Pantera Negra Wakanda Para Sempre

Crítica – Pantera Negra Wakanda Para Sempre

Sinopse (imdb): Uma sequência que explora o mundo único de Wakanda e os vários personagens introduzidos com o filme de 2018.

Finalmente chega às telas a aguardada continuação de Pantera Negra, um dos mais incensados filmes de super heróis de todos os tempos.

A minha maior dúvida era como eles iam lidar com a morte do ator principal, Chadwick Boseman, que faleceu dois anos atrás, aos 43 anos, de câncer. Qual seria a saída? Será que era melhor escalar outro ator, como fizeram com o Máquina de Guerra, que foi interpretado pelo Terrence Howard no primeiro Homem de Ferro e depois trocaram pelo Don Cheadle? Ou usar um dublê e colocar um rosto digital, como fizeram com o Gand Moff Tarkin em Rogue One?

A solução encontrada foi matar o personagem – e isso é logo a primeira cena do filme, então não é spoiler. T’Challa está doente, enquanto Shuri tenta fazer algo para salvar o irmão. E logo depois temos uma bela homenagem, a vinheta da Marvel está só com imagens do T’Challa, e sem música, só com barulho de vento. Vai ter muito nerd chorando nessa introdução.

Matar o personagem parece ser a solução correta quando o ator que o interpreta era muito carismático, afinal é difícil substituir um ator assim. Mas traz outro problema: temos um filme sem protagonista. E o protagonismo é jogado em cima da Shuri, só que Letitia Wright não tem um décimo do carisma do Chadwick Boseman. Mas isso é apenas um dos problemas. Vamulá.

Mais uma vez dirigido por Ryan Coogler, Pantera Negra Wakanda Forever não é ruim. O elenco está muito bem, temos cenários belíssimos tanto em Wakanda quanto em Talocan (a cidade do Namor), boa trilha sonora, tecnicamente é um filme bem executado. Mas, sei lá, me pareceu que faltou alguma coisa. É o trigésimo filme do MCU, chegamos em um ponto onde é difícil se manter no topo o tempo todo, e a sensação que Pantera Negra Wakanda Forever passa é que estamos diante de mais um filme, apenas isso.

E, pra piorar, o filme é longo demais. Duas horas e quarenta minutos, o filme chega a cansar.

Sobre as cenas de ação: tem uma perseguição de carros no meio do filme que é apenas ok. E a grande batalha final é bem ruim. Temos de um lado pessoas mais fortes e em maior quantidade. Era pra esse lado ter esmagado o outro, mas, ok, filme, a gente aceita.

(Não gostei do “momento power rangers” na batalha, e não tenho ideia de onde a Shuri aprendeu a brigar daquele jeito – ela era cientista! Mas esses são clichês comuns em filmes de super heróis, então vou relevar.)

O elenco é bom. Angela Bassett está muito bem, consegue passar a dor de ter perdido um filho e ainda ter que governar Wakanda. Tenoch Huerta recebeu críticas pelo seu Namor, mas achei ele bom no papel – não está na galeria dos melhores vilões da Marvel, mas serve pra mover o filme. Letitia Wright, Lupita Nyong’o, Danai Gurira e Dominique Thorne dividem o protagonismo na maior parte do filme. Martin Freeman e Julia Louis-Dreyfus têm papéis menores; e Lake Bell faz uma ponta (curioso que ela fez a voz da Natasha Romanoff em What If e agora tem um papel pequeno, achei que ela tinha star power pra algo mais relevante).

Agora, momento mimimi. Posso implicar? Se a galera é do fundo do mar, por que usam cocares com penas de pássaros? Outra: eles são seres subaquáticos, como é que eles cantam fora d’água para chamar as pessoas para o mar?

Pantera Negra Wakanda Forever é um bom filme. Mas, no MCU de 2022, na minha lista, fica um passo atrás do Doutor Estranho e do Thor.

As Agentes 355

Crítica – As Agentes 355

Sinopse (imdb): Um grupo de mulheres compõe uma das mais prestigiosas unidades de espionagem do mundo. As agentes devem enfrentar uma ameaça assustadora.

Gosto muito de filmes de ação estrelados por mulheres. Sempre gostei, lembro de ir ao cinema ainda novo pra ver Aliens O Resgate, Exterminador do Futuro e Nikita – e não podemos nos esquecer da Princesa Leia! E temos tido vários filmes de ação girl power recentemente. Pena que a qualidade tem sido fraca na maioria dos casos.

Este As Agentes 355 (The 355, no original) pelo menos tinha um diferencial: um elenco acima da média. Não é qualquer filme de ação que conta com quatro nomes como Jessica Chastain, Diane Kruger, Lupita Nyong’o e Penélope Cruz (sim, sei que são cinco, não me esqueci da Bingbing Fan, mais tarde volto ao assunto).

Mas a impressão que fica é que gastaram demais no elenco, então pegaram um diretor qualquer. Simon Kinberg tem um bom currículo como produtor, mas este é seu segundo longa como diretor, e o primeiro foi o fraco X-Men Fênix Negra. Nuff said.

O resultado foi um filme genérico, que parece que não se decide entre um filme sério de espionagem ou abraça a galhofa como um Velozes e Furiosos – tem algumas cenas tão exageradas que lembram o exagero da franquia do Vin Diesel, tipo quando a Jessica Chastain está correndo, de vestidinho leve, sem bolsa, sem casaco, só com o vestidinho, e de repente saca uma arma enorme, guardada sei lá onde.

As Agentes 355 tem algumas coisas boas. Gostei de como criaram o grupo, com uma de cada país, uma de cada agência – e atritos precisam ser resolvidos para elas trabalharem juntas. Também temos algumas boas cenas de ação, mas a gente precisa desligar o cérebro em alguns trechos. Tipo, se elas estão trabalhando sem o apoio de suas agências, como elas conseguem todo aquele equipamento? Isso sem contar com o fato de que precisamos de muita suspensão de descrença pra acreditar naquele aparelhinho mágico que hackeia qualquer coisa no mundo. Além disso, o vilão é péssimo, e o terço final traz uma virada de roteiro já prevista ao fim da primeira sequência.

Sobre o elenco, tenho coisas boas e coisas ruins para falar. Jessica Chastain (também produtora) está bem, assim como Diane Kruger. São personagens parecidas – solitárias, habilidosas e eficiência – e ambas funcionam bem para o que o filme pede. Aliás, logo no início do filme tem uma boa sequência de perseguição com as duas. Penélope Cruz está bem, mas a motivação de sua personagem é meio forçada. Sem nenhum preparo de agente de campo, no meio do filme ela já abandonaria o grupo. Mas, ok, ela continuou lá de repente pra mostrar que uma mulher sem treinamento poderia estar no rolê. Agora, não gostei da personagem da Lupita Nyong’o. Ela é uma ninja em hackear facilmente qualquer coisa, e ao mesmo tempo dá palestras para auditórios cheios, e ao mesmo tempo sabe brigar e atirar, e ao mesmo tempo fala diferentes línguas aparentemente sem sotaque. Achei meio exagerado, ela faz tudo, e tudo é fácil pra ela. E a Bingbing Fan não só é um nome menos conhecido, como a sua personagem só entra no time bem depois das outras. Sei que ela é uma das principais, mas tem bem menos importância que as outras quatro. Também no elenco, Sebastian Stan, Edgar Ramírez e Jason Flemyng.

(Comentário sobre línguas: Diane Kruger aparece falando em inglês, francês e alemão, enquanto Jessica Chastain só fala inglês. Diferença entre uma americana e uma europeia…).

Mais um filme girl power, As Agentes 355 serve pra quem não for muito exigente.

Star Wars Episódio 9 – A Ascensão Skywalker

Crítica – Star Wars Episódio 9 – A Ascensão Skywalker

Sinopse (imdb): Os membros sobreviventes da resistência enfrentam a Primeira Ordem mais uma vez, e o lendário conflito entre os Jedi e os Sith atinge seu auge, levando a saga Skywalker ao fim.

(Antes de entrar no texto, um aviso. Os últimos textos sobre Star Wars foram escritos “no calor do momento”, e com um segundo texto para desabafar spoilers. Mas este sobre o Ep. 9, estou atrasado, devido aos problemas pessoais no heuvi. Então é um texto mais “pé no chão”, e não farei um segundo post com spoilers. Peço desculpas aos leitores!)

E, depois de nove filmes, chega ao fim a saga Skywalker!

Sou muito fã de Star Wars. É o único tema onde não consigo separar o “crítico” do “fã”. Ouvi um monte de gente falando de problemas técnicos, mas tenho dificuldade de vê-los. Sento na poltrona do cinema, começa a tocar o tema do John Williams, e toda a razão se apaga. Sou uma pessoa feliz vendo os filmes da saga!

Mas, vamulá. Star Wars Episódio 9 – A Ascensão Skywalker (Star Wars: Episode IX – The Rise of Skywalker, no original) tinha uma responsabilidade enorme: encerrar uma série que começou 42 anos antes e ganhou uma enorme importância na cultura pop. Sendo assim, não podemos vê-lo apenas como “mais um filme”. Não, é a parte final de uma das mais importantes sagas da história do cinema.

Como filme isolado, Star Wars Episódio 9 funcionaria melhor. Mas, como capítulo final, não foi tão bem. A direção voltou para JJ Abrams, que tinha feito o Ep. 7. E a gente vê que algumas coisas parecem conflitantes com o Ep. 8 – como, por exemplo, deixarem de lado o flerte entre a Rose e o Finn; ou, esquecerem que a Maz Kanata ia explicar como o sabre do Luke foi parar em suas mãos (um furo de roteiro que talvez seja explicado num livro). Não sei se foi isso, mas deu a impressão que os roteiros da trilogia não foram pensados como uma única história.

Teve outro problema, mas aí não é culpa do roteiro ou da produção. O Ep. 7 mostrava o Han Solo; o Ep. 8 mostrava o Luke Skywalker. Este filme mostraria a Leia Organa, mas a atriz Carrie Fischer morreu antes das filmagens. Então várias cenas ficaram estranhas, porque foram adaptadas – ou com a personagem em cgi, ou de costas. Pena, a gente queria mais da Leia…

Agora, um comentário com spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Um pequeno parágrafo com spoilers. Adorei a participação do Han Solo! Sensacional! Por outro lado, achei que trazer o Palpatine de volta não foi a melhor escolha. Não tinha nenhum outro vilão?

FIM DOS SPOILERS!

Dito isso tudo, afirmo sem medo: adorei o filme! Não tem sensação melhor do que sentar num cinema e entrar mais uma vez no universo de Star Wars! Pra melhorar, Star Wars 9 é cheio de fan service. Em vários momentos os fãs iam ao delírio durante a sessão.

No elenco, a novidade que não é exatamente novidade é a volta de Billy Dee Williams como Lando Calrissian – pena que não voltou nos filmes anteriores. E me parece que Anthony Daniels foi o único a “completar o álbum” – ele esteve nos nove filmes como C3PO! Estão de volta aos seus papeis Daisy Ridley, Oscar Isaac, John Boyega, Adam Driver, Mark Hamill, Carrie Fisher, Ian McDiarmid, Domhnall Gleeson, Kelly Marie Tran e Lupita Nyong’o (e Joonas Suotamo, pela quarta vez sob a fantasia de Chewbacca); as novidades são Naomi Ackie, Richard E. Grant e Keri Russell (Greg Grunberg e Dominic Monaghan devem ser amigos do diretor JJ, porque frequentemente aparecem em seus projetos; o próprio JJ Abrams faz a voz do novo robô apresentado, mas esse novo robô é um personagem bem bobo, principalmente se comparado aos robôs já apresentados desde que Star Wars foi pra Disney (BB8, K-2SO, L3-37)).

Chega, né? Ainda podia escrever muito, mas a ideia era fazer um texto curto. Só resumindo: Star Wars 9 tem seus problemas. Mas a gente que é fã deixa isso pra lá e fica feliz na cadeira do cinema.

Ah, por fim, um recado para os fãs que gostam de reclamar. Temos filmes novos no cinema todos os anos (5 filmes entre 2015 e 2019), temos séries live action e desenhos. Galera, vocês que reclamam não sabem o que é não ter material para consumir! Nos anos 90 a gente lia os livros do Timothy Zahn porque não tinha nada mais! Parem de reclamar e aproveitem que Star Wars está na moda!

E que venham mais filmes de Star Wars!

Nós

Crítica – Nós

Sinopse (imdb): A serenidade de uma família se transforma em caos quando um grupo de doppelgangers começa a aterrorizá-los.

Corra! foi uma boa surpresa – tanto que foi indicado aos Oscars de melhor filme, melhor diretor e melhor ator, e ganhou o Oscar de roteiro original. Claro que o roteirista e diretor Jordan Peele faria uma nova obra no mesmo estilo.

Mais uma vez escrito e dirigido por Peele, Nós (Us, no original) mantém a mesma pegada Twilight Zone que vimos em Corra! (não é coincidência que Peele está por trás do novo reboot de Twilight Zone). A trama não tem exatamente uma explicação do que acontece, nem como acontece, isso fica a cargo do espectador. Vai ter gente reclamando, mas heu gosto disso.

Nós tem uma ótima ambientação, Peele consegue criar um eficiente clima tenso, além de saber brincar bem com os clichês do cinema de terror. O roteiro tem algumas escorregadas, mas nada grave. Peele veio da comédia, e, assim como em seu filme anterior, Nós tem suas piadas. Mas aqui achei mais bem dosadas que em Corra!

No elenco, Lupita Nyong’o dá um show – não quero falar mais por causa de spoilers, mas podemos dizer que ter uma grande atriz faz diferença. Também no elenco, Winston Duke, Elisabeth Moss, Tim Heidecker, Shahadi Wright Joseph e Evan Alex

Nós é talvez um degrau abaixo de Corra!. Mas quem gostou do outro vai curtir este novo.

p.s.: Famílias que quiserem ideias simples para festas a fantasia podem providenciar macacões vermelhos, luvas de couro e tesouras. Fantasia pronta!

Pantera Negra

Pantera NegraCrítica – Pantera Negra

Sinopse (imdb): Depois da morte de seu pai, o Rei de Wakanda, T’Challa retorna para a nação africana isolada e tecnicamente avançada para assumir o trono e seu lugar como rei.

Hoje, com dezessete longa metragens* ao longo de dez anos de MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), a gente já sabe que a barra é alta. Já sabemos que o filme vai ser bom, a dúvida é se mesmo assim ainda vai surpreender.

Bem, não sei se Pantera Negra (Black Panther, no original) ficaria no meu top 5 pessoal de filmes do MCU, mas posso garantir que se trata de entretenimento de qualidade. Temos uma trama consistente, bons atores, bons personagens, uma belíssima ambientação no fictício país Wakanda… Tem até um vilão com boas motivações, coisa que nem sempre acontece em filmes de super heróis. Ah, importante: Pantera Negra fala de representatividade sem ser panfletário.

O diretor Ryan Coogler (Creed) é negro, assim como quase todo o elenco. Mas em vez de assumir uma postura “I’m black and I’m proud”, o filme apenas mostra bons personagens – guerreiros, cientistas, líderes políticos… Não só negros, como também temos várias mulheres fortes, inteligentes e bonitas. Taí um bom meio de se combater o racismo: mostrar que a minoria pode ser tão boa quanto ou ainda melhor. Aposto como vai ter muita criança branca fã dos personagens.

Pantera Negra é um filme de super herói, então, claro, temos boas cenas de ação. Gostei muito de uma cena em particular, onde vemos uma luta em plano sequência, num cenário que lembra a cena final de Kill Bill 1. Sobre o humor, algumas pessoas criticam o excesso de humor dos filmes da Marvel – Pantera Negra tem uma piadinha aqui, outra ali, mas é um filme bem mais sério que os outros.

O visual de Wakanda é bem legal, mistura tradicionalismo com tecnologia de ponta. Pena que alguns efeitos especiais em cgi ficaram estranhos (principalmente na luta final). A trilha sonora alterna hip hop com sons tribais (lembrei do grupo mineiro Uakti, mas acho que ninguém que ouve Uakti vê filme de super herói). Ficou legal, mas, na minha humilde opinião, podia ter um blaxploitation dos anos 70…

O elenco é nota 10. Todos estão bem: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong’o, Danai Gurira, Daniel Kaluuya, Letitia Wright, Winston Duke, Sterling K. Brown e Forest Whitaker. Curiosidade: os dois atores brancos, Martin Freeman e Andy Serkis, estavam juntos numa certa trilogia tolkeniana – como o Hobbit e o Gollum.

São duas cenas pós créditos, mas acho que hoje em dia nem precisa mais avisar, né? 😉

Falei lá no início que antes deste foram 17 filmes, né? Pois bem, ainda este ano teremos Guerra Infinita e Homem Formiga e a Vespa. Até o fim de 2018, serão 20 longas. Má notícia para os haters; boa notícia pra quem gosta de cinema pop de qualidade.

* Homem de Ferro e Hulk (2008), Homem de Ferro 2 (2010), Thor e Capitão América (11), Vingadores (12), Homem de Ferro 3 e Thor 2 (13), Capitão América 2 e Guardiões da Galáxia (14), Vingadores 2 e Homem Formiga (15), Guerra Civil e Doutor Estranho (16), Guardiões da Galáxia 2, Homem Aranha e Thor 3 (17).

Star Wars Ep 7 – O Despertar da Força

SW7 - posterCrítica – Star Wars Ep 7 – O Despertar da Força

O filme mais aguardado do ano!

30 anos depois da derrota do Império Galático, surge uma nova ameaça. A Primeira Ordem tenta governar a galáxia, mas uma dupla improvável tenta impedir, com a ajuda da Resistência.

Antes de tudo, é bom avisar: este é um texto sem spoilers! Vamos respeitar o cuidado que os realizadores tiveram em não deixar vazar a história, apesar da grande vontade de comentar coisas do filme. Caro leitor que ainda não viu o filme: pode ler tranquilo!

Arrisco dizer que este Star Wars Ep 7 – O Despertar da Força (Star Wars The Force Awakens, no original) é a maior estreia cinematográfica da história. George Lucas vendeu sua franquia bilionária para a Disney, que fez o que sabe fazer como poucos: colocou a máquina de marketing à toda – hoje você encontra Star Wars em tudo quanto é produto. Diferente dos anos 70, Star Wars é moda!

Claro que precisávamos de um bom filme. Uma franquia deste porte precisa de um grande filme, campeão de bilheterias, para azeitar a máquina do marketing. E, meus amigos, a Disney e o diretor JJ Abrams acertaram em cheio. O Despertar da Força é um filmaço!

Admito que estava com o pé atrás. Em 1999, tive uma decepção muito grande com o Ep 1, e não acho a carreira de JJ Abrams tão consistente assim (apesar de ter gostado muito de Super 8). Mas, felizmente, o pé atrás foi infundado. O Despertar da Força tem tudo o que o fã esperava desde o fim dos créditos d’O Retorno do Jedi, lá longe, em 1983. A história é empolgante, os novos personagens são carismáticos, tecnicamente o filme é um deslumbre. E, o mais importante: é um filme que sabe respeitar o fã antigo.

Na trilogia clássica (77, 80, 83), os efeitos especiais eram top para a época, mas limitados se revistos hoje em dia. Na trilogia Voldemort (aquela que não deve ser mencionada!), tem muito cgi, o filme ficou muito artificial. Agora, com a tecnologia atual, aliada à escolha do diretor Abrams de usar cenários reais em vez de telas verdes, os efeitos chegam a um nível de perfeição poucas vezes visto no cinema. As batalhas, tanto terrestres quanto aéreas, são impressionantes!

O roteiro parece o Ep 4 revisitado: protagonista solitário no deserto, um vilão misterioso que usa máscara, fuga do “império”, reunião na “base rebelde” para destruir uma “estrela da morte”… (Tem mais, mas é um texto livre de spoilers, então fica pra outra ocasião.) A trama é muito bem amarrada, e sabe dosar com maestria a entrada dos elementos da série clássica – todo fã “velho” vai curtir rever os personagens e veículos da trilogia clássica. Não à toa, um dos roteiristas é Lawrence Kasdan, roteirista de O Império Contra-Ataca e O Retorno do Jedi. A importância na trama entre a “velha guarda” e a “nova geração” está bem equilibrada. Ah, o filme tem duas horas e quinze minutos, e não tem nenhum momento fraco.

George Lucas sempre teve fama de ser um péssimo diretor de atores. Nesse ponto, JJ Abrams é muito melhor que Lucas. O elenco deste Ep 7 é ótimo! A essa altura todo mundo já sabe que temos de volta Harrison Ford, Carrie Fisher, Mark Hamill, Peter Mayhew (Chewbacca) e Anthony Daniels (C3PO), né? Juntam-se a eles a nova geração: Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Adam Driver, Domhnall Gleeson, Gwendoline Christie, Simon Pegg e as vozes de Andy Serkis e Lupita Nyong’o, além de uma ponta de Max von Sydow. Gostei muito de Daisy Ridley, a nova protagonista!

Sobre a trilha sonora, ainda não sei se gostei ou não. John Williams está de volta (ele fez a trilha dos outros seis filmes), e repete todos os temas que os fãs conhecem. Por um lado, é muito legal ouvir um tema conhecido sublinhando uma cena emocionante. Mas, por outro lado, não temos nada de novo. No Ep 1 a gente teve um bom tema novo…

Ainda preciso falar do humor. Não, o Ep 7 não é uma comédia. Mas acho que este é o filme mais engraçado de toda a saga. O personagem Poe tem frases ótimas!

Por fim, o 3D. Só faz diferença em um único take, onde parece que um destroyer imperial está bem à frente da tela. Só. Ou seja, desnecessário.

O filme acaba com um gancho forte para o episódio 8. Vai ser difícil segurar a ansiedade até 2017!

No fim da sessão, mal consegui me levantar, tamanho o carrossel de emoções que passaram na tela nas últimas duas horas. Obrigado, JJ Abrams, obrigado, George Lucas, obrigado, Disney. Obrigado por ter trazido de volta a magia da saga, que estava apagada desde a trilogia “Voldemort”. Obrigado pelo melhor filme do ano!

p.s. 1: Um filme desses tem que ser visto no cinema. Agora, ver numa sala de cinema onde mais da metade da plateia faz parte do Conselho Jedi RJ é uma experiência inesquecível!

p.s 2.: Para os fãs de Battlestar Galactica: temos uma “manobra Adama” na trama!

p.s. 3: Tive uma decepção, mas nada a ver com o filme em si. É que li que o elenco trazia Yayan Ruhian e Iko Uwais, os dois principais atores / lutadores dos filmes indonésios Operação Invasão, e imaginei que teríamos pelo menos uma grande luta envolvendo as habilidades dos dois. Nada, eles aparecem e somem rapidinho…

SW7 - sala do cinema SW7 - entrada do cinema