Stage Fright

stagefrightCrítica – Stage Fright

Sinopse (imdb): Um acampamento esnobe de teatro musical é aterrorizado por um assassino sedento de sangue que odeia teatro musical.

Não me lembro de onde veio a indicação, mas lembro de alguém falando de um musical de terror. Demorei, mas achei o filme!

Escrito e dirigido por Jerome Sable (também autor das músicas), Stage Fright (acho que não tem título em português) já diz ao que veio logo de cara, quando aparece o texto “O filme foi baseado em eventos reais. Enquanto os nomes foram trocados em respeito às vítimas e suas famílias, os números musicais serão executados exatamente como aconteceram“.

Claro que não é pra levar a sério. O filme é previsível e cheio de clichês. E, mesmo assim, muito divertido!

Na parte do terror, o clima é de um slasher dos anos 80 – um vilão mascarado caricato matando um de cada vez, com algum gore (sem exageros). Além disso, o fã de filmes de terror vai encontrar várias referências a clássicos, como Sexta Feira 13 (o acampamento), Halloween (a faca), Hellraiser (a cabeça com pregos) e Carrie (o balde). O diferencial está nas músicas. Stage Fright é um musical clássico, daqueles onde o personagem para de falar e começa a cantar. E algumas músicas são muito boas!

O problema de Stage Fright é que existe um preconceito com filmes de terror, e um preconceito ainda maior com musicais. O espectador aqui precisa curtir ambos os estilos.

Agora, quem entrar no espírito vai se divertir!

Hereditário

HereditarioCrítica – Hereditário

Sinopse (imdb): Depois que a matriarca da família morre, uma família em luto é assombrada por acontecimentos trágicos e perturbadores, e começa a desvendar segredos obscuros.

Alguém aí gosta de terror sério?

Mais uma vez, a produtora A24 (A Bruxa, Ao Cair da Noite) nos traz um filme de “pós terror”: Hereditário (Hereditary, no original).

(Não gosto muito de rótulos, mas estou pensando em adotar este “pós terror”, que acho que surgiu com It Follows e Babadook. Serve para diferenciar o estilo do terror, são filmes lentos, sérios e sem jump scares – bem diferente do “terror montanha russa” do James Wan – que, diga-se de passagem, também sou fã).

Escrito e dirigido pelo estreante em longas Ari Aster, Hereditário vai por este caminho. Um filme lento e desconfortável, que deixa o espectador angustiado quando acaba a sessão.

Algumas cenas são simplesmente geniais. A cena do acidente é primorosa, capaz de embrulhar o estômago do espectador sem mostrar quase nada. E Aster sabe muito bem explorar as maquetes e miniaturas que a personagem de Toni Collette faz.

Parágrafo à parte para falar da Toni Collette. Que interpretação! Arrisco a dizer que ela ganhará uma indicação ao Oscar por este papel, tem até um “clipe de Oscar” pronto na cena do jantar – lembrando que Kathy Bates levou o Oscar por um filme de terror, Louca Obsessão. Alex Wolff (que estava no novo Jumanji) também está muito bem – a cena do acidente tem um longo close em seu rosto. Também no elenco, Gabriel Byrne e Milly Shapiro.

Assim como aconteceu com A Bruxa dois anos atrás, vai ter gente insatisfeita, reclamando ao fim da sessão. Mas, para quem souber apreciar, temos aqui um dos melhores filmes do ano.

Selfie Para o Inferno

Selfie Para o InfernoCrítica – Selfie Para o Inferno

Sinopse (imdb): Depois que sua prima vem visitar e adoece, uma mulher começa a receber mensagens estranhas de celular.

Mama e Lights Out foram dois curtas de terror que viraram longas depois de viralizarem pela internet. Como os resultados foram bons, por que não repetir a ideia com outro curta?

Nem sempre vai funcionar…

Mama e Lights Out tinham dois caras talentosos por trás, respectivamente, Andy Muschietti e David F. Sandberg – depois de fazerem versões em longa metragem dos seus curtas, Muschietti ano passado dirigiu It e Sandberg, Annabelle 2. Ambos souberam fazer a transição entre o curta de baixíssimo orçamento e o longa comercial.

(Fede Alvarez, que dirigiu o novo Evil Dead e O Homem nas Trevas, também veio da internet, mas não fez uma versão longa metragem do seu curta viralizado Ataque de Pánico.)

Erdal Ceylan é o culpado aqui. Seu curta  Selfie From Hell é até divertido. Mas ele errou feio na adaptação para longa. E, vendo os créditos, nem dá pra livrar a cara dele: ele está creditado como diretor, roteirista, produtor e ainda trabalhou nos efeitos especiais.

Selfie Para o Inferno parece um filme amador, no mau sentido. Parece que um grupo de amigos sem nenhum talento para cinema resolveu comprar uma câmera para brincar de filmar – sem nenhum compromisso.

Os atores (desconhecidos) são todos muito ruins. O filme é curtinho (73 minutos), mas se arrasta. Mas acho que o pior de tudo é o roteiro. Como não dá pra esticar dois minutos em mais de uma hora, o roteiro alterna momentos de tédio com elementos que não têm nenhuma lógica (tipo o vilão apresentado na parte final).

Acho que foram os 73 minutos mais longos do ano até agora… Evitem!

 

Os Estranhos: Caçada Noturna

Os Estranhos 2Crítica – Os Estranhos: Caçada Noturna

Sinopse (imdb): Uma família de quatro pessoas que se hospeda em um parque residencial isolado à noite é perseguida e depois caçada por três psicopatas mascarados.

Antes de tudo, preciso confessar que não gostei do conceito apresentado no primeiro Os Estranhos, de dez anos atrás. Claro que a empolgação para uma continuação era zero.

Dirigido por Johannes Roberts (Medo Profundo), Os Estranhos: Caçada Noturna (The Strangers: Prey at Night, no original) segue a mesma ideia: pessoas normais atacadas por assassinos mascarados. Só isso. Pra mim é pouco.

O que me incomoda é justamente este conceito básico: pessoas que matam a esmo. Não existe um background desses caras. Determinado momento do filme, perguntam a uma das assassinas por que ela faz isso, a resposta é “por que não?” Sei lá, não consigo comprar a ideia de gente que mata assim, sem um objetivo. Esse filme podia ser passar no universo da série Purge

No elenco, Christina Hendricks, Martin Henderson, Bailee Madison e Lewis Pullman. Nenhum destaque positivo, nenhum destaque negativo.

Se tem uma coisa boa pra se falar, algumas cenas têm o visual bacana, tipo a cena na piscina. Mas isso não apaga o fato do roteiro ser muito forçado – um carro que explode e pega fogo não vai ter sobrevivente, né? Isso dentre várias outras inconsistências.

Por fim, existe um gancho completamente sem sentido na última cena. Ou seja, nem o final salva.

Vingança

VingançaCrítica – Vingança

Sinopse (imdb): Nunca leve sua amante para uma escapada anual entre amigos, especialmente uma dedicada à caça – uma lição violenta para três homens ricos e casados.

Vamos de filme francês ultra violento?

A trama de Vingança (Revenge, no original) é batida: mulher estuprada sai atrás de vingança. A gente já viu isso várias vezes. Mesmo assim, a roteirista e diretora Coralie Fargeat conseguiu um bom resultado com seu longa metragem de estreia.

Ok, reconheço que o roteiro tem algumas coisas bem forçadas – ela dificilmente sobreviveria àquela queda, e o lance de queimar a árvore não me convenceu. Mas se a gente se desligar desses “detalhes”, temos um filme muito bem conduzido. O filme é tenso, e as cenas de gore são muito boas.

Parágrafo à parte para falar do gore. A cena da caverna é bem forte, e a cena do caco de vidro no pé vai fazer o espectador se contorcer na poltrona. E a cena final tem tanto sangue que, segundo o imdb, faltou sangue artifical na produção. E digo mais: não é só o gore propriamente dito, algumas cenas são filmadas de modo a causar desconforto – como uma cena onde um personagem mastiga uma simples barra de chocolate.

Vingança foi escrito e dirigido por uma mulher, e mesmo assim explora bastante o corpo da protagonista Matilda Lutz – tem pouca nudez dela, mas ela passa quase todo o filme com pouca roupa. Pra compensar, o principal Kevin Janssens aparece completamente nu durante a longa cena final, que começa com um impressionante plano sequência e termina com muito, muito sangue. Ainda no pequeno elenco, Vincent Colombe e Guillaume Bouchède.

(É curioso ver um filme assim nos dias de hoje, quando muito tem se falado sobre assédio e objetificação do corpo feminino. Acho que se fosse um diretor homem, Vingança seria muito criticado.)

Boa opção que deve entrar em circuito dia 31.

O Segredo de Marrowbone

MarrowboneCrítica – O Segredo de Marrowbone

Sinopse (imdb): Um jovem e seus três irmãos mais novos, que mantiveram em segredo a morte de sua amada mãe para permanecerem juntos, são atormentados por uma presença sinistra na enorme mansão em que vivem.

Terror espanhol é sempre bem-vindo aqui no heuvi!

O Segredo de Marrowbone (El secreto de Marrowbone, em espanhol; Marrowbone, em inglês) é a estreia na direção de Sergio G. Sánchez, roteirista de O Orfanato e O Impossível, ambos dirigidos por J.A. Bayona. Se por um lado pode ter gente reclamando da semelhança entre Marrowbone e O Orfanato, por outro lado Sánchez demonstra boa mão para construir cenas de tensão. E quem me conhece sabe que aceito ideias repetidas, desde que bem filmadas. Ou seja: gostei do filme!

O Segredo de Marrowbone mantém um bom clima tenso ao longo do filme. A história é cheia de mistérios revelados aos poucos. E vou falar que o plot twist me pegou desprevenido!

Outra coisa bem legal aqui é o elenco. Temos quatro novos nomes hollywoodianos conduzindo o filme: Anya Taylor-Joy (A Bruxa, Fragmentado), Mia Goth (A Cura, Ninfomaníaca), George MacKay (Capitão Fantástico) e Charlie Heaton (Stranger Things). Além deles, O Segredo de Marrowbone conta com Matthew Stagg, Nicola Harrison e Kyle Soller Kyle Soller. Sim, a produção é espanhola. mas o filme é falado em inglês.

O Segredo de Marrowbone não é um filme essencial, mas está bem acima da média.

Um Lugar Silencioso

um-lugar-silenciosoCrítica – Um Lugar Silencioso

Sinopse (imdb) – Uma família é forçada a viver em silêncio enquanto se esconde de criaturas que caçam pelo som.

Quando acabou a sessão de imprensa de Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, no original), fiquei dividido. Por um lado, é um filme tenso e muito eficiente nessa proposta. Por outro lado, o roteiro tem falhas que dão raiva.

Vamos às qualidades. Um Lugar Silencioso sabe muito bem trabalhar a tensão. Poucas vezes lembro de um filme tão tenso nos últimos anos. O diretor John Krasinski (também ator principal) soube usar todo o silêncio proposto pela trama básica do filme para aumentar os momentos de nervosismo.

Com poucos diálogos, Um Lugar Silencioso explora mais os elementos visuais. Toda a ambientação deste mundo pós apocalíptico ficou muito boa. A boa trilha sonora de Marco Beltrami também ajuda. O pequeno elenco, liderado por uma inspirada Emily Blunt, também está bem. E as criaturas aparecem pouco, seguindo uma linha Alien de “menos é mais”.

O que enfraquece é o roteiro, que abusa de soluções preguiçosas. Sem entrar em spoilers, passei o filme inteiro me perguntando por que não fazer um quarto com isolamento acústico, em vez de ficar em silêncio dentro de casa. E, na boa, nenhum prego fica daquele jeito!

Mas, apesar do roteiro, gostei do resultado final. As qualidades superam os defeitos. Quem gosta de se arrepiar na cadeira do cinema vai curtir.

Medo Profundo

Medo-ProfundoCrítica – Medo Profundo

Sinopse (imdb): Duas irmãs em férias no México estão presas em uma gaiola de tubarão no fundo do oceano. Com menos de uma hora de oxigênio sobrando e grandes tubarões brancos circulando por perto, eles precisam lutar para sobreviver.

Ano passado tivemos Água Rasa, um bom filme de tubarão. Deve ter tido um bom resultado nas bilheterias, afinal resolveram lançar Medo Profundo (47 Meters Down, no original) no circuito – um filme que já estava disponível para download já há um tempo.

Escrito e dirigido pelo pouco conhecido Johannes Roberts, Medo Profundo ganha pontos por ser curto e direto. A história é basicamente o drama das irmãs na gaiola – o medo dos tubarões, a falta de oxigênio, o problema de comunicação com o barco… Não tem nada de inovador, mas pelo menos temos uma tensão claustrofóbica constante ao longo do filme.

No elenco, Mandy Moore e Claire Holt seguram a onda como as irmãs. E Mathew Modine aparece como o dono do barco – achei que Stranger Things tinha valorizado o cachê dele, parece que não.

O fim do filme não é ruim, mas se fosse heu, acabava um minuto antes. Mais não falo por causa dos spoilers…

Enfim, nada de novo, mas vai agradar os menos exigentes.

p.s.: No imdb, existe a página da continuação, 48 Meters Down, ainda em produção. E esta escrito assim “The official sequel to 47 Meters Down, the smash Summer hit of 2017“. Smash summer hit? Seriously?

A Maldição da Casa Winchester

maldição da casa winchesterCrítica – A Maldição da Casa Winchester

Sinopse (imdb): Instalada em sua extensa mansão na Califórnia, a excêntrica herdeira Sarah Winchester acredita ser assombrada pelas almas das pessoas mortas pelo rifle de repetição Winchester.

Será um filme com os irmãos Sam e Dean Winchester, de Supernatural? Ah, não, é outra família Winchester. Em A Maldição da Casa Winchester (Winchester, no original), a família Winchester é a dos fabricantes de armas. Nada a ver com a série…

Filme novo dos irmãos Spierig, os mesmos que fizeram o excepcional O Predestinado uns anos atrás. Por causa de O Predestinado, eles ainda têm crédito comigo, apesar de terem ficado devendo com A Maldição da Casa Winchester (o mesmo aconteceu com Jigsaw, lançado ano passado)

A Maldição da Casa Winchester simplesmente não anda. Um jumpscare aqui, outro ali, no meio de um monte de clichês. O filme até acerta em algumas cenas (como a cena do espelho), mas no geral é tudo chato e previsível demais. A única coisa que realmente chama a atenção é a casa, que, estranhamente, é pouco explorada.

Pior é que essa casa existe, e a casa real parece ser mais interessante do que o que foi mostrado no filme. Catei fotos no Google, deu vontade de conhecer a casa pessoalmente. Taí, pela primeira vez achei que um documentário sobre o local pode ser melhor do que um filme de ficção. A casa parece ser fascinante!

No elenco, não tem como não se decepcionar com a Hellen Mirren. Claro que ela não está mal, mas não precisava de uma atriz do porte dela, qualquer uma faria esse papel. Também no elenco, Sarah Snook, Jason Clarke, Finn Scicluna-O’Prey, Eamon Farren e Bruce Spence. E, pra quem não reconheceu, Angus Sampson é o Tucker de Sobrenatural.

A Maldição da Casa Winchester não chega a ser ruim, mas, infelizmente, também está longe de ser bom.

Verónica

VeronicaCrítica – Verónica

Sinopse (imdb): Madri, 1991. Uma menina adolescente encontra-se cercada por uma força sobrenatural maligna depois de ter jogado Ouija com duas colegas de classe.

Filme novo do Paco Plaza!

Plaza sempre terá meu respeito e admiração, mas com um pé atrás. Explico. Pra quem não reconheceu o nome, Plaza co-dirigiu REC, ao lado de Jaume Balagueró. O primeiro REC é um filmaço, mas suas continuações são bem mais fracas. E o piorzinho dos quatro é o terceiro – justamente o que teve Plaza sozinho na direção. E agora, será que ele acertou?

Bem, Verónica não é um REC, mas pelo menos é bem melhor que o REC 3

Hoje em dia estamos acostumados com terror “padrão Blumhouse”. Europeu, Verónica tem outra pegada. Temos um terror sério, com pouco cgi e poucos jumpscares, não tem o jeitão “trem fantasma de parque de diversões” que rola em Hollywood.

Verónica diz que se baseia em fatos reais, que teriam acontecido em Madri nos anos 90. Se é verdade ou não, não tem como saber… Mas no fim do filme aparecem umas fotos, supostamente do caso real. Fake ou não, ficou legal.

O elenco é bom. É o primeiro (e até agora único) filme da protagonista Sandra Escacena. Gostei das crianças, o garoto Iván Chavero é muito carismático. Também no elenco, Ana Torrent e Consuelo Trujillo. E Leticia Dolera faz uma ponta como uma das freiras professoras.

Como disse lá em cima, Verónica não é um REC. Mas mesmo assim é melhor que muito terror americano.