Sin City – A Cidade do Pecado

Crítica – Sin City – A Cidade do Pecado

Comprei uma edição dupla gringa de Sin City – A Cidade do Pecado em blu-ray, com duas versões do filme – além da versão que passou nos cinemas, tem a “extended”, “uncut” e “recut”. Revi a original, assim que ver a outra, compará-las-ei no TBBT. Mas, antes disso, vou falar do filme aqui.

Adaptação da graphic novel de Frank Miller, Sin City – A Cidade do Pecado mostra três histórias interligadas, envolvendo policiais corruptos, mulheres sedutoras e marginais durões, uns em busca de vingança, outros em busca de redenção.

Sin City – A Cidade do Pecado é uma das melhores adaptações da história do cinema. Aliás, nem sei se dá pra chamar de adaptação, porque às vezes nem parece filme, parece que estamos vendo na tela os quadrinhos da graphic novel.

A história disso vale ser contada. Um dos maiores nomes da história dos quadrinhos, Frank Miller não tinha um bom currículo em Hollywood. O convidaram para escrever os roteiros do fraco Robocop 2 e do ainda mais fraco Robocop 3. Miller deve ter ficado traumatizado, já que se afastou do cinema – pra que se aventurar num terreno onde não conseguiu bons resultados?

Aí apareceu Robert Rodriguez, que já tinha alguns sucessos na filmografia (A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Prova Final, Era Uma Vez no México). Rodriguez chamou Josh Hartnett e Marley Shelton e fez, sem ter a aprovação de ninguém, um filminho de poucos minutos, capturando o estilo da graphic novel. E perturbou Miller até conseguir mostrá-lo. Com esse curto filme, convenceu Miller a acompanhá-lo ao set e dividir com ele a cadeira de diretor. Miller pensaria nos quadrinhos da sua graphic novel, enquanto Rodriguez se preocuparia com a parte técnica.

Antes avesso a adaptações cinematográficas, Miller agora sabia que sua graphic novel tinha boas chances de virar um bom filme e finalmente aprovou o projeto.

O visual é todo estilizado. Rodriguez filmou tudo em estúdio, e acrescentou os cenários em chroma-key. O filme é preto e branco, com alguns detalhes coloridos (olhos azuis de uma personagem aqui, tênis vermelho de outro personagem ali). Mais: o preto é realmente preto, e o branco é realmente branco, criando contrastes pouco comuns no cinema (mas comuns nos quadrinhos) – o sangue é quase sempre branco em vez de vermelho (e olha que tem muito sangue, o filme é bem violento). Até alguns movimentos de câmera são como se uma câmera estivesse passando sobre a revista. Como disse, a adaptação foi fantástica, como poucas vezes vista na história do cinema.

Os créditos do filme trazem os nomes dos dois como co-diretores, mas o filme é a cara do Robert Rodriguez, que aqui fez o de sempre: além de dirigir, editou, contribuiu com a trilha sonora, coordenou os efeitos especiais, a fotografia… o cara foi até operador de câmera! Robert Rodriguez é um workaholic do cinema!

(Ainda falando de direção, Sin City – A Cidade do Pecado tem uma participação especial de Quentin Tarantino, que dirigiu a cena no carro com Clive Owen e Benicio Del Toro.)

O elenco também chama a atenção: Mickey Rourke, Clive Owen, Rosario Dawson, Jessica Alba, Elijah Wood, Rutger Hauer, Bruce Willis, Carla Gugino, Michael Madsen, Brittany Murphy, Benicio Del Toro, Michael Clarke Duncan, Devon Aoki, Jaime King, Alexis Bledel, Powers Boothe, além de Josh Hartnett e Marley Shelton (o curta feito antes por Rodriguez foi aproveitado, e abre o filme). Nada mal, não?

Claro, o filme não é para qualquer um. O ritmo quase sempre com narração em off pode cansar. Outra coisa que pode desagradar são os personagens, quase todos no limite da caricatura – todos os homens são durões, todas as mulheres são fatais e gostosonas. Pelo menos essas duas coisas ajudam a criar um clima de filme noir diferente…

Desde a época do lançamento (2005), rola um boato sobre uma continuação. Mas até hoje, sete anos depois, não há nada confirmado. Se vier, que mantenha a qualidade!

p.s.: Frank Miller tentou de novo, e, três anos depois, dirigiu The Spirit. Mas foi um fracasso. Senti falta do Robert Rodriguez.

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Lanterna Verde

Crítica – Lanterna Verde

Mais um filme de super herois…

O piloto de testes Hal Jordan ganha de um alienígena um anel mágico que traz poderes fantásticos a quem o usa, e o torna parte de um time de 3.600 guardiões da paz no universo.

O Lanterna Verde não é um dos super-herois mais famosos da DC – é difícil competir com Batman e Superman em termos de popularidade. Mas é um heroi com um universo rico, daria pra fazer muita coisa se o filme estivesse nas mãos certas. Pena que o diretor Martin Campbell não tem esse perfil. Lanterna Verde não é ruim, mas fica alguns degraus abaixo de produções recentes como Batman O Cavaleiro das Trevas e Homem de Ferro. Nas mãos de Campbell, temos um filme burocrático.

Bem, pelo menos hoje existe a cartilha de “como fazer um filme de super-heroi”. Com um bom ritmo, efeitos especiais competentes e um elenco bem escolhido, Lanterna Verde funciona redondinho.

No elenco, Ryan Reynolds foi contestado – fãs acharam que o seu estilo destoava do heroi. Mas não achei que ele foi mal – não conheço a personalidade do Hal Jordan dos quadrinhos, mas no filme, não achei ruim. Gostei do elenco, o que me incomodou foi outra coisa: um Peter Sarsgaard maquiado para parecer mais velho sendo filho do Tim Robbins. Detalhe que Robbins só é treze anos mais velho que Sarsgaard! Ainda no elenco, Blake Lively, Mark Strong, Angela Basset e Temuera Morrison (as versões com o áudio original trazem a voz de Clancy Brown como Parallax).

Os efeitos especiais são muito bons, com um porém: a produção optou por não usar uma fantasia em Ryan Reynolds, e sim criar seu uniforme em cgi. Na boa? Ficou esquisito. Acho que esse é um daqueles casos que a gente vai rever daqui a alguns anos e achar muito tosco, não precisava disso… Fora isso, os efeitos são bons, o planeta Oa é bem feito, assim como os muitos alienígenas diferentes que também portam o anel.

Quem me acompanha aqui no blog sabe que não tenho o hábito de ler quadrinhos. Mas pelo que li por aí, como adaptação, Lanterna Verde tinha potencial para ser melhor, mas não vai decepcionar os apreciadores do estilo.

Último aviso: como já é tradição, tem uma cena durante os créditos. Uma cena importante para a a provável continuação…

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Capitão América – O Primeiro Vingador

Crítica – Capitão América – O Primeiro Vingador

E vamos ao último filme de super heroi da Marvel antes do aguardado Os Vingadores

1942. Steve Rogers é um jovem baixinho e magrelo que quer lutar na Segunda Guerra Mundial, mas seu tipo físico franzino o impede. Ele então aceita participar de uma experiência do exército e vira um super soldado.

A Marvel aprendeu a fórmula para fazer bons filmes de super-herois. Dirigido por Joe Johnston, Capitão América – O Primeiro Vingador pode não ser tão bom quanto Homem de Ferro, mas não vai decepcionar ninguém – e faz um belo par com o outro lançamento da Marvel de 2011, o também bom X-Men Primeira Classe.

Aliás, às vezes Capitão América – O Primeiro Vingador nem parece um filme de super-heroi, e sim um bom filme de ação – tem muito mocinho de filme de ação que parece ter mais poderes que Steve Rogers aqui. A cenografia ajuda isso, foi recriada uma boa ambientaçäo de época, e não são comuns filmes de super-herois nos anos 40.

Os efeitos especiais são excelentes. Sabe O Curioso Caso de Benjamin Button, que mostrava o Brad Pitt com várias idades diferentes? Uma técnica parecida foi usada aqui, e Chris Evans começa o filme franzino, e de repente aparece bombadão. Antes do cgi, ia precisar de dois atores diferentes…

Sobre o elenco, preciso falar da escalação de Chris Evans. Por um lado, admito que ele está bem, não me lembro de vê-lo tão bem em outros filmes. Mas, caramba, ele não deveria ser escalado para um filme de super-herois, principalmente da Marvel. Chris Evans foi o Tocha Humana nos dois filmes do Quarteto Fantástico, e isso porque não estou falando do menos conhecido Os Perdedores, adaptação de quadrinhos da DC, do qual Evans também faz parte do elenco. Tá, os dois Quarteto Fantástico foram fracos, mas o ator ficou marcado pelo papel. Aí ficou sendo o “Tocha Humana” interpretando o “Capitão América”. Nada a ver, né?

(Aliás, falanddo em “Tocha Humana”, tem um easter egg no filme relativo a outro Tocha Humana da Marvel. Isso é só pra confundir ainda mais?)

O resto do elenco está ok: Hayley Atwell, Tommy Lee Jones, Stanley Tucci, Sebastian Stan, Dominic Cooper e Toby Jones. Só não gostei muito de Hugo Weaving, achei um vilão caricato demais, na minha humilde opinião, ele estava um pouco acima do tom.

Preciso admitir que nunca simpatizei com o personagem Capitão América. Achava-o o símbolo do imperialismo americano, nas roupas, no escudo, no próprio nome – ei, alguém avisa o povo de lá que nós, aqui no Brasil, também estamos na América? Mas gostei de como isso foi encarado no filme – afinal, os EUA passam por uma crise de popularidade, eles sabiam que a aceitação não ia ser muito fácil. Achei interessante o modo como surgiu o uniforme. E a ambientação durante a Segunda Guerra foi essencial para isso. Pena que precisou forçar uma barra para juntar o Capitão América aos outros filmes do “projeto Vingadores“…

Como o filme precisava se encaixar na “franquia Vingadores“, o final ficou meio forçado, principalmente se este filme for visto sozinho. Mas, dentro do conjunto, funcionou. Mas não se esqueça da tradicional cena depois dos créditos.

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p.s.: Pra quem está por fora, Os Vingadores será o filme que vai reunir vários herois da Marvel: Homem de Ferro, Thor, Hulk e Capitão América, além de outros menos conhecidos. Este filme é  muito aguardado, porque os filmes “solo” dos quatro super-herois citados acima foram feitos já pensando nele – todos estão conectados. Tem tudo para ser um grande filme, fica pronto só ano que vem.

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Howard, o Super Herói

Crítica – Howard, O Super Herói

Lembro que gostei muito deste filme quando vi no cinema, lááá no distante ano de 1986. Mas sempre o vi em listas de piores filmes. Confesso que isso gerava um certo receio de rever. Será que heu ia me decepcionar?

Olha, tenho que admitir: Howard, o Super Herói é bem fraquinho!

Acho que a pior coisa do filme é o roteiro. A trama em si é absurda – olha, heu até “compro a ideia” de um pato como Howard, mas esse papo de “Dark Overlord” invadindo o planeta ficou bizarro demais. Pra piorar, vemos várias cenas patéticas, como toda a sequência do restaurante, por exemplo. Alguns trechos do filme são dignos de uma compilação de piores momentos dos Trapalhões.

Mas nem tudo é de se jogar fora. Os efeitos especiais envelheceram, mas não fazem feio ao lado de outros filmes da mesma época. E a roupa de pato é bem feita, mesmo analisando hoje em dia.

Sobre o elenco, tenho comentários opostos. Por um lado Jeffrey Jones (Curtindo a Vida Adoidado) é uma das melhores coisas do filme, seu personagem, quando “possuído”, parece um cartoon vivo. Por outro lado, Tim Robbins está completamente desperdiçado como um bobalhão sem graça. Lea Thompson, em alta pelo sucesso de De Volta Para o Futuro, não faz feio no papel principal – ela até canta de verdade!

Nem todos sabem, mas Howard, o Super Herói é uma adaptação de quadrinhos da Marvel, em alta hoje em dia por causa de várias boas adaptações – só este ano já tivemos Thor e X-Men Primeira Classe. Mas, ok, o filme é da época que era raro ter um bom filme vindo de quadrinhos…

Pra quem acha que Howard, o Super Herói não serviu pra nada na história do cinema, li uma história curiosa no imdb. O produtor George Lucas estava cheio de dívidas, e apostou alto no filme. Com o fracasso comercial e o prejuízo na conta bancária, Lucas estava na pior. Seu amigo Steve Jobs fez então uma boa proposta pelo seu estúdio de animação por computador – que, anos mais tarde, virou a Pixar. Ou seja, o fracasso de Howard foi indiretamente responsável por filmes como Monstros S.A. e Wall-E.

Continuo fã de Howard, o Super Herói. Mas concordo que ele merece estar nas listas de piores.

X-Men: Primeira Classe

Crítica – X-Men: Primeira Classe

Já que a onda atual é reboot, vamos ao reboot da franquia X-Men!

Nos anos 60, antes de Charles Xavier e Erik Lensherr usarem os nomes Professor X e Magneto, eles eram amigos, e trabalhavam lado a lado para reunir mutantes e treiná-los para defender o mundo de uma terrível ameaça. Diferenças entre o modo de cada um pensar os tornará os arqui-inimigos que todos conhecemos.

X-Men 3 – O Confronto Final (2006) e X-Men Origins: Wolverine (2009) não foram tão ruins quanto Batman Eternamente (95) e Batman & Robin (97), mas este X-Men: Primeira Classe pode ser tranquilamente comparado com o Batman Begins de 2005. Foi um excelente recomeço da franquia, um blockbuster daqueles que vai agradar tanto os fãs da franquia quanto os “leigos” apreciadores de bons filmes.

Bryan Singer, diretor dos dois primeiros X-Men, foi roteirista e produtor aqui. A direção ficou nas mãos de Matthew Vaughn (também roteirista, ao lado de mais 4 pessoas), o mesmo de Kick-Ass, um dos melhores filmes de 2010. Quando um cara faz um filme bom, costumo guardar o nome dele; se ele faz dois bons seguidos, já entra na minha lista de “diretores que precisamos prestar atenção”… 😉

Tudo funciona redondinho aqui. O roteiro, apesar de ter passado por várias mãos, é bem escrito. Existe um perfeito equilíbrio entre ação, tensão e drama, conseguimos viver os problemas dos personagens, e ao mesmo tempo temos cenas de ação de tirar o fôlego.

O bom elenco também ajuda. Michael Fassbender já tinha mostrado bons serviços em Bastardos Inglórios e Centurião; o mesmo podemos dizer sobre James McAvoy em O Procurado e O Último Rei da Escócia. E ambos estão bem juntos, no desafio que é interpretar personagens que foram de Ian McKellen e Patrick Stewart. Uma coisa muito legal aqui é a ausência de maniqueísmo: sabemos que ambos têm filosofias diferentes (tanto que se tornarão inimigos), mas eles estão lado a lado, e conseguimos “comprar” a ideia de cada um deles.

Fassbender e McAvoy não estão sozinhos. O elenco também conta com Jennifer Lawrence (Inverno da Alma), Rose Byrne (Presságio), Oliver Platt (Amor e Outras Drogas), January Jones (Desconhecido) e um inspirado Kevin Bacon, que faz um excelente  vilão cartunesco, o Sebastian Shaw. Ah, sim, para os fãs da franquia, rolam rápidas participações especiais não creditadas de dois atores dos primeiros filmes.

Falando nos primeiros filmes, talvez aqui esteja a única fraqueza de X-Men: Primeira Classe. Vemos explicações sobre algumas coisas que aparecem nos outros filmes – ou seja, quem não viu, vai ficar se perguntando “por que estão mostrando isso?”. Mesmo assim, gostei de ver coisas como a razão do Professor Xavier ser paraplégico.

A parte técnica também é muito bem feita. O filme se passa nos anos 60, a ambientação de época é perfeita. Os efeitos especiais estão na dose certa, e, pra completar a trilha sonora é muito boa, tanto na parte orquestral quanto na onda psicodélica sessentista.

Mais uma coisa: este filme é da Marvel, mas parece seguir uma linha paralela à que a Marvel traçando com Hulk, Homem de Ferro, Thor e Capitão América. Não rola nem a tradicional ponta de Stan Lee, nem a também tradicional cena depois dos créditos!

Tudo indica que este é o primeiro filme de uma nova série. Aguardemos para ver. Pelo menos o reboot da franquia começou bem.

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Homem Aranha (1977)

Crítica – Homem Aranha (1977)

Outro dia me mandaram por e-mail um link para baixar este Homem Aranha, piloto de uma série de tv que rolou no fim dos anos 70. Baixei pra rever e ver o quanto era tosco.

Peter Parker (Nicholas Hammond) é picado por uma aranha radioativa e descobre que agora pode subir pelas paredes. Aí ele resolve costurar uma roupa e combater o crime. Neste piloto, ele enfrenta um vilão que está chantageando a cidade, ameaçando “destruir” algumas pessoas.

The Amazing Spider-Man (no original) passou nos cinemas brasileiros, mas é um filme para a tv – o mesmo aconteceu com Galactica, Astronave de Combate. Se a tecnologia da época já não permitia vôos muito altos, a situação era ainda pior com telefilmes. O filme se esforça em colocar um cara fantasiado pendurado nos prédios – em tempos de cgi, isso é legal de se ver, apesar de parecer que ele mal toca as paredes. Mas rolam também cenas em chroma-key, e não tiveram o cuidado de encaixar o ator engatinhando em cima de paredes – várias vezes ele passa por parapeitos e janelas como se fosse tudo uma superfície lisa. Isso ficou muito capenga.

O roteiro é muito mal escrito e é cheio de coisas forçadas. Um vilão que hipnotiza pessoas para cometerem suicídio? Detalhe: só pessoas que o procuram! Não faz o menor sentido. Será que não havia vilões melhores nos quadrinhos do Homem Aranha? E isso é só uma coisa, procurando, a gente acha um monte de outras inconsistências, como o romance de Peter Parker ou as lutas, onde o Aranha parece que foge mais do que luta.

Ninguém no elenco ficou conhecido depois. E o elenco não funciona bem, não sei se é porque os atores são fracos, ou porque os personagens são mal escritos. Talvez seja uma combinação dos dois. Mais: o ator principal me pareceu velho demais – Nicholas Hammond tinha 27 anos na época. Mas Tobey Maguire também tinha 27 quando começou a interpretar Peter Parker nos filmes do Sam Raimi, então, xapralá…

Nem tudo no filme é de se jogar fora. A trilha sonora, um instrumental funkeado, é sensacional. Ok, às vezes parece um filme pornô dos anos 70. Mas mesmo assim ficou legal no filme.

Depois do filme, rolou uma curta temporada com apenas 13 episódios, exibidos entre setembro de 77 e julho de 79. E a série quase caiu no esquecimento. Curiosamente, O Incrível Hulk, outro seriado da mesma época, também baseado num heroi da Marvel, vive até hoje na memória dos fãs de seriados.

Enfim, este Homem Aranha não é bom, visto hoje, parece até um trash. Mas vai agradar os saudosistas.

Padre

Crítica – Padre

Num mundo pós-apocalíptico, devastado por uma guerra entre homens e vampiros, um padre guerreiro se rebela contra a Igreja e vai sozinho tentar resgatar sua sobrinha, sequestrada por um misterioso vampiro diferente.

Padre (Priest, no original) é mais um terror de visual estilizado baseado em quadrinhos. Isso não agrada a todos. Mas pra quem curte o estilo, é uma boa opção.

O diretor Scott Charles Stewart (Legião) se baseou na graphic novel coreana de Min-Woo Hyung para filmar um universo com padres que parecem guerreiros ninjas e uma Igreja dominadora como na Idade Média. Até os vampiros são diferentes aqui, são bicharocos gosmentos e sem olhos, nada se assemelham com os vampiros clássicos do cinema.

O visual do filme é muito legal, tem até espaço para uma abertura em animação feita por Genndy Tartakovsky, lembrando história em quadrinhos. O filme parece um faroeste futurista misturado com filme de terror e com uma pitada de ficção científica, cheio de cenas de ação com efeitos em câmera lenta. Rolam cenários grandiosos e maneiríssimos – tudo bem, deve ser tudo digital, mas o resultado ficou muito bom. O mesmo podemos dizer sobre os eficientes efeitos especiais – gostei da explosão no fim. O 3D é bem utilizado, diferente de outras produções recentes.

O roteiro tem coisas boas e ruins. A cidade com prédios à la Blade Runner e sua sociedade totalitaria comandada pela Igreja é um dos acertos. Por outro lado, achei os personagens rasos demais, senti falta de algo mais sólido na sua construção. E um detalhe me incomodou – comento depois dos avisos de spoilers leves.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Se a única fraqueza dos vampiros era ter que fugir do sol, por que só tinha um “humano-vampiro”?

FIM DOS SPOILERS!

O elenco está ok, afinal, este é o tipo de filme onde os atores têm pouco espaço se destacar. Talvez o vilão de Karl Urban (Viagem do Medo) esteja caricato demais,  mas o resto funciona: Paul Bettany (O Turista), Cam Gigandet (Pandorum), Maggie Q (Operation Endgame), Christopher Plummer (Dr. Parnassus), Brad Dourif e Lily Collins, com Stephen Moyer (True Blood) e Mädchen Amick fazendo uma participação especial.

No fim, Padre é legal, mas ficamos com a sensação de que poderia ser melhor.

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Thor

Crítica – Thor

E a Marvel continua ampliando o seu universo hollywoodiano!

Desobedecendo as ordens de seu pai, Odin, Thor quase começa uma guerra contra os gigantes de gelo de Jotunheim. Enfurecido, Odin retira seus poderes e o expulsa de Asgard para a Terra, onde ele conhece a cientista Jane Foster. Enquanto isso, seu irmão Loki planeja assumir o poder.

De um tempo pra cá, os fãs de quadrinhos de super herois não têm tido motivo pra reclamar. Tivemos recentemente filmes muito bons baseados em hqs, tanto DC (Batman) quanto Marvel (Homem de Ferro). A dúvida agora é outra: será que vão conseguir manter o alto nível?

No caso de Thor, rolava outra dúvida além dessa. O diretor é Kenneth Branagh, que tem um currículo com muito Shakespeare, mas nada de cinema pipoca. Se o fã de quadrinhos se perguntava se a adaptação ia ser boa, o cinéfilo se perguntava se Branagh funcionaria em ambiente tão diferente do habitual. Bem, os dois podem ficar tranquilos. Thor não é nenhuma obra prima, mas é um bom filme.

Quem me lê sempre aqui já sabe, mas é sempre bom repetir: não saco nada de quadrinhos, meu negócio é cinema, então a minha crítica será apenas pelo lado cinematográfico. Se é uma adaptação fiel ou não, isso infelizmente não posso responder.

(Aliás, tem uma cena no filme que separa o cinéfilo do fã de quadrinhos. Na cena que um dos guardas pega um arco e flecha, se você viu o Gavião Arqueiro, você se liga nas hqs; se você viu uma ponta do Jeremy Renner, de Guerra Ao Terror e Atração Perigosa, você curte mais cinema. Meu caso foi o segundo…)

Bem, vamos ao filme. Thor era mais complicado que os antecessores Hulk e Homem de Ferro (e aqui também incluo o já citado Batman). Hoje em dia, os filmes seguem uma onda mais realista, afinal, é mais fácil de acreditar num super-heroi que ganha superpoderes por causa de um acidente da ciência ou porque tem dinheiro para comprar (ou construir) “brinquedos” caros e sofisticados. Thor não é assim, o cara é um deus imortal, vindo de outro planeta. Ele tem superpoderes porque nasceu assim, e ponto. Nisso, Thor perde para os outros filmes, a “suspensão de descrença” precisa ser maior.

Por outro lado, o visual de Asgard é lindíssimo – seria um forte candidato ao Top 10 de visuais deslumbrantes… Asgard tem prédios imponentes e figurinos caprichados, afinal, estamos falando da morada dos deuses nórdicos. Aliás, o cuidado com o visual do filme inteiro é impressionante, rola uma cena belíssima com chuva em câmera lenta.

E a direção de Branagh, como ficou? Bem, este é um “filme de produtor”, acredito que Branagh teve pouco espaço para arroubos criativos. Mas a gente vê o dedo de Branagh na direção dos atores entre as traições e os dramas familiares asgardianos. Branagh declarou que via paralelos entre Thor e Shakespeare, deve ser por aí…

O elenco é recheado de grandes nomes em papeis menores. Anthony Hopkins tem um papel de peso: Odin, o principal entre os deuses, chamado pelos outros de “pai de todos”; e a última ganhadora do Oscar de melhor atriz, Natalie Portman, tem o principal papel feminino, a terráquea Jane Foster. Mas os dois maiores nomes do elenco são atores desconhecidos: Chris Hemsworth faz o protagonista Thor e Tom Hiddleston brilha como o antagonista Loki, seu irmão. Ainda no elenco, Stellan Skarsgård, Kat Dennings, Colm Feore, Ray Stevenson, Rene Russo, Clark Gregg, Idris Elba e Tadanobu Asano. Aliás, achei estranha a escalação deste dois últimos como moradores de Asgard. No lugar que deu origem aos deuses nórdicos tem um negro e um oriental? Os quadrinhos são assim, ou isso é invenção do mundo politicamente correto? Deve ter sido pro filme parecer menos preconceituoso, tipo uma “reserva de vagas”. Mas aí piorou, já que Idris Elba faz Heimdall, uma espécie de porteiro… Os brancos são guerreiros, o preto fica na portaria…

Tem outra coisa estranha: Kenneth Branagh optou por filmar boa parte do filme usando a câmera inclinada, fora do prumo, criando planos tortos (o chamado “plano holandês). Não sei exatamente o que Branagh queria com isso, mas heu fiquei me lembrando dos cenários dos vilões daquele seriado do Batman barrigudo dos anos 60, que abusavam deste estilo…

Mais um problema: assim como em Tron – O Legado, o 3D me pareceu um desperdício desnecessário aqui. Algumas cenas ficaram escuras demais, me arrependi de pagar mais caro pelo ingresso…

Por outro lado, a trilha sonora em tom épico de Patrick Doyle é muito boa. É o mesmo autor da excelente trilha de Voltar a Morrer, também de Kenneth Branagh. Preciso prestar atenção no nome desse cara!

Não gostei da parte final. Mas antes de falar disso, vamos aos avisos de spoiler:

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Na minha humilde opinião, o filme se perde a partir da cena do Destruidor. Em primeiro lugar, achei que os quatro desistiram rápido demais da luta. Depois, achei que a solução da luta foi muito besta – se Odin podia fazer tudo aquilo, por que esperar até o último momento? E o plano de Loki me pareceu besta, assim como a luta final entre Thor e Loki, principalmente se comparada com a luta no início do filme, contra os gigantes de gelo.

FIM DOS SPOILERS!

No fim, Thor é um bom filme, mas perde na comparação com o último filme da “patota”, que é o Homem de Ferro 2. Afinal, no fim do filme, tem um aviso dizendo que Thor voltará no filme dos Vingadores, filme que trará, juntos, Hulk, Homem de Ferro, o próprio Thor e o Capitão América (que tem um filme prestes a estrear).

Última recomendação: fique até o fim dos créditos. Rola uma cena importante, assim como tem acontecido sempre nos filmes da Marvel!

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Jonah Hex

Jonah Hex

Um filme baseado em quadrinhos da DC (Batman, Superman, Watchmen), estrelado por Josh Brolin (indicado ao Oscar no ano anterior), com o grande John Malkovich e a gostosona Megan Fox de coadjuvantes, tinha potencial para um grande lançamento nas telas de cinema. Mas teve um lançamento discreto direto em dvd. Por que será?

A resposta é clara: Jonah Hex é fraco!

Baseado na graphic novel homônima, o filme mostra a história de Jonah Hex (Josh Brolin), um caçador de recompensas durão com o rosto deformado e que consegue falar com os mortos, e seu grande inimigo, o terrorista Quentin Turnbull (John Malkovich).

Tecnicamente, o filme é até bem feito, os efeitos especiais funcionam bem. Mas a história é tão besta! O roteiro é repleto de clichês e diálogos ruins, e o filme gera interesse zero.

O elenco é bem acima da média, mas está ruim como todo o resto do filme. Brolin está horroroso, caricato, monocórdio. Malkovich está menos mal, mas não o suficiente para salvar o filme. E Megan Fox (Transformers, Garota Infernal) é apenas mais um rostinho bonito, dela ninguém esperava algo complexo como “atuar”. E o filme ainda traz outros nomes legais, como Michael Fassbender (Bastardos Inglórios), Aidan Quinn, Wes Bentley e uma ponta não creditada de Jeffrey Dean Morgan como Jeb (o filho de Malkovich).

Mas o roteiro é tão frouxo! Não sei como eram os quadrinhos originais, mas o filme traz coisas completamente sem sentido, como, por exemplo, qual era a motivação de um terrorista naquela época? Outro: qualé a da poderosa “arma destruidora de nações” que nunca é explicada?

Não preciso falar que foi um fracasso de bilheteria, né? Pelo menos é curto. Só 80 min.

Mortadelo e Salaminho – Agentes Quase Secretos

Mortadelo e Salaminho – Agentes Quase Secretos

De uns anos pra cá, virou moda filme baseado em quadrinhos sérios. Mas os filmes baseados em quadrinhos de humor são mais raros. Por isso me empolguei quando vi este filme com os atrapalhados agentes secretos Mortadelo e Salaminho para vender na promoção da Casa & Vídeo.

Na trama deste filme espanhol de 2003, o Professor Bactério inventa uma nova arma, chamada DDT (algo como “Desmoralizador De Tropas”), que serve para derrotar um exército inteiro sem precisar dar nenhum tiro. Mas a arma é roubada e oferecida a um país vizinho, Tirania, cujo ditador quer entrar em guerra com a Rainha da Inglaterra. O Super, chefe da agência T.I.A., sabendo que seus agentes Mortadelo e Salaminho são dois trapalhões, chama um agente estrangeiro para resolver o caso. Mortadelo e Salaminho, com inveja, resolvem agir por conta própria.

Vou confessar que não era muito fã dos quadrinhos, escritos por Francisco Ibañez. Preferia, no mesmo formato, os franceses Asterix e Obelix. Mas li muitas histórias, me lembro bem. Por isso foi uma agradável surpresa ver que o filme conseguiu captar muito bem a essência dos quadrinhos. Digo mais: a adaptação aqui funcionou melhor do que todos os filmes do Asterix que heu já vi! Vários detalhes dos quadrinhos estão lá, a ambientação é perfeita. E os atores…

Um parágrafo à parte para falar das caracterizações. Benito Pocino está IGUAL ao Mortadelo! Acho que nem com cgi eles conseguiriam um Mortadelo tão real. Até nos disfarces nonsense, típicos dos quadrinhos. E Pepe Viyuela não fica muito atrás, ele está excelente como Salaminho. Mariano Venancio e Janfri Topera também estão ótimos como o Super e o Professor Bactério, respectivamente, mas estas caracterizações eram mais fáceis. E, para fechar, Dominique Pinon, de Delicatessen e Amélie Poulain, caricato (e genial) como sempre, faz Fredy Mazas, o agente secreto estrangeiro.

Ok, o humor às vezes é meio bobo. Mas, caramba, a gente tem que se lembrar que se trata de uma adaptação de quadrinhos de humor escrachado. Às vezes, parece que estamos vendo um filme nonsense, na onda do trio Zucker-Abrahams-Zucker (Apertem Os Cintos, Top Secret). Se algumas piadas são bobas, outras são hilárias!

(E tem mais: o filme é direcionado para a criançada. O humor serve também para os pequenos!)

Um filme desses, pra funcionar, precisaria de efeitos especiais excelentes. E, segundo o imdb, este filme tem o maior orçamento em efeitos especiais da história do cinema espanhol! E, realmente, os efeitos digitais aqui funcionam perfeitamente. Todos os exageros dos quadrinhos estão nas telas; e nada de efeitos parece fora do lugar. Os efeitos são melhor usados do que muita produção hollywoodiana…

Parece que existe um outro filme, mas sem o Benito Pocino… Será que presta? Vou procurar…

Deu vontade de reler Mortadelo e Salaminho…