Parker

Crítica – Parker

Jason Statham e Jennifer Lopez juntos. Será que a dupla funciona?

Um ladrão profissional que vive sob estritas regras é traído por sua equipe e deixado para morrer. Depois que se salva, vai atrás de vingança.

Sobre a pergunta do primeiro parágrafo: este é um filme de Jason Statham. Jennifer Lopez aqui é coadjuvante – ela não chega a atrapalhar, mas se o seu papel fosse subtraído, o filme não perdia em nada. Sabe essa pose de bad girl do poster? Só no poster mesmo… Ou seja: legal ter a J-Lo num filme de ação, mas se ela não estivesse, o filme não mudava nada.

Dito isso, Parker é um bom “filme do Jason Statham”, com tudo de bom e de ruim que esse estereótipo carrega. É um eficiente filme de ação, com boas cenas de pancadaria. E é um tanto previsível… Principalmente a parte final.

O curioso é que o diretor é veterano, experiente e versátil. É o mesmo de Ray, Advogado do Diabo, O Sol da Meia Noite e A Força do Destino. E mesmo assim, Parker é essencialmente um “filme do Jason Statham”…

Parker tem alguns bons coadjuvantes. Michael Chiklis e Nick Nolte atuam dentro do esperado. E o personagem de Bobby Cannavale é desnecessário. Ainda tem a bela Emma Booth em um pequeno papel e, talvez o único papel fora óbvio, Patti LuPone como a mãe de Jennifer Lopez. E, claro, a própria J-Lo, que não está mal, mas que tem um papel com pouquíssima importância na trama.

Claro, a maioria dos fãs de Statham quer mesmo é a ação. Estes não vão ficar decepcionados. Mas não espere nada demais.

O Exterminador do Futuro

Crítica – O Exterminador do Futuro

Sábado passado teve Cineclube Sci-Fi, evento organizado mensalmente pelo Conselho Jedi RJ no Planetário. O filme era o primeiro O Exterminador do Futuro. Há tempos que não via este filme, aproveitei a oportunidade e fui lá prestigiar o evento.

Alguém ainda não viu? No futuro, as máquinas dominam a Terra, e enviam um robô exterminador ao passado para eliminar Sarah Connor, mulher que será mãe do futuro líder dos humanos

Ver um filme de quase trinta anos atrás (O Exterminador do Futuro é de 1984), tem seus problemas. Reparamos em muita coisa que não vimos na época. A maquiagem é muito mal feita, toda a sequência onde o robô conserta o braço e tira o olho é muito tosca. O stop motion é muito inferior ao d’O Retorno do Jedi, lançado um ano antes. Ainda tem a trilha sonora datada, mas isso a gente não tinha como ver na época… 😉

Outra coisa: precisamos de uma boa dose de suspensão de descrença para relevar as inconsistências do roteiro – se um robô pode voltar no tempo se tiver carne em volta, por que não envolver armas pesadas em carne e mandar junto? Mesmo assim, considero este um dos melhores roteiros de viagem no tempo. Cada detalhe da história é importante, o roteiro não deixa pontas soltas.

Além da boa história, O Exterminador do Futuro ainda é um excelente filme de ação. O ritmo do filme é ótimo, o quase novato diretor James Cameron já mostrava talento. Cameron antes tinha feito apenas um longa (de qualidade duvidosa), Piranhas 2 – Assassinas Voadoras. Mas depois, sua carreia deslanchou e ele virou um dos nomes mais importantes da Hollywood contemporânea. Ele fez Aliens – O Resgate, O Segredo do Abismo, O Exterminador do Futuro 2, True Lies, e depois bateu recordes de bilheteria e ganhou 11 Oscars com Titanic – e ainda nem falei de Avatar, outro recordista de público.

O Exterminador do Futuro também foi um marco importante na carreira de outro nome “gigante” hoje em dia: Arnold Schwarzenegger, que era um fisiculturista tentando fazer carreira como ator. Ele já tinha sido o Conan no filme de 1982, mas ainda estava longe de se firmar. O forte sotaque (Arnold é austríaco) e o talento limitado como ator eram compensados pelo enorme carisma. O papel do Exterminador lhe caiu como uma luva: poucas falas e poucas expressões faciais não atrapalharam e Arnoldão teve o seu primeiro grande sucesso. E daí para o estrelato foi um pulo – Schwarzenegger se tornou um dos nomes mais fortes do cinema de ação pelas décadas seguintes.

Os outros dois atores principais, Linda Hamilton e Michael Biehn, não fizeram filmes relevantes fora dos anos 80. Mas o elenco ainda traz algumas curiosidades. Lance Henriksen tem um papel menor como um dos policiais; e Bill Paxton aparece numa ponta, como um dos punks que são atacados pelo Exterminador no início do filme.

Agora, uma história com spoilers leves (pode spoiler de um filme de quase trinta anos atrás?). Lembro, na época do lançamento, o cinema lotado, com todos gritando cada vez que achavam que o Exterminador estava morto, mas depois se levantava – mais uma vez. Era uma histeria divertida!

O Exterminador do Futuro teve três continuações e gerou uma série de TV. E diz a lenda que em 2015 vem mais um filme por aí…

O Homem de Aço

Crítica – O Homem de Aço

Filme novo do Superman. E aí, será tão fraco quanto o Superman – O Retorno, lançado em 2006; ou manterá o nível da trilogia Batman, o atual top da DC?

A notícia é boa: Homem de Aço é muito bom!

Um menino descobre que tem poderes extraordinários e que não é deste planeta. Mais velho, ele viaja para tentar descobrir de onde veio e por que foi mandado para cá. Mas o heroi deve surgir para salvar o mundo e virar o símbolo de esperança para a humanidade.

A citação ao Batman de Christopher Nolan não é gratuita. Não só por serem os dois principais personagens da DC, mas também pelo fato de Nolan ter atuado aqui como produtor e autor do argumento. E o roteirista é o mesmo David S Goyer, que trabalhou nos três filmes do homem-morcego. Isso tudo é importante, porque a DC quer reunir os herois em um filme da Liga da Justiça tão bem sucedido quanto o ótimo Os Vingadores da Marvel.

E a influência do Batman de Nolan fez de Homem de Aço um filme mais sério do que a maior parte dos filmes de super-herois. O Kal-El / Clark daqui não usa cueca sobre a calça e é cheio de problemas existenciais. Rola até uma sutil comparação com Jesus Cristo – não acredito que tenha sido coincidência Clark estar com 33 anos. Acho que este será o grande diferencial entre DC e Marvel: enquanto uma foca na seriedade, a outra pensa no lema “o cinema é a maior diversão” (ambos os caminhos são válidos, na minha humilde opinião).

A direção coube a Zack Snyder, que já tinha provado seu talento em imagens bem cuidadas em filmes como 300, Watchmen e Sucker Punch. Em Homem de Aço, Snyder teve uma direção mais discreta, acho que não rola nenhuma das suas famosas câmeras super lentas. Mas, mesmo sem a sua “assinatura”, Snyder mostra boa mão na condução das várias cenas de ação.

Não sei o quanto o diretor teve parte nisso, mas os efeitos especiais são absurdamente bem feitos. Os computadores em Krypton tem uma textura diferente de tudo o que estamos acostumados a ver, e a destruição de Metropolis está entre as melhores destruições de cidades já mostradas no cinema. Snyder não usa câmera lenta, mas sua câmera não treme como os “MichaelBays” da vida – conseguimos ver tudo.

Os fãs querem esquecer o filme de 2006, mas a comparação com o clássico de 1978, dirigido por Richard Donner, é inevitável. E a boa notícia: se Homem de Aço não é melhor que o filme de 78, também não é pior. Ambos podem figurar entre as melhores adaptações cinematográficas de quadrinhos de super-herois.

É inevitável pensar no Superman e não lembrar de Christopher Reeve, que imortalizou a personificação do heroi. Henry Cavill faz um bom trabalho, não sentimos falta de Reeve. Mas acho que a tarefa mais difícil era a trilha sonora. A trilha de John Williams para o filme clássico é fantástica, o tema pan-pa-rá pa-ra-ra-ra-rá é um dos temas mais conhecidos da história do cinema (talvez um dos 4 mais conhecidos, ao lado de Tubarão, Guerra nas Estrelas e Caçadores da Arca Perdida – todos de John Williams). Hans Zimmer fez bem em ter ignorado a melodia original, e fez uma trilha competentíssima, que pode não ser tão assoviável quanto a de Williams, mas faz um belíssimo trabalho aqui.

Apesar de O Homem de Aço não ser um filme que exige muito dos atores, Michael Shannon faz um excelente trabalho com o seu general Zod – este sim superior ao anterior de Terence Stamp (que por sua vez também tinha feito um bom trabalho em Superman 2). O resto do elenco, repleto de nomes conhecidos, também está bem: Amy Adams, Diane Lane, Russell Crowe, Kevin Costner e Laurence Fishburn.

Infelizmente, O Homem de Aço não é perfeito. Como pontos negativos, podemos citar a longa duração, que chega a cansar (Os Vingadores também é longo, mas não é tão cansativo); e alguns pontos do roteiro que ficaram muito mal explicados – como assim, o planeta vai explodir, e os condenados por traição são mandados para fora do planeta???

Não vi em 3D. Atualmente evito pagar mais caro por um efeito que mais atrapalha do que ajuda. E pelo que li por aí, fiz boa escolha.

Resumindo: apesar dos poucos pontos contra, temos um forte candidato ao Top 10 2013!

p.s.: Só heu achei que o nome “Homem de Aço” parece uma tentativa barata de ganhar visibilidade com “Homem de Ferro”? Sei que o Superman sempre foi “Super Homem, o homem de aço”, mas o título assim, solto, me pareceu querer ganhar a rebarba do Tony Stark. Não precisava, DC, seu filme é bom, não é nenhum Asylum (que lançou “Transmorfers” na época do “Transformers”…

Truque de Mestre

Crítica – Truque de Mestre

Um agente do FBI e uma detetive da Interpol investigam um grupo de ilusionistas que rouba bancos durante suas performances e distribui o dinheiro para sua plateia

Truque de Mestre (Now You See Me, no original) é um filme coerente. Como num espetáculo de mágica, temos um monte de artifícios para chamar nossa atenção. Então, enquanto nos distraímos com o espetáculo, não reparamos no roteiro cheio de falhas.

Como espetáculo, Truque de Mestre é empolgante. Da escola “lucbessoniana”, o diretor Louis Leterrier proporciona um visual bem cuidado ao seu filme. Parece que não há nenhuma tomada estática, a câmera está sempre se movimentando, na grua, na dolly ou na mão do operador, isso tudo ajudado por uma trilha sonora empolgante. E os shows de mágica são bem legais.

Tudo flui num ritmo muito bom – mas, se a gente parar pra pensar, começa a notar as inconsistências do roteiro. Não vou entrar em detalhes por causa dos spoilers, mas todos os três grandes shows de mágica têm pontos mal explicados. E a necessidade de uma reviravolta final gerou uma solução que foi uma das maiores forçações de barra do cinema recente, era melhor ter terminado o filme sem esta desnecessária reviravolta.

Ah, o elenco é acima da média: Morgan Freeman, Michael Caine, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Isla Fisher, Dave Franco, Mark Ruffalo e Mélanie Laurent. Alguns estão no piloto automático – Eisenberg parece repetir o papel de A Rede Social; mas outros estão muito bem – gostei muito do personagem de Harrelson.

Enfim, assim como um bom espetáculo de ilusionismo, Truque de Mestre é bem divertido. Mas só se você se deixar enganar.

Guerra Mundial Z

Crítica – Guerra Mundial Z

O primeiro blockbuster de zumbis!

O funcionário da ONU Gerry Lane roda o mundo numa corrida contra o tempo atrás da cura para uma epidemia zumbi.

Vamulá. É a primeira vez que temos uma superprodução, com um astro do primeiro escalão no elenco, usando o tema “zumbi”. Por um lado, isso é positivo: os efeitos especiais são excelentes. O tal “formigueiro zumbi” é impressionante, e são várias tomadas aéreas bem feitas com centenas de pessoas correndo ao mesmo tempo.

Mas, por outro lado, Guerra Mundial Z não era pra ser um filme de terror? Cadê o sangue? Cadê o gore? E vemos muito pouco das ações dos zumbis, quase todos os ataques são vistos de longe. Parece que os realizadores estavam preocupados com a censura e optaram por não mostrar nada – mesmo em cenas onde era importante vermos, a câmera desvia o olhar (como na mão decepada ou no pé-de-cabra preso).

Seguindo com o tema: os zumbis aqui não são “zumbis clássicos”. Não falo isso só pelo fato de serem zumbis corredores (a refilmagem de Madrugada dos Mortos tinha zumbis “maratonistas”), mas principalmente pelo fato de não termos mortos voltando à vida. Todos os zumbis aqui são pessoas infectadas, mais ou menos como no filme Extermínio e seus “raivosos” que parecem zumbis (mas na verdade não são). Então, me questiono se realmente são zumbis aqui…

O diretor é Marc Foster, o mesmo de 007 Quantum of Solace. Não achei uma boa escolha, talvez fosse melhor alguém mais íntimo do cinema de horror, sei lá, um Sam Raimi ou um mesmo um Brian de Palma. Acaba que o filme não se decide entre ação e drama – a única coisa certa aqui é que não estamos diante de um filme de terror.

O roteiro foi baseado no livro de Max Brooks. Não li o livro, mas li que o roteiro foi muito mexido – o que quase sempre é sinal de problemas. E pelo que li, o clima entre e o diretor e o ator principal não era muito bom. Não sei se é por causa disso, mas Guerra Mundial Z tem sérios problemas de ritmo. Algumas sequências são muito boas, como a fuga pelo engarrafamento. Mas outras são bobas e confusas, como toda a parte na Coreia. E, pra piorar, a câmera às vezes dá uma “michaelbayada”, algumas cenas tremem demais e a gente não consegue entender o que está acontecendo.

Enfim, Guerra Mundial Z não chega a ser ruim. Mas que é uma decepção, isso é.

Caça Aos Gângsteres

Crítica – Caça Aos Gângsteres

Los Angeles, 1940. Mickey Cohen, um dos líderes da máfia do Brooklyn, decide expandir suas atividades pelo oeste dos Estados Unidos. Um grupo especial da polícia é encarregado de capturá-lo.

Bom elenco, excelente ambientação de época… Mesmo assim, Caça Aos Gângsteres (Gangster Squad, no original) ficou devendo.

O diretor Ruben Fleischer (Zumbilândia) fez um bom trabalho no visual do filme – além de uma câmera lenta bem utilizada, várias sequências são esteticamente muito bonitas. Some-se a isso uma reconstituição de época bem cuidada e temos um filme onde o visual chama a atenção.

Mas, por outro lado, o roteiro é muito fraco. Não só toda a trama é previsível, como todos os personagens são unidimensionais – isso porque não estou falando do maniqueísmo onde os maus são muito maus e os bons são perfeitos.

Pior que o elenco é bom. Acho uma pena ver Sean Penn desperdiçado como um vilão esquecível (Mickey Cohen existiu de verdade, mas os fatos aqui são ficção); enquanto parece que Emma Stone só aparece pra mostrar uma menina bonitinha. Ryan Gosling é badalado atualmente, mas não consigo entender por que, ele fica o filme inteiro com a mesma cara de paisagem que faz em todos os seus filmes (Gosling me parece uma versão masculina da Kirsten Stewart, um rostinho bonito que não consegue fazer uma expressão). Ainda no elenco, Josh Brolin, Nick Nolte, Giovanni Ribisi, Robert Patrick, Anthony Mackie e Michael Peña – todos mal aproveitados.

Por fim, o nome nacional mais uma vez enfraquece a ideia do filme. “Esquadrão de Gângsteres” é porque eles agem paralelamente à lei. “Caça aos Gângsteres” não chega a ser errado, mas passa uma ideia diferente da original.

Enfim, plasticamente, Caça Aos Gângsteres é bonito. Mas trata-se de um filme vazio. É preferível rever Os Intocáveis.

Os Suspeitos

Crítica – Os Suspeitos

Há tempos heu queria rever este ótimo filme de quase vinte anos atrás. Aproveitei uma promoção da Amazon com uma edição especial em blu-ray.

Um barco foi destruído, criminosos estão mortos, e a chave para este mistério está com o único sobrevivente e sua estranha e complexa história que começou com cinco malandros escolhidos aleatoriamente para uma linha policial.

Os Suspeitos é um ótimo filme de 1995, que tem dois trunfos: um roteiro perto da perfeição e um ator excelente e inspiradíssimo. Não à toa, o filme ganhou os Oscars de roteiro e de ator coadjuvante (Kevin Spacey).

Os Suspeitos foi o grande momento do diretor Bryan Singer. Antes, ele tinha feito apenas o pouco visto Public Access; depois sua carreira deslanchou. Veio o bom O Aprendiz e depois os elogiados dois primeiros X-Men. (Depois disso, parece que Singer perdeu a mão, Superman – O RetornoOperação Valquíria e Jack, O Caçador de Gigantes ficaram devendo. Ano que vem ele volta à franquia X-Men, será que volta à boa forma?)

O roteiro, escrito por Christopher McQuarrie (que ano passado dirigiu Jack Reacher), é muito bem arquitetado e tem um ritmo excelente. A trama é baseada em personagens muito bem construídos, e traz um dos finais mais surpreendentes dos últimos tempos.

No elenco quase todo masculino, o destaque é Kevin Spacey, mas podemos dizer que todos estão bem, mesmo atores que não têm currículos interessantes, como Kevin Pollack e Stephen Baldwin. Ainda no elenco, Gabriel Byrne, Chazz Palminteri, Pete Postlethwaite, Benicio Del Toro, Giancarlo Esposito e Suzy Amis.

Sobre a edição em blu-ray, tem um livreto bem legal dentro da caixinha. Pena que não tem legendas em português…

Por fim, recomendo Os Suspeitos para quem não viu. Mas, cuidado! Não leia nada sobre o final do filme!

Velozes e Furiosos 6

Crítica – Velozes e Furiosos 6

Depois do gancho no quinto Velozes e Furiosos, claro que teríamos o sexto, né?

Depois do bem sucedido golpe aplicado no quinto filme, Dom e Brian vivem confortavelmente, mas foragidos. O policial Hobbs pede ajuda para capturar uma quadrilha internacional. Se eles ajudarem, Hobbs promete o perdão da Justiça.

A franquia Velozes e Furiosos é curiosa. O primeiro filme foi legal, o segundo foi maomeno, o terceiro foi dispensável. Aí, no quarto filme, o elenco principal voltou e a qualidade melhorou. O quinto, filmado parcialmente aqui no Rio, foi bem divertido, talvez o melhor da série. E este sexto segura a onda e pelo menos mantém a qualidade.

Velozes e Furiosos 6 é um empolgante filme de ação, com pancadarias, tiroteios, explosões e, claro, muitas corridas de carro. Mas tem um problema básico: as mentiras chegam a um patamar que quase precisamos de uma suspensão de descrença do nível de um filme de super herois. Assim como aceitamos o Superman voando, temos que aceitar os fatos apresentados aqui.

Spoilers leves no parágrafo abaixo!

Já tinha lido pela internet piadas sobre o tamanho da pista de pouso da base militar. Como é que roteiristas escrevem uma cena tão longa onde um avião está em alta velocidade em uma pista de pouso??? Tem mais: aquilo era uma base militar. Onde estavam os militares? Por que todos eles sumiram? Ah, claro, o vilão nem teria chance de falar a ameaça para o mocinho, já que eles estava em uma prisão militar. Outra coisa: a sequência da cadeia nos EUA foi incoerente e dispensável – não seria tão fácil assim entrar e sair, e tudo isso não acrescentou nada à trama. Já o “vôo” de Vin Diesel é uma mentirada braba, mas gostei desta cena. Há tempos que heu não gargalhava tanto no cinema!

Fim dos spoilers!

Tem outro problema, meio óbvio: como é o sexto filme da série, tudo é previsível. Não tem como ser criativo a essa altura do campeonato, o filme vai seguir a receita que está dando certo. Mas não acho isso necessariamente ruim, um filme pode repetir uma fórmula e mesmo assim ser bom.

Mesmo com todos esses senões, admito que gostei do filme. Velozes e Furiosos 6 mantém a adrenalina lá no alto, com cenas eletrizantes, muito bem filmadas pelo diretor Justin Lin, um especialista na franquia (já é seu quarto filme da série). Lin não tem o “estilo Michael Bay”, e sua câmera não treme nas cenas de ação, conseguimos ver tudo.

Um dos trunfos de Velozes e Furiosos 6 é o elenco. Quase todo o elenco da parte 5 está de volta. E Vin Diesel e Dwayne Johnson são muito carismáticos, só a presença de ambos já é meio caminho para o sucesso, a gente até releva o fato de Paul Walker ser uma figura apagada. Além disso, este sexto filme traz a volta de Michelle Rodriguez, que tinha sido dada como morta no quarto. Ainda no elenco, Jordana Brewster, Gal Gadot, Luke Evans, Sung Kang, Tyrese Gibson, Ludacris, Elsa Pataky e Gina Carano, que mais uma vez mostra que não é boa atriz mas funciona porque bate bem. (Tego Calderon e Don Omar não estão aqui, e não fizeram nenhuma falta)

Resumindo: Velozes e Furiosos 6 é um filme muito divertido. Mas só se a gente deixar o cérebro de lado. E, importante: logo antes dos créditos, tem uma cena muito legal com um gancho para o sétimo filme. Saí do cinema pilhado para ver o próximo…

A Fuga

Crítica – A Fuga

Depois de ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro por Os Falsários, o diretor austríaco Stefan Ruzowitzky foi convidado pra o seu primeiro projeto hollywoodiano, este A Fuga (Deadfall, no original).

Um casal de irmãos foge com o dinheiro de um golpe em um cassino, ao mesmo tempo que um ex-boxeador está a caminho da casa dos seus pais para passar o Dia de Ação de Graças com a família. Quando os caminhos se cruzam, as coisas podem dar errado.

A Fuga é um eficiente thriller com uma trama bem construída, que se baseia em conflitos familiares em vez de reviravoltas no roteiro. O filme não tem nada de Spielberg, mas são três famílias, todas com problemas com a figura paterna…

O elenco é uma das melhores coisas de A Fuga. Eric Bana, inspirado, faz um vilão excelente. E Olivia Wilde, além de boa atriz, é uma das mulheres mais bonitas da Hollywood contemporânea. Ainda no elenco, Sissy Spacek, Kate Mara, Treat Williams, Kris Kristofferson e Charlie Hunnam.

A Fuga é bem violento, mais do que o padrão hollywoodiano, mas nada que atrapalhe. A violência gráfica contrasta com as belas paisagens geladas, bem utilizadas pela fotografia do filme. A parte final é previsível, mas a cena é bem conduzida. Não gostei do fim, mas não chegou a estragar o filme.

A Fuga não é nenhuma obra prima, mas pode funcionar em um dia sem melhores opções.

Na Mira do Chefe

Crítica – Na Mira do Chefe

Há tempos ouço boas recomendações sobre este Na Mira do Chefe, filme de estreia do diretor e roteirista Martin McDonagh. Depois de ter visto Sete Psicopatas e um Shih-Tzu, seu segundo filme, fui atrás do primeiro.

Depois de um trabalho que dá errado, dois assassinos profissionais são mandados pelo seu chefe para passar um tempo na pacata cidade de Bruges, esperando novas ordens.

Na Mira do Chefe (In Bruges, no original) é um filme “correto”. Bons atores, bons diálogos, uma bela locação europeia… Mas, sabe quando falta algo? Acaba o filme, e fica aquela sensação de que ainda faltava algo pro filme ser bom.

Vamos ao que funciona. O elenco está muito bem. Colin Farrell, Brendan Gleeson e Ralph Fiennes estão ótimos, assim como os coadjuvantes menos conhecidos Clémence Poésy, Jordan Prentice e Zeljko Ivanek. Os diálogos fluem bem entre o elenco. As locações, em Bruges, na Bélgica, também foram bem escolhidas.

Mas é pouco, pelo menos para um filme tão badalado. Mais: o filme foi vendido como “comédia de humor negro”. Olha, até tem algum humor negro, mas muito pouco para transformar o filme em uma comédia. E, pra piorar, o ritmo da metade inicial é muito lento. Depois, quando aparece o personagem de Ralph Fiennes, o ritmo melhora, mas já é tarde demais, já comprometeu o resultado final do filme.

Muita gente compara este filme ao estilo de Quentin Tarantino. Discordo. Diferente de Sete Psicopatas e um Shih-Tzu, Na Mira do Chefe traz poucos elementos “tarantinescos” – não tem nenhum personagem esquisito, a trilha sonora é careta, a edição é convencional… As únicas coisas que se aproximam do universo Tarantino são algumas citações à cultura pop. Mas é tão próximo aos filmes do Tarantino quanto um Mercenários da vida.

Sinceramente, não consegui entender o hype da crítica – e não só da crítica especializada, o filme tem nota 8,0 no imdb! Na Mira do Chefe está longe de ser ruim, mas, na minha humilde opinião, falta comer muito arroz com feijão antes de ser bom…