Gêmeo Maligno

Crítica – Gêmeo Maligno

Sinopse (imdb): Uma mãe tem que enfrentar uma verdade insuportável sobre seu filho gêmeo sobrevivente.

Tem filmes maomeno que terminam mal, e a gente termina o filme com sensação ruim. Este Gêmeo Maligno é o contrário, um filme maomeno, mas que termina bem, e isso funciona como se fosse um upgrade.

Apesar de parecer um filme americano, Gêmeo Maligno é uma produção finlandesa, filmada na Estônia. A direção é de Taneli Mustonen, vi no imdb que ele já fez outros filmes, admito que não conheço nenhum.

A história é meio arrastada. Uma família traumatizada pela perda de uma criança precisa reconstruir a vida em outro país. A gente já viu isso outras vezes, e em filmes melhores.

O meio de Gêmeo Maligno é bem confuso, o filme parece que não decide o que quer ser. Às vezes parece ir pra um caminho de filme de possessão demoníaca, outras vezes parece ser uma copia barata de Midsommar. E chega a cansar, quando estava lá pra dois terços de filme heu já estava meio de saco cheio. Mas a parte final traz um bom plot twist – admito que me pegou de surpresa, não imaginava que o filme iria por esse caminho. E adorei a cena final.

O único nome conhecido é Teresa Palmer (Quando as Luzes se Apagam), que está apenas ok. Barbara Marten, que faz a “velha louca”, tem um bom potencial, mas achei ela desperdiçada.

Mesmo assim, preciso reconhecer que Gêmeo Maligno não é um grande filme. A gente pensa no fim e repensa algumas cenas do meio. Não revi, mas algumas cenas parece que não se encaixam bem nessa nova ótica.

Pelo menos podemos ficar com o “copo meio cheio”. O plot twist salva.

 

O Telefone Preto

Crítica – O Telefone Preto

Sinopse (imdb): Após ter sido raptado por um assassino de crianças e trancado num porão à prova de som, um menino de 13 anos começa a receber chamadas num telefone desligado das vítimas anteriores do assassino.

O diretor Scott Derrickson tinha feito alguns bons filmes de terror, aí foi pra Marvel fazer o primeiro Doutor Estranho, que não tem nada de terror. Ele ia dirigir o segundo Doutor Estranho, mas acabou substituído por Sam Raimi – que conseguiu finalmente trazer uma pegada de terror para a Marvel. Derickson voltou ao seu habitat natural, com este O Telefone Preto (The Black Phone, no original).

O Telefone Preto é adaptação do conto homônimo escrito por Joe Hill, filho do Stephen King. E o espectador atento pode achar referências à obra de King aqui e ali, como a cartola que Ethan Hawke usa (como a Rose the Hat em Doutor Sono) ou a capa de chuva amarela (como Georgie em It).

Uma das melhores coisas aqui é a ambientação. Tanto a ambientação de época (o filme se passa no fim dos anos 70) quanto o clima de tensão e desespero vivido pelos personagens – a gente sente a angústia do garoto preso no porão. E gostei dos efeitos dos garotos falando ao telefone. Efeitos simples e eficientes.

O Telefone Preto é uma mistura de “filme de sequestro de criança” com “filme sobrenatural”. Rolam alguns jump scares aqui e ali, mas o forte do filme não é isso, e sim a tensão vivida pelo personagem. E vou te falar que teve um momento onde quase pulei da poltrona!

Ethan Hawke está muito bem, num papel onde ele quase não mostra o rosto. Quase todo o tempo ele está usando máscaras que cobrem partes de seu rosto. E mesmo sem mostrar o rosto, o trabalho de Hawke é impressionante! E as máscaras são outro ponto forte do filme. Assustadoras, foram confeccionadas por ninguém menos que Tom Savini!

Gostei dos garotos. Mason Thames, o principal, aparece sozinho em várias cenas, um papel difícil, mas que ele consegue cativar o espectador – ficaremos de olho nesse rapaz! A menina Madeleine McGraw também está bem, em um papel que poderia facilmente virar a “menininha chata”.

Tenho um comentário sobre o fim, mas antes preciso do aviso de spoilers:

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

O filme tem um final feliz, o garoto é resgatado. Mas, na minha cabeça, acho que um final melhor seria com o garoto saindo da casa e encontrando os outros fantasmas, aí descobriria que estava morto, ao lado deles, e veria o Grabber enterrando o seu corpo.
Mas, é o meu head canon. O fim de O Telefone Preto não é ruim.

Nem tudo é perfeito, achei que o vilão poderia ser melhor desenvolvido. E, quando a gente vê que o filme foi produzido pela Blumhouse, a gente logo pensa em uma possível nova franquia. Será que veremos novamente o “The Grabber”?

Men

Crítica – Men

Sinopse (imdb): Uma jovem vai de férias sozinha para o interior da Inglaterra após a morte de seu ex-marido.

Uns dias atrás falei aqui de Crimes do Futuro, um filme esquisitão de terror, né? Poizé, este Men é ainda mais esquisito!

Produção da A24, Men é o novo filme de Alex Garland, que escreveu o livro A Praia, que depois foi adaptado por Danny Boyle, e que depois escreveu os roteiros de Extermínio e Sunshine (ambos dirigidos por Boyle), e que depois dirigiu os filmes Ex Machina (que gostei muito) e Aniquilação (que detestei muito).

E agora temos Men, que certamente vai dividir opiniões. Men não é um filme fácil, principalmente na parte final cheia de simbolismos. Dava pra fazer um vídeo com “final explicado”, mas não sei se entendi o suficiente para explicar… O fato é: o filme deixa lacunas em aberto para a interpretação de cada espectador.

Não tenho nada contra filmes que deixam coisas em aberto. É uma experiência diferente, você tem que sentir o filme e sentir o que o filme te passa. Mas o problema é que um filme assim anda numa linha muito tênue. Em alguns casos, funciona para mim, em outros casos não. Men não funcionou.

Mas, não chamaria o filme de “ruim”. Longe disso, tem muita coisa boa aí. O início do filme é bem legal, a ambientação naquela casa no meio do nada é muito boa, e tem uma cena fantástica em um túnel – tanto pela parte visual quanto pelo áudio (ela quase compõe parte da trilha sonora usando os ecos do túnel). Não à toa, o poster do filme foi tirado desta cena.

A narrativa flui bem, a trama é entrecortada com flashbacks explicando o que aconteceu com o marido da protagonista. Isso até mais ou menos dois terços do filme, depois a gente entra numa viagem de imagens e sons, e essa parte é que vai atrair uns e vai afastar outros.

Ah, é bom avisar: o filme tem uma boa dose de imagens fortes. Os efeitos especiais nessas cenas são muito bons!

Quero falar um pouco da minha interpretação, talvez seja spoiler, então vou colocar aqui um aviso.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

A protagonista Harper precisa encarar a culpa que seu falecido ex marido colocou na cabeça dela. Assim que ela chega na casa, ela come uma maçã, que simboliza o pecado que ela sente. Quase todos os personagens masculinos são interpretados pelo mesmo ator Rory Kinnear – e preciso admitir que só reparei isso na reta final do filme (sou um péssimo fisionomista). Pra mim, são diferentes versões do mesmo fantasma que Harper está enfrentando. Quando ela corta o braço dele, e depois quebra o pé dele atropelando, a gente vê que são os mesmos ferimentos de quando o marido caiu do prédio, confirmando que era sempre a mesma pessoa. E no fim, quando vemos vários homens “nascendo” com os mesmos problemas na mão e pé, a gente vê que não adianta ser uma nova pessoa porque continuam com as mesmas falhas.

FIM DOS SPOILERS

Sobre o elenco, o filme inteiro Fica em cima da protagonista Jessie Buckley e do multi homem Rory Kinnear. Ambos estão bem.

Men tem previsão de chegar no Brasil em setembro. Não sei se vai para os cinemas ou para o streaming. Outros filmes de terror da A24 tiveram boa performance nos cinemas, como A Bruxa ou Midsommar. Mas este acho que é um pouco mais hermético, não sei se vai agradar. Aguardemos!

Fresh

Crtítica – Fresh

Sinopse (imdb): Os horrores dos encontros modernos, vistos através da batalha desafiante de uma jovem mulher para sobreviver aos apetites do seu novo namorado.

Apareceu um tempo atrás no Star+ um filme meio terror, meio cult, que acho que foi muito mal lançado por aqui. O filme fala sobre consumo de carne humana – espero que isso não seja spoiler!

Fresh é o longa de estreia da diretora Mimi Cave. Achei curioso porque o último filme que vi sobre canibalismo também tinha sido filme de estreia de outra diretora mulher, Raw, da Julia Ducournau.

Fresh começa como uma comédia romântica. Mas, aos 33 minutos de projeção, entram os créditos “iniciais” e temos uma radical mudança de rumo da trama.

Apesar do tema canibalismo, Fresh não tem muito gore. Mesmo assim, algumas cenas são bastante desconfortáveis – não é qualquer filme que tem uma pessoa abrindo a geladeira e tirando um pedaço de carne – com uma tatuagem.

Os dois atores principais estão muito bem. Sebastian Stan e Daisy Edgar-Jones são bons atores, têm boa química juntos e a dinâmica entre os personagens funciona muito bem. Pena que não podemos dizer o mesmo sobre o resto do elenco. Senti uma falha no desenvolvimento dos personagens secundários. Um exemplo claro é a esposa do Steve. O filme dá indícios de que ela é uma vítima, mas também a coloca como vilã. Outro caso é o amigo da Mollie, um personagem meio inútil na trama.

Fresh não é um filmaço, mesmo assim curti. Deveria ter uma distribuição melhor.

A Médium

Crítica – A Médium

Sinopse (imdb): Uma história assustadora sobre a herança de um xamã na região de Isan, na Tailândia. O que pode estar a possuir um membro da família pode não ser a Deusa que eles dizem ser.

O tailandês Banjong Pisanthanakun é o mesmo diretor de Espíritos: A Morte Está ao seu Lado, um filme de 2004 que surpreendeu positivamente boa parte dos espectadores brasileiros – lembro de ter visto no cinema e ter levado sustos de jump scares, coisa que normalmente não acontece comigo.

Guardei o nome do cara, mas ele faz poucos filmes – pelo imdb, o último filme dele foi um drama/ romance de 2016. Claro que um novo filme de terror dele é algo aguardado.

E finalmente, temos A Médium (The Medium, no original), filme que tem pontos positivos e negativos. Vamulá.

Duas coisas me atrapalharam muito: o fato de ser mais um found footage, e o fato da sessão de imprensa online ser com a cópia dublada. Não curto found footage. Acho que é um formato que já deu o que tinha que dar. Gostei de REC, gostei de Caçador de Trolls, mas chega – acho que nem vi todos os Atividade Paranormal. Tudo soa artificial demais. Em vários momentos do filme, o câmera largaria a câmera – ou pra ajudar, ou pra sair correndo. Se o objetivo do found footage era pra parecer algo mais próximo da realidade, no meu caso o efeito foi o oposto. E, ok, entendo o apelo para se dublar um filme falado numa língua exótica, mas, para mim, isso tornou a experiência ainda mais artificial.

Pena, porque algumas das ideias do filme são bem legais.

Uma coisa bacana da gente ver um filme fora do eixo hollywoodiano é que a gente vê coisas fora do óbvio. A Médium tem possessão, mas não tem um padre numa cama ao lado de uma jovem com cara de Regan d’O Exorcista. A Médium tem uma protagonista que não vai até o fim do filme. Além disso, a gente tem contato com religiões bem diferentes das que a gente vê no cinema normalmente.

Aliás, é bom avisar: talvez pelo fato do filme ser tailandês e lá ter gente que come cachorro (ou talvez seja só pra chocar), mas tem uma cena envolvendo um cachorro que dá vontade de parar o filme nesse momento. Se você for um amante dos animais, é a hora de ir ao banheiro.

O filme é longo, duas horas e dez minutos, e achei que teve vários momentos dispensáveis. Agora, a meia hora final é de arrepiar. O ritmo é alucinante, muitas coisas acontecem, e a gente quase esquece o início lento.

No elenco, ninguém conhecido por aqui. Mas preciso dizer que gostei muito da Narilya Gulmongkolpech, que fica realmente assustadora quando é possuída – muito mais assustadora do que as Regans genéricas de Hollywood. Pelo imdb esse é seu único filme até agora (além de duas séries). Tomara que ela faça mais filmes!

No final, ficou aquele gosto ruim na boca. A Médium tinha várias boas ideias, mas um found footage dublado me tirou do filme. Mesmo assim, a experiência foi positiva. Que venham mais filmes de terror de países exóticos!

 

Terror nos bastidores

Crítica – Terror nos bastidores

Sinopse (imdb): Uma jovem que chora a perda de sua mãe, uma famosa “scream queen” dos anos 80, é flagrada dentro do filme mais famoso de sua mãe. Reunidas, as mulheres devem lutar contra o assassino maníaco do filme.

Me recomendaram este filme em 2015, mas me enganei e vi um quase homônimo do mesmo ano, “Final Girl“. E acabei esquecendo de catar este. Até que finalmente resolvi ver. E posso dizer: que surpresa legal!

Quem me conhece sabe que gosto de filmes que não se levam à sério. E é o caso aqui em Terror nos Bastidores. Se a gente parar pra pensar, nada aqui faz sentido. É mesmo assim o resultado ficou bem divertido.

Ok precisamos reconhecer que a ideia não é original. O Último Grande Herói usa a mesma premissa de pessoas reais dentro de um filme, e aproveita para brincar com os clichês dos filmes de ação. Mas não me lembro de ter visto isso com filmes de terror.

(A Rosa Púrpura do Cairo, de 1985, tem uma premissa parecida, mas lá é um personagem de um filme que sai das telas para o mundo real. O Último Grande Herói é de 1993, e tem a mesma premissa: uma pessoa do mundo real entra no filme.)

Dirigido pelo desconhecido Todd Strauss-Schulson, Terror nos Bastidores (The Final Girls, no original) é uma divertida brincadeira com os clichês do terror slasher. Um grupo de jovens entra num filme slasher dos anos 80, uma cópia / homenagem a Sexta Feira 13, e precisam enfrentar todas as convenções presentes naqueles filmes, como a regra de quem fizer sexo será o próximo a morrer.

E não é só isso. Como são pessoas reais dentro de um filme, elas vivem situações curiosas como os flashbacks ou a câmera lenta. Boas sacadas, que geram cenas bem engraçadas!

Li algumas críticas por ser uma mistura de comédia com terror, mas isso nunca me incomodou. Agora, preciso dizer que, na parte do terror, podia ter um pouco mais de sangue.

No elenco, a principal é Taissa Farmiga – irmã da Vera Farmiga, 21 anos mais nova, que era bem desconhecida na época e que hoje também é conhecida por ter feito A Freira. Outros nomes mais conhecidos eram Malin Akerman, que na época já tinha estrelado filmes como Watchmen e Rock of Ages; e Nina Dobrev, da série The Vampire Diaries. Também no elenco, Thomas Middleditch, Adam Devine, Alia Shawkat e Alexander Ludwig.

(E pra aumentar a confusão sobre os filmes quase homônimos, Alexander Ludwig também estava no Final Girl, lançado no mesmo ano de 2015.)

Gostei muito do final do filme. Pena que não posso comentar porque é um spoiler, mas achei uma ideia muito boa.

Por fim, preciso falar do nome. “The Final Girls” não é um nome perfeito, mas tem a ver com a proposta do filme. Agora, o título nacional “Terror nos Bastidores” é péssimo não tem nada a ver! Não tem bastidores de nada!

Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura

Crítica – Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura

Sinopse (google): O aguardado filme trata da jornada do Doutor Estranho rumo ao desconhecido. Além de receber ajuda de novos aliados místicos e outros já conhecidos do público, o personagem atravessa as realidades alternativas incompreensíveis e perigosas do Multiverso para enfrentar um novo e misterioso adversário.

Finalmente estreou o aguardado Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura, que tinha deixado fãs em polvorosa com o trailer. Mas, para mim, a dúvida era outra: daria certo um filme do MCU dirigido por Sam Raimi?

Sou muito fã do Sam Raimi, e a gente precisa reconhecer que ele é um nome importante quando o assunto é “filme de super herói”. Se hoje a gente tem vários filmes de super herói por ano, a gente tem que lembrar que o primeiro Homem Aranha de 2002, dirigido por ele, (ao lado do primeiro X-Men de 2000, dirigido por Bryan Singer) são filmes que dizem “quando a gente chegou aqui, tudo isso era mato!”.

Mas a gente sabe que no MCU nem sempre o diretor tem espaço criativo. Um bom exemplo é com o primeiro filme do Doutor Estranho, dirigido por Scott Derrickson, que praticamente só tinha feito terror até então (O Exorcismo de Emily Rose, A Entidade, Livrai-nos do Mal). Alguns casos a gente sente o diretor, como o James Gunn em Guardiões da Galáxia ou o Taika Waititi em Thor Ragnarok, mas quase sempre os filmes do MCU têm cara de “filme de produtor”.

Felizmente Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura tem um bom equilíbrio. Continua sendo um “filme da Marvel”, mas tem várias coisas que são a cara do diretor: ângulos de câmera, alguns movimentos de câmera, alguns elementos de terror – tem até uma mão saindo de uma cova, lembrando o poster de Evil Dead! Só faltou o travelling pela floresta…

(Acho que este deve ser um filme mais violento da Marvel. Tem uma morte bem violenta, e ainda tem alguns jump scares!)

Aliás, é bom lembrar, este é se não me engano o 28º filme do MCU. Se antes os filmes eram independentes, agora precisam de “pré requisitos”. Para ver este Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura nem precisa ver o primeiro Doutor Estranho antes, mas precisa saber o que aconteceu com a série Wandavision.

Já que falamos de Wandavision, bora falar do elenco. É um filme do Doutor Estranho, ninguém vai discutir que ele é o principal aqui. Mas a Wanda quase divide o protagonismo com ele. E se todos sabem que o Benedict Cumberbatch é um grande ator e seu Stephen Strange é um ótimo personagem, aqui em Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura tem outro personagem que rouba a cena. Elizabeth Olsen está sensacional, e sua Wanda é uma das melhores coisas do MCU. É que Doutor Estranho não tem perfil de premiação para atuação, senão diria que a Elizabeth Olsen deveria ser indicada ao Oscar. Fechando o elenco principal, a novata Xochitl Gomez está bem como a nova personagem America Chavez, que deve ter importância no futuro do MCU. Também no elenco, Benedict Wong, Chiwetel Ejiofor e Rachel MacAdams, e mais uns nomes que não vale a pena mencionar por motivos de spoiler. Ah, claro, é Sam Raimi, tem participação especial do Bruce Campbell, num papel bem bobo, mas, como é o Bruce Campbell, heu ri alto.

Sim, tem uma cena no meio do filme onde tem algumas participações especiais que vão explodir a cabeça dos fãs. Não vou entrar em detalhes por causa de spoilers, mas posso dizer que achei a cena muito boa e a conclusão dela também.

O ritmo do filme é alucinante (e isso não é um trocadilho com Uma Noite Alucinante do mesmo diretor). O filme já começa a 100 km/h, e são poucos os momentos mais calmos para respirar. E tem um duelo usando música que é SEN-SA-CIO-NAL!!!

Claro, é Marvel, tem duas cenas pós créditos. A primeira com um gancho para uma continuação, que não tenho ideia do que seja, mas tem a Charlize Theron, então quero muito ver. E lá no fim dos créditos uma piadinha.

A Marvel continua em forma! Aguardemos o novo Thor!

X

Crítica – X

Sinopse (imdb): Em 1979, um grupo de jovens cineastas se propôs a fazer um filme adulto na zona rural do Texas, mas quando seus solitários e idosos anfitriões os pegam em flagrante, o elenco se vê lutando por suas vidas.

E vamos ao melhor filme de terror de todos os tempos da última semana!

X é a nova produção de terror da A24, o que faz a gente logo lembrar de filmes “terror cabeça” como A Bruxa e Midsommar. E a boa notícia é que pode ser curtido tanto pelo pessoal cabeça quanto pela galera que gosta de um terror montanha russa.

Você pode ver X como apenas mais um slasher. Um pessoal vai para um local isolado para filmar um pornô e mortes começam a acontecer. Mas… X tem camadas que serão apreciadas pelo espectador chegado ao filme cabeça – desde simbolismos conectando a protagonista à velha que morava na casa, até detalhes cinematográficos como uma cena onde uma personagem sai de uma casa, e na cena seguinte vai até o carro – mas as cenas foram editadas de forma entrecortada; ou uma cena de metalinguagem onde vemos um personagem oferecendo um suco a outro, dentro do filme ao mesmo tempo que dentro da “vida real”. Recomendo prestar atenção nos detalhes!

X é o novo filme escrito e dirigido por Ti West. Só vi um dos seus filmes, A Casa do Diabo, de 2009, e lembro que na época falavam bem do diretor. Mas aparentemente ele gosta mais de TV do que de cinema, seu último filme foi em 2016, de lá dirigiu episódios de nove séries diferentes… Sobre A Casa do Diabo, o curioso é que é um filme que parece ser feito nos anos 70, e o mesmo acontece aqui em X.

Ouvi comentários dizendo que X é muito gráfico, tanto na parte de violência quanto na parte de sexo. Não concordo. Na parte de violência, sim, mostra várias mortes e tem bastante gore, mas nada muito diferente do que a gente vê por aí em outras produções. Já na parte de sexo, achei que, para a proposta de mostrar bastidores do cinema pornô, até tem pouco. Tem nudez, tem sexo, mas nada muito explícito.

No elenco, não sei se é um spoiler, acredito que não, mas… Mia Goth faz dois papéis: a protagonista Maxine e a velha Pearl. Mia está bem, mas é um papel que não exige muito, apesar de ser um papel duplo. Também no elenco, Jenna Ortega, Brittany Snow, Kid Cudi, Martin Henderson, Owen Campbell e Stephen Ure.

Existem planos de um prequel, contando a história da Pearl – que parece que já foi filmado! Aguardemos.

X tem previsão de chegar aos cinemas no segundo semestre, o que me parece uma decisão burra. Hoje em dia existem meios alternativos de se procurar os filmes. Se o filme está sendo bem falado internacionalmente, por que esperar tanto para lançar? Quando chegar aqui, boa parte do público já terá assistido.

Terror no Estúdio 666

 

Crítica – Terror no Estúdio 666 / Studio 666

Sinopse (imdb): A lendária banda de rock Foo Fighters se muda para uma mansão em Encino mergulhada na terrível história do rock and roll para gravar seu tão aguardado décimo álbum.

Outro dia falei de garotos de escola tocando rock, hoje vamos falar de uma banda de verdade brincando de fazer cinema.

Antes de tudo: não precisa conhecer os Foo Fighters para curtir o filme. Mas precisa curtir terror B! Terror no Estúdio 666 é uma ideia do Dave Grohl, que criou a história e é o ator principal, e trouxe sua banda inteira para entrar na brincadeira.

Claro, as atuações são ruins. Os seis da banda interpretam eles mesmos, e fica claro que, tirando Dave Grohl, eles não têm talento para atuar. E, para o azar do espectador, um dos papéis mais importantes ficou com Pat Smear, que me pareceu o pior ator dos seis. Rami Jaffe fica pouco atrás, também é um ator bem ruim, e mesmo assim usaram seu personagem para fazer o alívio cômico. Os outros 3, Nate Mendel, Chris Shiflett e Taylor Hawkings, têm papéis mais discretos e não atrapalham – Hawkings inclusive declarou que não leu suas falas no roteiro e decidiu improvisar todos os diálogos.

Também temos algumas participações interessantes no elenco. John Carpenter (que é um dos autores do tema dos créditos iniciais) aparece como um dos técnicos de som. Kerry King, guitarrista do Slayer, tem um papel pequeno. Steve Vai não aparece, apenas suas mãos, quando Grohl aparece tocando rápido. E Lionel Ritchie tem uma participação engraçadíssima. Também no elenco, Jeff Garlin, Whitney Cummings, Jenna Ortega, Will Forte e Jimmi Simpson.

Se no quesito atuação Terror no Estúdio 666 é fraco, isso é compensado no gore. O filme tem muito sangue e algumas mortes bem gráficas, boa parte delas (se não todas) usando efeitos práticos e de maquiagem – o que funciona muito melhor para a proposta do filme do que se usassem cgi. Também tem umas criaturas que parecem sombras que ficaram bem legais (mas acho que tinha algum cgi). E ainda tem uma referência a O Exorcista. Fãs do estilo vão curtir!

Terror no Estúdio 666 tem algumas situações absurdas no roteiro, tipo todos concordarem em entregar os celulares depois que encontram um cadáver. Mas, o objetivo do filme é ser uma grande brincadeira despretensiosa. Se você não levar a sério, vai se divertir. Pelo meu ponto de vista, a banda acertou em cheio, ia ser legal ver outros filmes despretensiosos com outras bandas.

Por fim, a nota triste. O filme foi lançado pouco antes do falecimento do baterista Taylor Hawkings. Fica difícil falar de uma brincadeira divertida na mesma época em que a banda perde um de seus membros.

Morbius

Crítica – Morbius

Sinopse (imdb): O bioquímico Michael Morbius tenta curar-se de uma doença rara no sangue, mas sem perceber, ele fica infectado com uma forma de vampirismo.

Se o MCU é coeso e com mais de 20 longas e algumas séries, e que todos se passam no mesmo universo, o resto da Marvel meio bagunçado. Mas, aqui aparentemente estamos no mesmo universo do Homem Aranha, temos o jornal Clarim Diário / Daily Bugle e uma divertida citação ao Venom. Mas o importante é saber que não precisa ver ou rever nenhum outro filme antes deste Morbius.

Dirigido por Daniel Espinosa (Vida), Morbius tem um roteiro preguiçoso. Existe uma função em grandes produções chamada script doctor, cuja função é analisar inconsistências no roteiro. E era uma função necessária aqui. Vou citar alguns exemplos de como o roteiro melhoraria facilmente. Um é logo no início, na cena do navio – por que as pessoas no navio estavam com as metralhadoras na mão, se os dois cientistas não ofereciam nenhum risco? Outra é a cena do corredor, uma cena cinematograficamente bonita, mas que não faz sentido porque quando ela anda mais rápido, o timer do sensor de movimento também anda mais rápido. Por que? Mais um exemplo: o Morbius faz origamis, e deixa um numa cena de crime. Aí vem o policial e diz “sabemos que você faz origamis!”. Oi? E impressão digital? Ou, ainda mais um: se o Morbius fica tão nervoso com uma única gota de sangue, como ajudou o médico com a barriga aberta se esvaindo em sangue?

(Depois da sessão de imprensa, conversando com alguns críticos, ouvi um outro comentário negativo. O Morbius ganha seus poderes ao misturar seu dna com o dna de um morcego. Isso daria a ele características de um morcego, e não super poderes como super velocidade ou voar sem asas. Mas… Isso é filme de super herói. A gente aceita um monte de suspensões de descrença em filmes de super herói. Então, pra mim, isso é algo aceitável.)

Ouvi reclamações sobre os efeitos especiais, mas, de um modo geral, não me incomodaram. Mas, preciso fazer o comentário “menos é mais”. A caracterização do “monstro”, quando Morbius vira o morcego / vampiro, não me pareceu ser maquiagem, apenas cgi. Quando eram pequenas alterações no rosto, apenas olhos, boca ou nariz, ficava melhor do que quando era o rosto inteiro. Quando aparecia o rosto completo, parecia um cospobre de Evil Dead.

Ainda nos efeitos especiais, preciso dizer que gostei de algumas sequências de movimentação do Morbius, tudo muito rápido, aí a imagem congela no meio, e volta tudo rápido. Nada de muito inovador – inclusive a movimentação lembra o Noturno dos X-Men – mas, ficou bonito na tela. Também gostei da citação a F.W. Murnau, diretor do clássico Nosferatu de 100 anos atrás.

Sobre o elenco, tenho pena do Jared Leto. Ele não está ruim, mas ele escolhe mal os projetos – não podemos esquecer que ele fez aquele Coringa horroroso. Matt Smith abraça a canastrice, e achei engraçado ele fazer um vilão tão caricato. Mas não sei se isso é um elogio. Adria Arjona e Jared Harris estão ok, e Tyrese Gibson e Al Madrigal fazem uma dupla de policiais que até agora não entendi pra que servem no roteiro. E recomendo não ler elenco por aí por causa de spoilers.

Acredito que o Morbius era pra ser um vilão. Mas, pra quem nunca leu os quadrinhos, Morbius é um herói. E aparentemente vão usá-lo em algum filme futuro como vilão do Homem Aranha. Vão precisar mudar alguma coisa aí, porque esse cara apresentado pelo filme não tem nada de vilão.

Por fim, são duas cenas pós créditos, ambas depois dos créditos principais, nenhuma cena no fim de tudo. A primeira é até legal, traz um bom personagem de outro filme que estará numa provável continuação. Já a segunda é péssima, porque não só não acrescenta nada (é o mesmo personagem da primeira cena) como levanta vários furos de roteiro…