Cavalo de Guerra

Crítica – Cavalo de Guerra

Oba! Dois filmes simultâneos de Steven Spielberg em cartaz nos cinemas!

Cavalo de Guerra mostra a saga do cavalo Joey, criado por um adolescente às vésperas da Primeira Guerra Mundial, depois vendido para o exército inglês, depois usado pelos alemães e mais algumas pessoas pelo meio do caminho.

Assim como em 1994, Steven Spielberg lançou dois filmes no mesmo ano. Naquela ocasião, ele foi muito bem sucedido – enquanto Jurassic Park bateu todos os recordes de bilheteria, A Lista de Schindler lhe deu os primeiros Oscars de melhor filme e melhor diretor (ele voltaria a ganhar melhor diretor em 98, com O Resgate do Soldado Ryan). Pena que este ano ele não vai nem chegar perto, Cavalo de Guerra só está concorrendo a seis Oscar (e não está bem cotado); enquanto As Aventuras de Tintim é legal, mas não está tão bem nas bilheterias.

Cavalo de Guerra é a adaptação do livro infantil escrito por Michael Morpurgo. Então, que ninguém espere um novo O Resgate do Soldado Ryan. A violência é bem discreta, apesar de ser um filme de guerra.

Trata-se de um filmão à moda antiga. Um épico sobre a saga de um cavalo que se separa de seu dono. Sim, o personagem central é Joey, o cavalo. Todos os outros são coadjuvantes, inclusive Albert, o seu dono.

Como um bom épico, Cavalo de Guerra traz imagens belíssimas e algumas sequências muito boas, como o primeiro ataque dos ingleses aos alemães, ou o cavalo fugindo pelas trincheiras na parte final. O filme é um pouco longo, quase duas horas e meia. Mas a condução de Spielberg é boa, e o ritmo não é cansativo.

Infelizmente, nem tudo é perfeito. Vemos uma clara tendência para se dramatizar tudo de maneira excessiva, várias cenas foram feitas para tirar lágrimas do espectador. Aí o filme fica meloso demais, desnecessariamente. Precisa de um aviso para os diabéticos: “cuidado com o excesso de açúcar!” E o excesso de açúcar ainda traz outro problema: certos trechos tornam-se previsíveis demais.

No elenco, rola uma grande injustiça nos créditos. O verdadeiro protagonista é Finders Key, o cavalo! O resto é coadjuvante. Bons atores, como Emily Watson, Tom Hiddleston e David Thewlis dividem o espaço na tela com os menos conhecidos Jeremy Irvine, Benedict Cumberbatch e Peter Mullan. Mas todos em papeis secundários, o filme é centrado no cavalo.

(Falando nisso, me bateu uma dúvida: com o nível atual dos efeitos especiais, não dá pra saber quais cenas usaram um cavalo real e quais foram cgi…)

Cavalo de Guerra sofre com mais um problema: o extenso (e bem sucedido) currículo de seu diretor. Se fosse feito por outra pessoa, talvez a expectativa fosse menor. Mas Spielberg é um dos maiores nomes do cinema contemporâneo. E Cavalo de Guerra, apesar de ser um bom filme, está longe dos seus melhores filmes.

Enfim, bom filme, mas Spielberg pode ser melhor que isso. Sorte a nossa que ele mostrou, com As Aventuras de Tintim, que ainda tem fôlego na carreira.

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Meia Noite em Paris

Crítica – Meia Noite em Paris

Filme novo do Woody Allen!

Gil é um roteirista de relativo sucesso em Hollywood, mas quer largar essa vida, se mudar para Paris e escrever romances – decisão não apoiada por sua noiva. Apaixonado por Paris e pela década de 20, de repente Gil volta no tempo e passa a ter contato com personagens históricos, como Cole Porter, Ernest Hemingway, F Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Pablo Picasso, Salvador Dalí e Luis Buñuel, entre outros.

Tem gente por aí dizendo que este é o melhor Woody Allen em muito tempo, mas não sei se sou a pessoa certa para falar sobre isso, já que, sei lá por qual motivo, não vi nenhum dos filmes que ele fez entre 98 e 2007 (mas tô em dia desde Vicky Cristina Barcelona!). Pelo menos posso afirmar que é o melhor entre os quatro últimos.  As situações geradas pelos encontros de Gil com as figuras históricas são deliciosas! Não conheço ninguém que saiu do cinema sem se imaginar em outra época, acho que esse culto ao passado é algo natural do ser humano.

Paris foi uma escolha perfeita para o cenário de Meia Noite em Paris. Que outra cidade conjugaria um passado tão rico em cultura com cenários atuais que não precisam de muitas adaptações? É um filme de viagem no tempo sem efeitos especiais aparentes!

No elenco, Owen Wilson surpreende. Normalmente associado a comédias dirigidas a um público mais, digamos, hollywoodiano, ele está perfeito aqui como o alter-ego de Allen. Se heu não o conhecesse  de filmes como Uma Noite no Museu, Marley & Eu ou a série Bater ou Correr, diria que é um ator sério… Ainda no elenco, Rachel McAdams, Michael Sheen, Marion Cotillard, Kathy Bates e um Adrien Brody hilário como Salvador Dalí. E, para os fãs de quadrinhos: Tom Hiddleston, o Loki de Thor, interpreta F Scott Fitzgerald aqui.

Meia Noite em Paris é divertidíssimo, mas tem um problema: pra curtir melhor as piadas, tem que conhecer as figuras históricas. Digo isso porque fui um dos únicos no cinema a rir da genial piada com o Buñuel e seu Anjo Exterminador – provavelmente rolaram outras piadas que não entendi porque não conhecia os personagens…

Enfim, vá ao cinema. E depois se imagine na sua própria Belle Époque!

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