Plano de Aposentadoria

Crítica – Plano de Aposentadoria

Sinopse (imdb): Quando Ashley e sua filha Sarah se envolvem em um empreendimento criminoso que coloca suas vidas em risco, ela recorre ao pai afastado Matt, atualmente vivendo a vida de um vagabundo de praia aposentado nas Ilhas Cayman.

Não costumo ver trailers, mas me enviaram o trailer deste Plano de Aposentadoria (The Retirement Plan, no original) acabei vendo e curti a ideia. Parecia ser um “novo John Wick”, com o Nicolas Cage no papel principal. Ok, vamos ver qualé.

A comparação é válida, afinal são dois super mega assassinos, aposentados, que são forçados a voltarem à ação. O problema é que John Wick pode até ter uma premissa clichê, mas a execução é bem longe disso. Já Plano de Aposentadoria tem uma execução burocrática, o que nos entrega um filme bem genérico. Escrito e dirigido por Tim Brown, Plano de Aposentadoria é extremamente óbvio. A gente consegue prever tudo o que vai acontecer.

Se tem algo aproveitável é o elenco. Porque, se a trama é previsível e cheia de clichês, pelo menos vemos na tela atores como Nicolas Cage, Ron Perlman, Jackie Earle Haley e Ernie Hudson – inclusive este último é aquele clichê do “amigo do mocinho que entra na trama só pra se ferrar”.

Falei desses quatro atores, mas o melhor personagem é sem dúvida o do Ron Perlman, assassino brutamontes e ao mesmo tempo carinhoso. Se uma coisa vale a pena em Plano de Aposentadoria, é o personagem do Ron Perlman!

As cenas de ação são ok. Não tem nenhuma coreografia de luta que chama a atenção. Mas, pelo menos, mostra sangue quando precisa mostrar.

Por fim, uma coisa curiosa: os diálogos repetem insistentemente que estão procurando um HD, mas o filme só mostra um pen drive. Se a gente vê um pen drive, por que não mudaram o texto dos diálogos?

Pode divertir os menos exigentes. Mas é daquele tipo de filme que a gente esquece na semana seguinte.

Garra de Ferro

Crítica – Garra de Ferro

Sinopse (imdb): Uma família de lutadores que se enfrentam no ringue precisa lidar com uma série de tragédias pessoais.

Bora pro filme do “Zac Efron feio”!

Escrito e dirigido por Sean Durkin, Garra de Ferro (The Iron Claw, no original) conta a história da família Von Erich. Heu não saco nada de luta livre, nunca tinha ouvido falar da família Von Erich. Mas reconheço que é uma história que vale o registro. O Von Erich pai, ex lutador, teve vários filhos, todos acabaram se envolvendo com a luta livre, e boa parte deles teve destinos trágicos. Não vou entrar em detalhes sobre as tragédias, porque pode ser spoiler, mas o filme fala sobre uma suposta “maldição Von Erich”.

(Pelo filme, são quatro irmãos, mais um que morreu criança. Mas, pela trivia do imdb, eram seis no total: Kevin, David, Kerry, Mike e Chris (mais o Jack Jr). Não sei por que o filme não cita o Chris, que segundo a wikipedia, era o caçula, e teria por volta de dez anos no início do filme.)

Garra de Ferro tem personagens ricos e bem construídos, os relacionamentos entre os irmão são bem arquitetados, e o pai super controlador acaba se tornando o grande vilão da história.

O ponto forte aqui são as atuações. Zac Efron surgiu para o mundo com High School Musical, e virou um símbolo para “jovem, talentoso e bonito”. Fez O Rei do Show com o Hugh Jackman, fez Hairspray com John Travolta, Christopher Walken e Michelle Pfeiffer, fez Baywatch com Dwayne Johnson, fez Vizinhos com Seth Rogen, fez 17 Outra Vez com Matthew Perry, entre outros – ele conseguiu criar uma boa carreira “pós sucesso infantil da Disney”. Aqui em Garra de Ferro talvez ele tenha a sua melhor atuação, e duas coisas chamam a atenção. Uma é que Efron está tão forte que de repente podia estar numa cinebiografia do Arnold Schwarzenegger. E a outra é que ele está muito mais feio do que em todo o resto de sua carreira – não sei o quanto é maquiagem e o quanto é resultado de algum procedimento estético que deu errado.

Mas ele não é o único que está bem. Holt McCallany, que normalmente faz coadjuvantes insossos, arrebenta aqui, ele faz o pai vilão, e é uma das melhores coisas do filme. Dois dos irmãos, Harris Dickinson (Triângulo da Tristeza) e Jeremy Allen White (que acabou de ganhar um Emmy pela série The Bear), também estão ótimos (o quarto irmão, vivido por Stanley Simons, é um pouco mais apagado que os outros três). Nos papeis femininos, Lily James está bem, mas nada demais; Maura Tierney tem pouco espaço, mas sua personagem tem alguns ótimos momentos (pena que poucos).

Além disso, a reconstituição de época também é muito boa. O filme se passa no fim dos anos 70 e início dos 80, e toda a parte de roupas e penteados é bem cuidada. A trilha sonora também é boa.

Agora, como “não consumidor de luta livre”, tenho uma crítica. Em uma cena, vemos claramente os supostos opositores combinando os resultados antes da luta. E em outra cena a personagem da Lily James pergunta como funciona um campeonato onde as lutas são combinadas. Faltou algo no filme pra explicar isso. Porque entendo como um show pode (e deve) ser combinado, mas uma competição combinada não tem como ter um campeão.

Não sei por que a produção não tentou indicações ao Oscar. Acho que Zac Efron tinha chances…

I Bought a Vampire Motorcycle

Crítica – I Bought a Vampire Motorcycle

Sinopse (imdb): Quando uma gangue de motociclistas mata um ocultista, o espírito maligno que ele invocava habita uma moto danificada. A moto é então comprada e restaurada, mas revela sua verdadeira natureza ao tentar se vingar da gangue e de qualquer outra pessoa que se interponha em seu caminho.

Outro dia mandaram no grupo de apoiadores do Podcrastinadores um short de Instagram com uma cena de uma moto vampira. Claro que fui catar que filme era!

É um filme trash inglês de 1990, dirigido por Dirk Campbell. O nome original é I Bought a Vampire Motorcycle, mas não consegui descobrir qual é o nome brasileiro – pelo Google parece ser “A Moto Vampira”, mas no imdb está “A Motocicleta do Vampiro”. Aliás, me pergunto se esse filme já foi lançado oficialmente aqui no Brasil, desconfio que não.

Enfim, como previsto, I Bought a Vampire Motorcycle é ruim. Mas não é só ruim por ser trash, tem algumas camadas extras de ruindade. Vamulá.

O filme começa com um ritual satânico que dá errado e acaba que a moto fica possuída. Até aí, aceito. Não me incomoda uma moto possuída. O problema são cenas mal escritas, mal filmadas e mal editadas.

Tem uma cena que é tão ruim que vou criticar em dois níveis. Aliás, é uma cena que heu preferia não ter visto: a cena do cocô animado. A gente tem uma cena com uma visita do policial e acaba descobrindo que era um sonho do protagonista. Como é que alguém acha uma boa ideia colocar outro sonho do protagonista na cena seguinte? Será que ninguém se tocou que já tinham acabado de usar esse recurso? E, pra piorar, o segundo sonho – a cena do cocô – é completamente fora de qualquer coisa proposta dentro do filme. Essa cena não se encaixa com nada dentro da narrativa aqui.

Esta é a pior cena do filme, mas tem outras cenas ruins. Tem uma luta num pub que não faz o menor sentido. Pra começar que o dono do pub ia tentar impedir. Mas, independente do dono do pub, a briga é péssima, uma das piores coreografias da história do cinema. E a cereja do bolo é o erro de continuidade nas motos caídas.

Tem outras cenas que apenas são mal filmadas, como a cena onde dois policiais abordam um motorista bêbado e a moto vampira mata um dos policiais. A cena é tão mal filmada que tive que voltar pra entender quem tinha morrido.

Quer mais? Tem uma cena onde o cara entra na garagem e vê que a moto voltou, com um pedaço de perna humana. Chama a polícia? Não, melhor um padre. Ou… Quando policiais veem a moto descendo pela parede do hospital, eles ligam pra delegacia. Mas até o fim do filme não vemos mais nenhum policial, só o investigador que é um dos principais. Detalhe: o padre estava na delegacia, mas logo depois ele está com a galera.

No elenco, vários atores ruins e uma coisa curiosa. O ator principal, Neil Morrissey, fez um seriado na tv britânica, Boon, junto com Michael Elphick e David Daker, que também estão no elenco daqui. Amanda Noar, a principal personagem feminina, era casada com Neil Morrissey. Nunca soube de nenhum outro filme com nenhum deles. Por outro lado, o padre é interpretado por Anthony Daniels, também conhecido como C-3P0. E sim, o padre tem uma moto!

I Bought a Vampire Motorcycle termina com um gancho pra continuação, que até onde pesquisei, nunca foi feita.