Elementos

Crítica – Elementos

Sinopse (imdb): Em uma cidade onde cidadãos de fogo, água, terra e ar vivem juntos, Faísca, uma jovem impetuosa, e Gota, um cara que segue o fluxo da vida, irão descobrir algo elementar: o quanto eles têm em comum.

Às vezes, o rótulo “o novo filme da Pixar” pode atrapalhar. Porque a gente se lembra de Toy Story, Monstros S.A., Wall E, Divertida Mente, Os Incríveis, Up, Soul, e às vezes o novo filme é um filme bem bobinho, como é o caso deste Elementos (Elemental, no original).

A direção é de Peter Sohn, que fez O Bom Dinossauro, filme que IMHO é um dos piores do catálogo da Pixar. Não só é um filme besta, que parece uma versão de Procurando Nemo com sequências tiradas de O Rei Leão, como tem algumas cenas meio bizarras se a gente pensar que é um desenho pra crianças (tem um animal sendo decepado, e tem uma cena onde os personagens experimentam efeitos alucinógenos que funcionam como drogas).

Elementos não é tão ruim quanto O Bom Dinossauro. Mas ainda falta muito pra ser um grande filme. O grande problema aqui é o roteiro. Pra começar, a divulgação do filme tenta forçar uma barra pra falar dos quatro elementos, mas o filme só foca em dois (fogo e água). Aí na porta do cinema tem quatro cartazes, dois deles com os personagens principais, os outros dois com personagens bem secundários (tem um poster do Turrão (acho que e esse o nome), personagem que acho que só aparece umas três vezes, durante poucos segundos cada vez.)

Mas calma que piora. Os dois protagonistas não têm nenhum carisma. O Gota é um cara bobão, que só se envolveu com a Faísca porque a prejudicou intencionalmente. A Faísca também não é uma boa personagem, se irrita por qualquer bobagem, mas é menos ruim que o Gota. Mas o ponto é: são personagens que não cativam o espectador.

Ok, entendo que existe um paralelo sobre racismo / xenofobia. Me pareceu que o povo do Fogo era um paralelo com povos árabes, pelo som do dialeto deles e pelo visual de sua terra natal. Mas, lendo no imdb, o diretor Peter Sohn disse que se inspirou na sua família, que veio da Coreia sem saber falar inglês, se estabeleceu no Bronx e abriu um mercado com o nome da família. Até aí, ok. A gente vê que o povo do Fogo sofre preconceito – em uma cena, vemos que eles são proibidos de entrar em certos lugares. Mas… Se era pra ser um povo que sofre com o preconceito, como é que a Faísca é tão bem recebida pela família do Gota, vários seres de Água que são extremamente simpáticos com a pessoa do Fogo. Se era pra mostrar preconceito, pelo menos um dos personagens de Água deveria tratá-la mal.

Além disso, a trama é extremamente previsível. Cada coisa que aparece na tela já telegrafa para um momento futuro. Zero surpresa. E o fato da trama não ter um antagonista também é ruim. Se a gente parar pra pensar, o vilão do filme é a falta de manutenção do encanamento da cidade. Sim, o vilão é a Cedae.

Dito tudo isso, precisamos admitir que o visual do filme é fantástico. Procurando Nemo, de 2003, tinha 923 cores. Agora, vinte anos depois, Elementos tem 151 mil cores. E a gente vê isso na tela, o visual da cidade dos Elementos é de encher os olhos. Várias cenas você pode pausar e criar um quadro pra pendurar na parede. Nesta parte técnica, o filme realmente é impressionante.

(Um amigo comentou, depois da sessão, que não gostou dos personagens do Fogo, porque é um visual meio 2D em um filme onde tudo tem profundidade. Mas isso não me incomodou, já que o fogo não tem exatamente uma forma.)

Outra coisa divertida são pequenos detalhes ao longo da projeção fazendo piadinhas sobre os elementos, como por exemplo um dirigível zepelin que transporta personagens de Ar que esvazia quando os passageiros saem, mas infla novamente com os novos passageiros.

Mas é pouco. No fim, fica a sensação de um produto bonito, mas vazio.

Por fim, não cheguem atrasados na sessão. Antes do filme, tem um divertido curta com o Carl, de Up.

Lightyear

Crítica – Lightyear

Sinopse (imdb): A história de Buzz Lightyear e suas aventuras ao infinito e além.

A franquia Toy Story é uma das melhores coisas feitas na animação nas últimas décadas. E a gente sabe que continuações costumam enfraquecer as franquias. Quando lançaram Toy Story 3, o pensamento era “tem que parar agora, enquanto a franquia está com a qualidade lá no alto”. Mas fizeram o quarto filme, que pode não ser tão bom quanto o terceiro, mas ainda segurou a barra no alto. Valia a pena fazer um quinto filme?

A saída foi fazer um spin-off. Lightyear não fala do boneco, mas sim sobre o personagem que deu origem ao boneco. Antes do filme, tem um texto na tela explicando: em 1995, Andy foi ao cinema e depois ganhou um boneco do personagem. Este é o filme que ele foi ver.

E afinal, Lightyear é bom? Bem, não mantém a mesma qualidade dos filmes Toy Story, mas é um filme divertido e extremamente bem feito. A parte técnica enche os olhos – não que isso seja surpresa em se tratando de Pixar, mas, não custa reforçar. A animação é tecnicamente perfeita!

Dirigido por Angus Maclane (que está estreando como diretor solo, mas trabalha na Pixar desde Vida de Inseto, de 1998). Lightyear é a volta dos lançamentos nos cinemas – Dois Irmãos foi lançado na época do início da pandemia, sei que teve sessões nos cinemas, mas não lembro se chegou a passar aqui no Rio; os três seguintes, Soul, Luca e Red, foram direto para o streaming. Pelo menos para mim isso é uma boa notícia, senti falta de ver Soul num cinema.

Duas coisas me incomodaram no roteiro de Lightyear. Uma delas é uma das premissas básicas do filme, então não considero que seja spoiler. Buzz está numa grande nave, com centenas (milhares?) de pessoas, e eles ficam presos num planeta desabitado. Em um ano, bolam um plano para sair. O plano dá errado, e mesmo assim eles insistem no plano ao longo de décadas! Caramba, ninguém pensou num plano B? Será que anos depois ninguém ia pensar em outra forma de sair do planeta?

A outra coisa que me incomodou é spoiler. Mas, posso dizer que não gostei das motivações do vilão. O vilão é o Zurg, aparece em Toy Story, mas aqui a gente conhece a história dele, e achei essa história bem ruim.

Sobre os novos personagens, preciso dizer que a princípio achei que o gatinho era uma ideia ruim, mas preciso admitir que ao fim do filme, já tinha virado fã do gatinho. Já o resto dos personagens, não tem nenhum memorável. Uma boa piada aqui, outra ali, mas nada que fique na memória.

Uma informação importante sobre a dublagem. O boneco Buzz Lightyear foi dublado por Guilherme Briggs, um dos melhores dubladores brasileiros; e aqui foi dublado por Marcos Mion. Claro que tem um monte de gente reclamando. Mas… Em primeiro lugar, a troca do dublador é algo coerente, porque este Buzz não é o mesmo de Toy Story, aqui é o personagem do filme, lá é o boneco – a mudança de dublador aconteceu também no original, o boneco é dublado por Tim Allen e este é dublado por Chris Evans. E agora, sobre o Marcos Mion: tirando um “paulistês” meio forte, não atrapalhou em nada. Marcos Mion está aprovado.

Está rolando uma polêmica sobre um beijo gay. Sim, acontece um beijo entre duas mulheres, personagens novas, não é o Buzz, ninguém vai poder espernear “arruinaram a minha infância!” Queria dar um recado pra quem se incomodou com o fato de duas personagens, fictícias, desenhadas, que demonstram carinho entre elas. O mundo tem tanto problema real, e você se incomoda com isso? Seriously?

Por fim, são 3 cenas pós créditos. As duas tradicionais, uma ao fim dos créditos principais outra lá no fim. Mas, depois de tudo ainda tem mais uma! Não saia do cinema antes do filme realmente acaba!

Red: Crescer é uma Fera

Crítica – Red: Crescer é uma Fera

Sinopse (imdb): Uma jovem vive um ano de formação na companhia de um enorme panda vermelho.

Outro dia falei do sub título nacional péssimo de Ambulância Dia de Crime. Acho que Red Crescer é uma Fera é ainda pior. Essa frase não faz sentido!

A Pixar deixou a gente mal acostumado. Assim como a Marvel mudou o paradigma do filme de super herói, a Pixar fez o mesmo e elevou para outro patamar o conceito de longa de animação filmes como Toy Story, Monstros S.A., Wall-E, Divertida Mente e Soul.

Aí vem Red e seu sub título horrível. Red Crescer é uma Fera (Turning Red, no original) não é ruim, longe disso, mas está abaixo do melhor que a Pixar pode oferecer. Mas… como falei na crítica de Luca, isso é uma espécie de head canon, o problema não é do filme, e sim da expectativa que criei. Então bora falar de Red como se não fosse Pixar.

Estruturalmente, Luca e Red têm semelhanças. Luca foi dirigido por Enrico Casarosa, que antes tinha dirigido um curta para a Pixar. E o longa traz referências à infância do diretor. Red foi dirigido por Domee Shi, que dirigiu o curta Bao, curta que passou antes de Os Incríveis 2 (e vale lembra que ela ganhou o Oscar pelo curta). Mais: a protagonista Meilin é sino canadense e a história se passa no Canadá; Domee Shi nasceu na China mas se mudou para o Canadá aos 2 anos de idade.

O panda vermelho é uma metáfora à puberdade e todas as transformações físicas e emocionais que acontecem na adolescência, principalmente com as meninas (coisa que estou falando sem muita propriedade porque não passei exatamente por isso, mas, como pai de menina, acompanhei uma adolescente de perto). Nessa parte da metáfora, o filme é perfeito. Mas… Teve uma coisa que me incomodou: nenhum adulto sabe da existência do panda gigante!

A história se passa em 2002, o que ajuda, porque, se fosse hoje, cada adolescente teria um celular na mão e o panda estaria em várias redes sociais logo no primeiro dia. Não me lembro se em 2002 já existiam smartphones, mas, se existiam, não eram usados por todos no dia a dia. Mas, mesmo assim, quando o panda vira um evento entre todas as crianças da escola, algum professor ou pai acabaria descobrindo.

A protagonista Meilin é um personagem muito bem construído. Ela é uma menina exemplar e bem comportada diante dos olhos da mãe e ao mesmo tempo é uma adolescente normal entre suas amigas, e é legal ver como ela quer assumir o panda – diferente das mulheres mais velhas da sua família que precisavam reprimir seus pandas internos. As amigas são personagens mais rasos, cada uma só tem uma característica, mas servem para o que o filme pede. As tias e a avó são boas personagens, mas pouco exploradas. Acho que o único personagem bom além da protagonista é o pai.

A parte técnica é impecável, como era de se esperar. E Red ainda traz uma pequena diferença ao padrão Pixar, que são expressões faciais exageradas dos personagens em algumas cenas, lembrando estilo de anime – tudo a ver com a proposta do filme.

Por fim, fico me perguntando quando a Pixar vai voltar aos cinemas. Assim como Soul e Luca, Red Crescer é uma Fera foi direto para o streaming. E – modo velho saudosista on – prefiro muito mais ver um filme desses numa sala de cinema do que na TV de casa.

Divertido e tecnicamente muito bem feito, Red Crescer é uma Fera não é um “novo clássico da Pixar”, mas vai divertir quem estiver na vibe certa.

Luca

Crítica – Luca

Sinopse (imdb): Um menino vive um verão inesquecível à beira-mar na Riviera Italiana repleto de gelato, macarrão e passeios de scooter sem fim. Luca compartilha essas aventuras com seu novo melhor amigo, mas toda a diversão é ameaçada por um segredo profundo: ele é um monstro marinho de outro mundo logo abaixo da superfície do oceano.

Luca é bonitinho, tem bons personagens, uma história cativante e um visual que enche os olhos. Mas mesmo assim é uma decepção.

Luca carrega a responsabilidade de ser “o novo Pixar”. E, com títulos como Toy Story, Wall-E, Up, Divertida Mente, Monstros S.A., Soul e outros, a Pixar nos ensinou que desenhos animados podem ser algo a mais. Então o espectador vai ao cinema para ver mais uma nova obra prima. Quando vem um filme apenas bom, pode não agradar.

Mas… Isso é uma espécie de head canon, coisa que sempre critico. Head canon é quando você imagina algo na sua cabeça, e quando o filme te apresenta algo diferente, você não gosta. Mas, não é culpa do filme, e sim da expectativa que você criou sobre o filme. Como costumam dizer em términos de relacionamento, “a culpa não é sua, a culpa é minha”.

Então, se a gente analisar Luca sem compará-lo com o catálogo da Pixar, o filme até funciona.

Luca é o primeiro longa metragem dirigido por Enrico Casarosa, que já tinha trabalhado na equipe técnica de alguns longas da Pixar (Ratatouille, Up, Viva, Incríveis 2 e Toy Story 4), e que tinha feito um curta, também pela Pixar, em 2011, A Lua (que passou nos cinemas junto com Valente). Italiano, Casarosa mesclou influências de Hayao Myiazaki (como o nome da cidade Portorosso ser uma homenagem ao filme Porco Rosso) com memórias da sua própria infância (na infancia, ele passou verões em Cinque Terre, local onde Luca se passa; ou ainda, “trenette al pesto”, prato que é servido pelo pai de Giulia, é um prato típico de Gênova, cidade natal do diretor).

A história é simples, mas é bem contada. Algumas piadas são muito engraçadas, e alguns lances são geniais – como o “silêncio, Bruno!”. E os personagens são ótimos, todos eles são bem construídos, e a dupla principal realmente convence como grandes amigos. Vi dublado, deu vontade de rever com as vozes originais quando soube que a dupla é dublada por Jacob Tremblay (O Quarto de Jack, Extraordinário) e Jack Dylan Grazer (It, Shazam).

A animação é um absurdo de bem feita. Mas aí não é nada novo. A Pixar não apresentaria alguma deficiência neste aspecto.

Ah, tem uma cena pós créditos, mas é bem boba.

No fim, fica a recomendação: esqueça que é Pixar e se deixe levar!

Soul

Crítica – Soul

Vamos de Pixar?

Sinopse (imdb): Depois de conseguir o emprego de sua vida, um pianista de jazz de Nova York de repente se vê preso em um mundo estranho entre a Terra e a vida após a morte.

A Pixar deu azar com a pandemia. Em 2019, lançou Toy Story 4, e a previsão era dois longas pra 2020, Dois Irmãos (Onward) e Soul. Mas, na época do lançamento mundial de Dois Irmãos, veio a pandemia e o filme nem chegou a passar nos cinemas de alguns países – o Brasil estava nessa leva.

E o cinema entrou em compasso de espera, porque ninguém sabe quando poderemos ter salas cheias de novo.

Dois Irmãos saiu pelo streaming, e perdeu o “bonde do hype” (e nunca saberemos se a história seria outra se fosse lançado no cinema). Mas, com Soul, parece que o lançamento via streaming deu certo.

Antes de entrar no filme, queria falar que esse tema falou diretamente comigo. Já vivi essa situação de “quero viver de música, vou esperar a minha grande chance, e vou dar aulas enquanto isso não acontecer”. Felizmente posso dizer que hoje vivo feliz trabalhando com outras coisas e deixando a música como um hobby sério. Mas o Helvecio de 25 anos era bem parecido com o protagonista de Soul.

Vamos ao filme? Muita gente está comparando Soul com Divertida Mente – porque ambos trazem mundos paralelos ao nosso, mostrando o que seriam os bastidores de coisas da nossa vida – se um fala das emoções, o outro fala de antes e depois da nossa vida aqui nesse planeta. E a comparação tem lógica, afinal ambos os filmes foram dirigidos pelo mesmo Pete Docter (que ainda fez Up e Monstros S.A.).

Soul consegue criar todo um universo onde as almas se preparam para vir para a Terra. E, claro, como acontece na maioria dos limes da Pixar, temos um mundo visualmente rico, personagens bem construídos, e uma trama com momentos engraçadíssimos, ao lado de momentos onde a maior parte do público vai chorar de emoção.

O traço do desenho é fantástico. Nas cenas de Nova York, o traço é tão bem feito que às vezes parece que filmaram os cenários. E, pra contrastar com os desenhos perfeitos, temos alguns personagens – os “Zés” – que são feitos de uma única linha, sem profundidade. Ficou genial!

Só mais um comentário sobre o traço do desenho. Não me lembro de nenhum desenho animado onde vemos um piano sendo tocado de maneira tão perfeita. Você vê os dedos do personagem nas teclas do piano, a sincronia é perfeita!

Sobre a trilha sonora, a surpresa positiva foi descobrir que foi feita por Trent Reznor e Atticus Ross – dupla que fez a trilha de vários filmes do David Fincher, como Mank, Garota Exemplar, Millenium, A Rede Social (até ganharam o Oscar por este último). Heu já curtia as trilhas da dupla, mas não tinha ideia que seriam capazes de fazer uma trilha de jazz, e logo uma trilha tão boa. Afinal, eles são do Nine Inch Nails, que é uma banda de rock industrial e eletrônico.

Vi dublado, quando vi que os dois atores principais são Jamie Foxx e Tina Fey, deu vontade de rever legendado. Gosto muito de ambos. E entre as vozes originais, ainda tem a Alice Braga como um dos Zés!

Toy Story 4

Crítica – Toy Story 4

Sinopse (imdb): Quando um novo brinquedo chamado “Garfinho” se junta a Woody e à turma, uma viagem ao lado de velhos e novos amigos revela o quão grande o mundo pode ser para um brinquedo.

A grande pergunta de todos era: “se Toy Story 3 fechou tão bem, será que precisa de um quarto filme?”

Verdade. Precisar não precisava. Mas, mais uma vez, a Pixar não nos decepcionou, e temos um quarto filme coerente com a saga, e – importante – tão bom quanto o resto da franquia.

A Pixar sabe fazer filmes complexos, com camadas, que agradam crianças e adultos ao mesmo tempo. Vemos isso aqui, com os dilemas do Woody sobre a “sua” criança, com o questionamento sobre liberdade, com a dúvida existencial do novo personagem Garfinho, com a redenção da vilã, etc.

Temos algumas boas adições à excelente galeria de personagens. O Garfinho é ótimo! E a dupla Coelhinho / Patinho é responsável pelos momentos mais engraçados do filme.

A saga Toy Story sempre tem momentos carregados de emoções. Aqui não tem nenhuma cena tão forte quanto a cena do incinerador do filme anterior, mas vai ter adulto saindo da sala do cinema com a cara inchada de choro.

A qualidade da animação é absurda, isso a gente já sabe há tempos. Mas aqui chega a ter um gato que parece filmado em vez de desenhado!

Sobre a dublagem, confesso que queria ver com o som original – Keanu Reeves faz o Duke Caboom! Mas, como de costume, a dublagem é muito boa. Gostei muito da dinâmica entre o Coelhinho e o Patinho.

Por fim, fiquem até o fim. O fim mesmo, tem uma piada muito boa no fim da vinheta de encerramento!

A história fechou – de novo. Mas se a Pixar anunciar um quinto filme no futuro, vou ficar empolgado. De novo.

Os Incríveis 2

Os Incríveis 2Crítica – Os Incríveis 2

Sinopse (imdb): Roberto Pera (Sr. Incrível) é deixado para cuidar das crianças enquanto Helena (Mulher Elástica) está fora salvando o mundo.

O primeiro Os Incríveis, de 2004, é um dos meus favoritos da Pixar. Será que a continuação é tão boa quanto?

Escrito e dirigido pelo mesmo Brad Bird do primeiro, Os Incríveis 2 (Incredibles 2, no original) mantém o nível, num ótimo equilíbrio entre ação e comédia, numa história que começa logo depois do fim do primeiro filme (apesar de termos 14 anos separando os dois).

As sequências de ação são excelentes, não devem nada a filmes live action (não à toa, em 2011 Brad Bird dirigiu Missão Impossível Protocolo Fantasma). E, na parte da comédia, o filme é muito, muito engraçado. Todas as sequências com o Zezé descobrindo seus poderes são hilárias.

Não só Os Incríveis 2 mantém o nível do primeiro, como se atualiza para se encaixar melhor no cinema de hoje, onde o empoderamento feminino está em toda parte. Helena vai para as ruas combater o crime, enquanto Roberto fica em casa com as crianças – não se esqueçam que a trama se passa na década de 60! E o melhor de tudo é que isso soa normal na tela, não parece panfletário.

Na parte da animação, não tem o que se falar. É Pixar. Ponto. Animação simplesmente perfeita, tudo na tela tem textura real. Soma-se a isso uma ótima trilha sonora de Michael Giacchino que emula filmes policiais dos anos 60 / 70, um clima meio Henry Mancini / Lalo Schifrin.

O elenco original é bom (Craig T. Nelson, Holly Hunter, Catherine Keener, Samuel L. Jackson, Isabella Rossellini, Bob Odenkirk, Sophia Bush), mas vi a versão dublada. Pelo menos a dublagem é muito boa, e uma das melhores piadas está na dublagem!

Se existe algo de negativo em Os Incríveis 2 é que o plot twist é um pouco previsível. Mas, visto que o público alvo a princípio são crianças, não acho tão grave assim.

Carros 3

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Crítica – Carros 3

Agora um veterano, Relâmpago McQueen tem dificuldades para provar para a nova geração de corredores que ainda é um dos melhores carros de corrida do mundo.

Lá se vão 22 anos desde o primeiro Toy Story. A Pixar continua fazendo filmes para crianças, mas não ignora que parte do seu público envelheceu. Depois do excepcional Toy Story 3, temos outro filme que fala da maturidade.

Claro, Carros 3 (Cars 3, no original) não é tão bom quanto Toy Story 3, mas, convenhamos, o primeiro Carros também é inferior ao primeiro Toy Story, então tá tudo coerente. O ponto importante aqui é: aquela trama bobinha de agente secreto usada no fraco Carros 2 foi deixada de lado. Voltamos às pistas de corrida. E agora lidando com um corredor velho e ultrapassado.

(Às vezes imagino se o Michael Schumacher tivesse se aposentado logo após o seu sétimo título mundial. Ele poderia dizer “cansei de ganhar, vou parar porque não existe ninguém à minha altura”. Seria uma lenda maior do que já é. Mas não, ele continuou, e começou a perder…)

Assim, temos mais uma vez um filme “em camadas”. Crianças vão curtir o colorido universo dos carros; adultos vão refletir sobre a hora de um atleta parar e passar o bastão para a nova geração. Lembrei de Creed, o último filme da saga Rocky…

A parte técnica, como esperado, enche os olhos. A textura dos objetos de cena é perfeita! Tem uma cena numa praia, onde a areia parece filmada e não desenhada. Digo mais: alguns takes imitam a mudança de foco da câmera. Se não fossem os carros com cara de desenho animado, acho que dava pra dizer que estávamos diante de um “live action”.

Provavelmente Carros 3 nunca figurará entre os clássicos da Pixar. Mas pelo menos é uma diversão honesta. E, repito, bem melhor que Carros 2.

Procurando Dory

Procurando DoryCrítica – Procurando Dory

Nemo, Marlin e Dory estão de volta!

Um ano depois dos eventos do primeiro filme, Dory começa a ter sonhos fragmentados e flashbacks de sua vida antes de conhecer Marlin e Nemo, e resolve procurar os seus pais.

Treze anos depois, temos a continuação do fantástico Procurando Nemo, até hoje um dos melhores longas da Pixar. Procurando Dory (Finding Dory, no original) usa uma estrutura parecida, mas desta vez quem se perde é a Dory, enquanto procura os pais.

Continuações vivem em um terreno perigoso. A maior parte delas pensa primeiro na bilheteria e depois na qualidade. O trunfo desta continuação é ter roteiro e direção de Andrew Stanton, o mesmo que escreveu e dirigiu o primeiro filme (Stanton ainda dirigiu Wall-E e Vida de Inseto, além de ter trabalhado no roteiro de Monstros S.A. e todos os Toy Story).

O fato de ser mais um Pixar, e de ser a continuação de Procurando Nemo, é o que mais atrapalha esta continuação. Porque é impossível não comparar. Mesmo assim, não acho que Procurando Dory fique muito atrás de Nemo. Ok, já vimos essa história antes. Mas o filme é emocionante e engraçado – como a Pixar sabe fazer muito bem. E tem vários momentos “fofos” que vão agradar boa parte do público.

Se a história não traz muitas novidades, pelo menos os personagens são todos bem construídos e bem inseridos na trama. Não só os personagens antigos são ótimos, como os novos, tanto os que têm mais tempo de tela, como Hank, Destiny e Bailey, até aqueles que fazem só uma ponta, como o trio de leões marinhos Rudder, Fluke e Geraldo.

Dory é uma personagem irresistível, com sua hilária perda de memória, e realmente merecia deixar de ser coadjuvante. E olha que coisa curiosa: é a terceira continuação da Pixar onde um coadjuvante vira protagonista – isso aconteceu com Mike em Monstros SA e Universidade Monstros, e com Mate em Carros e Carros 2.

Em 2003, uma das coisas que mais chamava a atenção era o visual do fundo do mar. Talvez Dory não impressione tanto hoje em dia, mas por já estarmos acostumados com o CGI evoluído – porque o fundo do mar é retratado perfeitamente.

Por fim, não saia antes de terminar os créditos. Duas das melhores piadas do filme estão lá!

p.s.: Queremos um spin-off do Geraldo!

O Bom Dinossauro

bom-dinossauroCrítica – O Bom Dinossauro

Pouco depois de Divertida Mente, mais um Pixar!

Numa realidade paralela onde os dinossauros não foram extintos por um asteroide, temos uma família de apatossauros evoluídos, fazendeiros, que se preparam para o inverno. O caçula da família, pequeno e atrapalhado, tenta capturar um filhote de humano selvagem (que age como um cachorro), que vem roubando comida da família.

Em 2014, a Pixar não lançou nenhum longa. Agora eles estão compensando: são 3 filmes entre 2015 e 16 (ainda teremos Procurando Dory este ano). Mas, se Divertida Mente foi um título para figurar entre os melhores Pixar, acredito que O Bom Dinossauro (The Good Dinosaur, no original) vai passar longe dessa lista.

O problema básico é que, diferente do habitual da Pixar, tudo aqui é muito básico e parece repetição de outros temas. A história, além de ser clichê, parece uma mistura de Procurando Nemo (uma jornada de auto-conhecimento onde o protagonista encontra vários personagens curiosos) e O Rei Leão (são vários elementos semelhantes, como os ladrões de gado que parecem as hienas, além de algumas cenas bem parecidas, como quando o filho se separa do pai). Além disso, se trata de uma história direcionada ao público infantil, mas algumas cenas são muito fortes. Me lembrei de Holocausto Canibal em uma cena!!!

Vamos ao que funciona: o visual é impressionante! Na parte técnica, a Pixar continua mostrando que é top. Os cenários às vezes parecem filme e não desenho animado! Os personagens têm um traço mais simples, acredito que foi proposital, para contrastar com a perfeição dos cenários.

Mas o problema é que a própria Pixar nos ensinou que seus longas de animação têm camadas de complexidade (como Divertida mente, capaz de agradar crianças e adultos). Se fosse de outra produtora, O Bom Dinossauro seria apenas um filme médio. Mas como é Pixar, ficou devendo.

Agora nos resta aguardar pelo Procurando Dory