A Morte do Demônio: A Ascensão

Crítica – A Morte do Demônio: A Ascensão

Sinopse (imdb): Beth visita sua irmã mais velha, Ellie, que está criando 3 filhos em um apartamento apertado em Los Angeles. Sua reunião é curta quando eles encontram um livro demoníaco, The Necronomicon Ex-Mortis.

Antes de falar do filme, posso faltar um pouco sobre o mercado cinematográfico? Evil Dead é uma marca muito forte. O primeiro filme, de 1981, é um clássico incontestável e revolucionário. Foram duas continuações, um remake, e três temporadas de uma série de TV (isso porque não vou entrar em outras mídias). Resumindo: Evil Dead é uma franquia importante.

Fazer parte de uma franquia dessas tem um ponto positivo, que é trazer público. Mas também tem um ponto negativo: A Morte do Demônio: A Ascensão não é exatamente ruim, mas é bem inferior ao outro A Morte do Demônio. E, por fazer parte da franquia, a comparação é inevitável.

Escrito e dirigido por Lee Cronin, A Morte do Demônio: A Ascensão tem seus pontos positivos. Para manter o espírito da franquia, rolam travellings de câmera, muito gore e litros de sangue, e ainda tem uma motosserra e um olho voando (e também tem uma referência a O Iluminado). Além disso, a trilha sonora é boa e a vilã é excelente.

Uma das minhas críticas à versão de 2013 era que tinham feito um filme sério. Se você quer fazer parte de uma franquia, tem que respeitar as características dessa franquia. E a galhofa é uma das características mais marcantes dos três filmes dirigidos por Sam Raimi. Este novo A Morte do Demônio: A Ascensão não é tão galhofa quanto a trilogia original, mas tem uma boa dose de humor negro.

O humor negro ajuda a amenizar a quantidade de gore e de sangue. Neste aspecto, A Morte do Demônio: A Ascensão não decepciona: tem MUITO sangue, principalmente na parte final (segundo o imdb, foram usados 6.500 litros de sangue artificial). Ah, outra coisa: gostei de algumas sacadas criativas sobre o posicionamento da câmera, como por exemplo uma cena mostrada através do olho mágico.

Não conhecia ninguém do elenco, mas diria que todos estão bem. Vou além: gostei muito da Alyssa Sutherland, que faz a mãe. Ela é assustadora! Também no elenco, Lily Sullivan, Gabrielle Echols, Morgan Davies e Nell Fisher.

Falemos sobre o livro. A sinopse do imdb fala que é o Necronomicon, mas acho que não é o mesmo livro. E durante o filme falam que são três livros diferentes. Me parece que este é um livro semelhante, mas não é o mesmo dos outros filmes. Além disso, a gente precisa lembrar que a palavra “Necronomicon” é de autoria do H.P. Lovecraft, e não tenho ideia de como são os direitos autorais sobre isso, talvez tenham mudado por causa dos direitos.

Agora, na minha humilde opinião, o filme seria melhor se tirasse do título a parte “A Morte do Demônio”. Exatamente a mesma história: um garoto encontra um livro e um disco, e isso libera uma entidade que possui as pessoas. Ia vender menos ingressos, sei disso. Mas não ia ser comparado com o filme clássico, então ia ser um produto final melhor. Pena que no mercado de hoje em dia coisas assim são necessárias.

A Primeira Comunhão

Crítica – A Primeira Comunhão

Sinopse (imdb): Sara tenta se encaixar com os outros adolescentes na pequena cidade na província de /. Eles saem uma noite para uma boate, a caminho de casa se deparam com uma menina segurando uma boneca, vestida para sua primeira comunhão.

Bora pra outro terror espanhol?

Comentei no texto sobre 13 Exorcismos que curto o cinema fantástico espanhol, que nos trouxe alguns filmes muito bons nas últimas décadas. Dirigido por Víctor Garcia, este A Primeira Comunhão (La niña de la comunión, no original) não entra nessa lista de “muito bons”, mas pelo menos não faz feio como alguns recentes títulos de terror lançados nos cinemas.

O filme se passa nos fim dos anos 80 (não me lembro se isso é dito no filme, peguei a informação no imdb). A ambientação de época é boa, e isso faz diferença no filme (porque se as pessoas tivessem celulares e internet como hoje em dia, não sei se a história funcionaria).

A Primeira Comunhão é cheio de jump scares. Mas, por outro lado, falha na criação da tensão. Um filme de terror precisa causar medo e tensão no espectador, e isso não acontece aqui.

Gostei de uma coisa, que foi o modo como A Primeira Comunhão mostrou o ponto de vista das pessoas atacadas pela entidade – elas ficam paralisadas no “mundo real”, mas dentro de suas cabeças são levadas a um local assustador. Ok, provavelmente isso já foi feito em outros filmes (não me lembro), mas, ideia nova ou não, funcionou aqui.

Por outro lado, algumas coisas do filme ficaram mal desenvolvidas, como por exemplo o padre, que dá a entender que ele já sabia há anos sobre o que estava acontecendo. Mas o padre sai do filme e não volta para concluir seu arco.

O elenco é ok. Carla Campra e Aina Quiñones funcionam bem como as amigas que enfrentam um mal desconhecido.

No finzinho tem um plot twist desnecessário, que me pareceu ser uma porta aberta para continuações, coisa comum no cinema de terror.

No fim, fica um gosto de filme genérico. Não é um grande filme, mas vai agradar os menos exigentes.

Winnie-The-Pooh: Blood and Honey

Crítica – Winnie-The-Pooh: Blood and Honey

Sinopse (imdb): Depois de serem abandonados por Christopher, que foi para a faculdade, Pooh e Leitão matam qualquer um que se atreva a se aventurar na Bosque dos 100 Acres.

Antes de tudo, preciso desabafar um mimimi aqui. Aqui no Brasil, sempre foi “ursinho Puff”, mas de um tempo pra cá resolveram mudar para “Pooh” por razões mercadológicas. Aí o Puff virou Pooh, a Sininho virou Tinkerbell, o Caco virou Kermitt… Mas, me digam, por que o Cebolinha tem que virar Jimmy Five quando sai do Brasil? Se é pra manter o nome original, que seja Cebolinha no mundo todo!

Mas chega de mimimi e vamos ao filme.

Escrito, produzido e dirigido por Rhys Frake-Waterfield, Winnie-The-Pooh: Blood and Honey traz uma boa ideia. Descobriram que os direitos de imagem do Ursinho Pooh caíram em domínio público. Então, por que não fazer um terror slasher com o personagem? Ok, boa ideia, mas, precisava ser um filme tão ruim?

O roteiro é MUITO ruim. Um exemplo: tem um prólogo, primeira coisa do filme, que explica o que aconteceu com Pooh e seus amigos quando Christopher Robin foi embora. Fala que eles são animais da floresta, que passaram fome porque Christopher Robin parou de levar comida pra eles. Sim, animais da floresta passam fome porque uma criança deixa de levar comida. Por isso viram assassinos, e precisam matar o Ió para comê-lo. Por que não procurar outros alimentos na floresta??? Mas calma que o pior ainda está por vir. O prólogo cita Pooh, Leitão, Ió, Corujão e Coelho (onde estão Tigrão, Can e Guru?). Ió morreu. Ok. Onde estão Corujão e Coelho no resto do filme? Pra que apresentar personagens que não vão aparecer?

Voltemos ao filme. Cabe um elogio? Gostei da trilha sonora, e gostei da ambientação, tem umas cenas noturnas com uma névoa iluminada, tem cara de filme slasher dos anos 80. O gore é apenas ok, não tem nenhuma cena que chame a atenção. Por outro lado, as máscaras do Pooh e do Leitão são muito toscas. Tem uma cena onde um personagem fala “não parecem humanos!” Caramba, parecem sim, parecem humanos que compraram máscaras de Halloween no Mercadão de Madureira.

Winnie-The-Pooh: Blood and Honey é curto, tem menos de uma hora e meia, e mesmo assim se arrasta. Os personagens são rasos e ninguém se importa com eles. E os vilões têm zero carisma. Tanto faz ter uma máscara tosca de urso. Terrifier não é um grande filme, mas traz um bom vilão. Não é o caso aqui.

Não tem cena pós créditos, mas no fim dos créditos tem a frase “Winnie the Pooh will be back”, ou seja, o diretor pretende fazer uma continuação. O que determina isso é o sucesso comercial do filme. Então, o melhor é evitar o filme!

O Urso do Pó Branco

Crítica – O Urso do Pó Branco

Sinopse (Filme B): A história real sobre a queda do avião de um traficante de drogas, que estava carregado com um lote de cocaína que acabou sendo consumido por um urso de mais de 220kg. Após consumir a droga, o animal parte para a violência, com uma fúria movida a coca, em busca por novas presas e sede de sangue. Em paralelo, um grupo excêntrico de policiais, criminosos, turistas e adolescentes, estão a caminho ou já no território de uma floresta da Georgia.

Antes de tudo, um breve esclarecimento. O filme se diz “inspirado numa história real”, mas a história real é bem diferente. Em 1985, um traficante jogou vários pacotes de cocaína de um avião e depois pulou de paraquedas com 36 kg presos no seu corpo. O paraquedas não funcionou direito, provavelmente por causa do peso extra, e o traficante morreu. 40 kg da droga caíram numa floresta, e um urso comeu, e morreu logo depois de overdose. Ou seja, a história do urso com cocaína é até real, mas ele não matou ninguém! Fora o traficante e o urso, não houve nenhuma outra casualidade neste evento. Mesmo assim, a história correu o mundo e virou uma lenda urbana. Um shopping center em Kentucky fez uma estátua do “Pablo Escobear”!

Dito isso, vamos ao filme?

Heu queria gostar de O Urso do Pó Branco (Cocaine Bear, no original). Na sexta 14 de abril vamos fazer uma sessão exclusiva dos Podcrastinadores e amigos, será uma grande festa. Pena que o filme é fraco.

Dirigido pela atriz Elisabeth Banks, O Urso do Pó Branco tem pelo menos dois grandes problemas. Um deles é que temos um grande elenco, com vários núcleos de personagens, cada um com seu drama, e sobra pouco tempo para o urso do título. Um filme de uma hora e trinta e cinco minutos precisava de menos gente pra ter mais do urso, que virou coadjuvante no próprio filme.

O outro problema é que o filme não se decide sobre o que quer ser. Às vezes parece ser uma comédia de humor negro; às vezes parece ser um filme de terror de monstro. Às vezes parece até ser um drama! Não tenho nada contra misturar estilos, mas tem que saber fazer, aqui ficou estranho.

Mas, mesmo com esses problemas, O Urso do Pó Branco não é de todo ruim. O gore é bem feito, são algumas cenas com partes de corpos voando pela tela. E tem uma cena de morte com tiro na cabeça que ri alto. E ainda tem a famosa cena da ambulância.

(Tem uma cena corajosa, envolvendo crianças e consumo de cocaína. Sei lá, achei que essa cena cruzou a linha. Mas reconheço a coragem).

Os efeitos especiais são ok. Em algumas poucas cenas o cgi não está muito bom, mas no geral, funciona.

O Urso do Pó Branco é um tipo de filme que não abre espaço pra grandes atuações. Keri Russell e Alden Ehrenreich fazem o feijão com arroz. Já Ray Liotta está mal, caricato demais. Pena, é um de seus últimos papéis. Também no elenco, O’Shea Jackson Jr., Isiah Whitlock Jr., Brooklynn Prince, Christian Convery, Margo Martindale e Jesse Tyler Ferguson.

Mesmo com o resultado final fraco, ainda acredito que a sessão dia 14/04 será divertida. Se você for do Rio, apareça!

Pânico VI

Crítica – Pânico VI

Sinopse (imdb): Os sobreviventes dos assassinatos de Ghostface deixam Woodsboro para trás e iniciam um novo capítulo na cidade de Nova York.

Ok, admito logo que não sou fã de franquias. Minha memória não é boa, frequentemente me esqueço de detalhes do(s) outro(s) filme(s). Mas é inevitável, porque é mais fácil vender uma continuação do que um filme novo. Então, bora pro sexto filme da franquia Pânico.

Mais uma vez dirigido pela dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (Pânico 5, Casamento Sangrento), Pânico VI (Scream VI, no original) traz os sobreviventes do último filme, que saíram de Woodsboro e agora estão em Nova York para um novo recomeço de vida. E claro que o Ghostface está por perto. E então o filme vira uma espécie de whodoneit para saber quem está debaixo da máscara (pra quem nunca viu Pânico, cada filme troca quem é o assassino).

O problema de ser o sexto filme de uma franquia é que muita coisa é previsível. Tipo a sequência inicial (boa sequência, a propósito), a gente já sabe que são personagens que não vão continuar no resto do filme. E tem outras coisas que são previsíveis pra quem está acostumado com o formato da franquia, tipo quando revelam quem é o assassino – mas não vou entrar em detalhes por causa de spoilers.

O roteiro às vezes parece meio preguiçoso. Tem algumas cenas que poderiam ser melhor escritas. Um exemplo simples: as irmãs Sam e Tara vão pra delegacia, e quando saem são abordadas agressivamente por vários repórteres. Aí aparece a Gale, personagem da Courtney Cox, e todos os outros repórteres desistem de abordá-las! Isso sem contar com algumas “roteirices” que ajudam o Ghostface, como ele entrar numa loja de conveniência, matar algumas pessoas, acontecerem vários tiros, e a polícia chegar logo depois que ele saiu.

Por outro lado, gostei da cena do metrô no halloween e suas inúmeras referências – a franquia Pânico sempre usou muitas referências a outros filmes de terror. Vemos fantasias de Michael Myers, Jason Vorhees, Freddy Krueger, Pinhead, Pennywise, as irmãs de O Iluminado – acho que vi até o coelho de Donnie Darko!

Uma cena bem legal que tinha no Pânico 5 era quando falavam do conceito de requel. Aqui tem uma cena parecida, mas falando sobre clichês de franquias. Pânico sempre brincou com metalinguagem, é bem legal como fazem isso.

Alguns comentários sobre o elenco. A protagonista ainda é Melissa Barrera, mas me parece que Jenna Ortega ganhou um papel maior, provavelmente pelo sucesso de Wandinha (Jasmin Savoy Brown e Mason Gooding completam o quarteto dos “mocinhos” que vieram do filme anterior). Do trio original, só tem a Courtney Cox; Hayden Panettiere, que estava no Pânico 4, volta com o mesmo papel. Samara Weaving e Tony Revolori estão na sequência inicial, e Henry Czerny aparece em uma cena. De novidade, temos Liana Liberato, Devyn Nekoda, Josh Segarra e Jack Champion; e deixei Dermot Mulroney pro fim porque ele está pééésimo! Já vi vários filmes com ele, não me lembrava que ele era tão ruim!

No fim, pelo menos pra mim, Pânico VI foi o que heu esperava: mais um filme. Zero surpresas, mas pelo menos é divertido. E vai agradar o “público do multiplex”

Tem uma cena pós créditos, com uma piadinha bem curta. Heu ri, mas tem gente que vai ficar com raiva.

Infinity Pool

Crítica – Infinity Pool

Sinopse (imdb): James e Em Foster estão desfrutando de umas férias na ilha fictícia de La Tolqa, quando um acidente fatal expõe a subcultura perversa do turismo hedonista, a violência imprudente e os horrores surreais do resort.

Já tinham me recomendado conhecer o trabalho do diretor Brandon Cronenberg, filho do David Cronenberg. Me falaram do filme Possessor, de 2020, mas outros filmes entraram na frente e acabei me esquecendo. Quando surgiu a oportunidade de ver Infinity Pool, não deixei pra depois!

O trabalho do Cronenberg filho traz semelhanças com o do pai – body horror, cenas graficamente fortes, com muita violência, nudez e sexo. Além disso, tem a parte “cabeça”, imagens viajantes que nem sempre têm explicação dentro da trama. Infinity Pool tem cenas fortes, tanto na parte da violência quanto na parte das perversões sexuais. Isso certamente vai afastar boa parte do público.

Falei aqui recentemente de Triângulo da Tristeza, que levanta questionamentos sobre convenções sociais. Infinity Pool traz alguma semelhança. Se em Triângulo da Tristeza vemos pessoas ricas que não aceitam seguir algumas regras, aqui em Infinity Pool a situação é um pouco mais grave: turistas ricos descobrem que podem cometer crimes e sair impunes. Explico: o país fictício onde a história se passa tem uma lei que diz que um estrangeiro pode pagar para criar um clone, e o clone será punido. Ou seja, o turista pode fazer o que quiser, porque quem vai enfrentar a justiça é o seu clone.

Claro que essa impunidade escala no comportamento dos personagens. E claro que isso gera inúmeras questões na cabeça do espectador.

Sobre o elenco, dois nomes precisam ser citados. Pena que as premiações têm preconceito contra o cinema fantástico. Depois de arrebentar em Pearl, aqui Mia Goth mostra mais uma vez que é uma das melhores atrizes em atividade. E depois de escolher alguns papéis ruins, parece que Alexander Skarsgård está se encontrando – ano passado ele mandou bem em O Homem do Norte, e aqui ele está ainda mais intenso. Também no elenco, Cleopatra Coleman, Jalil Lespert e Thomas Kretschmann.

Infinity Pool é um filme diferente, vai desagradar quem está atrás do terror montanha russa. Mas recomendo pra quem estiver atrás de um filme profundo e perturbador.

13 Exorcismos

Crítica – 13 Exorcismos

Sinopse (imdb): Após o estranho comportamento exibido pela adolescente Laura Villegas, sua família chama um exorcista sancionado pelo Vaticano para intervir no caso de possessão demoníaca. A partir daí, uma série de fenômenos estranhos aparecerá.

Confesso que estava com um pé atrás, traumatizado com os recentes A Profecia do Mal e Oferenda ao Demônio. Mas aí vi que era um filme espanhol. Ei, isso ajuda, gosto de terror espanhol, tem muita coisa boa vinda do cinema fantástico de lá, tipo A Espinha do Diabo, do Guillermo del Toro, ou REC, do Jaume Balagueró e do Paco Plaza, ou Abre Los Ojos, do Alejandro Almenábar, ou O Dia da Besta, do Álex de la Iglesia, ou Los Cronocrimenes, do Nacho Vigalondo, ou O Orfanato, do Juan Antonio Bayona… A lista é enorme!

E, realmente, 13 Exorcismos (idem no original) não é tão ruim quanto os dois supracitados. Não é um filme “obrigatório”, mas é um terror ok. Dificilmente o espectador comum vai sair desapontado do cinema.

13 Exorcismos é o longa de estreia do diretor Jacobo Martínez. E, por ser um filme espanhol, foge um pouco dos clichês hollywoodianos – por exemplo, tem uma cena com gore, mas é só uma cena. E, boa notícia: alguns dos jump scares não são muito óbvios.

13 Exorcismos tem algumas saídas criativas. Gostei muito de uma sacada de quando o padre exorcista está no hospital. Por outro lado, algumas tramas ficam pelo meio do caminho e não são concluídas – que fim levou o garoto atacado no banheiro?

Teve outra coisa que me incomodou um pouco. A família é muito religiosa, e passou por alguns traumas com os filhos (um filho morreu, outro é cadeirante, a outra teve anorexia). Católicos, eles acreditam que Deus está os castigando por alguma coisa do seu passado. E por outro lado tem a personagem da psicóloga da escola, que traz o ponto de vista ateu. Na minha humilde opinião, essa dualidade entre a religião e a ciência podia ser melhor explorada, porque parte do filme ignora um dos lados e fica só com o outro.

Ah, achei escura a cópia exibida na sessão de imprensa. Não sei se foi alguma falha técnica ou se foi proposital.

Queria falar mal do nome do filme. Não só o nome brasileiro, mas também o nome original (que é o mesmo). O plot de exorcismo só acontece na segunda metade do filme. Mas, por causa do nome, o espectador entra no cinema já pensando em exorcismos. Fiquei pensando, não seria legal se a gente não soubesse de nada antes?

No elenco, heu não conhecia nenhum nome. Gostei da protagonista María Romanillos. Cristina Castaño, que faz a professora de religião, é um bom personagem, mas foi deixada de lado.

No fim, fica aquela sensação de que poderia ter sido melhor, mas pelo menos foi uma diversão honesta.

Oferenda ao Demônio

Oferenda Ao Demônio

Sinopse (FilmeB): O filho do dono de uma funerária volta para casa com sua esposa grávida. Mas, eles nem imaginam que um mal antigo com planos sinistros está os esperando.

E vamos para mais um filme genérico de terror…

Dirigido pelo pouco conhecido Oliver Park, Oferenda ao Demônio (The Offering, no original) traz um terror baseado em mitologia judaica. Tivemos algo parecido naquele Possessão de 2012, estrelado pelo Jeffrey Dean Morgan e pela Kyra Sedwick. A ideia era boa, mas aqui não souberam desenvolver direito. Em vez de desenvolver a mitologia, o roteiro se apoia nos clichês de sempre, e ainda traz algumas coisas que não fazem o menor sentido.

Vou dar um exemplo simples. Às vezes parece que não revisaram o roteiro antes de filmar. O filme começa com o cara voltando para a casa do pai, depois de sei lá quantos anos fora. O pai trabalha preparando cadáveres para funerais. Aí na cena seguinte o cara tá lá preparando um cadáver ao lado do pai. Deve ser normal você preparar um cadáver no meio de uma visita social, quem nunca?

Parte do filme lembra A Autópsia de Jane Doe, onde existe um cadáver sendo preparado, e tem algo “diferente” com esse cadáver. Mas Oferenda ao Demônio sai do necrotério para brincar de jump scares pela casa…

Pra piorar, Oferenda ao Demônio é cheio de jump scares, mas não tem nenhum bem construído – todos são previsíveis. Pior é que alguns podiam ter funcionado, tipo um vulto que surge na chapeleira quando visto através da câmera fotográfica. A criatura em cgi também é bem tosca. Saudade dos filmes de terror com efeitos práticos. Pelo menos a ambientação na casa velha é boa

Vou fazer um elogio, assim como fiz no texto sobre A Profecia do Mal. Tem uma cena onde a personagem olha no espelho e tudo está normal, aí quando se vira todos estão parados, “brincando de estátua”. Ok, não faz o menor sentido, mas o visual ficou legal.

No fim, fica a mesma sensação que tive uma semana atrás com A Profecia do Mal: mais um filme genérico ganhando espaço no circuito, enquanto outros melhores não têm previsão de lançamento. Ok, vi que Pearl tem previsão de lançamento esta semana, mas cadê filmes como X ou Speak no Evil?

A Profecia do Mal

Crítica – A Profecia do Mal

Sinopse (imdb): Um culto rouba o Sudário de Turim para propósitos perversos.

Ok, reconheço que um filme com esse nome e esse cartaz não prometia ter muita qualidade. Mas, admito que gosto do tema, então fui ao cinema conferir.

O problema de A Profecia do Mal (The Devil Conspiracy, no original) é que tudo é tão bagunçado que nem sei por onde começar. Ok, começo com um filme de terror onde não existe absolutamente nada assustador.

Mas acho que o pior é o roteiro, que traz duas tramas diferentes e aparentemente desconexas. Temos um cientista louco que quer clonar grandes gênios da humanidade (ele mostra uma criança clone do Vivaldi), e que quer o santo sudário para clonar Jesus Cristo. Paralelo a isso, temos um culto de adoradores de Lúcifer. Nada contra um filme abordar dois plots diferentes, mas, devo ter cochilado e não entendi onde eles se conectam. Por que diabos um grupo de adoradores de Lúcifer ia querer Jesus de volta?

Só sei que em determinado momento apareceu um “boitatá”, e desisti de tentar entender a lógica do filme. Aquela cena da gaiola pendurada com os caras em volta e a cobrinha passeando pelas mulheres não faz o menor sentido. Ok, entendo que a cobra de fogo simbolizava Lúcifer, mas, caramba, pra mim, cobra de fogo é um boitatá!

Se a gente pensar sobre o plot, o filme vai dar um bug e vai travar. Porque eles precisavam de uma mulher para gerar o bebê que seria possuído. Por que não pegar uma voluntária dentro do culto? Precisava sequestrar mulheres aleatórias? Pega uma voluntária que vai concordar com essa loucura toda. Mas, não, vamos sequestrar mulheres que não querem, só pra complicar.

(Isso porque não estou falando de querer trazer Lúcifer dentro de um clone de Jesus. Deixa quieto.)

O elenco caricato não ajuda. A protagonista Alice Orr-Ewing é a única aceitável entre os quatro principais nomes. O padre possuído pelo arcanjo Miguel é péssimo! E os dois líderes da seita / clonadores de dna seguem a mesma linha.

Talvez se o filme se assumisse um trash, aí, talvez, ficasse divertido. Porque nem isso o filme é. Tinha que ser mais escrachado e abraçar o absurdo com vontade. Mas manteve o ar sisudo, o que só piora.

Ok, vou fazer um elogio. Tem uma cena onde o personagem vai ser atacado, aí a câmera acompanha e dá uma cambalhota junto com os personagens. Um único take “inventivo”. Acho que tá bom de elogio.

Enfim, este é mais um exemplo de como as distribuidoras no Brasil não estão fazendo um bom trabalho. Enquanto X, Pearl ou Speak No Evil ainda não têm distribuição aqui, A Profecia do Mal estreia hoje no circuito.

M3gan

Crítica – M3gan

Sinopse (imdb): Uma engenheira de robótica de uma empresa de brinquedos constrói uma boneca realista que começa a ganhar vida própria.

Novo filme de terror, com produção de James Wan e Jason Blum, trazendo uma boneca assassina. Podia dar certo. Mas não deu…

Vamulá. A ideia de uma Inteligência Artificial que se torna algo do mal não é exatamente novidade, mas podia gerar um bom filme. O problema aqui é que tudo está muito bagunçado. O filme originalmente seria censura “R”, mas a produção mudou de ideia e cortou várias cenas violentas pra virar um filme “PG13”. Ou seja, é um filme de terror onde temos poucas mortes e zero gore. Desconfio que M3gan seria bem melhor com essas cenas…

Digo mais: o design da boneca é legal. Mas ela não é assustadora. Como podemos ter um filme de terror onde o vilão não assusta?

Com pouco terror, M3gan entra no drama. Parte do filme tenta desenvolver o problema de pais que não têm muito tempo para se dedicar aos seus filhos, mas não achei o assunto muito bem desenvolvido. E não sei se foi por causa disso, mas a parte “terror” demora pra começar. A primeira morte só acontece depois da metade do filme.

O nome do James Wan está nos cartazes, e tem gente achando que o filme é dele. Mais ou menos, ele produziu e é um dos roteiristas. Mas a direção é do pouco conhecido Gerard Johnstone, que fez o cult neozelandês Housebound em 2014.

Curioso o nome do James Wan estar no roteiro, porque este é bem fraco. Você precisa de uma grande suspensão de descrença pra relevar vários problemas, como por exemplo um grande (e caro) lançamento de uma grande empresa estar nas mãos de uma equipe tão pequena, e que pretendem lançar o produto sem testar antes. Isso fora  alguns outros probleminhas…

O roteiro é cheio de furos. Um me incomodou bastante, que é quando vemos que um personagem está roubando os planos da boneca. Só que isso não leva a nada! Pra que somos apresentados a um sub plot que não vai ser desenvolvido?

Algumas coisas ficaram bem ruins, como a “dancinha tik tok”. Ok, a gente sabe que aquela cena foi incluída pra viralizar, e deu certo, viralizou. Mas a cena não tem nada a ver com o resto do filme! Se o filme fosse assumidamente trash, essa dancinha seria sensacional. Mas ficou muito tosco.

No elenco, só dois papéis têm algum desenvolvimento: Allison Williams (Corra!) e a menina Violet McGraw. Todos os outros personagens são rasos. Já a boneca M3gan é interpretada por Amie Donald, mas ela usou uma máscara de boneca e foi substituída por cgi em parte do filme, não sei quais cenas tem a atriz e quais não tem. A voz da boneca é da Jenna Davis, o que, confesso, me criou uma confusão mental, porque me falaram o nome e pensei na Geena Davis, de Thelma e Louise e A Mosca.

M3gan pode até divertir o povo que vai ao multiplex aos domingos, mas termina com um gostinho de que podia ter sido bem melhor.