The Electric State

The Electric State

Sinopse (imdb): Uma adolescente órfã atravessa o oeste americano com um robô doce, mas misterioso, e um excêntrico vagabundo, em busca de seu irmão mais novo.

Os irmãos Joe e Anthony Russo eram ilustres desconhecidos, até que dirigiram quatro dos melhores filmes do MCU: Capitão América O Soldado Invernal, Capitão América Guerra Civil, Vingadores Guerra Infinita e Vingadores Ultimato – detalhe que este último é a segunda maior bilheteria da história do cinema. Mas, depois de Ultimato, lançaram dois filmes bem fuén: Cherry e Agente Oculto. Não são filmes ruins, mas são filmes bobos e genéricos.

The Electric State segue a mesma onda. Não é ruim, mas é bobo e genérico.

O filme se passa nos anos 90, mas é uma realidade paralela onde vivemos com robôs inteligentes (o que me faz questionar por que situar a trama nos anos 90, porque, se é uma realidade paralela, podia ser hoje em dia). Os robôs se rebelam, rola uma guerra entre humanos e robôs, e humanos ganham a guerra usando robôs controlados remotamente (ou seja, é tudo robô). Ter um robô passa a ser “crime de traição”. A protagonista, uma “adolescente” de vinte anos de idade, recebe a visita de um robô, que acredita ser controlado pelo seu irmão que foi declarado morto, e resolve acompanhá-lo numa aventura dentro do mundo dos robôs.

Vamulá. Tecnicamente falando, The Electric State é muito bom. É uma superprodução de 320 milhões de dólares onde boa parte deve ter ido pras equipes de efeitos especiais. São muitas cenas de atores interagindo com robôs – a maior parte deve ser cgi, mas nenhuma cena passa a sensação de ser fake. Realmente parece que os robôs são reais. Nesta parte, nenhuma queixa.

Agora, o roteiro é tão mal escrito que deu vontade de fazer uma lista de tosqueiras mais toscas… Então vou fazer mais alguns comentários, depois vou soltar um aviso de spoilers, e listar dez tosqueiras.

Tenho sensações dúbias quanto à trilha sonora. Porque é daquele tipo de filme que usa músicas pop pra despertar a nostalgia dentro do espectador, e neste aspecto as músicas são muito bem usadas. Sim, sei que é um truque sujo, mas é legal ouvir Journey, Danzig, Judas Priest, Oasis, The Clash e Marky Mark – inclusive esta última ainda traz uma boa piada. Aliás, a melhor piada do filme envolve a Cavalgada das Valquírias, de Wagner. Agora, por outro lado, é triste ler nos créditos que a trilha original é do Alan Silvestri, e tentar lembrar da trilha e não conseguir. Sim, a trilha original é tão genérica quanto o resto do filme, não tem nenhum tema marcante.

Sobre o elenco: Millie Bobby Brown e Chris Pratt interpretam Millie Bobby Brown e Chris Pratt. Ambos fazem o de sempre, o que pode ser bom dependendo da proposta do espectador, mas, não é nenhum trabalho de atuação que mereça destaque. Stanley Tucci faz o vilãozão genérico; e, lembram que comentei que Giancarlo Esposito estava desperdiçado em Capitão América 4? Aqui ele está mais desperdiçado ainda! Alguém precisa avisá-lo urgentemente que ele precisa largar esse estereótipo, já cansou! Ke Huy Quan tem um bom papel, pena que é tão clichê que adivinhei o que ia acontecer assim que ele apareceu. Jason Alexander tem um papel pequeno e engraçado. Além disso The Electric State tem robôs com as vozes de Woody Harrelson, Anthony Mackie, Brian Cox, Jenny Slate, Hank Azaria, Colman Domingo e Alan Tudik – e preciso dizer que não reconheci Anthony Mackie, mesmo lendo seu nome nos créditos (talvez seja o único elogio que faço ao elenco).

E aí a gente volta pro assunto do início do texto: The Electric State é ruim? Não. O cara que ligar a Netflix atrás de uma diversão efêmera e despretensiosa vai curtir. O problema é você lembrar dos currículos das pessoas envolvidas e pensar que podia ser muito melhor…

Sing Sing

Crítica – ing Sing

Sinopse (imdb): Divine G, preso em Sing Sing por um crime que não cometeu, encontra um propósito ao atuar em um grupo de teatro ao lado de outros homens encarcerados nesta história de resiliência, humanidade e o poder transformador da arte.

Tenho o hábito de me informar pouco sobre os filmes antes de assisti-los. Prefiro entrar numa sala de cinema sabendo muito pouco ou quase nada sobre o filme. Quase sempre é uma experiência melhor, porque muitas vezes sou surpreendido. Mas preciso reconhecer que em alguns casos seria melhor saber um pouco mais sobre o contexto. Este é o caso de Sing Sing.

(Mas fiquem tranquilos que não vou dar nenhum spoiler!)

Sing Sing (idem, no original) mostra um grupo de teatro formado dentro de um presídio, um programa criado pra ligar presidiários à arte. Quase todo o filme se passa dentro do presídio, mas, diferente de outros filmes que abordam o mesmo tema, Sing Sing não foca nos crimes que levaram cada um à prisão, nem em rixas internas, nem em tentativas de fuga, ou coisas parecidas. O foco aqui é só a montagem da peça de teatro.

Fiquei acompanhando aquela história, tentando entender pra onde o filme ia me levar. Confesso que em certo ponto até achei meio chato. Mas, quando acaba, li nos créditos que não só o filme conta uma história real, como quase todos os atores interpretam eles mesmos – boa parte do elenco é de prisioneiros (ou ex prisioneiros, não vi se foi filmado enquanto eles ainda estavam presos), e todos participaram deste mesmo programa de grupo de teatro. Acreditem, isso me deixou com vontade de voltar e rever, agora com novos olhos. Aqueles personagens passaram a ter um novo sentido pra mim.

Sing Sing segue o grupo de atores enquanto montam uma peça bem diferente do óbvio – resolveram fazer um brainstorm e o organizador do grupo escreveu uma peça usando todas as ideias surgidas, que vão de Shakespeare até Freddy Krueger, passando por viagens no tempo. A gente sabe pouco sobre a vida de cada um fora da cadeia, o grande lance do filme é mostrar como eles encaram o grupo teatral. Inclusive, no fim do filme vemos algumas imagens caseiras de peças reais encenadas por grupos semelhantes.

Sing Sing está concorrendo a três Oscars. Uma das indicações, para melhor ator, é merecidíssima: Colman Domingo (um dos poucos “atores” do elenco) está excelente. Tem até uma cena que serve como “clipe de Oscar”. Mas ele não é o único que está bem. Clarence Maclin (que também é um dos roteiristas) também está muito bem, inicialmente achei que seria um personagem com redenção forçada, mas consegui “comprar” a trajetória do personagem. Alguns secundários também estão bem, como Sean San Jose e Sean Dino Johnson. Ah, o presidiário que pede um autógrafo para o protagonista é o autor do livro que deu origem à história.

(Nada a ver com o filme, mas adoro a voz grave do Colman Domingo!)

Além da indicação a melhor ator, Sing Sing está concorrendo a Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Canção. Achei estranha esta última indicação, porque quando saí da sala de cinema fiquei tentando me lembrar se tinha alguma canção no filme. É, parece que este ano estamos fracos de concorrentes a melhor canção.

Sing Sing estreia quinta agora no circuito.