Twixt

Crítica – Twixt

O novo Coppola!

Ao visitar uma pequena cidade, um escritor de terror que vende seus livros por conta própria se vê envolvido no misterioso assassinato de uma jovem, morta por uma estaca de madeira.

Fiquei decepcionado com Tetro, o penúltimo filme dirigido por Francis Ford Coppola (o próprio Coppola esteve no cinema e falou com a plateia antes do filme, foi a única parte boa da sessão). Twixt não chega a ser do nível dos seus filmes clássicos, mas pelo menos é bem melhor que Tetro.

Gostei de rever Val Kilmer. Ok, ele está muito gordo – caramba, não faz muito tempo o revi no papel de Jim Morrison no filme The Doors. Mas continua carismático e talentoso – um dos melhores momentos do filme é quando ele fica na frente do computador tentando começar a escrever o novo livro. Elle Fanning, irmã menos famosa da Dakota, está bem como a adolescente morta viva. E Ben Chaplin está ótimo como Edgar Alan Poe. Ainda no elenco, Bruce Dern, Joanne Whalley, Alden Ehrenreich e Anthony Fusco.

O roteiro, escrito pelo próprio Coppola, não foi muito bem cuidado – li no imdb que Coppola admitiu que não sabia como terminar o filme. E alguns personagens são muito mal aproveitados, como é o caso do bad boy Flamingo.

Uma coisa interessante de se ter um veterano talentoso na direção é que o filme pode até ser fraco, mas a gente sente a mão do diretor em alguns momentos. Mesmo com seus defeitos, Twixt é bem filmado e traz algumas belas cenas.

Por fim, preciso falar do 3D. Martin Scorsese, contemporâneo de Coppola, fez um excelente trabalho ao usar o 3D em A Invenção de Hugo Cabret. Já Coppola fez o oposto – nunca vi um 3D tão muquirana na minha vida! São só duas cenas, e em nenhuma das duas cenas o 3D era necessário. Quem pagar mais caro pelo ingresso por causa deste 3D deveria poder entrar na justiça por propaganda enganosa!

Tetro

Tetro

Semana passada rolou aqui no Rio uma pré-estreia (pouco divulgada pela mídia) de Tetro, o novo filme de Francis Ford Coppola. Detalhe: com o próprio Coppola presente!

Prestes a completar 18 anos, Bennie vai até Buenos Aires para procurar o seu irmão mais velho, agora chamado Tetro, que um dia saiu de casa para um ano sabático e nunca mais voltou. Ao encontrar uma peça de teatro incompleta escrita pelo irmão, Bennie descobre que pode também encontrar a resposta paras os mistérios de sua família.

Antes do filme, Coppola explicou que se trata de um filme pessoal, sobre família. Um “filme menor”. E Tetro nem é ruim. Mas, sabe qual é o problema? A gente espera sempre mais de um cara que dirigiu coisas do nível de Apocalipse Now e a trilogia O Poderoso Chefão. Afinal, vinte anos atrás, “filme menor” do Coppola era O Selvagem da Motocicleta

Na verdade, Tetro é um drama familiar com cara de dramalhão latino – talvez por isso a opção de filmar na Argentina. E é, na minha humilde opinião, um pouco longo demais – o filme tem pouco mais de duas horas e chega a ficar cansativo. Se tivesse meia hora a menos, seria mais enxuto e mais agradável.

O elenco está bem. Aliás, comentei outro dia que um ator brasileiro poderia estar no lugar de Javier Bardem em Comer Rezar Amar, né? Tetro é passado em Buenos Aires, mas dentre os atores principais não tem nenhum argentino. Os irmãos são interpretados pelos americanos Vincent Gallo e o ainda desconhecido Alden Ehrenreich, e a esposa de Tetro é a espanhola Maribel Verdú. E a também espanhola Carmen Maura e o austríaco Klaus Maria Brandauer também têm papeis importantes. Os argentinos ficaram com papeis menores…

A fotografia em preto e branco mostra belas imagens do bairro Boca, em Buenos Aires. E algumas cenas de flashbacks são coloridas, granuladas. Recurso meio careta, muito usado, mas ainda eficiente.

Parece que Coppola sabe que seu novo filme não vai agradar à crítica. Em uma cena, ele parece que manda um recado direto, quando, ao encontrar uma famosa crítica de teatro, Tetro diz algo como “agora, a sua opinião não me importa mais”. É isso aí, Coppola vai fazer o que quiser. E danem-se os críticos…

Para terminar, fica aqui uma foto do “hômi”, tirada dentro do Espaço de Cinema, pelo meu amigo Luiz Alberto Benevides, também conecido como “Luiz com Z”. (Não, não consegui autógrafo…)