O Plano Perfeito

Crítica – O Plano Perfeito

Tem espaço pra falar de filme de sete anos atrás?

Em O Plano Perfeito (Inside Man, no original), dois policiais tentam negociar com o líder de um grupo que planejou o assalto a banco perfeito, mas que mantém reféns dentro do banco.

O diretor Spike Lee é famoso por seus filmes políticos, sempre levantando bandeiras contra o racismo. Mas aqui ele mostra talento em um filme bem hollywoodiano. A câmera é muito bem cuidada, são várias as boas sequências – rola até um plano-sequência interessante na parte final, quando os policiais estão verificando o interior do banco. Já o racismo é até citado, mas fica em segundo plano.

O roteiro, do pouco conhecido Russell Gewirtz, é muito bem escrito. Tá, o plano é fantasioso demais, a gente pode encontrar um furo aqui outro acolá, mas, de um modo geral, a ideia é muito boa. E o melhor: toda a trama flui facilmente. Outra coisa interessante é o personagem de Jodie Foster, que quebra o dualismo polícia / ladrão.

O elenco é muito bom. Além da já citada Jodie Foster, o filme conta com Denzel Washington, Clive Owen, Christopher Plummer, Willem Dafoe, Chiwetel Ejiofor e Kim Director

O Plano Perfeito pode não ter muito a ver com o resto da carreira de Spike Lee. Mas não é, de jeito nenhum, um momento a ser apagado de sua filmografia.

Alvo Duplo

Crítica – Alvo Duplo

Sylvester Stallone assumiu que cinema de ação é a sua praia. Mesmo com 67 anos, ele mais uma vez traz um filme de ação acima da média.

Baseado na pouco conhecida graphic novel Du Plomb Dans La Tête, Alvo Duplo mostra a improvável união entre um matador de aluguel e um policial, que procuram vingança pelos assassinatos de seus respectivos parceiros.

Acho que boa parte do mérito de Alvo Duplo está na experiência de seu diretor, o veterano Walter Hill, o mesmo de 48 Horas, Ruas de Fogo e Warriors – Os Selvagens da Noite. Aos 71 anos, Hill mostra boa forma em detalhes do seu filme – logo no início, na cena do bar, ele já mostra talento, com as brigas coregrafadas sob música alta. Aliás, é bom falar: as lutas aqui, além de muito violentas, são muito bem filmadas, não tem nada de câmera trêmula estilo Michael Bay – mesmo em momentos mais frenéticos como na boa luta final com os machados.

Agora, se Alvo Duplo tem boas cenas de ação, tem uma falha básica: o roteiro é bem fraco. A trama é previsível e cheia clichês. E os personagens são todos rasos. Nisso, o filme ficou devendo.

Para quem gosta de brincar com referências, deve ser legal ter um Sylvester Stallone para se fazer um filme. Em determinado momento, vemos fotos de várias vezes que seu personagem foi preso, em épocas diferentes – e reconhecemos fotos reais do Stallone daquelas épocas. Outra coisa: seu personagem se chama Jimmy Bonomo e tem uma filha chamada Lisa. E em Oscar – Minha Filha Quer Casar (de 1991), o personagem de Stallone fala que trabalhou para um cara chamado Jimmy Bonomo, e tinha uma filha chamada Lisa. Além disso, Stallone mostra que a não tem problema com a idade. Não só faz piadas sobre isso como ainda mostra excelente forma física. Outra coisa: a “mocinha” é sua filha, mais compatível com a diferença de idade.

Gostei da escolha de seu oponente, Jason Momoa, o Kal Drogho de Game of Thrones e o novo Conan. Momoa não é um grande ator (talvez um “ator grande” – tá dá tschhh!), mas funciona perfeitamente para o que o papel pede. E ainda temos Sarah Shahi (The L Word) em cenas de nudez gratuita! Ainda no elenco, Christian Slater, Sung Kang, Adewale Akinnuoye-Agbaje e Jon Seda.

Por fim queria mais uma vez falar do título nacional. A tradução original seria “bala na cabeça”, título já usado em outro filme de ação, logo um dos melhores da fase chinesa de John Woo. Ora, então vamos traduzir para outro nome? Que tal “alvo duplo”? Mas será que ninguém se tocou que este era o título de outro filme de ação da fase chinesa de John Woo?

Enfim, recomendado para os que se divertem com filmes de ação, mesmo se seus roteiros sejam um pouco rasos.

Spartacus: Blood and Sand – Series Finale

Crítica – Spartacus: Blood and Sand – Series Finale

Chega ao fim, em grande estilo, a série Spartacus: Blood and Sand, depois de quatro curtas temporadas (ou três curtas temporadas e mais um ainda mais curto spin-off, o prequel Gods of the Arena). E digo, sem medo de exagerar: foi uma das melhores séries que já vi!

Como falei no meu texto sobre o fim da primeira temporada, “Na trama, o soldado trácio Spartacus é capturado, transformado em escravo, e é jogado na arena para ser morto. Mas acaba mostrando seu valor e virando o campeão dos gladiadores.

Spartacus: Blood and Sand conseguiu algo raro quando falamos de seriados de tv: não há nenhum episódio ruim! Foram ao total 39 episódios ao longo de quatro anos. Sempre mantendo um pique acima da média.

A série foi toda num ótimo pique. Personagens carismáticos, sexo, nudez, sangue e violência em abundância, efeitos especiais bem colocados, visual estilizado e uma trama cheia de intrigas foram a fórmula usada. Junte a isso temporadas curtas que não deixam espaço para “barrigas” e você tem uma série quase perfeita.

A primeira temporada, Blood And Sand, foi a maior, com 13 episódios. No início parecia uma versão de 300 com Gladiador, o que chamava a atenção era o visual estilizado, com muita violência em câmera lenta. Mas com o passar do tempo, vimos uma trama inteligente, cheia de intrigas políticas.

Aí a série teve um baque grande. Andy Whitfield, logo o ator que interpretava o personagem título, foi diagnosticado com câncer ao fim da primeira temporada. Como ele precisava se retirar para tratar da doença, inventaram um prequel, Gods Of The Arena, que mostrava em apenas seis capítulos o passado de Batiatus, o dono dos escravos gladiadores. Como era antes do Spartacus, precisavam de um novo protagonista, e fomos apresentados a Gannicus, um lutador fenomenal, mas que tinha um comportamento oposto ao do sisudo Spartacus, e vivia bebendo e com mulheres.

(O imdb considera este prequel uma série diferente. Mas, caramba, são os mesmos personagens, mesmos atores, mesmos cenários… Por que não admitir que é a mesma série?)

Veio a notícia triste: a morte de Whitfield. Liam McIntyre foi contratado para o seu lugar. Heu preferia Whitfield, mas admito que McIntyre fez um bom trabalho nas duas últimas temporadas.

A terceira e a quarta temporada, cada uma com dez episódios, mostram Spartacus e os gladiadores liderando ex escravos na luta contra Roma. Na terceira, Vengeance, o inimigo é Gaius Claudius Glaber, o responsável por Spartacus ter virado um escravo e pela morte de sua esposa; na quarta, War Of The Damned, é Marcus Crassus, rico aristocrata com aspirações políticas.

Até semana passada, heu achava que o episódio da semana passada seria um “season finale”, mas sem dúvida foi um “series finale”. Por um lado, fico triste de saber que ano que vem não tem mais; por outro lado fico feliz e aliviado de saber que não vão fazer besteira e estragar a série esticando-a (coisa que infelizmente acontece muito por aí).

Este último capítulo até começou lento. Mas, durante a batalha final, me vi torcendo como se fosse num importante jogo de futebol a cada manobra dos ex-escravos contra as legiões romanas. E o fim da batalha (e da série) foi coerente e digno.

Parabéns ao elenco que nos trouxe vários personagens memoráveis (Gannicus, Oenomaus, Batiatus, Crixus, Lucrecia, Ilithya, Saxa, Gaia, Heracleo, Varro, etc.). E, principalmente, parabéns ao canal Starz e a Steven S. DeKnight, criador da série. Ficarei de olho nas suas próximas produções!

Highlander – O Guerreiro Imortal

Crítica – Highlander – O Guerreiro Imortal

Hora de revisitar um clássico dos anos 80!

Nascido nas Highlands escocesas em 1518, Connor Macleod é imortal. Quando ele é ferido em uma batalha mas não morre, é banido de sua aldeia. Ele encontra outro imortal, Juan Sanchez Villa-Lobos Ramirez, que lhe ensina a mitologia dos imortais, que deverão se encontrar no mundo novo e lutar até só sobrar um, que receberá o “Prêmio”.

Acho o conceito de Highlander genial. Guerreiros imortais vindos de diferentes partes do mundo, e que vão se encontrar no futuro para duelarem até sobrar apenas um. Isso dá um bom caldo para muitas histórias – não à toa, virou uma série de tv anos depois.

O diretor Russell Mulcahy veio de videoclipes – ele fazia os clipes do Duran Duran antes de fazer longas. Highlander – O Guerreiro Imortal tem muito de videoclipe – visual estilizado, com muito contraluz, muito chão molhado. Esteticamente, o filme é muito bonito, tem várias cenas memoráveis. Gosto muito do visual da luta final entre Macleod e Kurgan, num galpão espaçoso, com janelas enormes ao fundo.

Alguns efeitos especiais continuam bons até hoje. As transições temporais são muito criativas, a cena que começa no aquário e termina no lago ainda é genial, mesmo passados quase 30 anos desde o lançamento (o filme é de 1986). Por outro lado, alguns efeitos “perderam a validade”. Vergonha alheia na cena do duelo entre Kurgan e Ramirez – quando a espada bate na parede de pedra, a pedra explode! E quando Macleod termina a luta final, os efeitos especiais usam desenhos animados. Tosco, tosco, tosco…

Sobre o elenco, Christopher Lambert nunca foi um ator versátil, mas o Connor Macleod é a cara dele. Sean Connery está bem, como sempre. Clancy Brown faz um Kurgan excelente, nunca entendi como o ator teve poucos papeis marcantes na carreira (mesmo tendo feito filmes importantes como Um Sonho de Liberdade, Os Últimos Passos de um Homem, Tropas Estelares e Cowboys & Aliens). Ainda no elenco, Roxanne Hart e Beatie Edney.

Outra coisa que merece ser citada é a boa trilha sonora, a cargo do grupo Queen, com alguns bons temas, como Gimme The Prize e a belíssima Who Wants To Live Forever.

Highlander – O Guerreiro Imortal tem um histórico curioso no que diz respeito a continuações. Em 1991 foi lançado um segundo filme, Highlander II: A Ressureição, dirigido pelo mesmo Russell Mulcahy e estrelado pelos mesmos Christopher Lambert e Sean Connery. Mas toda a mitologia original foi jogada no lixo, inventaram uma história onde os imortais vinham de outro planeta! O resultado ficou muito muito ruim, e na época rolou a piada óbvia “there can be only one”, frase que estava no cartaz original do filme mas que podia ser aplicada a sua continuação. Em 94 veio o terceiro filme, o razoável Highlander 3 – O Feiticeiro, cuja trama ignora o segundo. Houve um seriado entre 92 e 98, e em 2000 tivemos um quarto filme, que trazia o heroi do filme (Lambert) ao lado do heroi do seriado (Adrian Paul). Mas este quarto filme conseguiu algo muito difícil: foi pior que o segundo! Depois disso, nunca mais quis ver nada da série, nem sei se fizeram um quinto filme.

Por fim, quero falar mal do dvd oficial lançado aqui no Brasil. As legendas têm muitos erros, tanto erros de digitação quanto erros de tradução. Vergonha um serviço pago ter qualidade inferior a legendas gratuitas encontradas pela internet…

G.I. Joe: Retaliação

Crítica – G.I. Joe: Retaliação

Acusado de traição, o esquadrão G.I. Joe é exterminado por ordem do presidente dos EUA. Os poucos sobreviventes agora precisam provar que são inocentes, enquanto brigam com seus rivais Zartan e Cobra.

Gostei muito do primeiro G.I. Joe, lançado quatro anos atrás. Gostei do bom equilíbrio entre a ação desenfreada, os gadgets tecnológicos “impossíveis” e o humor leve. Mas, lendo por aí, acho que fui um dos poucos, muita gente odiou, e isso gerou um certo prejuízo nas bilheterias.

Como o resultado não agradou os executivos do estúdio, resolveram fazer uma espécie de reboot. Quase todo o elenco foi trocado, e deixaram o humor e os gadgets de lado, fazendo uma onda mais “pé no chão”. Grande erro, na minha humilde opinião. Alguma coisa se salva, como por exemplo a cena dos espadachins pendurados em cordas. Mas, no geral, G.I. Joe: Retaliação virou um filme bobo e sem graça, que perde na comparação com tantos outros bons filmes de ação semelhantes.

Se o diretor do primeiro filme, Stephen Sommers, já não tinha um currículo lá grandes coisas, o que dizer de Jon M.Chu, o diretor desta continuação? O cara só tinha filmes musicais de gosto duvidoso no currículo, como Se Ela Dança Eu Danço 2 e 3, e o documentário do Justin Bieber, Never Say Never. Não dá pra esperar muito de um cara desses, né?

O roteiro tem alguns furos bizarros, tipo uma das cidades mais importantes do mundo ser destruída e os governantes deixarem isso de lado, ou o sistema rápido de autodestruição de satélites. Acho que os executivos hollywoodianos acharam que um bom roteiro não era tão importante pra este reboot. O lançamento foi adiado por quase um ano para transformarem o filme em 3D (ingressos mais caros…). Pelo visto, 3D vale o investimento, mas roteiro não vale.

Sobre o elenco, a única boa notícia é que Marlon Wayans não está de volta. O seu personagem era a única peça destoante do bom conjunto do primeiro filme. Por outro lado, não termos Sienna Miller e Rachel Nichols é uma grande perda. Adrianne Palicki é bonitinha e simpática, mas está bem abaixo das duas do primeiro filme… Chaning Tatum tem hoje mais star power do que em 2009, então em vez de ter seu personagem sumariamente eliminado, ele aparece aqui num papel pequeno. Outros nomes que voltam do primeiro filme são Byung-hun Lee e Ray Park. Mas não são nomes famosos – Lee é muito pouco conhecido por estas bandas; já Park tem um currículo maior, mas por papeis onde não mostra o rosto (Darth Maul em Star Wars ep I, o cavaleiro sem cabeça em A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, Groxo em X-Men 2). O único do filme anterior que está bem aqui é Jonathan Pryce, que repete o papel do presidente, mas desta vez com um novo status de seu personagem que permite ao ator se soltar muito mais.

As boas novidades do elenco são Dwayne “The Rock” Johnson e Bruce Willis. Ambos têm grande carisma e funcionam muito bem, mesmo em papeis repetem o que fazem sempre. O conjunto do elenco do primeiro filme é melhor, mas está dupla garante o interesse aqui. Ainda no elenco, Ray Stevenson, Elodie Yung, D.J. Cotrona, além da já citada Adrianne Palicki.

(Arnold Vosloo aparece muito rapidamente, acho que só pra justificar o nome mais ou menos famoso; Joseph Gordon-Levitt não está no filme, mas ele realmente não precisava aparecer, seu personagem do primeiro filme nem mostra o rosto).

Parece que os executivos gostaram mais do resultado deste segundo filme. Pena, significa que teremos m breve um terceiro filme mais parecido com este do que com o primeiro. E quem for atento, pode até imaginar qual será o terceiro filme, já que teve mocinho que morreu mas ninguém confirmou se morreu mesmo, e teve vilão que foi deixado de lado…

O Resgate

Crítica – O Resgate

Um ladrão de banco, depois de passar oito anos na prisão, resolve levar uma vida correta. Mas sua filha é sequestrada e ele é forçado a voltar ao mundo do crime.

As expectativas com este O Resgate (Stolen, no original) eram bem baixas – a crítica falou muito mal na época da estreia, e Nicolas Cage tem acumulado vários filmes de qualidade duvidosa nos últimos tempos (Caça Às Bruxas, Reféns). Mas, o diretor era o mesmo do segundo Mercenários, ok, vamos ver qualé.

O Resgate nem é muito ruim. Mas tem um problema gravíssimo: um roteiro preguiçoso, com tem tantos furos que, se heu começar a enumerá-los, o post não acaba hoje. É computador sem senha e elevador sem câmera dentro do prédio do FBI, é barra de ouro derretendo e solidificando rapidinho, é um que consegue criar uma morte falsa apenas arrancando uns dedos, é outro que quebra o próprio polegar pra sair de uma algema e depois agir como se nada tivesse acontecido… A lista é interminável…

O diretor Simon West fez melhor com o recente Os Mercenários 2 e também com os mais antigos Con Air e Lara Croft. Mas eram roteiros melhores, né?

No elenco, Nicolas Cage faz o mesmo papel de sempre. Além dele, Malin Akerman, Josh Lucas, Danny Huston e Sami Gayle. Ninguém está bem, mas ninguém está tão mal a ponto de atrapalhar.

Não recomendo O Resgate. A não ser que você esteja procurando um filme de ação meia bomba, e que você não se preocupe com “detalhes” como o roteiro.

Linha de Ação

Crítica – Linha de Ação

Desconfiado da traição de sua mulher, o prefeito de Nova York, às vésperas da eleição, contrata um ex-policial para investigá-la. Mas logo o suposto amante é assassinado, e todas as provas apontam para o prefeito, candidato à reeleição.

Dirigido por Allen Hughes (O Livro de Eli, Do Inferno), Linha de Ação é um filme “correto”. Não chega a ser ruim, mas também está longe de ser um bom filme.

Não sei exatamente qual foi o problema, o fato é que o filme não “engrena”. Talvez seja porque Linha de Ação não tem nenhum personagem com quem a gente possa se identificar; talvez seja porque hoje temos várias opções muito boas – já vi episódios de séries policiais de tv melhores do que este filme.

O roteiro tem falhas. Temos personagens mal construídos e situações previsíveis. E teve uma coisa que me incomodou: o debate entre os candidatos a prefeito. Vem cá, lá nos EUA os debates são bagunçados assim, com um interrompendo o outro o tempo todo? Outra coisa: qual o propósito da personagem Natalie? Pode tirar o personagem que o filme não perde nada.

O elenco nem é ruim. Gosto do Mark Wahlberg – apesar de saber das suas limitações, ele funciona em papeis assim. Russell Crowe faz o feijão com arroz de sempre; Catherine Zeta-Jones pouco aparece, e também faz o básico. Ainda no elenco, Jeffrey Wright, Barry Pepper, Alona Tal e Natalie Martinez.

Enfim, Linha de Ação não é nem bom nem ruim. Se fosse lançado uns 15 anos atrás, seria um caso de “filme de apoio”, filmes que eram lançados em vendas casadas com os “filmes de ponta”…

Duro de Matar 5: Um Bom Dia para Morrer

Crítica – Duro de Matar 5: Um Bom Dia para Morrer

John McClane está de volta! Será uma boa notícia?

John McClane viaja até a Rússia para tentar ajudar seu filho, Jack, que está preso acusado de assassinato. Lá, descobre que seu filho é da CIA, e pai e filho precisam deixar de lado velhos problemas familiares para se unirem em uma missão contra o terrorismo.

Respondendo a pergunta do primeiro parágrafo: não é uma boa notícia. Este quinto filme é de longe o mais fraco da série.

John McClane é um personagem ótimo. O primeiro Duro de Matar (1988) é um dos melhores filmes de ação da década de 80. As partes 2 (90) e 3 (95) também são muito boas. E doze anos depois veio o divertido 4.0, que parecia uma grande e engraçada galhofa em cima da trilogia.

Mas agora, amigos, acho que John McClane já era…

Acho que foi um erro apostarem num diretor semi desconhecido – dele, só vi o fraco Max Payne. Mas acredito que o pior de Duro de Matar 5 seja o roteiro do também pouco conhecido Skip Woods (se bem que gostei do seu trabalho Esquadrão Classe A).

O roteiro deste quinto filme é bem fraco. Mas acho que o pior de tudo foi ver que o John McClane foi desperdiçado. No primeiro filme, ele era um cara “real” – a cena com seus pés cortados pelos cacos de vidro é um marco no cinema de ação. Agora ele pula do alto de um prédio, arrebenta um monte de andaimes e sai inteirão, apesar de estar 25 anos mais velho. E isso porque não citei que ele está muito menos irônico e sarcástico do que nos outros filmes.

Outra grande falha do roteiro é a ausência de um bom vilão. O vilão aqui é fraaaco… E pensar que Alan Rickman e Jeremy Irons já foram antagonistas de McClane…

Ainda no roteiro: são tantos furos, que a gente se questiona se alguém leu o que estava escrito antes de começar a filmar. Vamos lá, sem spoilers. Como McClane soltou as mãos logo após o momento do “vilão dançarino”? Onde estava a polícia russa durante tiroteios nas ruas da cidade, e, principalmente, durante o pesado ataque de um helicóptero? Como eles chegaram tão rápido e entraram tão fácil em Chernobyl? Por que todos pararam de usar proteção contra radiação? E o mais importante: por que a sub trama desnecessária com o plano do vilão, logo antes do “plot twist” sem sentido? Tem mais, mas vou parar por aqui.

O lado bom é que a perseguição de carros no início do filme é bem legal, apesar da mentirada sem tamanho – dei gargalhadas enquanto o carro de McClane “descia os degraus” em cima dos carros. Mas é pouco, muito pouco.

No elenco, Bruce Willis mostra que ainda tem pique, apesar de já estar com 57 anos. Jai Courtney (o Varro da primeira temporada de Spartacus) tenta, mas não tem um décimo do carisma de Willis. Mary Elisabeth Winstead aparece numa ponta reprisando o papel do quarto filme. E o resto nem merece ser citado.

Enfim, dispensável. Triste constatação, mas era melhor termos ficado só com quatro filmes. Se resolverem fazer um sexto, que contratem um bom diretor e, principalmente, um bom roteirista.

O Último Desafio

Crítica – O Último Desafio

Filme novo do Arnold Schwarzenegger!

Um perigoso lider de um cartel do narco-tráfico consegue fugir da prisão e está a caminho da fronteira do México. E a única coisa que pode pará-lo é o velho xerife de uma cidadezinha com o seu inexperiente staff.

O Último Desafio (The Last Stand, no original) está sendo vendido como “a volta de Schwarzenegger”. Ué, mas ele não estava em Mercenários 2, que passou há pouco? Sim. Mas neste filme ele fazia um papel pequeno. Agora Arnoldão está de volta ao papel de principal – seu último filme como protagonista foi O Exterminador do Futuro 3, de 10 anos atrás (Schwarza passou oito anos como governador da California, longe das telas).

Podemos dizer que quem gostava dos seus filmes nos anos 80 e 90 (e gostou dos dois Mercenários) vai curtir O Último Desafio. Já quem nunca curtiu este estilo deve procurar algo diferente em cartaz…

Para a direção, foi chamado o coreano Kim Jee-woon, pouco conhecido por aqui – ele fez o faroeste O Bom, o Mau e o Bizarro (lançado aqui em dvd como Os Invencíveis); fez o terror oriental A Tale of Two Sisters, que deu origem a O Mistério das Duas Irmãs; fez também o terror I Saw The Devil; fez ainda uma das histórias de O Livro do Apocalipse. Só vi dois desses quatro, e nem achei grandes coisas. Por mim, esta estreia hollywoodiana é seu ponto alto na carreira.

O Último Desafio é um eficiente filme de ação. Boas perseguições de carro, vários tiroteios de diversos calibres, lutas “no braço”, um vilão malvadão e um super mocinho, tá tudo lá. Ok, o filme é meio previsível – com menos de meia hora, a gente já sabe tudo o que vai acontecer. Mas pelo menos O Último Desafio esbanja bom humor – um filme desses não pode se levar a sério, né?

Aliás, é bom avisar: O Último Desafio não é uma comédia, mas às vezes parece. Rolam momentos hilários envolvendo os personagens de Luiz Guzmán e, principalmente, Johnny Knoxville – a cena do tiro de sinalizador é uma das mortes mais engraçadas dos últimos tempos!

O elenco é bem acima da média – além de Schwarza, Guzmán e Knoxville, o filme conta com Forest Whitaker, Eduardo Noriega, Peter Stormare, Jaimie Alexander, Genesis Rodriguez e uma ponta de Harry Dean Stanton. E o “nosso” Rodrigo Santoro no único papel que tem algo de galã.

Por fim, gostaria de ressaltar que este é mais um daqueles casos de nome nacional equivocado. “The Last Stand” seria “a última barreira” – que faz muito mais sentido do que “o último desafio”…

Jack Reacher – O Último Tiro

Crítica – Jack Reacher – O Último Tiro

Opa, já é hora do Missão Impossível 5? Ah, não é o Ethan Hunt, é o Jack Reacher…

Cinco pessoas são assassinadas, e um atirador de elite, veterano de guerra, é acusado pelo crime. Durante o interrogatório, ele cita apenas o nome de Jack Reacher, um ex-combatente com inúmeras condecorações, dado como desaparecido para o governo e autoridades. Até que Jack aparece do nada e resolve investigar por conta própria os assassinatos.

Escrito e dirigido por Christopher McQuarrie (roteirista de Os Suspeitos), Jack Reacher – O Último Tiro é baseado na série de livros Jack Reacher, escritos por Lee Child. Apesar do heroi Jack Reacher do livro ser loiro e ter 1,90 de altura, Tom Cruise (também produtor do filme) o adaptou para o seu físico, e fez um bom trabalho. E isso gerou um fato curioso sobre Jack Reacher: Cruise é, ao mesmo tempo, uma das melhores coisas e uma das coisas que mais atrapalha o filme.

Como assim, Cruise ajuda e atrapalha ao mesmo tempo? Explico. Por um lado, ele está muito bem. O papel de Jack Reacher lhe caiu muito bem, pelo menos pra quem não leu os livros (caso deste que vos escreve). Cruise é baixinho, mas tem excelente porte físico e pode passar por um militar veterano (lembrem-se que ele já é um cinquentão). E as tiradas de humor do personagem caíram perfeitamente no ator.

Mas, por outro lado, ver Cruise num filme assim nos traz à lembrança Ethan Hunt e toda a série Missão Impossível – “personagem safo que costuma não se dar bem com superiores e tem que se virar sozinho”. É mais ou menos como pegar o Matt Damon pra fazer um papel parecido com o Jason Bourne ou o Bruce Willis num papel semelhante ao John McLane. Fica difícil ver Jack Reacher e não sair do cinema cantando o tema de Lallo Schifrin…

Felizmente, o fato de ser parecido com Missão Impossível não faz de Jack Reacher um filme ruim. Jack Reacher é bem dirigido, tem bons personagens, bom ritmo, boas cenas de ação e ainda traz uma boa perseguição de carro. Tudo funciona redondinho, quem gosta de filmes de ação não vai se decepcionar.

No elenco, como já disse antes, Tom Cruise “veste” bem o papel título. Rosamund Pike, que faz um misto de coadjuvante com quase interesse romântico, está meio apagada, acho ela meio sem sal. E Werner Herzog (diretor alemão de filmes clássicos como Nosferatu, Fitzcarraldo e Aguirre, a Cólera dos Deuses) tem um bom personagem, mas sub-aproveitado – Zec, seu personagem, empolga quando aparece (a cena que fala dos seus dedos), mas some na parte final do filme. Ainda no elenco, Richard Jenkins, David Oyelowo, Robert Duvall e Alexia Fast.

Como Jack Reacher é uma série de livros (parece que já são 14 livros), devemos ter uma continuação em breve. Que mantenham a qualidade!

p.s.: Falei sobre Missão Impossível 5 como uma piada. Mas Christopher McQuarrie está cotado para dirigir esta provável quinta parte, em 2015…