Sinopse (assessoria de imprensa): Lisboa 2027. A sismóloga Marta e o oceanógrafo Miguel formam um casal que discorda sobre diversas opiniões científicas. O conflito aumenta quando Marta descobre a possibilidade de um terremoto devastador abalar Lisboa novamente. Os cientistas precisam tomar a decisão de alertar ou não a população sobre uma possível tragédia.
Bora de “ficção científica” feita na “Guiana Brasileira”!
Não é muito comum vermos filmes portugueses em cartaz nos cinemas. E este tinha sinopse de filme catástrofe, e estava sendo vendido como ficção científica. Será?
Infelizmente, já começo com a má notícia: o filme acaba antes de começar o tal terremoto, ou seja, não chega na parte “cinema catástrofe”. Além disso, se passa dois anos no futuro, ou seja, também não parece ficção científica.
Somos apresentados a um grupo de cientistas, que descobrem que pode acontecer um grande terremoto em Lisboa, semelhante a um que aconteceu em 1755 e que destruiu boa parte da cidade. O problema é que não existe a certeza de que o terremoto vai acontecer. Ou seja, se eles alertam a população e nada acontecer, eles perdem credibilidade; se eles não alertam e acontecer o terremoto, morrem milhares de pessoas. Qual seria o melhor caminho?
Mas sabe qual é o problema? Falta história. É um filme de uma hora e dezesseis minutos onde basicamente isso é tudo o que acontece. Aí o filme precisa encher linguiça. Tem uma cena no início onde os cientistas têm uma reunião com o secretário de estado pra discutir um orçamento de uma parada que não tem nada a ver com o resto do filme! Pra que aquela cena?
Ou seja, o filme podia ser um media metragem de meia hora. Mas esticaram. Por um lado, ficou ruim porque não tem história pra contar; por outro lado, ficou ruim porque não mostra o tal terremoto.
Pra não dizer que o filme fica só nos diálogos, no final vemos parte do caos quando as pessoas começam a fugir da cidade. Mas mesmo nesse momento o filme é fraco, porque vemos apenas um incidente. Se esse trecho do caos urbano fosse boa, talvez a gente até relevasse não ter um terremoto – apesar do nome “Terremoto em Lisboa”.
Por fim, dois comentários sobre a cópia exibida nos cinemas brasileiros. O primeiro é sobre as legendas. Sim, é um filme legendado, o que ajuda, já que nem sempre o português de Portugal é fácil de se entender. Mas, me parece que as legendas foram feitas lá, o idioma nas legendas parecia português pt, acentos agudos no lugar de circunflexos, algumas palavras com “letra sobrando” tipo “acção”, ou ainda “terramoto” no lugar de “terremoto”. Achei que podia ter uma adaptação nas legendas. Um exemplo: determinado momento o personagem fala de pegar uma “boléia”, e só depois entendi que isso significa “carona”.
O último comentário é sobre o título, “Terremoto em Lisboa”. Fui catar no imdb, não tinha nada. Aí procurei o nome da diretora Rita Nunes e descobri que o nome original do filme é “O Melhor dos Mundos”. “Terremoto” em Lisboa é o nome usado no Brasil pra tentar atrair público. Ok, concordo que é um nome mais atrativo, mas, como não tem terremoto, talvez fosse melhor deixar o nome igual…