Demonic

Crítica – Demonic

Sinopse (imdb): Uma jovem acidentalmente libera terríveis demônios quando antigas forças demoníacas, relacionadas a uma desavença de décadas entre mãe e filha, são reveladas.

Neill Blomkamp chamou a atenção do mundo com Distrito 9, uma ficção científica sul-africana que tinha efeitos especiais impressionantes e abordava o racismo de uma maneira diferente do óbvio. Claro que chamou a atenção de Hollywood, e lá foi ele fazer Elysium, super produção com elenco estelar, com Matt Damin, Jodie Foster, Wagner Moura e Alice Braga. Pouco depois fez Chappie, um filme que heu acho bem legal, mas que não vendeu bem. E isso foi em 2015. Desde então, toda vez que lia o seu nome, ou era lançando um curta novo, ou em notícias sobre um possível novo Alien – que aparentemente foi cancelado.

E aí surge Demonic. Que é beeem abaixo de tudo o que Neill Blomkamp já fez.

Demonic tem muitos problemas. Nem sei por onde começar. Acho que podemos citar o “plot twist”, mais ou menos um terço do filme, quando “descobrimos” que é um filme de terror. Demonic começa como se fosse uma ficção científica, e apresentam o lado terror como se fosse uma surpresa. Mas, caramba, está no título do filme! Está no cartaz do filme! Você pode até evitar trailers e sinopses, mas não tem como evitar o nome do filme!

(Não tenho nada contra misturar ficção científica  com terror, já fiz um post sobre o tema)

Demonic segue errando. E o pior é que tinham ideias boas a serem exploradas – heu queria ver um exército do Vaticano! Mas em vez disso, a gente tem um demônio mal explorado, uma protagonista sem sal e um monte de ações sem lógica – tipo ela não compartilhar a lança quando vai entrar na realidade virtual. E tudo isso num filme chaaato…

Ah, precisamos falar dos efeitos especiais. Tanto os camarões de Distrito 9 quanto o robô de Chappie são efeitos acima da média. E aqui, o efeito da realidade virtual é bem bobinho.

Mas, na verdade, o mais triste é saber que é o Neill Blomkamp na direção e no roteiro. Se este fosse um filme feito por galera desconhecida, a gente aceitava. Um filme meia boca, de baixo orçamento, feito por um estreante, a gente pensaria “será que esse cara pode voar mais alto em uma produção melhor?” Mas aí a gente lembra do currículo do diretor /roteirista, e só resta pena.

Maligno

Crítica – Maligno

Sinopse (imdb): Madison fica paralisada por visões chocantes de assassinatos terríveis, e seu tormento piora quando ela descobre que esses sonhos acordados são, na verdade, realidades aterrorizantes.

Dentre as várias vertentes do terror, duas são mais populares hoje em dia. Uma é o terror cabeça, de títulos como Babadook, It Follows, A Bruxa, Hereditário e Midsommar. A outra é o que chamo de “trem fantasma de parque de diversões”, onde o principal objetivo é a diversão do espectador, mesmo que use fórmulas repetidas. E nesta vertente, James Wan é o cara.

Sou muito fã do James Wan. Gosto muito do primeiro Jogos Mortais, dos dois primeiros Sobrenatural e dos dois primeiros Invocação do Mal, todos dirigidos por ele. O problema é que Wan saiu do terror e foi ganhar dinheiro em blockbusters – ele dirigiu Velozes e Furiosos 7 (que é uma das dez maiores bilheterias da história do cinema) e Aquaman, um dos melhores filmes da DC (e, segundo o imdb, está no momento dirigindo o Aquaman 2). E todos os outros filmes do Waniverso (continuações, prequels e spin-offs) dirigidos por outras pessoas são mais fracos. Filmes divertidos, mas esquecíveis.
Claro que vê-lo de volta na cadeira de diretor de um filme de terror era algo aguardado. E, vou te falar, Wan não decepcionou!

Sobrenatural e Invocação do Mal são filmes diferentes, mas ambos usam conceitos parecidos, de casa mal assombrada. Aqui em Maligno (Malignant, no original), Wan muda um pouco o conceito. Tem algo de possessão, um pouco de investigação policial, e tem uma criatura / entidade / vilão que é um grande achado. Mais tarde volto a falar deste personagem.

Precisamos falar da câmera de Wan. O cara sabe filmar. Você pode até não curtir o estilo, mas é preciso reconhecer que Wan sabe muito bem posicionar sua câmera como poucos no cinema atual. Ângulos, movimentos de câmera, cada cena é bem cuidada – chega a ter uma cena filmada de cima, dentro da casa, por vários cômodos, como se fosse uma casa de bonecas. Ver um filme bem dirigido assim é uma delícia!

Os efeitos especiais são outro destaque. Adorei os efeitos para mudar o cenário nas visões da protagonista, o cenário se dissolve e se reconstrói, com a câmera rodando em volta da personagem. O visual disso ficou muito legal. Outro destaque está na criatura, vou falar mais na parte com spoilers.

A fotografia aproveita a câmera sempre bem posicionada e os efeitos especiais, e, junto com uma boa trilha sonora do habitual colaborador Joseph Bishara, dão a Maligno um resultado visual muito bom.

Aliado a tudo isso, Maligno traz um plot twist de explodir cabeças! Sério, quando acabou o filme, conversei com um amigo, que comentou a mesma coisa!

Quero falar dos efeitos especiais da criatura, mas, isso pode entrar no terreno de spoilers, então vou deixar um aviso. Mas, quem quiser seguir, só vou falar da parte técnica, nada sobre a trama.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

A criatura / entidade se movimenta de maneira diferente do normal. Logo de cara a gente pensa que é cgi, mas nem tudo nessa movimentação é digital. Quem está debaixo da maquiagem é a bailarina / contorcionista Marina Mazepa. O trabalho dela deu um upgrade no visual do filme!

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, o papel principal é de Annabelle Wallis, que está muito bem, e já esteve no Waniverse, é uma das principais atrizes em Annabelle. Fora ela, ninguém digno de nota no elenco principal. Agora, queria fazer 3 comentários sobre o elenco secundário. A personagem principal, quando adolescente, é interpretada por McKenna Grace, de A Maldição da Residência Hill, Eu, Tonya e Annabelle 3. A enfermeira (que acho que só aparece uma vez) é Patricia Velasquez, dos filmes A Múmia com o Brandon Fraser. Por fim, a loira que briga na cadeia é Zoë Bell, figurinha frequente nos filmes do Tarantino, como dublê ou como atriz.

O fim do filme traz espaço pra uma nova franquia, o que não surpreende ninguém. Tomara que o diretor seja o mesmo. Se trocar, a gente sabe que a qualidade deve cair.

Por fim, cuidado com os nomes. Teve um filme mal lançado aqui em 2019, que tem o mesmo nome em português, apesar de no original ter o nome The Prodigy. Cuidado!

A Lenda de Candyman

Crítica – A Lenda de Candyman

Sinopse (imdb): Uma “sequência espiritual” do filme de terror de 1992 “O Mistério de Candyman”, que retorna ao bairro de Chicago, agora gentrificado, onde a lenda começou.

Continuações / reboots dão retorno financeiro, e por isso fazem vários, e vão continuar fazendo mais. Pena que, quase sempre, são desnecessários, e com qualidade duvidosa – só nas últimas semanas falei da sequência de Invocação do Mal e do reboot de Jogos Mortais – ambos fracos. É difícil a gente lembrar de um reboot que realmente era necessário (pensei em Duna, que é um livro cultuado que teve uma adaptação muito questionada, e que este ano vai ter um reboot – será que vai ser bom?).

Mas aí, ok, Candyman tem quase 30 anos que foi lançado, então o reboot era até justificado. Pena que a qualidade ficou bem abaixo do desejado.

Pra começar, é um filme de terror que não dá medo. Ok, admito que acho a lenda meio boba – olhar pro espelho e falar o nome 5 vezes? E se falar outra coisa no meio, tá valendo? E se falar uma vez hoje, e na semana que vem falar outras 4? Enfim, independente da lenda ser boa ou não, o filme pode fazer um bom trabalho na hora da tensão. Mas aqui, nada. Nenhum susto, algum gore por causa das mortes, mas nada muito gráfico. E, pra piorar, o filme é arrastado – uma hora e meia, que não terminavam nunca.

O Candyman original, de 1992, baseado no conto “The Forbidden” do escritor Clive Barker, e dirigido por Bernard Rose (que não fez nenhum outro filme digno de nota), trazia uma abordagem de crítica social. Este novo, com Jordan Peele como um dos roteiristas, claro que também ia abordar questões sociais e raciais. Mas, se em Corra, Peele fez um bom filme de terror e uma boa crítica social, aqui em A Lenda de Candyman há falhas em ambos os aspectos. O filme é sonolento, e na parte de crítica social, o discurso aqui pedia um pouco mais de sutileza. Do jeito que foi apresentado, ficou forçado.

Tem uma outra coisa que me incomodou, espero que não seja spoiler, mas… O protagonista começa a virar o Candyman. Não me lembro de detalhes do filme dos anos 90 (lembro menos ainda das continuações), mas Candyman era uma entidade, não tinha ninguém virando Candyman. Isso me lembrou A Hora do Pesadelo 2, onde o personagem começa a virar o Freddy. E lembrar de Hora do Pesadelo 2 nunca é um bom sinal.

Nem tudo é ruim. Gostei do uso de teatro de sombras pra contar os flashbacks, um efeito simples e eficiente. O ator principal, Yahya Abdul MAteen II (Aquaman, Watchmen), está bem no papel, e digo o mesmo pra Teyonah Parris (a Monica Rambeau de Wandaviasion). Outro detalhe digno de nota: o filme é cheio de espelhos, e sei isso dificulta bastante as filmagens. Pelo menos na parte técnica, a diretora Nia daCosta (que está filmando um dos próximos filmes do MCU) fez um bom trabalho.

Mas o resultado final é fraco. Pena.

Till Death

Crítica – Till Death

Sinopse (imdb): Uma mulher é deixada algemada ao marido morto como parte de uma trama de vingança doentia. Incapaz de se soltar, ela tem que sobreviver quando dois assassinos chegam para acabar com ela.

A princípio a gente lembra de Jogo Perigoso, do Mike Flannagan, onde a Carla Gugino fica algemada a uma cama e não tem como pedir ajuda. Mas a semelhança para por aí.
Till Death pode ser classificado como terror, mas não tem nada de sobrenatural, fantasmas ou monstros. O terror aqui é da vida real, é um jogo de sobrevivência – como a personagem vai conseguir escapar? Existe um plano de vingança por trás de tudo, o que torna o filme uma sequência de situações onde a protagonista precisa se virar pra sobreviver.

O roteiro é bem pensado. Quando vi o trailer, pensei “ué, por que ela não…” e parece que o roteirista já sabia que iam fazer perguntas assim, então tratou de amarrar essas possíveis pontas soltas mais na cara do espectador (mas teve um detalhe relativo a um pneu de carro que me pareceu uma falha de roteiro, felizmente nada grave).

O único nome do elenco a ser citado é Megan Fox, que é mais conhecida pela sua beleza do que pelo seu talento na atuação (tudo bem que ela escolhe alguns filmes que não precisam de muita atuação, como Transformers e Tartarugas Ninja). Mas ela não está mal aqui.

Tem uma coisa que me incomodou um pouco, que foi a maquiagem da Megan Fox. Ok, entendo que o diretor quis mostrar toda a beleza da sua protagonista, mas, caramba, ela está passando por maus bocados, e continua com a maquiagem linda linda linda. Entendo que não precisava chegar a uma Frances McDormand, mas podia ter segurado um pouco a maquiagem.

Não gostei do fim do filme, acho que ficou um pouco forçado demais, mas nada grave, nada que atrapalhe o bom resultado final. Com pouco menos de uma hora e meia, Till Death não é um grande filme, mas é uma diversão honesta de baixo orçamento.

Top 5 Filmes de Frankenstein

Top 5 Filmes de Frankenstein

Bora voltar às listas de top 10?

Qual seria um bom tema? Peguei algumas sugestões com amigos do grupo Clube do Terror, pra fazer uma lista de melhores filmes de Frankenstein. Existem centenas de filmes de vampiro – não existem centenas de bons filmes de vampiro, mas tem tanto filme que é bem fácil de encontrar opções pra um top 10. Lobisomem não tem tantos filmes, cheguei a fazer um top 10 de filmes de lobisomem aqui. Ok precisei pegar uns títulos meia boca pra fechar a lista, mas consegui. Agora, Frankenstein? Não sei se consigo 10. Tem vários filmes B de Frankenstein que pouca gente conhece, ia ser uma lista muito underground. Então vamos de top 5 desta vez.

Lembrando que esta é uma lista de acordo com a minha opinião. Se você não concorda, pode comentar aí embaixo a sua opinião, só peço pra mantermos a cordialidade.

Vamos à lista?

5- Frankenstein, o Monstro das Trevas (1990)

Último filme dirigido por Roger Corman (que teve uma carreira gigantesca como produtor de filmes de baixo orçamento), este Frankenstein Unbound (no original) tem um roteiro meio confuso que traz até elementos de ficção científica, e não foi muito bem recebido pela crítica e pelo público. O bom elenco conta com Raul Julia, Bridget Fonda, John Hurt, Jason Patric e Michael Hutchence.

4- Frankenstein de Mary Shelley (1994)

Depois do sucesso de Dracula de Bram Stoker, Francis Ford Coppola planejou fazer outro filme baseado em um clássico do terror, mas acabou ficando só na produção e deixando a direção para Kenneth Brannagh, que também estrelou o filme, ao lado de Robert De Niro, Helena Bonham Carter, Tom Hulce, Aidan Quinn, Ian Holm e John Cleese. A recepção de público e crítica não foi muito boa na época do lançamento, mas é uma das mais fieis adaptações da história original.

3- Frankenweenie (2012)

Antes de se tornar um diretor consagrado, Tim Burton tinha feito, em 1984, um curta em stop motion com uma versão para a história de Frankenstein onde um garoto trazia seu cachorro de volta à vida. Quase 30 anos depois, ele resolveu transformar seu velho curta em um longa. Também em stop motion, Frankenweenie traz inúmeras referências a filmes clássicos de terror e algum humor negro – coerente com a filmografia do diretor.

2- Frankenstein (1931)

O grande clássico, considerado por muitos como a obra cinematográfica definitiva sobre Frankenstein. Dirigido por James Whale e estrelado por Boris Karloff, Frankenstein foi um grande sucesso comercial e, junto com o Dracula do Bela Lugosi, lançado no mesmo ano de 1931, mostrou que o terror merecia um espaço de maior destaque no cinema. Em 1935, Whale e Karloff fizeram a continuação A Noiva de Frankenstein.

1- Jovem Frankenstein (1974)

Na minha humilde opinião, o melhor filme de Mel Brooks, que resolve trazer uma nova versão da história, com o neto do Frankenstein. Com um elenco afiadíssimo (Gene Wilder, Marty Feldman, Madeline Kahn, Peter Boyle, Cloris Leachman, Teri Garr), O Jovem Frankenstein tem vários momentos que viraram ícones na história do cinema, além de várias piadas muito engraçadas até hoje!

Rua do Medo 1666 – Parte 3

Crítica – Rua do Medo 1666 – Parte 3

Sinopse (imdb): As origens da maldição de Sarah Fier são finalmente reveladas conforme a história se completa em uma noite que muda a vida dos Shadysiders para sempre.

Por ser a conclusão da trilogia, Rua do Medo 1666 parte 3 é um pouco diferente dos dois anteriores. Como a história precisa de um fim, o terceiro filme é dividido. Na primeira metade temos a história que se passa em 1666, e na segunda metade voltamos a 1994 pra encerrar a trama.

Na minha humilde opinião, isso trouxe um problema. Porque achei a primeira metade do filme muito corrida, enquanto a segunda metade foi besta. Acho que seria melhor dedicar mais tempo em 1666, e só os últimos minutos em 1994.

A ambientação de 1666 é ótima. O visual lembra A Bruxa, mas o clima é mais leve, com cara de seriado teen – usaram os mesmos atores das duas primeiras partes, agora vivendo outros personagens, claro. Aliás, achei bem legal essa ideia de reaproveitar o elenco em outros papeis. Primeiro porque a gente já conhece aqueles rostos, então, fica mais fácil do espectador se afeiçoar aos personagens; segundo porque isso pode trazer uma ideia de que estes são antepassados daqueles que vemos depois (mesmo que para isso a gente precise de uma licença poética relativa a etnia de alguns personagens, que, historicamente, não sei se estariam lá). Alguns dos personagens têm pouco espaço nesta parte do filme, provavelmente mais uma consequência de ter uma história contada em menos tempo. Mas mesmo corrida, gostei de como a história foi apresentada.

Já a segunda metade do filme é mais fraca. Tudo meio lugar comum, muita correria, armadilhas a la Esqueceram de Mim – e algumas delas sem nenhuma lógica. E finalmente a conclusão da história.

Achei o encerramento um pouco mais do mesmo. Mas, na verdade, acho que, empolgado pelo segundo filme, criei uma expectativa para o encerramento. O encerramento não é algo genial e fora da caixinha, mas os outros filmes também não foram. O terceiro filme é apenas no nível de toda a trilogia: um bom slasher, nada de revolucionário, mas que vai agradar aos fãs. Problema do meu head canon.

(Mas afirmo que, assim como Guerra nas Estrelas e Mad Max, o segundo filme é o melhor da trilogia.)

Achei que iam explorar as outras criaturas que acompanham a “turminha do barulho da Sarah Fier”, mas o filme só mostrou flashes do passado de cada um. Provavelmente vão abordá-los num novo filme ou quem sabe num seriado. Aparentemente o formato funcionou, não acharei estranho ver de volta esse universo Rua do Medo.

Por fim, queria falar que gostei deste novo formato, de um filme com formato de seriado, lançado com intervalo pequeno por um streaming. Não foi a melhor produção da história da Netflix, mas me diverti acompanhando. Aguardarei novas produções semelhantes.

Céu Vermelho-Sangue

Crítica – Céu Vermelho-Sangue

Sinopse (imdb): Uma mulher com uma doença misteriosa é forçada a entrar em ação quando um grupo de terroristas tenta sequestrar um vôo transatlântico noturno.

A divulgação fala que é filme de vampiro. Isso está no trailer e até no poster. Mas fiquei imaginando se seria melhor se a gente não soubesse. Me lembrei de Um Drink no Inferno. Hoje todo mundo sabe que é um filme de vampiro, teve continuações e até uma série. Mas, na época do lançamento, 1996, nada na divulgação mencionava ser um filme de vampiros. A gente ia ao cinema ver um filme com Quentin Tarantino, George Clooney e Harvey Keitel, onde criminosos precisavam atravessar a fronteira para fugir da polícia. Vi uma entrevista com o Tarantino (roteirista) e com o Robert Rodriguez (diretor) onde eles explicavam que sempre o espectador já sabia que era um filme de terror, a surpresa era só para os personagens. Então, por que não fazer um filme onde o espectador também é pego de surpresa? Bem, nem sei se isso seria possível hoje em dia, com a internet mostrando tudo em detalhes pra todo mundo.

Dirigido por Peter Thorwarth, Céu Vermelho-Sangue (Blood Red Sky, no original) funciona bem na mistura entre thriller de sequestro de avião e terror com vampiros. Talvez seja um pouco longo demais, pouco mais de duas horas – o filme se perde em alguns flashbacks que explicam demais o que não precisava de explicação. Mas, nada grave. O ritmo do filme é bom, segura a atenção do espectador.

Ah, algumas cenas de vampiros atacando são muito boas. A maquiagem e os efeitos especiais são muito bem feitos, os vampiros são assustadores quando atacam.

No elenco, destaque pra Peri Baumeister, que consegue expressar bem todo o drama de ser um “monstro” e mesmo assim querer cuidar do filho. Boa parte do filme ela está sob uma pesada maquiagem, e mesmo assim sua atuação continua convincente. Li algumas críticas sobre o vilão Eightball, interpretado por Alexander Scheer, mas heu gostei do personagem exagerado e caricato. Não gostei muito do garoto Carl Anton Koch, que faz o filho, mas é um problema comum com atores mirins. Curiosidade sobre o elenco: Dominic Purcell, de Prison Break, tem um papel secundário – curioso, é um nome famoso, podia ter um papel mais importante.

Não gostei de alguns detalhes do fim do filme. Nada que estrague o resto do filme, mas preciso mencionar. Como são spoilers, vamos ao aviso:

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

No fim do filme, o Farid é o único sobrevivente, e estão achando que ele é um terrorista. E ele não fala em nenhum momento que o avião está cheio de vampiros! Ok, a princípio não vão acreditar nele, mas, não seria melhor tentar explicar isso do que ficar gritando que não era terrorista?
E, pouco depois, ele chama o menino. E o chefe da polícia diz pra soltarem ele. Como assim??? Ele não seria solto! Naquele momento, ele ainda era suspeito de terrorismo, e ainda mais, suspeito de ter matado todos os policiais que estavam no avião!
Pra piorar, ele estava algemado. Devem ter esquecido que cortaram a mão do personagem…

FIM DOS SPOILERS!

Céu Vermelho-Sangue é um filme alemão, mas, na Netflix, quando você seleciona a opção “idioma original em alemão”, o som é dublado em inglês. Só no fim do filme que descobri que tinha que ter escolhido “dublado em alemão” pra ter o som original…

Céu Vermelho-Sangue não é um filme obrigatório, mas vai agradar quem curte o estilo.

Um Clássico Filme de Terror

Crítica – Um Clássico Filme de Terror

Sinopse (imdb): Cinco carpoolers viajam em um motorhome para chegar a um destino comum. A noite cai e, para evitar a carcaça de um animal morto, eles se chocam contra uma árvore. Quando eles voltam a si, eles se encontram no meio do nada. A estrada pela qual viajavam desapareceu e há apenas uma floresta densa e impenetrável e uma casa de madeira no meio de uma clareira, que descobrem ser o lar de um culto de arrepiar a espinha.

Dirigido pela dupla Roberto de Feo e Pablo Strippoli, Um Clássico Filme de Terror (A Classic Horror Story, no original) parece uma mistura de um monte de filmes de terror. Tem Midsommar, Louca Obsessão, Pânico na Floresta, O Albergue, O Homem de Palha, Evil Dead… As referências parecem um pouco exageradas, mas depois a gente descobre por que.

Gostei da fotografia do filme, que usa bem as cores e os cenários na floresta e na cabana. Também gostei da trilha sonora, algumas cenas ganham uma tensão maior com aquelas frases de violino.

Agora, o roteiro tem suas escorregadas. Ok, a gente sabe que terá clichês, afinal o próprio nome avisa que é uma “clássica história de terror”, então a gente sabe que vai seguir mais ou menos um certo formato. Mas mesmo a gente sabendo que alguns personagens estão lá só para morrer, os mesmos precisam de algum desenvolvimento. Porque, com zero desenvolvimento, a gente não se importa com eles. Ah, vai morrer? Pode morrer, ué.

(Isso sem falar de um “plot twist” que é telegrafado ainda na parte inicial do filme)

No elenco, só conhecia um nome, Matilda Lutz, que fez O Chamado 3 e Vingança. Também no elenco, Francesco Russo, Peppino Mazzotta, Yuliia Sobol, Will Merrick e Alida Baldari Calabria.

No geral, gostei bastante do resultado, mesmo com algumas escorregadas aqui e ali.

Rua do Medo 1978 – Parte 2

Crítica – Rua do Medo 1978 – Parte 2

E vamos para o segundo filme da trilogia!

Sinopse (imdb): Shadyside, 1978. As aulas acabaram e as atividades de verão no Campo Nightwing estão prestes a começar. Mas quando outro Shadysider é possuído pelo desejo de matar, a diversão ao sol se torna uma luta horrível pela sobrevivência

Falei do primeiro filme alguns dias atrás. É um projeto diferente, uma série de 3 filmes, não me lembro de nenhuma trilogia sendo produzida e lançada assim ao mesmo tempo.
Normalmente quando temos uma continuação de um filme, isso acontece um tempo depois do lançamento, depois de análises da crítica e do público. O novo filme é adaptado pensando nesses fatores. Me lembro de dois casos onde a produção do segundo e do terceiro filme foi ao mesmo tempo – De Volta Para o Futuro e Matrix – mas o único caso que me lembro de uma trilogia feita de uma vez foi O Senhor dos Anéis, e que mesmo assim teve reajustes entre os lançamentos, um a cada ano.

No caso de Rua do Medo, como os três filmes são um único projeto, o segundo filme serviu pra complementar o primeiro. Dentro de um contexto mais desenvolvido, o primeiro filme até ficou melhor. Me lembrei daquele meme do Leonardo DiCaprio: antes você tinha a minha curiosidade, agora você tem a minha atenção!

Vamos ao filme. Se o primeiro – que era ambientado em 1994 – tinha toques de slashers dos anos 90, como Pânico, agora a trama se passa em 1978, e o filme tem um jeitão de Sexta Feira 13, além de uma citação clara a Carrie A Estranha.

Desta vez temos mais mortes, e consequentemente mais sangue – o que é bom, já que estamos falando de um filme de terror. E, mais uma vez, a trilha sonora dos anos 70 é ótima, com The Runaways, Kansas, Foghat e Captain & Tenille, entre outras.

No elenco, as duas principais são Sadie Sink (que também estava em Stranger Things) e Emily Rudd (que não é parente do Paul Rudd). As duas são ótimas, boas atrizes, boas personagens, mostrando duas irmãs que não pensam e agem da mesma forma.

Assim como aconteceu com o primeiro filme, este segundo Rua do Medo não é um “novo clássico obrigatório”. É apenas mais um slasher. Mas, bem feito e bem divertido. Quem curte o estilo vai curtir o filme.

O segundo filme termina com um gancho e um trailer para o terceiro filme, que vai se passar 300 anos antes – a história se passa em 1666! Tenho muitas dúvidas sobre como certas coisas vão ser resolvidas, mas vou dar um voto de confiança para a diretora Leigh Janiak e não vou comentar nada antes de ver o filme.

Em breve comento o terceiro filme. Aguardem!

Rua do Medo 1994 – Parte 1

Crítica – Rua do Medo 1994 – Parte 1

Sinopse (imdb): Um grupo de amigos adolescentes acidentalmente encontra o antigo mal responsável por uma série de assassinatos brutais que assolam sua cidade há mais de 300 anos. Bem-vindo a Shadyside.

A proposta aqui era diferente. Em vez de um novo seriado, é uma série de filmes. Uma trilogia, três filmes, lançados com intervalo de uma semana cada. Ok, a gente tem zilhões de trilogias no cinema, mas não me lembro de nenhuma lançada com intervalo de apenas uma semana entre cada filme. Isso é muito bom, principalmente pra aqueles que, assim como heu, se esquecem de detalhes dos filmes vistos há muito tempo…

Rua do Medo (Fear Street, no original) é baseado em uma série de livros escritos por R L Stine, o mesmo de Goosebumps. Mas se aquele é direcionado ao público infanto juvenil, Rua do Medo pega mais pesado, rolam algumas mortes com algum gore e até rola algum sexo. Nada muito expositivo, mas não é para o mesmo público alvo de Goosebumps.

A diretora Leigh Janiak admite a influência dos slashers dos anos 90, inclusive a cena inicial é muito Pânico. E Rua do Medo segue esse formato, um grupo de jovens tentando escapar de um assassino. Nada de inovador, mas pelo menos são bons personagens. Ah, e assim como aconteceu em Cruella, a trilha sonora de anos 90 é ótima, tem Nine Inch Nails, Soundgarden, Garbage, Radiohead, Prodigy… me senti nos meus tempos de frequentador de Basement e Doctor Smith. Detalhe: tem um monte de músicas conhecidas, mas também tem trilha orquestrada do Marco Beltrami, para os momentos tensos.

Rua do Medo não tem grandes nomes no elenco. Acho que só conhecia Maya Hawke, de Stranger Things (e filha de Uma Thurman e Ethan Hawke), que está em um papel pequeno. Mas este é daquele tipo de filme que não tem espaço para grandes atuações. O elenco conta com Kiana Madeira, Olivia Scott Welch, Benjamin Flores Jr, Julia Rehwald e Fred Hechinger. Ninguém se destaca, nem positiva, nem negativamente.

Se Rua do Medo fosse apenas um filme “solo”, dificilmente ia chamar a atenção. Visto sozinho, é apenas mais um slasher meia boca, a gente já viu isso várias outras vezes. Mas, fazendo parte de um projeto, a coisa muda de figura. No fim do filme, um personagem começa a contar uma história, e temos um gancho para o segundo filme (que curiosamente se passa antes do primeiro).

Ainda não vi o terceiro, mas já vi o segundo. Em breve comento aqui!