Infinite

Crítica – Infinite

Sinopse (imdb): Uma ficção científica que examina o conceito de reencarnação por meio de visuais notáveis e personagens bem estabelecidos que precisam usar suas memórias e habilidades aprendidas no passado para garantir que o futuro seja protegido de “infinitos” que buscam acabar com toda a vida no planeta.

(Esse “infinito” da sinopse é como chamam essas pessoas, que são capazes de reencarnar trazendo todas as habilidade das vidas anteriores.)

Infinite traz uma boa ideia inicial, mas falha miseravelmente no seu desenvolvimento. Me parece que quiseram criar um novo Matrix, mas o conceito foi tão mal desenvolvido que não só não convence ninguém, como cansa o espectador no meio do caminho. O filme até lembrou Tenet, que precisa ficar se explicando o tempo todo.

Não sei se isso vai acontecer com outros espectadores, mas esse conceito não me convenceu, de quando uma pessoa morre ela reencarna, mas só depois de um tempo é que descobre os seus “poderes”. Num mundo com 7 bilhões de pessoas, fica difícil de saber onde o cara vai reencarnar e continuar a vida ao lado dos companheiros também infinitos.

E ter o Mark Wahlberg no papel principal atrapalha. Vejam bem, gosto dele, ele é um bom astro de ação, ele tem carisma o suficiente pra segurar um filme desse porte, mas… Ele acabou de fazer 50 anos, este mês, tinha 48 na época das filmagens. Você não pode ter uma história que se baseia em uma pessoa trazer conhecimentos de vidas anteriores, e colocar um “velho” pro papel principal. Faria muito mais sentido se fosse um cara novo.

(Um pequeno parênteses pra explicar: heu tenho 50 anos, nasci no mesmo ano que o Mark Wahlberg. Não me considero velho, ainda acho que tenho muita coisa pra viver. Mas, hoje, se heu descobrisse que tenho várias habilidades de vidas passadas, não sei se mudaria muita coisa na minha vida atual. Agora, se heu descobrisse com 20 anos de idade, aí sim, seria uma nova vida completamente diferente.)

A direção ficou com Antoine Fuqua, que tem alguns bons filmes no currículo, como Dia de Treinamento, O Protetor e a refilmagem de Sete Homens e um Destino. Pelo menos Fuqua manda bem nas cenas de ação. A história é mal desenvolvida, mas pelo menos as cenas de ação são bem filmadas.

No elenco o outro grande nome é Chiwetel Ejiofor (Filhos da Esperança, 12 Anos de Escravidão, Doutor Estranho), que está péssimo aqui. Ele, como líder do grupo inimigo, não convence ninguém dos seus propósitos. Também no elenco, Sophie Cookson, Dylan O’Brien, Jason Mantzoukas, Rupert Friend e Toby Jones.

Claro que o filme termina com um gancho pra continuação, com a vantagem de poder trocar todo o elenco (estamos falando de reencarnação, nenhum ator precisa voltar). Mas, se o primeiro filme foi tão fraco, nem sei se quero ver o que vem depois.

Oxigênio

Crítica – Oxigênio

Sinopse (imdb): Uma mulher acorda em uma câmara criogênica sem se lembrar de como chegou lá. Como ela está ficando sem oxigênio, ela deve reconstruir sua memória para encontrar uma maneira de sair de seu pesadelo.

Antes de tudo, é importante falar: Oxigênio (Oxygen, no original) é um filme que vale ser visto sem você saber nada. A protagonista acorda sem saber o que está acontecendo, e o espectador vai aos poucos descobrindo junto com ela. E as informações são bem dosadas, proporcionando alguns plot twists bem colocados.

Oxigênio é um filme pequeno. Quase todo o filme tem um cenário diminuto e uma única atriz em tela (interagindo com a voz de uma Inteligência Artificial). Até tem algumas poucas cenas mostrando outros cenários e outros personagens em flashbacks, mas é pouca coisa – quase tudo se passa dentro da câmera criogênica, e em tempo real.

A ideia lembra Enterrado Vivo, aquele onde Ryan Reynolds passa o filme todo dentro de um caixão (um filme ainda mais radical, porque, se não me falha a memória, não tem nenhuma cena fora do caixão).

O diretor é Alexandre Aja – gosto dele, ele dirigiu Alta Tensão, da onda do cinema francês ultra violento; a refilmagem de Viagem Maldita; Piranha, que é galhofa mas divertido. Aja também escreveu os roteiros de P2 Sem Saída e Maníaco, aquele do assassino serial em câmera pov. Ok, reconheço que não tem nenhum filmaço, mas são vários bons filmes, digamos que ele passa na média.

Oxigênio é uma produção bem mais modesta, e mesmo assim tem um resultado melhor que o último do diretor (Predadores Assassinos). Aliás, esse é um filme com a cara da pandemia – mesmo nos poucos flashbacks, não vemos muitas pessoas juntas. Dá pra filmar se aglomerar!

Ok, entendo que a gente precisa de uma suspensão de descrença pra aceitar tudo o que a IA consegue fazer. Mas, se a gente embarcar na premissa que sim, a IA tem aquele poder, Oxigênio flui bem.

O grande lance aqui é a claustrofobia e a tensão – o oxigênio está acabando a cada minuto que passa! Apesar de ser um espaço minúsculo, Aja consegue vários ângulos dentro da câmara criogênica, e o filme nunca cai no marasmo.

Claro que a atuação da Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios, Truque de Mestre) ajuda. Com vários closes no seu rosto, Mélanie passa o desespero de quem tem pouco tempo pra descobrir o que está acontecendo. O único outro ator que precisa ser citado é Mathieu Almaric (O Som do Silêncio), que não aparece, mas empresta a sua voz pra IA que conversa com ela durante todo o filme.

Heu poderia falar mais, mas, como falei no início, Oxigênio é daqueles filmes que é bom a gente não saber muito, então, como propus fazer comentários sem spoilers, vou ficando por aqui. Mas confirmo: pra mim foi uma agradável surpresa ver cada pequeno plot twist.

Star Wars: The Bad Batch

Crítica: Star Wars The Bad Batch

Sinopse (imdb): O ‘lote ruim’ de clones experimentais e de elite abrem caminho por uma galáxia em constante mudança logo após as Guerras Clônicas.

Até um tempo atrás, a gente estava acostumado a esperar uma semana para o novo episódio da série que estávamos acompanhando. Veio o streaming, e algumas séries tiveram a temporada inteira lançada de uma vez, levando a galera a fazer binge watch. A Disney voltou a trazer episódios semanais e mostrou pra gente as vantagens de uma série vista assim. Depois de Mandalorian, veio Wandavision, depois Falcão e o Soldado Invernal, sempre às sextas. Menos esta semana. Por que guardaram a estreia de Star Wars The Bad Batch pra terça?

Pra quem não sabe, dia 4 de maio é considerado o “dia de Star Wars”, por causa do trocadilho em inglês – May the fourth, aí guardaram o Star Wars novo pro dia 4.

(Curioso que tem uma galera que acha que o dia de Star Wars deveria ser 25 de maio, porque o filme estreou 25/05/77. Mas 25/05 acabou virando dia do orgulho nerd, ou dia da toalha (em referência ao Guia do Mochileiro das Galáxias).)

Star Wars: The Bad Batch é a nova série de animação de Star Wars. Sim, animação. Sei que muita gente tem preconceito, e até entendo. Vi todos os filmes, mais de uma vez cada, e não vi tudo o que de animações – vi Rebels, vi parte de Clone Wars, não vi Resistance… Vou te falar que também tenho um certo preconceito, reconheço. Quando vi Mandalorian e a Ahsoka citou o nome do Grande Almirante Thrawn, pulei da cadeira só de pensar em vê-lo –  e esqueci que ele já tinha aparecido em Rebels. Mas, olha, vi e gostei muito deste novo Bad Batch.

Foram anunciados 16 episódios. Logo saem mais episódios, então não vou entrar muito na trama, porque certamente ficarei desatualizado.

A trama segue os acontecimentos de Clone Wars. Não vi todo Clone Wars, mas sei que os Bad Batch apareceram em alguns episódios daquela série, vou até catar o arco onde eles aparecem.

O primeiro episódio de Bad Batch começa no momento que a Ordem 66 é executada. O que a gente conhece da Ordem 66 foi no Star Wars 3, bem legal ver isso acontecer visto de outro ângulo. Uma curiosidade: o padawan que aparece no início quando crescer vai virar o Kanan, um dos principais personagens de Rebels (foi até dublado pelo mesmo ator, o Freddie Prinze Jr., que acho que é o único nome conhecido no elenco deste episódio). Tem outro personagem de filme / série que aparece aqui, mas desta vez não digo quem é por causa de spoilers.

Somos apresentados ao time dos Bad Batch, clones modificados (e por isso “defeituosos”, daí o nome “bad batch” / “lote ruim”), cada um com suas características, e, reconheço: são bons personagens, carismáticos, engraçados, e se não a série não fosse sobre eles, heu ia querer vê-los em algum outro filme ou série. Um episódio e já virei fã do time.

A parte técnica da animação é excelente. Os primeiros Clone Wars tinham um desenho quadradão, estilo do Genndy Tartakovsky, mas depois o traço foi se modernizando. Não sei se as últimas temporadas de BB já tinham o traço como esse BB, mas posso dizer que os detalhes enchem os olhos. Mas… Como fã chato, preciso reclamar de uma coisa: os uniformes dos Stormtroopers em Kamino são pintados de vermelho com uma textura que não combina muito com o Império. Parece uma pintura artesanal, combinaria mais com os Bad Batch do que com os Stormtroopers que sempre foram muito certinhos. Pelo menos ficou bonitão.

Agora aguardemos os outros episódios. A série começou bem, que continue mantendo o nível!

Mundo em Caos

Crítica – Mundo em Caos

Filme dirigido pelo Doug Liman e estrelado pelo Tom Holland e pela Daisy Ridley. Pára tudo! Como é que heu ainda não sabia da existência desse filme?

Sinopse (imdb): Um mundo distópico onde não há mulheres e todas as criaturas vivas podem ouvir os pensamentos umas das outras em um fluxo de imagens, palavras e sons chamados de Ruído.

Vi o filme sem ler nada, quando terminei fui catar informações. Trata-se de uma adaptação dos livros de Patrick Ness, mesmo autor do livro que gerou o filme Sete Minutos Depois da Meia-Noite. O filme foi anunciado em 2011, teve um rascunho de roteiro escrito por Charlie Kaufman, passou por outros 4 roteiristas (Jamie Linden, John Lee Hancock, Gary Spinelli, e Lindsey Beer) antes de chegar nos dois que estão creditados no filme (Christopher Ford e o próprio Patrick Ness). Robert Zemeckis foi sondado pra dirigir, mas em 2016 a direção acabou nas mãos de Doug Liman (No Limite do Amanhã, Jumper, Identidade Bourne), que filmou e terminou o filme em 2017. Depois de sessões teste resolveram refilmar algumas coisas, mas as agendas de Tom Holland e Daisy Ridley estavam complicadas (por causa das filmagens de Homem Aranha e Star Wars), então essas refilmagens só foram feitas em 2019.

E aí a gente entende porque algumas coisas parecem meio bagunçadas no filme. Vejam bem, heu gostei de Mundo em Caos. Curti, entrei na onda do filme. Mas dá pra ver algumas inconsistências. Vou falar com cuidado pra não dar spoilers.

Um dos principais plots do filme é o lance da sociedade sem mulheres. Isso é explicado, ok. Mas tudo fica muito superficial. O filme poderia ter explorado melhor esse plot.
Outro exemplo, ainda mais gritante, são os alienígenas, citados em determinado momento. Aí aparece um alienígena, mas ele logo some e deixam esse plot pra lá. Vem cá, se o plot dos ETs é pra ser deixado de lado, pra que ele mostrar um?

Mesmo assim, gostei do conceito apresentado no filme. Gostei desse lance dos pensamentos virarem sons e imagens, é um conceito muito interessante, tanto pelo visual, quanto pela ideia de que não existe mais intimidade, já que todos veem e ouvem os seus pensamentos. Os efeitos especiais também são bons, e a trilha sonora de Marco Beltrami é ótima.

No elenco, Tom Holland está apenas ok – ele mostrou em Cherry que é um ator versátil, mas Mundo em Caos não pede muito dele. Digo o mesmo sobre Daisy Ridley e Mads Mikkelsen, este é aquele tipo de filme que não tem muito espaço pra grandes atuações. Mas… Cabe uma crítica, pro David Oyelowo, que faz um fanático religioso louco. Quer dizer, não sei se a crítica é pra ele ou pro personagem, o fato é que ele está exagerado demais, ficou over.

Segundo o filmeB, a previsão era pra estreia nos cinemas esta semana, mas, tô achando que vai ser mais uma estreia adiada. Aguardemos.

Monster Hunter

Crítica – Monster Hunter

Sinopse (imdb): Quando a tenente Artemis e seus soldados leais são transportados para um novo mundo, eles se envolvem em uma batalha desesperada pela sobrevivência contra inimigos enormes com poderes incríveis. Filme baseado no videogame da Capcom.

Filme novo do Paul WS Anderson, estrelado pela Milla Jovovich, baseado num videogame. Precisa dizer mais alguma coisa?

Sabe aquela expressão “pra bom entendedor, meia palavra basta”? Poizé, quase que este foi um texto curto. Era só parar nessa frase: “Filme novo do Paul WS Anderson, estrelado pela Milla Jovovich, baseado num videogame”. Já dá pra sacar o que vem por aí.

Mas… Vamulá. Paul WS Anderson dirigiu o filme Mortal Kombat lá atrás em 1995, mas é mais conhecido pela franquia Resident Evil – ele roteirizou todos os seis filmes e dirigiu quatro deles. Milla Jovovich é sua esposa, e é a estrela da saga Resident Evil (o casal também fez uma adaptação de Os 3 Mosqueteiros em 2011).

Gosto muito do primeiro Resident Evil. Mas, o segundo é pior que o primeiro, e o terceiro é pior que o segundo, e assim sucessivamente – chegou um ponto que desisti de tentar acompanhar a história, pra mim é que nem Jogos Mortais, só o primeiro é bom, o resto vejo no automático.

(Silent Hill nunca teve continuação. Fica a dica. 😉 )

Masss… Me parece que Paul WS Anderson descobriu uma fórmula que funciona. Que nem o Adam Sandler, que tem uma fórmula de filmes ruins de doer, mas baratos, e, principalmente, que vendem – sim, se tem um monte de filme ruim do Adam Sandler, a culpa é sua que vê esses filmes! Paul WS Anderson faz filmes baseados em videogames, com roteiros preguiçosos e efeitos especiais de segunda linha, e seus filmes vendem razoavelmente bem – o sexto Resident Evil custou 40 milhões de dólares e rendeu 312 milhões nas bilheterias. Nada mal, né?

Sendo assim, a gente já sabe o que esperar de Monster Hunter. Um visual legal, mas efeitos que nem sempre funcionam, e um roteiro bem ruim.

Vou falar primeiro do roteiro, depois falo do resto. Há tempos que não vejo um roteiro tão ruim. Chega ao ponto de ter personagens tão descartáveis que o filme esquece deles! A equipe que viaja junto com a Milla Jovovich some sem a gente saber o que aconteceu com eles; o outro grupo também tem personagens que aparecem e somem sem maiores explicações.

São dois atores principais, Milla Jovovich e Tony Jaa, e um coadjuvante, Ron Perlman. Todos os outros não têm nenhuma importância narrativa (inclusive, pena, tem uma brasileira no meio do elenco dispensável, a Nanda Costa). Me pareceu que eles só estão lá para aparecerem em uma provável continuação. Sim, continuação, preciso falar disso, cabe um spoilerzinho de leve? Filme baseado em videogame, chamado “caçador de monstros”, claro que vai ter um monstrão no final. Depois de enfrentar o monstrão, o filme acaba, certo? Não! Os personagens falam “agora vamos aos próximos”, aí aparece um novo, eles vão atacar – e aí acaba o filme. Sim, termina com gancho pra continuação.

Mas calma, ainda tem mais coisa pra falar mal do roteiro. Esse mundo dos monstros é uma montanha no meio de um deserto enorme. Tem uma cena que a Milla Jovovich sobe até o alto pra olhar em volta, e só vê areia pra tudo quanto é lado. E tem monstros escondidos debaixo da areia, em outra cena a Milla Jovovich joga uma pedra e logo surge um monstro subterrâneo pra atacar. Pois bem. A Milla Jovovich e o Tony Jaa matam UM monstro e andam um pouco, e logo chegam num oásis gigantesco. Tem uma cena do alto, os dois parecem formiguinhas chegando. Onde estava esse oásis na cena que a Milla Jovovich só olhou areia???

Tem mais coisa pra falar mal do roteiro, mas vou parar por aqui. Mas ainda preciso falar do gato. Ah, o gato. Tem um gato que é o cozinheiro. Tosco, tosco, tosco. Mas, essa tosqueira visual já estava avisada desde a primeira cena. Quando aparece o Ron Perlman de peruca loira, já dava pra sacar que não era pra levar a sério o visual.

Como falei lá atrás, o roteiro é bem ruim, mas o visual do filme é legal. Os cenários (deve ser tudo digital) são bonitos, os monstros são bem feitos, quase todos os efeitos de luta contra os monstros são convincentes (pena que ficou no quase, algumas cenas escorregam na qualidade). Ah, gostei da trilha sonora, mas deve ser porque curti os timbres de sintetizador.

Enfim, chega. Ia ser um texto curto, mas acabei falando demais. Quem quiser desligar o cérebro, pode curtir o visual. Mas procure não pensar muito. Monster Hunter estreia esta semana nos cinemas.

Jiu Jitsu

Crítica – Jiu Jitsu

Sinopse do imdb: A cada seis anos, uma antiga ordem de lutadores de jiu-jitsu junta forças para combater uma raça feroz de invasores alienígenas. Mas quando um famoso herói de guerra é derrotado, o destino do planeta e da humanidade está em jogo.

Outro dia me mandaram o link de um trailer que parecia um plágio descarado de Predador, e com o Nicolas Cage no elenco. Claro que parecia ser ruim. Mas, olha,vou te falar que o filme me surpreendeu. É ainda pior!

Jiu Jitsu foi escrito, produzido e dirigido por um tal de Dimitri Logothetis, que nunca fez nada relevante na carreira, mas tem uns filmes de Kickboxer no currículo. O filme é tão ruim que nem sei por onde começar. Aliás, sei sim. Que tal a gente começar falando que é um filme que se chama Jiu Jitsu, mas não tem lutas jiu jitsu? Olha, não sou um expert em artes marciais, mas “acho”que jiu jitsu não tem chutes dando cambalhotas, nem usa espadas…

Mas, vamulá, vou citar 10 motivos porque Jiu Jitsu é ruim:

1- Antes de tudo, é um filme chato. Um filme de luta contra alienígenas pode ser ruim, mas não pode ser chato.

2- Como falei, não tem jiu jitsu.

3- Plágio. Galera, não dá. Predador é uma franquia conhecida, já tem pelo menos 4 filmes (além de dois Alien vs Predador). Não dá pra hoje, em 2020, dizer que um guerreiro alienígena vem pra Terra lutar e usa uma camuflagem que fica invisível. Não rola, ficou feio.

4- Roteiro. O roteiro de Jiu Jitsu é um lixo. Nada faz sentido. Quem são essas pessoas que lutam contra o Predador paraguaio? De onde elas são, por que elas estão lá, por que elas lutam? Nem no Globo Repórter teremos resposta!

5- Roteiro de novo. Por que dão importância a uma personagem na primeira metade do filme, e depois ela some? Dão a entender que ela vai ser importante, e do nada a personagem morre como se fosse um extra. Não via algo assim desde o Samuel L Jackson naquele filme (também ruim) de tubarões.

6 – Ainda o roteiro. Qual é o sentido daquele pseudo romance? Do nada o casal tá lá apaixonadão.

7- Efeitos especiais. Aqueles tazos que o Predador da Carreta Furacão joga são dos piores efeitos que vi no cinema nos últimos tempos. Além de não fazer sentido, o efeito é bem ruim.

8- Efeitos especiais de novo. Não é exclusividade de Jiu Jitsu, mas acho muito tosco quando colocam sangue em cgi. Qual é o problema de sujar o elenco com tinta vermelha? Nojinho?

9- Alívio cômico. Cara, o elenco inteiro é muito ruim, mas o personagem que faz o alívio cômico é péssimo!

10- Piano. POR QUE TEM UM PIANO NA “CAVERNA” DO NICOLAS CAGE???

Agora, o Nicolas Cage não me incomodou. Ele tá ruim? Tá. Mas todos estão. Não vou defender a carreira do Nicolas Cage, porque sei que de uns anos pra cá ele fez um monte de porcarias. Mas existe uma modinha de falar mal do Nicolas Cage. E nem tudo o que ele faz é ruim. Mandy, do ano passado, é bem legal, e A Cor que veio do espaço, deste ano, não é ruim.

Pra não dizer que nada se salva, gostei de um plano sequência de luta meio parkour, onde a câmera às vezes fica em POV, meio Hardcore Henry. Tiro porrada e bomba em plano sequência. Essa cena é tão bem filmada que destoa do resto do filme.

Enfim, lixo.

Tenet

Crítica – Tenet

Sinopse (imdb) – Armado com apenas uma palavra, Tenet, e lutando pela sobrevivência do mundo inteiro, um Protagonista viaja por um mundo crepuscular de espionagem internacional em uma missão que se desdobrará em algo além do tempo real.

O filme mais aguardado do ano!

Calma, explico. Tenet pode tranquilamente usar o apelido “o lançamento mais aguardado do ano”. Dos grandes lançamentos previstos para 2020 – todos adiados por causa da pandemia – foi o único que até agora resolveu encarar as salas de cinema. Então, de um modo geral, é o filme que simboliza a volta das salas de cinema, depois de sete meses fechados.

Tenet (idem, no original) é o novo projeto de Christopher Nolan. E quem conhece a sua filmografia sabe que um filme desses perde muito se visto numa tela de tv, dentro de um streaming. Tenet é cinemão, pra ser visto numa tela enorme. Por mais que isso seja perigoso nos dias de hoje. Vou voltar a esse assunto mais abaixo, agora vamos ao filme.

Vamos primeiro ao que funcionou. O cinema precisa de gente que nem Christopher Nolan. Tem uma cena onde um avião explode num hangar. O avião era real, a produção comprou um avião para ser destruído! Quase todos os efeitos especiais são efeitos práticos, Nolan não gosta de usar CGI. Outro dia comentei como as cenas de carros eram fracas em Invasão Zumbi 2, aqui é o oposto. Carros reais sendo filmados aparecem muito melhor na tela (e a cena de perseguição de carros de Tenet é de tirar o fôlego!). E isso funciona muito melhor numa tela grande. A sessão de imprensa foi na sala Imax, e Tenet ocupa toda a tela!

Tenet trabalha com viagem no tempo, mas diferente do que o cinema costuma apresentar. Vemos um “tempo reverso” – a pessoa anda pra frente enquanto tudo em volta anda ao contrário. Coerente com as ideias malucas de Nolan: Amnésia tem uma história que vai de trás pra frente; Interestelar,  Inception e Dunkirk têm linhas temporais paralelas que se desenvolvem em tempos diferentes.

Esse novo conceito traz cenas onde temos ao mesmo tempo alguns personagens no “tempo normal” e outros no “tempo reverso”. E algumas cenas assim são muito boas! Ok, fica confuso, é difícil de entender tudo, mas… Dá vontade de rever!

Ah, claro, esqueci de dizer: a fotografia é fantástica, e as locações idem. Tenet é um espetáculo visual sob todos os aspectos.

Agora, não gostei de vários pontos do roteiro. Várias coisas são explicadas (coisa comum em se falando de Nolan), mas coisas básicas ficam no ar – tipo quem são essas pessoas, o que é um “tenet”? Não seria legal a gente conhecer uma agência que recrutasse “agentes temporais”? Porque vemos personagens que não sabemos quem são e de onde vem, e, principalmente, quem está bancando financeiramente.

Além disso, a motivação de alguns personagens não convenceu ninguém. Por exemplo, por que o Protagonista (sim, esse é o nome do personagem) tinha tanto interesse na Kat? Isso dentre outros casos que não vou falar por causa de spoilers. O fato é: temos uma história confusa, com personagens que não convencem.

Tem um outro detalhe, mas isso é algo pessoal, que já me incomodou em outros filmes do Nolan. Em Inception, é estabelecida uma rígida regra de tempo – dentro do sonho, o tempo se passa x mais devagar, então se é sonho dentro do sonho, fica 2x mais devagar. Isso me incomodou porque um sonho não é algo “matemático”, não tem como controlar o tempo assim. E isso acontece aqui, as regras propostas pelo filme me soaram forçadas.

No elenco, acho que só se salva o Robert Pattinson (por incrível que pareça). John David Washington, que estava bem em Infiltrado na Klan, tem um Protagonista com falta de carisma. Kenneth Branagh faz um vilão russo caricato, que lembrou o vilão russo caricato que ele fez em Operação Sombra – Jack Ryan. Elizabeth Debicki não está mal, mas o seu personagem é outro ponto forçado no roteiro – por que ela é tão importante? Ainda no elenco, Clémence Poésy, Dimple Kapadia, Aaron Taylor-Johnson, Himesh Patel, Martin Donovan, e uma ponta de Michael Caine, figurinha recorrente nos filmes do Nolan.

Mas, mesmo com esses pontos negativos, achei o saldo positivo. É sempre bom ver um “filmão” como esses, e foi bem agradável voltar a uma sala de cinema sete meses depois, mesmo com todas as restrições.

Antes de acabar meu texto, preciso falar do “novo normal no cinema”. A cada três poltronas, duas estão bloqueadas. Todos ficam de máscara durante toda a permanência dentro da sala. O UCI anunciou antes de começar a sessão um sistema de ionização dos dutos de ar condicionado, um processo que ajuda a eliminar boa parte dos microorganismos dos ambientes climatizados (tecnologia usada na área de saúde – como em ambulatórios e centros cirúrgicos).

Ir ao cinema é um programa 100% seguro? Não, não é. Mas me pareceu mais seguro do que boa parte das coisas que já estão liberadas há meses.

Cuidem-se!

Palm Springs

Crítica – Palm Springs

Sinopse (imdb): Quando o despreocupado Nyles e a relutante dama de honra Sarah têm um encontro casual em um casamento em Palm Springs, as coisas ficam complicadas, pois eles não conseguem escapar do local, de si mesmos ou um do outro.

Ok, a gente já viu algumas vezes esse formato “Feitiço do Tempo”, onde os personagens ficam presos num loop temporal e vivem de novo o mesmo dia várias vezes. Não é novidade, mas já gerou bons filmes – A Morte te Dá Parabéns, No Limite do Amanhã, lembro até de um episódio de Supernatural. Será que tem fôlego pra mais uma versão, agora voltando à comédia romântica?

Estreia em longas do diretor Max Barbakow, Palm Springs (idem no original) é isso: uma ideia requentada, mas mesmo assim um filme bem divertido. O filme sabe que não é novidade e não engana o espectador, o roteiro brinca com os clichês do estilo. Diversão leve e despretensiosa por uma hora e meia de projeção.

O elenco ajuda, Andy Samberg e Cristin Milioti mostram boa química e parecem se divertir junto com a gente. E ainda tem J.K. Simmons e Peter Gallagher como coadjuvantes de luxo!

Ontem falei aqui de A Vastidão da Noite, um filme distribuído pela Amazon; Palm Springs foi distribuído pela Hulu. Ainda sem cinemas, vamos de streaming!

A Vastidão da Noite

Crítica – A Vastidão da Noite

Sinopse (imdb): Uma noite no Novo México, no final dos anos 1950, uma operadora de mesa telefônica e um DJ de rádio descobrem uma estranha frequência de áudio que pode mudar o futuro para sempre.

Como quem não quer nada, surge um provável futuro clássico da ficção científica.

A Vastidão da Noite (The Vast Of Night, no original) é um projeto de Andrew Patterson – que escreveu, produziu, dirigiu e editou (e pelo que li por aí, fez ainda mais coisas, sob pseudônimos). Com pouco orçamento em mãos, Patterson entregou um filme enxuto, poucos personagens, poucas locações, tudo se passa durante um jogo de basquete. E, principalmente, um filme onde quase tudo funciona direitinho.

Ok, tem gente que reclamou que o diálogo inicial é muito longo. Concordo, podia ser um pouco menor. E tem gente que reclama que parece um episódio esticado de Twilight Zone, mas aí acho que foi proposital, a influência é clara desde o início do filme. A Vastidão da Noite não é unanimidade, mas, na minha humilde opinião, é bem acima da média.

Preciso falar do plano sequência! Tem um take que começa com a telefonista, passeia pela cidade inteira, anda por dentro do jogo de basquete e depois vai até o rádio. São vários minutos sem cortes aparentes (deve ter, mas emendado digitalmente). e isso num filme com pouco orçamento! Só esse plano já vale o filme!

O elenco se baseia basicamente em dois personagens, interpretados pelos desconhecidos Sierra McCormick e Jake Horowitz. Ambos mostram boa química e bom domínio dos personagens, com longos diálogos em takes com poucos cortes.

A Vastidão da Noite tem distribuição pela Amazon. Em tempos sem salas de cinema abertas, o cinema se reinventa!

Ameaça Profunda

Crítica – Ameaça Profunda

Sinopse (imdb): Uma equipe de pesquisadores oceânicos que trabalham para uma empresa de perfuração em alto mar tenta chegar em segurança após um terremoto misterioso devastar suas instalações de pesquisa e perfuração em águas profundas localizadas na parte inferior da Fossa das Marianas.

Ameaça Profunda (Underwater, no original) quer ser uma mistura de Alien com O Segredo do Abismo. Mas funciona melhor se visto como uma mistura de Tentáculos com Do Fundo do Mar. Sim, Ameaça Profunda só funciona se for encarado como um filme B.

Dirigido pelo pouco conhecido William Eubank, Ameaça Profunda tem um bom ritmo e uma ambientação claustrofóbica eficiente, mas tem personagens rasos, é previsível e cheio de clichês. Ou seja, é um bom filme B.

Li algumas críticas que entram mais em acontecimentos da trama, mas prefiro não citar aqui pra evitar os spoilers. Fui ao cinema sem saber de nada, o que costuma ser sempre a melhor opção. Tomara que o leitor do heuvi consiga a mesma experiência!

Dois comentários sobre o elenco. Kristen Stewart, apesar de odiada por muitos, não faz feio como a “quero ser Sigourney Weaver” da vez. Por outro lado, alguém podia ter avisado ao TJ Miller que não estamos num filme de comédia. Suas piadinhas sempre erravam o timing. Também no elenco, Vincent Cassel, Mamoudou Athie, John Gallagher Jr. e Jessica Henwick.

Vai agradar os menos exigentes.