Sete Homens e um Destino

Sete Homens e um DestinoCrítica – Sete Homens e um Destino

No velho oeste, sete pistoleiros se juntam para defender uma vila ameaçada por um cruel milionário, interessado nas terras.

Na verdade, esta é uma refilmagem de uma refilmagem (um inception de refilmagens?). O Sete Homens e um Destino de 1960 é uma refilmagem de Os Sete Samurais, dirigido por Akira Kurosawa em 1954. Nunca vi o original japonês, mas início do ano, vi a versão americana, como preparação para um podcast sobre filmes de faroeste. Na verdade, existem outras releituras, incluindo uma série de tv (há quem diga que Vida de Inseto seria mais uma versão). Agora chegou a vez de mais uma super produção. Vamos a ela?

Sete Homens e um Destino realmente pedia uma refilmagem. Pela época que foi feito, tudo era muito limpo, todos os moradores da cidade usavam roupas brancas para mostrar que eram puros e inocentes. Isso funcionava na década de 60, mas hoje ficou datado demais.

A direção ficou com Antoine Fuqua, que já tinha trabalhado com Denzel Washington e Ethan Hawke em Dia de Treinamento (filme que deu um Oscar para Denzel e uma indicação para Ethan). Fuqua faz um bom trabalho, apresentando um faroeste à moda antiga – diferente do outro grande faroeste do ano, Oito Odiados, que é mais Tarantino do que western. Sete Homens e um Destino é um épico, com uma belíssima fotografia, uma trilha sonora marcante e um monte de clichês do cinema bangue-bangue – da clássica cena no saloon quando um forasteiro chega, a revólveres rodopiando antes de voltarem pro coldre.

Um dos pontos fortes deste Sete Homens e um Destino está no roteiro, que consegue um bom equilíbrio entre os 8 personagens – os 7 mais a “mocinha”. Claro, temos os protagonistas interpretados por Denzel Washington e Chris Pratt, mas todos os outros têm seu espaço e sua importância, ninguém está sobrando. Ethan Hawke (Gattaca), Vincent D’Onofrio (Demolidor), Byung-hun Lee (GI Joe), Manuel Garcia-Rulfo e Martin Sensmeier completam o time; além deles, temos Haley Bennett (Hardcore Henry) e Peter Sarsgaard (A Órfã).

Sobre o elenco, gostei muito do personagem de Pratt, que faz uma versão cowboy do seu Starlord, uma espécie de galã malandro e engraçadinho, cheio de frases de efeito. Ethan Hawke também está muito bem com o seu veterano traumatizado. Mas se alguém merece destaque, é Vincent D’Onofrio, muito diferente do seu recente Rei do Crime na série Demolidor. Até a voz do cara é outra!

Ainda sobre o elenco, é interessante notar uma diversidade muito maior, mais condizente com os dias de hoje. Dos sete, apenas três são brancos – o grupo tem um negro, um índio, um mexicano e um oriental. A protagonista feminina também está atual: uma mulher forte e determinada, como a gente tem visto no cinema contemporâneo.

Sobre a trilha sonora: nem todos sabem, mas o tema do filme de 60 é um dos mais marcantes entre todos os faroestes – foi também usado na propaganda do cigarro Marlboro. Aqui o tema clássico só aparece quando o filme acaba, mas temos citações a ele durante toda a projeção. Claro, a trilha nova não vai substituir a clássica, mas serve como um bom complemento.

Agora, a inevitável comparação. Uma coisa me incomodava muito no primeiro filme: certo momento do filme os sete mocinhos são rendidos e o vilão devolve suas armas e os manda embora, porque aquela luta não é deles. Mas eles voltam e atacam novamente, e então triunfam. Ou seja, sob certo ponto de vista, o vilão foi digno e os mocinhos, traidores. Isso não acontece no filme novo!

Por outro lado, no filme original fica mais clara a motivação dos sete para ajudar a vila a se defender. Eles tinham pouco dinheiro, mas ofereceram tudo o que tinham. O personagem de Yul Brynner comenta: “já me pagaram muito, mas é a primeira vez que oferecem tudo“. Está frase é repetida agora por Denzel Washington, mas, fora de contexto. Quem não viu o filme original não deve ter entendido por que os sete entraram nessa furada…

Enfim, filmão. Pra ser visto no cinema, na tela grande!

Preenchimento obrigatório *

You may use these HTML tags and attributes:
<a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*