Comer, Rezar, Amar

Comer, Rezar, Amar

Liz Gilbert (Julia Roberts), escritora bem sucedida e bem casada, larga tudo e sai viajando pelo mundo em uma busca por auto conhecimento.

Comer, Rezar, Amar é baseado no best seller homônimo escrito por Liz Gilbert. Não li o livro, mas vou falar que, se outras pessoas tiverem opiniões parecidas com a minha sobre o filme, as vendas do livro cairão…

É inegável o carisma de Julia Roberts. Lembro que ela surgiu com grande sucesso em 1990 com Uma Linda Mulher, depois passou anos fazendo filmes mais ou menos. Lembro que nove anos depois, quando Um Lugar Chamado Notting Hill foi lançado, toda a mídia comemorava o sucesso, como se ela não tivesse no currículo titulos de qualidade duvidosa como Tudo Por Amor, Adoro Problemas e O Poder do Amor. Digo mais: nem a acho bonita! Enfim, se beleza e talento são questionáveis, o carisma não é.

Ela tem star power, isso é indiscutível. Mas carisma não carrega sozinho um roteiro fraco…

Podemos dividir o filme em 4 partes, o início nos EUA, e um país para cada verbo do título: “comer” na Itália, “rezar” na Índia e “amar” na Indonésia. Como o próprio título já manda spoilers, vou resumir a trama: 1- Escritora de sucesso, cercada de homens apaixonados por ela, entra em crise e larga tudo; 2- Quatro meses de férias na itália, só na farra; 3- Retiro espiritual na Índia; 4- Foi pra Bali atrás de um guru que parece o Mestre Yoda sem dentes, mas “deu um perdido” no guru e arranjou um namorado brasileiro. Que, como os homens do início do filme, é apaixonadíssimo por ela, mas ela não dá bola pra ele.

Cheguei a três conclusões ao fim do filme: 1- Deve ser bom ser rico, aí a gente pode ter crises e viajar à toa pelo mundo; 2- A escritora deve ser muito bonita, tá cheio de homem interessante atrás dela; 3- Para Liz Gilbert, a felicidade está em encontrar um homem apaixonado, tratá-lo mal, e depois desistir de desprezá-lo para ser feliz ao seu lado.

O filme foi dirigido por Ryan Murphy, que tem boa carreira na tv (Nip Tuck, Glee), mas fez pouca coisa no cinema. E o elenco traz alguns nomes legais, como Billy Crudup, James Franco, Richard Jenkins e Javier Bardem, que servem bem para o que o filme pede: escada para o carisma de Julia Roberts.

Falando em Bardem, ele só aparece no fim, num papel que  incomoda um pouco: o tal namorado brasileiro. Ele é bom ator, ok. Mas, falando português, não convence ninguém. Em tempos de globalização em Hollywood (o próprio Bardem é estrangeiro!), por que não chamar um ator brasileiro para o papel? Um Alexandre Borges da vida não ia fazer feio…

Mesmo assim, Comer Rezar Amar não é de todo ruim e vai agradar os menos exigentes. Como uma boa superprodução hollywoodiana, os detalhes são bem cuidados, e algumas paisagens são belíssimas. Mas o filme poderia ser mais curto. Não precisava de mais de duas horas…

Enterrado Vivo

Enterrado Vivo

Um filme com apenas um ator e apenas um cenário apertado? É uma ideia arriscada, porém interessante.

Motorista de caminhão trabalhando no Iraque, Paul Conroy (Ryan Reynolds) acorda dentro de um caixão, sem saber como nem por que está lá. Acompanhado de um celular e de um isqueiro, ele tenta descobrir o que aconteceu.

A ideia era arriscada, mas o resultado ficou muito bom. Enterrado Vivo (Buried, no original) tem drama e tensão bem dosados num enxuto roteiro de uma hora e meia – em tempo real.

O filme já começa bem, com créditos iniciais num estilo que lembra grandes filmes clássicos de suspense, com direito a uma música-tema forte – coisa incomum hoje em dia.

A partir daí, tudo acontece dentro do exíguo espaço do caixão. E digo uma coisa: deve ter sido difícil filmar Enterrado Vivo. O diretor espanhol Rodrigo Cortés conseguiu muitos ângulos diferentes, tudo sem sair de dentro do caixão.

Li no imbd que essa ideia surgiu porque o roteirista Chris Sparling tinha problemas para conseguir vender roteiros com locações caras. Este problema não acontece aqui, todo o set de filmagem cabe dentro de um quarto…

Ryan Reynolds, que em breve estará nas telas como o protagonista de Lanterna Verde, o novo blockbuster baseado em quadrinhos, também merece elogios. Usualmente caricato, aqui ele convence ao alternar entre o nervosismo e o desespero, passando por uma montanha russa de sentimentos, incluindo a ironia que o acompanha em quase todos os seus papéis. Este não me parece ser o estilo de filme que ganha prêmios, senão, diria que Reynolds era um forte candidato.

Bom filme, estréia em breve nos cinemas brasileiros (hoje rolou a sessão pra imprensa). Só não é recomendado aos claustrofóbícos…

Ondine

Ondine

Syracuse (Colin Farrell) é um pescador irlandês pouco acostumado com a sorte. Mas isso muda quando ele encontra uma misteriosa mulher em sua rede de pesca. Ele desconfia que ela possa ser uma sereia, mas sua filha de dez anos – que, por causa de um problema de saúde vive numa cadeira de rodas – acha que ela é uma Selkie, uma espécie de mulher foca da mitologia local.

Colin Farrell voltou à sua Irlanda natal para esta simpática fábula, escrita e dirigida por Neil Jordan, outro irlandês ilustre. O que é mais legal em Ondine é a dúvida que o filme levanta: seria Ondine uma Selkie de verdade?

Além de Farrell, dois nomes se destacam no elenco: a bela e pouco conhecida Alicja Bachleda (mexicana, descendente de poloneses) como Ondine, e Alison Barry como a esperta filha do pescador. Claro, como é um filme do Neil Jordan, Stephen Rea, seu ator favorito, também está lá.

Neil Jordan é um grande diretor e já fez grandes filmes, como Entrevista Com um Vampiro, Traídos Pelo Desejo e Fim de Caso. Aqui, é um filme mais modesto, uma história romântica no formato de um conto de fadas moderno.

O roteiro anda por um caminho perigoso, mas consegue resolver de maneira satisfatória o mistério de Ondine. Pelo menos heu gostei da solução do filme!

Enfim, nada essencial. Mas um filme leve e agradável, quem for assistir não vai se arrepender.

Amor Além da Vida

Amor Além da Vida

Em tempos do sucesso de Nosso Lar e suas histórias sobre o pós morte, resolvi rever Amor Além da Vida, na minha humilde opinião, o melhor filme sobre o assunto.

Chris Nielsen perde os dois filhos num acidente, e, quatro anos depois, quando morre, vai parar num paraíso maravilhoso. Mas está faltando uma coisa: sua esposa, Annie. Quando Annie se suicida e vai para o inferno, Chris resolve arriscar sua permanência no paraíso atrás da redenção de sua alma gêmea.

Este filme, dirigido pelo neo-zelandês Vincent Ward e baseado num livro de Richard Matheson, tem um visual impressionante. Rendeu até o Oscar de Melhores Efeitos Especiais de 1999. Fiquei até com vontade de fazer um Top 10 de visuais deslumbrantes (Terry Gilliam? Tim Burton?).

Chris gosta de quadros. Quando morre, vai parar dentro de um. É um quadro vivo, os cenários são tinta! E este não é o único momento onde a parte visual se destaca. É ao longo de todo o filme. O cuidado com os quadros é tão grande que, nos créditos finais, aparece uma lista de quais obras foram citadas ao longo do filme.

O visual e os efeitos especiais ajudaram o filme a não ser piegas – poucos anos antes, Ghost – Do Outro Lado da Vida trazia uma trama parecida, sobre um casal separado por um falecimento, e virou um marco da pieguice. Aqui, em Amor Além da Vida, não só temos o visual extasiante, como também a história é mais bem construída – não se trata apenas do casal, também tem o amor pelos filhos.

O elenco se baseia na dupla Robin Williams e Cuba Gooding Jr. Ok, hoje, em 2010, ambos não emplacam sucessos há algum tempo (principalmente Cuba, já que Robin Williams continua com papeis menores em comédias de sucesso como os dois Uma Noite no Museu). Mas, em 98, quando Amor Além da Vida estava sendo feito, eram dois nomes em alta – Williams ganhara o Oscar de melhor ator coadjuvante em 1997 por Gênio Indomável; enquanto Cuba ganhara o mesmo prêmio no ano seguinte, por Jerry Maguire. Ainda no elenco, Annabella Sciorra, Max Von Sydow e Rosalind Chao.

Por fim, contarei uma experiência pessoal. Assim como o protagonista, heu também tive uma filha que faleceu, não por acidente, mas por problemas cardíacos. Por isso este filme é tão importante para mim!

Filmaço. Dá pra ver com patroa, pela belíssima história de amor, além de ter cenas de tirar o fôlego de tão bonitas. Até os marmanjos têm permissão para chorar aqui!

Sunshine Cleaning / Trabalho Sujo

Sunshine Cleaning / Trabalho Sujo

Na escola, Rose foi líder de torcida. Mas agora sua vida não tem nenhum glamour: é mãe solteira, é amante de um homem casado, e trabalha como empregada doméstica. Sua irmã mais nova, Norah, que pula de emprego pra emprego, e seu pai, um vendedor, são outros dois fracassados. Rose, no entanto, está disposta a mudar de vida, e convence Norah a ingressar com ela no milionário ramo da limpeza de cenas de crime.

Dirigido por Christine Jeffs, Sunshine Cleaning é um simples e comovente drama sobre uma família de “losers”.

A atuação do trio principal é muito  boa. Amy Adams, Emily Blunt e Alan Arkin estão ótimos. Também estão no filme Steve Zahn, Mary Lynn Rajskub (a Chloe de 24 Horas), Clifton Collins Jr e o garoto Jason Spevack.

Mas a história é bobinha demais. Acaba o filme e a gente se pergunta “ok, mas, e daí?” O argumento era bom, o elenco era bom, mas a história… É vazia…

O filme está no Festival do Rio de 2010, mas não é tão novo assim, esteve no Festival de Sundance de 2008.

O Garoto de Liverpool

O Garoto de Liverpool

Um filme mostrando a adolescência de John Lennon? Ok, vamos ver.

Aos 15 anos, John é um adolescente normal, inteligente e rebelde, que vive desde os cinco anos de idade com a rígida tia Mimi. Um dia, se reencontra com sua mãe, que tem um estilo de vida completamente diferente da tia, o que gera um certo atrito na família.

Um aviso aos beatlemaníacos: este filme não é sobre os Beatles! Vemos o primeiro encontro de John Lennon com Paul McCartney e, pouco depois, com George Harrison. E o filme termina com John se despedindo da tia porque estão indo para a Alemanha, tocar com “aquela outra banda”. Mas o nome Beatles sequer é citado!

Apesar do fundo musical, o principal foco de O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy no original), longa de estreia da diretora inglesa Sam Taylor-Wood, é nas conturbadas relações entre John Lennon, sua mãe e sua tia.

Ainda assim, a parte musical é bem legal. Lennon, então com 15 anos, aprende a tocar banjo, muda para o violão e monta, com colegas da escola, a banda The Quarrymen, através da qual conhece Paul e George. E o resto é história da música pop…

Lennon é interpretado por Aaron Johnson, o protagonista de Kick-Ass. Ele faz um bom trabalho, mas acho que poderiam ter usado um ator mais parecido com o músico. Aliás, defeito igual acontece com Paul e George. Custava eles terem feito como em Backbeat? Lembro que o ator Ian Hart foi chamado para o filme devido à sua semelhança com Lennon! Já Kristin Scott Thomas e Ann-Marie Duff, respectivamente a tia e a mãe, estão ótimas.

Bom filme. Só não sei se beatlemaníacos vão gostar…

Uma Lição de Amor

Uma Lição de Amor

Um leitor daqui do blog sugeriu um filme que heu não tinha visto, I Am Sam, de 2001. Aí o cara me mandou uma cópia do dvd! Bem, filme visto. Vamos ao texto?

Sam (Sean Penn) é um deficiente mental que cria sozinho a filha Lucy (Dakota Fanning) – a mãe os abandonou no dia do nascimento. Quando Lucy faz sete anos, começa a intelectualmente ultrapassar seu pai e chama a atenção do serviço social, que tira de Sam a guarda da menina. Agora Sam, com a ajuda da advogada Rita (Michelle Pfeiffer), tem que recuperar a guarda na justiça.

Uma Lição de Amor (I Am Sam no original) poderia ser apenas mais um filme sobre deficientes mentais – temos que reconhecer que Hollywood adora o tema, tanto que rolou uma indicação ao Oscar de melhor ator para Penn por este filme. Mas alguns detalhes fazem dele um filme acima da média.

A primeira coisa a ser destacada é justamente o elenco, temos algumas atuações inspiradíssimas aqui. Sean Penn parece um verdadeiro deficiente mental, se heu não o conhecesse de dezenas de outros filmes, diria que ele era realmente doente. E, tão impressionante quanto Penn, temos uma Dakota Fanning de apenas sete anos trabalhando melhor que a maioria dos atores adultos por aí (por coincidência, poucos dias atrás vi The Runaways, onde Fanning mostra que já é adulta). Michelle Pfeiffer não brilha como os outros dois, mas pelo menos não atrapalha com a advogada Rita Harrison.

Outra coisa legal no filme são as inúmeras referências aos Beatles. Todas as músicas da trilha são regravações de Beatles, várias cenas e diálogos são citações aos Beatles. Até alguns nomes de personagens são tirados das canções, como Lucy Diamond e Rita Harrison.

(Curiosidade: a ideia inicial era usar as músicas originais, mas não conseguiram os direitos. Assim, pediram para vários artistas gravarem covers, mas mantendo o metrônomo no mesmo tempo, para não alterar o que já tinha sido filmado.)

Mas nem tudo é perfeito. Algumas situações são clichê demais. Sam é um ótimo pai, enquanto Rita é uma péssima mãe. E o fim do filme é água com açúcar demais…

Mesmo assim, o filme tem um ritmo envolvente e nem parece que o filme tem mais de duas horas. Vale a pena!

The Runaways

The Runaways

The Runaways foi uma banda americana dos anos 70 que, apesar de não ter feito muito sucesso, foi importante por ser uma banda só de meninas num cenário ainda muito machista.

Escrito e dirigido pela estreante em longas Floria Sigismondi, o filme conta a história de como a banda começou. O foco maior fica na guitarrista Joan Jett (Kristen Stewart) e na vocalista Cherie Currie (Dakota Fanning).

A primeira metade de The Runaways é interessante, apesar de não ser nada de inovador – já vimos esta coisa de bastidores de bandas de rock em outros filmes melhores, como Quase Famosos. Vemos como as meninas, com a ajuda de seu empresário, viraram um fenômeno.

Mas o resultado final fica devendo. Pelo filme, parece que a banda acabou logo depois de assinar o contrato para o primeiro disco. Mas, na verdade, a banda durou 4 anos e lançou 3 discos… O filme funciona quando fala da gênese da banda, mas falha quando a banda amadurece. De repente, do nada, o filme acaba. Será que originalmente era pra ser mais longo?

O filme tem outra falha, ao focar apenas em Joan Jett e Cherie Currie. Cadê a Lita Ford? Acredito que Lita Ford hoje seja mais famosa que a Cherie Currie! Lita Ford teve uma discreta carreira solo nos anos 80, tendo inclusive o Ozzy Osbourne como parceiro. Mas, no filme, Ford (interpretada por Scout Taylor-Compton, do novo Halloween) é uma simples coadjuvante.

E Lita Ford não foi a única deixada de lado. A baterista Sandy West também tem pouco espaço, apesar de ser uma das duas Runaways originais (a outra é Joan Jett). E a baixista Robin, que se bobear não tem nenhuma fala no filme, é um personagem-compilação: várias baixistas que passaram pela banda foram sintetizadas em um único personagem.

O imdb explica o que aconteceu. Segundo o site, os produtores do filme conseguiram os direitos para falar sobre Jett, Currie, Sandy e o empresário Kim Fowley. Enquanto o filme foi baseado na autobiografia de Currie e produzido por Jett, Lita Ford e a baixista Jackie Fox nem foram procuradas. Houve uma tentativa de processo, e a história toda acabou com Fox sendo cortada do roteiro e Ford acompanhando apenas a sua personagem direto com a atriz Scout Taylor-Compton.

O elenco principal traz dois dos mais badalados nomes de jovens atrizes de hoje: Kristen Stewart e Dakota Fanning. O que é curioso é que ambas são famosas por motivos opostos: Fanning é uma excelente atriz que começou cedo e já tem um currículo extenso; Stewart, por outro lado, coleciona críticas ruins pelas suas péssimas atuações. E não é a primeira vez que elas estão juntas, Fanning entrou pro elenco da saga Crepúsculo a partir do segundo filme, Lua Nova.

Mas sabe que a Kristen Stewart não atrapalha aqui? Ela continua fraquinha como atriz, e aqui ainda está feia com o corte de cabelo imitando Joan Jett. Mas como o personagem mais exigido é o de Dakota, o resultado final não é ruim como em outros filmes. E Dakota arrebenta! O filme pode não ser lá grandes coisas, mas a atuação da ainda adolescente Dakota é digna de prêmios!

Aliás, ainda falando das duas protagonistas, preciso admitir que foi corajoso da parte de ambas fazer este filme. Drogas e lesbianismo fazem parte de seus papéis. Dakota, com 16 anos e Kristen, com 20, tinham carreiras mais comportadas até então (principalmente Kristen).

Ainda acho importante citar um nome no elenco. Michael Shannon está ótimo como o exagerado e caricato empresário Kim Fowley. Ele foi o responsável por reunir as garotas e ensiná-las a atitude punk que norteou a curta carreira da banda.

Aproveitarei este espaço para um comentário direcionado ao público brasileiro. A banda Runaways quase não tocou por aqui, talvez seja mais conhecida por ser a banda de onde saíram Joan Jett e Lita Ford – que, por sua vez, nem são nomes tão conhecidos (o público mais novo reconhecerá a música I Love Rock and Roll, sucesso solo de Jett – mas é porque Britney Spears regravou…). Fico me perguntando se lá fora as Runaways foram um nome relevante no cenário musical…

O filme já passou lá fora, mas achei que não tem cara de cinema brasileiro. Mesmo assim, segundo o imdb, chega aqui em 30 de setembro. Será que é para o Festival do Rio? Se pintar nas telas daqui, é pelo “star power” de seu elenco.

Última recomendação, para os fãs da série Crepúsculo: não vejam este filme, a não ser que queiram ver as estrelas dos seus filmes em papéis beeem diferentes!

Infância Roubada

Infância Roubada

A Copa do Mundo da África do Sul tá rolando e heu não mencionei nada ainda por aqui. Pensei num Top 10 de filmes de futebol, mas admito que estou desatualizado no tema. Resolvi então ver um filme sul-africano…

Tsotsi é um jovem marginal, líder de um pequeno grupo de delinquentes, que moram numa favela em Johannesburgo. Num assalto, encontra um bebê e resolve cuidar dele. Com o bebê, Tsotsi espera recuperar a própria infância – daí o título brasileiro.

Infância Roubada (Tsotsi, no original) fala de redenção. Encontrar o bebê é um divisor de águas na vida de Tsotsi, que passa a questionar a própria postura. Ele quer uma segunda chance, só que não sabe o caminho certo para isso.

Os cenários na favela são muito bem feitos, apesar de não nos impressionar tanto – favelas também fazem parte do nosso dia a dia, infelizmente. Mesmo assim, é um bom retrato da divisão desigual da sociedade em Johannesburgo.

Muita gente comparou este filme ao brasileiro Cidade de Deus. Mas, na minha opinião, são filmes completamente diferentes. Em comum, apenas o fato de terem protagonistas jovens e marginais na favela. Mas são filmes com ritmos e objetivos diferentes.

Me parece que ninguém no elenco fez algo mais conhecido. O mesmo não podemos dizer do diretor Gavin Hood, que deve ter conseguido uma boa projeção com este filme. Afinal, quatro anos depois ele dirigiu o hollywoodiano X-Men Origins: Wolverine.

Lançado lá fora em 2005, Infância Roubada ganhou o Oscar de melhor filme em língua estrangeira de 2006, e só foi lançado por aqui em 2007. Mas agora é fácil de ser encontrado. Boa opção para quem procura um filme mais “humano”.

O Golpista do Ano

O Golpista do Ano

Baseado em fatos reais, O Golpista do Ano conta a história de Steven Russell (Jim Carrey), que largou a esposa e a filha para levar uma extravagante vida gay. Só que, para pagar as contas, vivia de golpes. Até ser preso e encontrar na cadeia Phillip Morris (Ewan McGregor), o amor de sua vida.

Quando li que o filme falava se chamava “Eu te amo Phillip Morris” (I Love You Phillip Morris) e falava de um golpista, achei que tinha algo a ver com a indústria de cigarros. Nada…

Baseado no livro homônimo escrito por Steve McVicker, o filme, escrito e dirigido pela dupla Glenn Ficarra e John Requa, falha ao não se definir entre a comédia e o drama. Acaba o filme e a gente fica se questionando qual foi o objetivo do filme.

E aí vem o lance do personagem ser gay. O filme não faz propaganda gay, diferente do que heu achei que faria. Mas o fato de colocar um ator como Jim Carrey interpretando um gay fez muitos espectadores levantarem uma bandeira que o filme não levantou. Fui ao fórum do imdb, e as pessoas não julgam se o filme é bom ou não, apenas falam do homossexualismo presente. Será que se o personagem fosse hétero as pessoas veriam o filme de maneira diferente?

Sobre os dois atores principais, o filme traz o esperado. Por um lado, Jim Carrey repete o mesmo papel de sempre. Ok, aqui ele está menos careteiro que o usual, mas continua uma variação em cima do que ele sempre faz. Já Ewan McGregor, por outro lado, dá um show. Como sempre também…

A presença do “nosso” Rodrigo Santoro está sendo supervalorizada pela divulgação nacional. O cara está lá, seu papel é importante, mas é bem pequeno. Colocá-lo no poster brasileiro do filme foi um certo exagero!

(O elenco ainda conta com uma inspirada Leslie Mann.)

Por aqueles motivos mercadológicos inexplicáveis, este O Golpista do Ano demorou para ser lançado, e acredito que só apareceu nas telas brasileiras para capitalizar em cima do nome do Rodrigo Santoro.

O Golpista do Ano não é ruim. Mas poderia ser bem melhor…