ajuda a salvar um circo em dificuldades, mas quando o circo planeja um novo empreendimento, Dumbo e seus amigos descobrem segredos obscuros sob sua brilhante fachada.

E continuamos com as versões live action dos clássicos da Disney. Depois de Cinderela, Mogli e A Bela e a Fera, é a hora de Dumbo.

Dumbo (idem no original) foi dirigido por Tim Burton (que já tinha um Disney live action no currículo, Alice). Mas o resultado ficou mais próximo da mais Disney do que do Tim Burton, vemos pouco do tradicional estilo dark do diretor.

Comecemos pelos pontos fracos. O conceito inicial de Dumbo não funciona mais nos dias de hoje. Dumbo é “feio”, e era pra ser ridicularizado por isso. Mas, na boa, hoje em dia quem acharia feio um filhote de elefante? “Ah, mas ele tem orelhas grandes!” Ora, é um FILHOTE DE ELEFANTE!!! Duvido que exista algum cinema no Brasil onde a plateia não faça um “ohhh…” quando aparecer o Dumbo a primeira vez.

Mas aceito esse lance do Dumbo ser “feio” porque isso está na premissa básica do desenho original. Agora, o filme segue com inconsistências. Cito um exemplo: na primeira noite no grande circo, Dumbo voa por cima da plateia, e depois foge. Por que a plateia reclamou? Pagaram pra ver um elefante voando, o elefante voou. Se o dono do circo queria mais, isso é um problema interno, a plateia nunca ficaria sabendo.

Dumbo segue acumulando essas inconsistências, principalmente na parte final – detestei o ataque caricato do vilão na torre. Some a isso o fato que o Dumbo é um coadjuvante no seu próprio filme, o foco principal é a família.

Por outro lado, o cgi do elefante é impressionante. Chegamos a um estágio onde a animação é tão perfeita que se colocarem um animal real ao lado do cgi a gente não vai saber qual é qual. Além disso, Dumbo é um filme para crianças, e estas não vão reparar nas inconsistências citadas acima.

O elenco está ok. Colin Farrell, Eva Green, Michael Keaton, Danny DeVito e Alan Arker, nenhum destaque positivo, nenhum destaque negativo.

Agora aguardemos Aladdin e Rei Leão

O Mistério do Relógio na Parede

Crítica – O Mistério do Relógio na Parede

Sinopse (imdb): Um jovem órfão chamado Lewis Barnavelt ajuda seu tio mágico a localizar um relógio com o poder de trazer o fim do mundo.

Filme de fantasia infanto-juvenil, escrito por Eric Kripke (criador da série Supernatural) e dirigido por Eli Roth. Será que funciona?

Baseado no livro homônimo de John Bellairs, O Mistério do Relógio na Parede (The House with a Clock in Its Walls, no original) traz uma boa ambientação e um bom elenco, numa história um pouco sem sal. E a direção de Eli Roth traz algumas cenas um pouco mais fortes na parte final, mas nada que atrapalhe a diversão da criançada.

(Eli Roth surgiu para o cinema com filmes de terror caprichados no gore, com Cabana do Inferno (2002) e O Albergue (05). Mas não sei por que, ele tem mudado de estilo. Em 2015, lançou Bata Antes de Entrar, suspense com zero gore, e este ano este é seu segundo filme, depois do policial Desejo de Matar.)

Vamos ao que funciona. Cate Blanchett está maravilhosa, como sempre, e mostra boa química com Jack Black, interpretando o mesmo Jack Black de sempre, mas que funciona para o que o filme pede. Os diálogos entre os dois são ótimos! O garoto Owen Vaccaro era pra ser o personagem principal, mas o roteiro espertamente divide o tempo de tela com Blanchett e Black (o que foi uma boa escolha). Também no elenco, Kyle MacLachlan, Renée Elise Goldsberry, Sunny Suljic e Lorenza Izzo.

Agora, O Mistério do Relógio na Parede sofre pela impressão de “já vi isso antes”. Não só tem cheiro de Harry Potter ao longo de todo o filme (garoto órfão aprendendo a ser bruxo), como parece uma versão de Desventuras em Série dirigida pelo Tim Burton.

Parece que John Bellairs escreveu uma trilogia. Ou seja, aguardem as continuações…

A Forma da Água

Forma da ÁguaCrítica: A Forma da Água

Sinopse (imdb): Um conto de fadas de outro mundo, ambientado na época da Guerra Fria nos EUA, por volta de 1962. Uma solitária faxineira que trabalha num laboratório governamental de alta segurança tem sua vida alterada para sempre quando ela descobre uma experiência secreta.

Filme novo do Guillermo del Toro sempre entra no radar. Apesar do seu último, A Colina Escarlate, não ter sido lá grandes coisas, a expectativa por este A Forma da Água (The Shape of Water, no original) era grande. Felizmente, desta vez Del Toro acertou. Seu novo filme é uma bela fábula de amor, e, acho que posso dizer isso, um dos seus melhores filmes.

Del Toro declarou que queria fazer um “filme de monstro” onde a criatura ficasse com a mocinha no final. Assim, tudo aqui gira em torno da história de amor entre o improvável casal. Apesar de ter algumas cenas de violência gráfica, A Forma da Água está mais próximo de um conto de fadas do que de um filme de terror. A trilha sonora de Alexandre Desplat ajuda no clima de fábula.

(Aliás, a trilha sonora e a direção de arte me lembraram do clima dos filmes de Jean Pierre Jeunet – mais ou menos como “Amelie Poulan encontra o Monstro da Lagoa Negra”).

É bom avisar: A Forma da Água é um filme romântico, não há dúvidas quanto a isso. Mas está longe de ser um filme “fofinho”. Como bem disse o crítico Pablo Bazarello no site cinepop, “Uma história linda de amor, onde gatos fofinhos perdem a cabeça, gargantas são rasgadas com garras e dedos necrosados arrancados à força. Ah, Guillermo del Toro é dos meus. Ah, o amor…” 😉

(Aliás 2, fiquei com a impressão de que este filme conseguiu ser o que A Bela e a Fera tentou ser e não conseguiu. Afinal, aqui o Monstro não precisou ser rico para conquistar a mocinha.)

O elenco é outro destaque. Indicada ao Oscar em 2014 por Blue Jasmine, Sally Hawkins faz um excelente trabalho com sua personagem muda – aguardem mais indicações para prêmios! Michael Shannon também está excepcional. Doug Jones, mais uma vez, não mostra o rosto e interpreta uma criatura num filme de Del Toro (ele foi o Abe Sapien em Hellboy e o Fauno em O Labirinto do Fauno). Também no elenco, Richard Jenkins, Octavia Spencer e Michael Stuhlbarg.

A notícia triste é que vai demorar pro espectador “off festival” ver A Forma da Água. O filme passou na abertura do Festival do Rio, mas não só não teve outra sessão, como só vai ser lançado no circuito no início de 2018. Tem que segurar a ansiedade!

A Torre Negra

A Torre NegraCrítica – A Torre Negra

O último Pistoleiro ficou preso em uma batalha eterna com o Homem de Preto, determinado a impedi-lo de derrubar a Torre Negra, que mantém o universo unido. Com o destino dos mundos em jogo, o bem e o mal entrarão em colisão na batalha final.

Antes de tudo, preciso avisar uma coisa: nunca li nenhum dos livros “A Torre Negra”, do Stephen King. Minha crítica será somente sobre a adaptação cinematográfica.

Li comentários negativos de quem leu os livros – pudera, 7 ou 8 livros foram condensados em uma hora e meia de filme. Mas posso dizer que, visto como uma obra isolada, o filme A Torre Negra (The Dark Tower, no original) funciona redondinho. História curta e enxuta, bons atores em bons personagens, efeitos especiais eficientes e uma trama envolvente. Ok, muitos clichês, mas clichês bem usados.

Confesso que tinha receio de ver um filme confuso, cheio de pontas soltas e que só quem leu os livros seria capaz de entender. Sorte que estava errado. Conseguimos entender todos os elementos deste novo universo, sem precisar de muitas explicações.

A direção é de Nikolaj Arcel, também responsável pelo roteiro. Não conhecia esse nome, mas vou ficar de olho.

Como não li o livro, não sei quais referências estão presentes. Mas reconheci alguns easter eggs do universo stephenkinguiano, como o letreiro escrito Pennywise no parque de diversões ou o código 1408 para se usar o portal. Citações discretas, quem não conhece não vai ficar perdido. Ah, King é mais conhecido por escrever terror, mas A Torre Negra está mais perto da ficção científica e da fantasia do que do terror.

(Aliás, nada a ver com Stephen King, mas a luta final é muito jedi! E o final da luta parece John Woo – só faltou uma pomba voando ao fundo em câmera lenta…)

No elenco, Matthew McConaughey e Idris Elba mandam bem, como era esperado. A boa surpresa está no jovem Tom Taylor, garoto que divide o protagonismo com Elba. Mais um nome pra anotar no caderninho! Também no elenco, Dennis Haysbert, Jackie Earle Haley, Claudia Kim, Abbey Lee e Katheryn Winnick.

Existe um projeto de uma série de tv baseada na série de livros. Mas acredito que isso esteja atrelado a uma boa bilheteria. Aguardemos…