Areias Escaldantes

Crítica – Areias Escaldantes

Sinopse (wikipedia): Num futuro próximo (1990), no país fictício de Kali, um grupo de jovens terroristas executa roubos, sequestros e assassinatos sob as ordens de um misterioso chefão conhecido como “Entidade” e são perseguidos pela pomposa e ineficiente Polícia Especial.

Às vezes é melhor deixar as memórias lá no passado. Lembro que este Areias Escaldantes foi um filme marcante na minha vida, e nunca tinha revisto. Devia ter continuado sem rever…

Escrito e dirigido por Francisco de Paula, Areias Escaldantes parece um videoclipe. Imagens desconexas, atuações caricatas, tudo meio nonsense. Agora, o problema é que temos um videoclipe longa metragem. Cansa.

O roteiro é um lixo. Vou citar só dois exemplos pra mostrar como é um roteiro tosco. Um é que o filme deveria se passar na fictícia província de Kali. Mas tem um momento onde o personagem precisa ir até o Maracanã, num jogo Flamengo x Vasco! Se é pra termos um local fictício, qual é o sentido de usar um clássico no estádio mais famoso do Brasil? O outro exemplo é o Lobão, que tem um personagem policial, e que de repente aparece cantando e tocando guitarra. A gente entende ter um momento musical do Lobão (que era produtor musical do filme), mas não desse jeito à moda bangu!

Emendando os momentos musicais, a gente tem umas esquetes bem bobinhas. E como o elenco tem Luis Fernando Guimarães, Diogo Vilela e Regina Casé, impossível não lembrar de TV Pirata. Só que um TV Pirata bem mais bobo que o que a gente conhece. Também no elenco, Cristina Aché, Lobão, Jards Macaé, Guará Rodrigues, Eduardo Poly, Sérgio Bezerra e o Neville De Almeida fazendo um espião que é um dos papéis mais desperdiçados da história do cinema – ele aparece ao longo do filme como um cara misterioso, mas que não era ninguém importante no final, e ainda fala ao elenco e ao espectador que não está entendendo nada.

Pensando no personagem do Neville, a gente vê que o roteiro tinha potencial para ir longe. Existe uma tentativa de se criar um futuro distópico com uma espécie de polícia totalitária (apesar do filme se passar em 1990, apenas 5 anos no futuro). Mas essa tentativa falha miseravelmente. Areias Escaldantes é ruim como comédia, e é ainda pior como ficção científica. O filme se basta em uma trama sonolenta e sem graça de terroristas bonzinhos. Areias Escaldantes não serve nem pra criticar a ditadura militar que estava na reta final (no mesmo ano de 1985 o país teria o primeiro presidente não militar desde a década de 60).

Agora, a trilha sonora é fantástica. Músicas do Ultraje a Rigor, Titãs, Lobão, Gang 90, Ira!, Metrô, Capital Inicial e Lulu Santos. E ainda temos videoclipes inteiros, um dos Titãs e um do Lobão.

Também gostei de um detalhe aqui e outro ali, como uma corrida de táxi onde o carro se movimenta para frente e para trás ao mesmo tempo (não tem sentido, é um gag visual). Mas é pouco.

Vale pela nostalgia e pela trilha sonora. Mas parecia melhor na minha memória.

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