Rock Star

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Rock Star

Recentemente fui convidado a escrever no site www.hardblast.com , um site, claro, sobre rock’n’roll. Como o site fala de rock, resolvi criar uma “filmoteca rock’n’roll”: filmes legais pra quem curte rock. Se tudo der certo, a cada 15 dias terei um novo texto por lá!

Assim que surgiu o convite, me lembrei do filme Rock Star. Não consigo me lembrar de um filme mais apropriado para o hardblast…

A história: nos anos 80, Steel Dragon, uma das maiores bandas de hard rock  do momento, substitui o vocalista original por um garoto que canta numa banda cover.

Legal a idéia, não? E o pior é que o filme se inspirou numa história verídica: quando o Judas Priest escolheu Tim “Ripper” Owens, então vocalista de uma banda cover, pra substituir Rob Halford quando este saiu do Judas.

Este filme é muito legal. Por que digo isso? Porque é um filme que se preocupou com um detalhe essencial pra quem curte um filme do estilo: vários dos atores são músicos! O próprio Mark Wahlberg era rapper antes de se tornar ator (lambram de Marky Mark and the Funky Bunch?). Dominic West, que faz Kirk Cuddy,  é o único membro do Steel Dragon que é ator “de verdade”. Os outros são uns tais de Jason Bonham (filho do John Bonham) na bateria, Zakk Wylde (Black Label Society, Ozzy) na guitarra e Jeff Pilson (Dokken) no baixo… E ainda tem mais uns músicos de “hair metal” nas bandas cover do filme, Blood Polution e Black Babylon.

Assim, o filme ganha a credibilidade necessária, apesar do diretor Stephen Herek não ser exatamente “da área” – seu filme de maior sucesso é aquela versão de Os 3 Mosqueteiros com Kiefer Sutherland, Charlie Sheen e Oliver Platt.

Mark Wahlberg era rapper, mas aqui não ouvimos a sua voz nas músicas. Ele foi dublado por Jeff Scott Soto e Mike Matijevic (da banda Steelheart). Mas, pra quem tiver paciência para olhar os créditos, verá uma brincadeira que fizeram com ele: o Steel Dragon está no palco, e no P.A. soltam o playback de Good Vibrations – hit do Marky Mark…

O filme explora alguns clichês do famoso “sexo, drogas e rock’n’roll”, temos várias situações em cada um dos 3 vértices. Algumas coisas ficam um pouco forçadas – heu não gostei muito do jeito como Bobby Beers saiu da banda, na frente de um fã, nem da reação do empresário quando Izzy abandona o palco. Mas nada que estrague o resultado final.

Enfim, uma boa diversão pra quem curte rock!

Rolling Stones – Shine a Light

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Rolling Stones – Shine a Light

Que tal uma das maiores bandas da história filmada por um dos maiores diretores da história? Interessante, não?

Em Shine a Light, o diretor Martin Scorsese (Taxi Driver, Touro Indomável, Gangues de Nova York e mais uma penca de filmes bons) filmou shows realizados em 29 de outubro e 1º de novembro de 2006, no Beacon Theatre, em Nova York. E nos mostra isso num dos melhores documentários da história do rock’n’roll.

Por que este é considerado um dos melhores documentários da história? Porque é um filme do Scorsese antes de ser um filme dos Stones. Então, em vez do glamour que se espera, vemos a banda “nua e crua”, de perto, muito perto.

De um tempo pra cá, a idéia de “show dos Rolling Stones” se associou a tudo mega, tudo gigantesco. Já vi muitos shows no Maracanã, mas o único que posso dizer que a banda não ficou “pequena” foi quando os Stones tocaram lá, nos anos 90. (Também vi o show da Apoteose, mas dispensei o da praia de Copacabana – heu não sou vip e não teria condições de ver nada no meio da multidão de um milhão de pessoas.)

Mas aqui vemos tudo de perto. Conseguimos literalmente ver todas as rugas de cada um dos quatro Stones: Mick Jagger (vocal), Keith Richards (guitarra), Charlie Watts (bateria) e Ronnie Wood (guitarra). Vemos todas as poses e caretas de Keith Richards – digam o que quiserem dele, o cara inventou boa parte do que conhecemos como “guitarrista de rock”. Também vemos um Mick Jagger de 65 anos de idade rebolando no palco como se fosse uma garotinha – e, mais uma vez, digam o que quiserem, mas o cara é um frontman perfeito, como poucos na história, e nunca – NUNCA – seus rebolados parecem forçados.

(nota explicativa: Ronnie Wood é o único que não é da formação original, desde os anos 60. Brian Jones, o guitarrista da primeira formação ao lado de Keith Richards, morreu em 69, e foi substituído por Mick Taylor, que ficou até 74, quando finalmente entrou Wood. O baixista Bill Wyman se aposentou em 93. Desde então o baixo é tocado por Daryl Jones, mas este nunca foi efetivado membro da banda, apenas músico contratado.)

Vemos tão de perto que acontece algo raro: o som que ouvimos, aparentemente, não foi mixado. Quando a câmera está perto de um dos músicos, ouvimos o seu instrumento mais alto, como se estivéssemos perto do retorno do palco! Isso às vezes bagunça o áudio, e muitas vezes não ouvimos direito os outros instrumentos. Mas não deixa de ser interessante…

Entre as músicas, vemos trechos de entrevistas de outras épocas. E aí está um dos poucos defeitos do filme: custava colocar as datas destas entrevistas? É legal ver um Mick Jagger novinho, ainda nos anos 60, dizendo que talvez eles ainda tivessem pique pra tocar por talvez mais uns dois anos. Acho que todas as imagens de arquivo deveriam dizer pelo menos o ano!

Mesmo assim, vale o ingresso / locação / download. E bom filme / show!

This is Spinal Tap

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This is Spinal Tap

Logo no início, o diretor Marty DiBergi diz que resolveu fazer este documentário, ou melhor, “rockumentário”, sobre a banda Spinal Tap, com 17 anos de carreira e 15 discos lançados, prestes a começar uma nova turnê pelos EUA.

Ué? Você nunca ouviu falar dessa banda? Nem desse diretor? Deve ser porque é tudo fake…

Em 1984, o diretor Rob Reiner (Conta Comigo, Harry & Sally, Uma Questão de Honra, Louca Obsessão), junto com três amigos atores / músicos, resolveu criar uma banda com todos os clichês do Hard Rock. A ele coube a parte do diretor do documentário – o nome foi homenagem aos diretores Scorsese (Marty), Brian De Palma (Di) e Spielberg (Bergi). Os outros três, Harry Shearer, Christopher Guest e Michael McKean, interpretaram os guitarristas e o baixista. Também há um tecladista, que aparece menos; e uma lenda que diz que o baterista sempre morre…

São várias as situações geniais e hilárias, como a banda se perdendo no caminho do camarim ao palco, ou o amplificador com volume que vai até o 11, ou ainda as “imagens de arquivo” de apresentações antigas da banda.

Pra quem está familiarizado com os exageros e clichês do rock’n’roll, esse filme é pura diversão!