Os Mercenários 4

Crítica – Os Mercenários 4

Sinopse (imdb): O lendário grupo de mercenários liderado por Barney Ross tem uma nova missão: impedir o início da Terceira Guerra Mundial. Quando as coisas saem do controle, Christmas e os membros da equipe são recrutados para impedir que o pior aconteça.

Quarto filme da franquia Mercenários. Alguém esperava um grande filme?

Gosto do conceito de trazer velhos “action heroes” dos anos 80 e 90 para um filme galhofa. Então vamos a um breve recap dos outros três filmes.

Lançado em 2010, o primeiro Mercenários trazia os “velhos” Sylvester Stallone, Dolph Lundgren, Eric Roberts e Mickey Rourke, auxiliados pelos mais novos Jason Statham, Jet Li, Randy Couture, Steve Austin e Terry Crews. Roteiro? Pra que? A graça era ver o elenco se divertindo. E ainda tinha uma cena com participações especiais de Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis!

Lançado dois anos depois, o segundo filme tinha Jean-Claude Van Damme, Chuck Norris e uma participação maior de Schwarzenegger e Willis. E trazia piadas ótimas, com várias referências a outros filmes dos veteranos atores. E em 2014 tivemos o terceiro filme. Se por um lado era mais fraco porque tentava introduzir uma nova geração, por outro lado trazia Antonio Banderas, Wesley Snipes, Harrison Ford e Mel Gibson como vilão.

Agora, quase dez anos depois, temos um quarto filme, com Megan Fox e 50 Cent. Nada contra, mas, não seria mais legal se tivesse Kurt Russell, ou Christophe Lambert, ou Eddie Murphy, Jean Reno, Carl Weathers, Steven Seagal, ou mesmo Sigourney Weaver ou Linda Hamilton (Lucy Lawless foi Xena nos anos 90, será que entra?). Cadê aquela proposta de juntar os velhos? Pra piorar, os velhos que estavam nos outros filmes não estão aqui, só sobrou o Dolph Lundgren – Stallone passa a maior parte do filme fora.

Os filmes da franquia sempre tiveram roteiros fracos, mas o elenco de veteranos compensava. Vou transcrever uma frase que escrevi em 2010, comentando o primeiro filme: “Será que alguém vai ver Os Mercenários por causa da história? Não acredito. O legal aqui é ver o dream team dos filmes de ação!” Desculpa, mas Megan Fox e 50 Cent estão bem longe deste dream team.

Tem outros dois problemas, mas preciso ser justo e reconhecer que são problemas comuns em qualquer filme de ação Hollywoodiano. Um são as sequências de luta. Hollywood filma cenas de ação picotadas, porque normalmente os atores não sabem lutar. E aqui temos dois atores orientais que são muito bons de luta, o Tony Jaa e o Iko Uwais que sabem muito bem fazer cenas de luta. Trazer dois atores deste porte e não mostrá-los lutando do modo certo é um grande desperdício.

Outro problema são os antagonistas. Meia dúzia de mocinhos enfrentam centenas de vilões, e todos são incompetentes. Problema recorrente em Hollywood (inclusive comentei sobre este problema no texto de Mercenários 3). Pra piorar, tem uma longa sequência num navio, e parece que o navio só tinha soldados. Cadê marinheiros, cozinheiros, faxineiros, cadê a tia do café? Era uma boa oportunidade de colocar vilões que não têm intimidade com armas.

Junte a isso uma tela verde bem vagabunda e um roteiro que não deve ter sido revisado antes de filmar – só pra citar uma cena, um momento o vilão está enfrentando o time de mocinhos entrando no barco, e na cena seguinte parece que esqueceu disso e está negociando pelo rádio uma troca de prisioneiros. E nem vou falar das motos, convenientemente estacionadas e equipadas com metralhadoras – por que diabos aquelas motos estariam lá daquele jeito???

Minha expectativa era baixa, porque, como disse no início do texto, é o quarto filme da franquia Mercenários. Mas foi ainda pior. Mercenários virou apenas mais um filme genérico.

Agora parece que a franquia ganhou um novo “dono”, Jason Statham. Mas, sinceramente, prefiro vê-lo em Velozes e Furiosos. Galhofa sim, mas pelo menos os filmes são bem feitos.

Snake Eyes

Crítica – Snake Eyes

Sinopse (imdb): Um spin off de G.I. Joe centrado no personagem Snake Eyes.

GI Joe é uma linha de bonecos. Sou velho, lembro do Falcon, que era um GI Joe – ou Comandos em Ação, como foi traduzido aqui na época. Os bonecos do Falcon foram vendidos entre 1978 e 1984 pela Estrela, que depois trocou a linha pelos bonecos GI Joe, que eram menores (o Falcon tinha 30cm, o GI Joe tinha 10cm). A partir de 1986, a Globo começou a exibir uma série animada baseada nos bonecos – prática que era comum, se não me engano lançaram outros combos brinquedo + desenho (ajudava nas vendas e também na audiência).

Uns anos atrás tivemos dois filmes baseados nos bonecos GI Joe. Não me lembro muito bem dos filmes, lendo os meus textos aqui no heuvi, vi que gostei do primeiro, mas não gostei muito do segundo. Enfim, este aqui não tem nada a ver com aqueles, a história recomeça do zero.

Então finalmente vamos ao novo filme. Dirigido por Robert Schwentke (Red, RIPD Agentes do Além, Te Amarei Para Sempre), Snake Eyes (Snake Eyes: G.I. Joe Origins, no original) é um reboot total, não se baseia nem nos filmes, nem no desenho. Ouvi críticas de gente reclamando “o meu Snake Eyes não é assim”, “Destruíram o meu Snake Eyes!”. Mas, pra quem não era fã, a história funciona bem como uma introdução a este universo.

Snake Eyes tem coisas boas, mas tem outras não tão boas assim. E infelizmente tem mais do segundo do que do primeiro. Vamos por partes.

Gostei de algumas sequências de ação. Tem uma cena onde a personagem pula de uma moto em movimento, se apoia num caminhão e dá um golpe de espada, que é bem legal. Algumas lutas de um personagem contra dezenas também são boas. Não são ótimas, mas são boas.

(Explico: prefiro quando o câmera “dá um passo pra trás” e a gente vê melhor a coreografia das lutas. Isso acontecia mais no cinema oriental, mas Hollywood já traz alguns casos de lutas bem coreografadas e bem filmadas desta forma. Mas, o comum em Hollywood é vermos uma luta com muitos closes, muitos cortes e muita câmera tremida. Pensando neste formato, as lutas em Snake Eyes não são ruins. Poderiam ser melhores, mas, “passam na média”.)

Agora, o roteiro é uma bagunça. O personagem Snake Eyes não passa confiança nenhuma, e é aceito facilmente pelo clã japonês. E mesmo quando é pego na traição, tudo bem, deixa pra lá. Não tô nem falando da cena ridícula das cobras gigantes mágicas, até aceito isso, mas não dá pra aceitar um clã milenar ser tão ingênuo.

E isso porque não tô falando da personagem da Samara Weaving. Gosto da atriz, adorei ela no Ready or Not, um filme recente que foi mal lançado por causa da pandemia. Mas, qual é o sentido da personagem dela aqui? É só pra cumprir cota?

Isso me traz o elenco. O protagonista Henry Golding não é um bom ator, ele faz a mesma cara o filme inteiro. Mas nem atrapalha tanto. O problema dele ser fraco é que o coadjuvante Andrew Koji é muito melhor, dá vontade de focar mais no seu personagem do que no principal. Gosto muito do Iko Uwais, estrela dos maiores filmes de ação indonésios dos últimos anos, ele aqui tem um papel secundário. Aparece pouco, mas é sempre um prazer vê-lo lutando (ele manja dos paranauês de coreografia daquele tipo de luta onde o câmera pode dar um passo pra trás). Peter Mensah, o Doctore de Spartacus, também passa confiança ao defender o seu papel.

Agora, o trio feminino está bem ruim. Olha só, heu gosto de filmes de ação com mulheres, comentei isso no texto sobre Jolt. Falei da Samara Weaving, que tem um personagem completamente descartável. Tem também a Úrsula Corberó, que passa o filme inteiro repetindo as caras e bocas que ela fazia ao interpretar a marrenta Tokio de Casa de Papel. Agora, as duas aparecem pouco. Já a Haruka Abe, que aparece o filme inteiro, é péssima. Tanto a atriz, que passa o filme inteiro com cara de que não sabe o que fazer; quanto a personagem, que toma várias atitudes inexplicáveis durante o filme.

No fim do filme, claro, espaço pra continuação. Querem uma nova franquia. Sei lá, se começou cambaleante, nem sei se quero ver essa continuação.

A Noite nos Persegue

Crítica – A Noite nos Persegue

Sinopse (Netflix): Após poupar a vida de uma garota durante um massacre, um assassino de elite se torna o alvo do ataque de criminosos.

Quem me acompanha por aqui sabe que curto o cinema de ação feito na Indonésia, desde que vi o primeiro The Raid no Festival do Rio de 2011. Consegui ver The Raid 2 no cinema, numa viagem ao exterior. E vi Headshot no mesmo Festival do Rio, só que em 2016. Quando vi no Netflix um filme novo, com os nomes Timo Tjahjanto, Iko Uwais e Julie Estelle nos créditos, claro que me empolguei.

A Noite Nos Persegue (The Night Comes for Us, no original) é a primeira produção original Netflix feita na Indonésia. A direção e o roteiro são de  Timo Tjahjanto, desta vez sem seu parceiro habitual Kimo Stamboel (eles co-dirigiram Headshot, Macabre e Killers). E aviso logo: é um filme MUITO violento.

Claro que quem vai ver um filme desses espera ver lutas violentas. Mas, sério, acho que nunca vi uma violência gráfica tão grande. O gore aqui é maior do que em filmes de terror! Ou seja, temos lutas bem coreografadas, muito “tiro porrada e bomba”, e muito, muito sangue.

Por outro lado, a história é meio fuén. O clichê de sempre: um super mega blaster assassino profissional resolve se redimir e larga tudo pra proteger uma criança. Aí toda a organização vai contra ele. Tem uma subtrama com hierarquias do submundo do crime, os tais “seis mares”, mas o filme foca mais na porradaria.

E, quem quer ver porradaria, dificilmente vai se decepcionar. São muitas sequências, de vários estilos, com armas de fogo, com armas brancas, sem armas, homem contra homem, mulher contra mulher, explosões, pedaços de corpos decepados, o cardápio é vasto. Heu prefiro a câmera do Gareth Evans (The Raid), mas o Timo Tjahjanto não decepcionou.

No elenco, o onipresente Iko Uwais (estrela dos três filmes citados no segundo parágrafo, e o cara ainda tem tempo de fazer 22 Milhas com o Mark Wahlberg e Triple Threat com o Tony Jaa) desta vez não é o principal. O protagonista é Joe Taslim, que também era um dos principais do primeiro The Raid, e que teve papeis menores em Velozes & Furiosos 6 e Star Trek: Sem Fronteiras. Julie Estelle, a Hammer Girl do segundo The Raid, é terceiro nome do elenco, mas aqui tem outras mulheres lutando, Hannah Al Rashid e Dian Sastrowardoyo. Também no elenco, Zack Lee, Abimana Aryasatya, Sunny Pang e Salvita Decorte.

(Segundo o imdb, Yayan Ruhian, Arifin Putra, Cecep Arif Rahman e Very Tri Yulisman, todos com papeis importantes nos The Raid, estavam inicialmente no elenco deste A Noite nos Persegue, mas tiveram que abandonar o projeto por conflitos na agenda)

Tjahjanto disse que este é o primeiro de uma trilogia, e que o próximo filme será centrado na personagem da Julie Estelle. Já que aparentemente não teremos o terceiro The Raid tão cedo, esse passa a ser a minha próxima expectativa indonésia!

Triple Threat

Crítica – Triple Threat

Sinopse (igoogle): A filha de um bilionário torna-se o alvo de um perigoso e eficiente cartel criminoso. O que eles não contavam é que ela seria protegida por três implacáveis mercenários.

Aí aparece um filme estrelado pelo Iko Uwais e pelo Tony Jaa. Tem cara de ser MUITO vagaba. Mas não é todo dia que temos The Raid e Ong Bak juntos. Vamos nessa então!

Claro que o filme dirigido por Jesse V Johnson é cheio de clichês. Até o personagem do Iko Uwais, que tenta trafegar nos “tons de cinza”, não engana ninguém. E não dá pra esperar grandes atuações com esse elenco de brucutus (que ainda conta com Tiger Chen, Scott Adkins e Michael Jai White). Ah, tem uma mocinha, o clichê da donzela em perigo (Celina Jade, de Wolf Warrior 2) – o único clichê que deixaram de fora é que ela não apaixona por nenhum dos mocinhos.

(Tem uma outra vilã, mas o roteiro esqueceu de desenvolver o personagem, então deixa pra lá.)

Nos restam as cenas de ação – afinal, quem se propõe a ver um filme desses é porque quer ver “tiro porrada e bomba”. E, mesmo assim, Triple Threat continua sendo genérico. Nenhuma cena de ação enche os olhos – nem nas esperadas sequências de luta mano a mano.

Triple Threat é ruim? Não, não chega a tanto. Mas que é decepcionante, isso é.

22 Milhas

Crítica – 22 Milhas

Sinopse (imdb): Um oficial da inteligência americana de elite, auxiliado por uma unidade de comando tático ultrassecreta, tenta transportar um misterioso policial com informações sigilosas para fora do país.

Filme novo do Mark Wahlberg dirigido pelo Peter Berg? Fuen. Filme hollywoodiano com o Iko Uwais? Opa, quero ver!

Esta é a quarta parceria entre Berg e Wahlberg. O primeiro, O Grande Herói, é tecnicamente bem feito, mas o maniqueísmo excessivo me incomodou. O segundo, Horizonte Profundo: Desastre no Golfo, é bonzinho, mas é só mais um filme de ação genérico. O terceiro, O Dia do Atentado, nem vi, só o trailer bastou. Este quarto, 22 Milhas (Mile 22 no original) parecia ser mais um genérico. Mas a presença do astro de ação indonésio me chamou a atenção.

Pra quem não conhece Uwais: ele é o ator principal dos dois The Raid, filmes indonésios que constam em qualquer lista seria dos melhores filmes de ação feitos nos últimos dez anos. Quem gosta do estilo, pode ir lá procurar os dois filmes, e depois volta aqui pra me agradecer. 😉

(Também vi Merantau e Headshot, outros dois filmes estrelados por Uwais, mas são inferiores aos dois The Raid)

Mas o problema é que 22 Milhas tem muito falatório e pouca coisa acontece. As narrações em paralelo chegam a ficar cansativas – sem contar que o filme fica bem confuso com tanto bla bla bla. E o roteiro ainda traz algumas coisas desnecessárias – pra que o avião russo, se tudo podia ser feito dentro de um escritório? Pra piorar, Wahlberg construiu um personagem mal humorado e com manias irritantes. Fica difícil nutrir alguma simpatia por um cara assim.

Sobram as cenas de ação. Diferente dos outros filmes da parceria Berg Wahlberg, teoricamente baseados em histórias reais, 22 Milhas é assumidamente ficção sem se preocupar com a realidade. Assim, entre um falatório aqui e outro ali, temos algumas boas sequências de “tiro porrada e bomba”. Claro, não são sequências top, mas funcionam pro que o filme pede.

No elenco, além de Wahlberg e Uwais, o filme conta com Lauren Cohan, Ronda Rousey, John Malkovich e Carlo Alban. E o curioso é que Ronda não briga nenhuma vez!

No fim rola um gancho pra uma possível continuação. Será que precisa?

Headshot

HEADSHOT-PosterCrítica – Headshot

Mais um filme de ação vindo da Indonésia!

Sinopse tirada do site do festival: “Um homem acorda em um hospital depois de sofrer um traumatismo craniano sem se lembrar quem é e como foi parar ali. Ele se recupera com a ajuda da jovem médica Ailin, que lhe dá o apelido de Ishmael, em homenagem ao protagonista de Moby Dick. Mas logo o passado de Ishmael vem bater à sua porta: Lee, um chefão da máfia com influências na polícia e no judiciário, sequestra Ailin, e Ishmael precisa lutar contra um exército mortal para recuperá-la. E não demora para que fragmentos de seu passado comecem a vir à tona, dando forma ao quebra-cabeça de quem ele realmente é. Toronto 2016.

Há uns meses atrás, heu estava navegando pelo imdb quando descobri um filme novo da Julie Estelle, a Hammer Girl de The Raid 2. Melhor ainda: o elenco ainda tinha Iko Uwais (o protagonista da série The Raid) e Very Tri Yulisman, o Basebal Bat Man. Legal! Será que isso chegaria no Brasil?

Foi uma agradável surpresa quando abri a programação do Festival do Rio 2016 e vi Headshot (idem no original) na mostra Midnight Movies (lembrando que vi o primeiro The Raid na mesma Midnight Movies do Festival de 2011). Provavelmente a única oportunidade de ver o filme nos cinemas tupiniquins.

A direção está nas mãos dos “Mo Brothers”, Kimo Stamboel e Timo Tjahjanto (também roteirista), que têm carreira no terror – antes fizeram Macabre (um slasher com a mesma Julie Estelle no elenco), Killers (sobre dois assassinos de países diferentes que se comunicam pela internet), e, em parceria com Gareth Evans (diretor dos dois Raid), Safe Heaven, uma das poucas coisas que se salvam na série V/H/S. Ou seja, já dava pra desconfiar que, apesar do elenco, este não é um “The Raid 3”.

Headshot não é terror. Mas tem muito mais sangue jorrando do que os Raid,  e as lutas deixam muito mais hematomas. A violência gráfica é grande! Mais: sempre que rolam tiros, a câmera balança. Aí a gente vê como é um filme de ação feito por gente acostumada a fazer terror…

A trama não traz nenhuma novidade. O plot twist do roteiro é meio óbvio, quem for ao cinema atrás de uma história mais elaborada pode se decepcionar. Digo mais: achei bem forçada a relação médico / paciente mostrada – será que isso é comum na Indonésia? Agora, quem quiser ação vai encontrar um prato cheio. Lutas bem coreografadas (pelo próprio Iko Uwais), muito tiro, muito sangue. Daqueles filmes que dá vontade de rever só pra curtir mais uma vez as cenas de ação.

Sobre o elenco, o imdb tá todo errado. Uwais é o protagonista, apesar do seu nome ser o sétimo da lista. O primeiro nome no imdb é Julie Estelle, e passei o filme inteiro achando que ela era a médica. Na verdade os papéis principais são de Uwais e Chelsea Islan, que interpreta a médica. Estelle e Yulisman fazem Rika e Besi, capangas do chefão, interpretado por Sunny Pang – que apesar de ter um grande currículo, admito que não conhecia. Aos poucos vamos conhecendo atores indonésios…

A notícia ruim é que um filme desses dificilmente será lançado nos cinemas brasileiros. Mais uma vez a Indonésia mostra que tem cinema de ação de qualidade e que poderia peitar Hollywood, mas a maior parte das pessoas nem vai ouvir falar…

The Raid 2 – Berandal

0-TheRaid2-posterCrítica – The Raid 2 – Berandal

Quando pesquisei quais filmes estariam em cartaz em Londres na mesma época da minha viagem, planejei os pontos imperdíveis da minha viagem: London Eye, Madame Tussaud, o musical We Will Rock You, Camden Town – e uma sessão de cinema para ver The Raid 2 – Berandal.

A sinopse: depois de sobreviver ao primeiro filme, Rama agora tem que virar um policial infiltrado em uma guerra da máfia em Jakarta, Indonésia.

Para quem não viu: o filme indonésio The Raid Redemption, lançado aqui em dvd/blu-ray como Operação Invasão, é um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos. Pena que foi mal lançado e quase ninguém conhece.

Agora veio a continuação, escrita, dirigida e editada pelo mesmo Gareth Evans. Se o primeiro filme é um diamante bruto de testosterona, este segundo filme é um diamante do mesmo quilate, só que lapidado. Se no primeiro The Raid a ação é toda em uma trama linear, e tudo acontece dentro do prédio; agora temos vários climas, vários cenários, vários personagens. E a violência extrema continua lá. E ainda melhorada.

Olha, vou contar para vocês: a violência nunca foi mostrada assim antes na história do cinema. Nunca antes o sangue jorrou de maneira tão bela! Estamos acostumados com o “padrão Marvel de violência” – sem sangue, sem gore. A violência aqui é crua, bem longe de Hollywood. A quantidade de sangue derramado e de ossos quebrados é muito grande, com detalhes visuais que chamam a atenção – a ponto de vermos um tiro de escopeta explodindo uma cabeça, sem corte.

Mas não falo de violência gratuita, está bem longe dos “torture porn” como O Albergue ou Jogos Mortais. A violência aqui acontece por causa das lutas. E, meus amigos, que lutas! Se no primeiro filme tínhamos umas duas ou três lutas memoráveis, aqui são mais de dez sequências antológicas, como a briga na lama do presídio e a excelente (e longa) luta final na cozinha.

Dois ótimos vilões novos aparecem, e, pena, foram pouco aproveitados. Mas as duas sequências com a Hammer Girl e o Baseball Bat Man são sensacionais. Digo mais: toda a “sequência do metrô” é uma aula de cinema – narrativa dividida em três, com uma trilha sonora instrumental perfeita sublinhando a tensão na dose exata. E a violência extrema correndo solta, o que a menina bate com os martelos deixaria a Beatrix Kiddo orgulhosa. Foi pouco, mas já prevejo um culto à Hammer Girl.

Falei que The Raid 2 não era linear como o primeiro, certo? E o que podemos dizer sobre a cena de perseguição de carro? Acho que nunca vi algo assim feito em Hollywood. Quase dá pra ouvir “chupa, Velozes e Furiosos!”…

O elenco, claro, traz de volta Iko Uwais, que está sendo comparado com Bruce Lee, e não é à toa – a cena (que está no trailer) onde ele pratica dando socos em uma parede não foi acelerada, ele bate daquele jeito mesmo! Uwais está presente em quase todas as lutas, acho que as duas únicas sem ele são com Yayan Ruhian, que fez o Mad Dog no primeiro filme (e que também estava em Merantau, primeiro filme de Evans, também estrelado por Iko). Outro excelente ator-lutador, a sequência do facão é impressionante. Ainda no elenco, Julie Estelle, Arfin Putra, Oka Antara e Alex Abbad.

A notícia triste é que, assim como o primeiro, The Raid 2 também está sendo muito mal vendido. Não tem previsão de passar no Brasil, assim como o primeiro, que foi direto para o mercado de home video. E, na sessão que vi, em Londres, tinham apenas 5 pessoas na sala do cinema – sendo que um casal de idosos saiu na metade do filme.

Depois de The Raid 2, o telefone do Gareth Evans deve estar frenético. Os Stallones, Stathams e Diesels da vida devem estar tentando contratá-lo para a sua estreia hollywoodiana (assim como Van Damme, que trouxe John Woo para os EUA em 1993). Mas vão ter que esperar, segundo o imdb, Evans agora está na pré produção de The Raid 3 – desde já um dos filmes mais esperados da década.

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Heu em Londres!

Merantau – Warrior

Crítica – Merantau – Warrior

Como prometido no post sobre Batalha Policial, procurei o outro filme do mesmo diretor com o mesmo ator, este Merantau – Warrior.

Yuda (Iko Uwais) sai do interior e vai para Jakarta, onde pretende sobreviver dando aulas de silat, uma arte marcial comum na Indonésia. Uma vez na cidade grande, sozinho, desempregado e sem ter onde morar, ele, meio por acidente, acaba defendendo a jovem Astri de virar mais uma vítima do tráfico de pessoas.

Também escrito e dirigido por Gareth Evans, Merantau – Warrior não tem o mesmo ritmo frenético de Batida Policial. O início é até lento, e além disso, tem uma importante figura feminina na trama. Mas não vai decepcionar os apreciadores de filmes de pancadaria. Assim como Batida Policial, Iko Uwais aqui mostra que é bom em silat. Algumas sequências são sensacionais, como aquela onde Yuda vai pegar as coisas de Astri e foge batendo em dezenas de adversários.

Reconheci outro ator do elenco! Yayan Ruhian, que faz o Mad Dog em Batida Policial (é o cabeludo que briga com os dois irmãos), interpreta o Eric, aqule da luta dentro do elevador.

Teve uma coisa que me incomodou na luta final, entre Yuda e os dois chefões. Em primeiro lugar, Yuda sozinho bateu em uns trinta orientais, qual a dificuldade de bater em apenas dois, e ainda por cima ocidentais? E mais: gangsters como eles não estariam desarmados!

Achei o fim esticado demais, o filme podia ter acabado uns quatro ou cinco minutos antes sem prejuízo para o resultado final. Mesmo assim, Merantau – Warrior ainda é um bom filme para quem curte artes marciais.

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Se você gostou de Merantau – Warrior, o Blog do Heu recomenda:
Batalha Policial
DOA
Carga Explosiva

Operação Invasão / Batida Policial / The Raid Redemption / Serbuan Maut

Crítica – Batida Policial / Operação Invasão / The Raid Redemption / Serbuan Maut

A primeira coisa que chama a atenção aqui é que é um filme de ação feito na Indonésia. Mas não se trata apenas de um filme vindo de um país exótico – Batida Policial é um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos!

A trama é simples: uma equipe do FBI entra num prédio para tentar capturar um chefão do crime. Mas a equipe acaba presa em uma emboscada. E dá-lhe tiros, explosões e pancadarias…

Escrito e dirigido pelo galês Gareth Evans, Batida Policial tem ação ininterrupta. Sabe a expressão “de tirar o fôlego”? É por aí. Tiroteios, explosões, brigas com armas brancas, pancadaria com as mãos nuas, tem tudo isso, em quantidade abundante, e com boa qualidade – os personagens lutam silat, uma arte marcial comum na Indonésia. Por um lado, foi muito legal ver isso na tela grande; por outro lado, se fosse em dvd, heu voltaria algumas cenas pra rever.

O filme não tem frescuras. Os únicos cenários são dentro do prédio velho, com seus corredores e apartamentos. Efeitos especiais, só nas explosões e tiroteios. Personagem feminino, só na cena inicial. Também não tem um alívio cômico. O filme inteiro é na adrenalina, na testosterona.

Outra coisa: a câmera não é tremida como nos Transformers da vida. Vemos tudo claramente, as coreografias das lutas devem ter dado um trabalhão pra fazer. Tem uma cena onde um cara sozinho sai pelo corredor, sem nenhuma arma nas mãos, e, sozinho, briga com literalmente dezenas de adversários!

Na saída do cinema, ouvi umas pessoas falando de um certo “filme anterior”. Descobri que existe um filme indonésio de 2009 chamado Merantau, também escrito e dirigido por Gareth Evans, e também estrelado por Iko Uwais, o protagonista de Batida Policial. Vou procurar esse filme…

Agora é esperar que Batida Policial seja lançado por aqui. Se for lançado, recomendo para quem curte um bom filme de ação!

p.s.: Quando passou no Festival do Rio de 2011, este filme foi chamado de “Batida Policial”. Depois, quando foi lançado comercialmente, o nome mudou para “Operação Invasão”.

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Tropa de Elite 2
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