Ponto de Vista

Crítica – Ponto de Vista

Não me lembro exatamente por que, mas perdi o lançamento de Ponto de Vista no cinema. Aproveitei o dvd gringo com legendas em português na promoção de um site…

Uma tentativa de assassinato do presidente dos Estados Unidos durante uma visita à Espanha é contada várias vezes, sob diferentes pontos de vista – e cada novo ponto de vista traz uma novidade.

Dirigido pelo estreante Pete Travis (que este ano fez Dredd), Ponto de Vista (Vantage Point, no original) é um daqueles casos de roteiro bem montado, que vai revelando aos poucos os detalhes da trama. O roteiro do também estreante Barry Levy é muito bem escrito – revemos os mesmos acontecimentos várias vezes, mas cada vez sob um novo ângulo. (Curiosamente, só agora estão filmando o segundo roteiro de Levy.)

O clima lembra um pouco a boa série 24 Horas, com conspirações envolvendo ataques terroristas ao presidente dos EUA em ritmo acelerado. Até a trilha sonora lembra o seriado do Jack Bauer.

Claro que a gente precisa de um pouco de suspensão de descrença (até aqui é parecido com 24 Horas) – acredito que não seja tão fácil se alcançar o presidente dos EUA, assim como não deve ser fácil planejar o aparato que foi feito para dar os tiros. Mas nada grave, é só relaxar e deixar o ritmo frenético te levar.

O elenco é bom – apesar da falta de currículo do diretor. Como a trama é fragmentada, alguns bons nomes como Sigourney Weaver, Forest Whitaker e William Hurt têm pouco tempo na tela – acho que só Dennis Quaid (eficiente como sempre) tem um papel maior. Ainda no elenco, Zoe Saldana, Matthew Fox, Eduardo Noriega, Saïd Taghmaoui e James LeGros.

Ponto de Vista foi lançado em 2008, então já tem muita coisa sobre ele por aí pela internet. Curiosamente, li muitas críticas negativas. Acho que esse povo que não gostou deve ter algum preconceito contra filmes de ação bem escritos…

Catch.44

Catch.44

No post sobre Nude Nuns With Big Guns, comentei sobre a influência de Tarantino e Rodriguez no cinema contemporâneo, e sobre alguns péssimos efeitos colaterais causados. Este Catch.44 sofre do mesmo mal…

Um chefão do tráfico manda uma gangue de três mulheres para um restaurante isolado, para interceptar um carregamento de drogas. Mas nem tudo sai como planejado.

Tudo aqui emula o estilo de Quentin Tarantino. A edição fora da ordem cronológica, trilha sonora “muderna”, personagens violentos porém cool e tentativa de diálogos “espertinhos”. Rolam até algumas falhas à la Grindhouse! Isso seria legal, se o filme fosse bom. Pena que não é.

O diretor e roteirista Aaron Harvey se preocupou em imitar o visual do Tarantino, mas se esqueceu do conteúdo. Seu filme é vazio! Os personagens são rasos, só existe um fiapo de trama e os diálogos são pobres – aquela cena quando Bruce Willis contrata Malin Akerman tem um dos piores diálogos que vi nos últimos tempos. E qual foi o sentido daquela piada velha contada no carro?

Pior é que o elenco engana. Além dos já citados Willis e Akerman, o filme ainda conta com Forest Whitaker (sua atuação é uma das poucas coisas boas aqui), Deborah Ann Woll (a Jessica de True Blood) e Brad Dourif (numa ponta onde mal aparece). Um elenco que merecia um filme melhorzinho.

Catch.44 não é de todo ruim, algumas coisas se salvam, Forest Whitaker manda bem, a trilha sonora tarantinesca é legal… Mas é pouco. Sr. Harvey, da próxima vez, deixe a tarefa para pessoas mais competentes, ok?

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Se você gostou de Catch.44, o Blog do Heu recomenda:
Machete
Hobo With a Shotgun
Um Drink no Inferno

Detenção

Crítica – Detenção

Um grupo de homens comuns se oferece como voluntários em uma experiência científica, onde, confinados em uma prisão abandonada, serão divididos em dois grupos, um de prisioneiros e outro de guardas.

Paul Scheuring, roteirista da série Prison Break, dirige aqui uma refilmagem do filme alemão A Experiência (Das Experiment, de 2001), que, por sua vez, foi inspirado em uma experiência real ocorrida em 1971 na prisão Stanford.

Detenção é uma produção simples. Às vezes parece até uma peça teatral filmada – poucos cenários, poucos efeitos especiais, quase tudo baseado em diálogos e ações entre os atores. O que realmente vale a pena aqui é a interpretação dos dois atores principais, Adrien Brody e Forest Whitaker, ambos ganhadores de Oscar (por O Pianista e O Último Rei da Escócia, respectivamente). Suas interpretações principalmente Whitaker – trazem a profundidade necessária para tornar o filme interessante do início ao fim.

Isso porque o roteiro, escrito pelo diretor Scheuring, acerta no crescente da tensão, mas falha em certos aspectos de desenvolvimento da trama e de alguns personagens, o que torna o filme uma boa ideia mal desenvolvida – fica aquela velha sensação de “poderia ter sido melhor”…

Enfim, pelo menos Brody e Whitaker salvam o filme.

Repo Men

Repo Men

No futuro, qualquer órgão do seu corpo poderá ser trocado por um artificial. Mas, no caso de falta de pagamento, este órgão poderá ser retirado de você por um funcionário da companhia fornecedora…

Antes de falar do filme, preciso falar de outra coisa. O argumento é interessante, mas é muito parecido com o recente Repo – The Genetic Opera, um musical de terror, onde órgãos transplantados e não pagos são retirados da mesma forma. E, pra piorar, alguns detalhes ainda ajudam na semelhança, como a existência de uma nova droga sintética (droga em pó vermelho vs zydrate); ou a cantora com olhos modificados em ambos os filmes… Isso sem falar no próprio nome dos coletores de órgãos, chamados de repo men em ambos os filmes!

Mas, apesar da semelhança, Darren Lynn Bousman, o diretor de Repo – The Genetic Opera, declarou que todos devem assistir o novo filme. Provavelmente ele sabe que não tem como competir com um grande lançamento – Repo – The Genetic Opera foi lançado em 2008 em 11 salas; Repo Men, de 2010, foi para 2.600 salas…

Mas vamos ao filme!

A sinopse é aquilo que falei, né? Órgãos artificiais são vendidos através de financiamentos. Atrasou o pagamento, vem um Repo Man e toma o órgão de volta. A diferença é que aqui não é musical nem terror, é uma ficção científica misturada com policial, lembra um pouco Blade Runner.

É o filme de estreia do quase desconhecido Miguel Sapochnik, e traz no elenco alguns nomes famosos: os sempre competentes Jude Law e Forest Whitaker, além de Liev Schreiber, Carice van Houten e a “nossa” Alice Braga. Ninguém se destaca, mas também ninguém atrapalha.

O clima do filme é bem legal. Tão legal que a gente quase deixa de lado um monte de incoerências do roteiro. Pena que tem coisas que não dá pra deixar passar, como, por exemplo, como é que um cara, com emprego fixo, perde todos os três primeiros pagamentos? (Não é interessante para a companhia perder um devedor!). Ou: onde estão as armas de fogo?

O filme ainda tem espaço para uma citação genial. Determinada cena, Law e Whitaker estão vendo tv. E na tv está passando O Sentido a Vida, do Monty Python – justamente a cena do doador der órgãos!

Apesar de não ser novidade, o final é legal, e salvou o terço final do filme, onde parecia que o roteirista tinha perdido a mão.

Se você gosta do estilo e não se importa com ideias “requentadas”, este é uma boa opção!

P.s.1: se o argumento é muito parecido com Repo – The Genetic Opera, o roteiro lembra muito Brazil, o filme, de Terry Gilliam. Em Brazil, um funcionário modelo de uma grande corporação acaba sendo perseguido pelo seu colega e se envolvendo com uma mulher quase desconhecida no meio do caminho. Isso sem falar do fim de ambos, mas aqui não falo mais por causa de spoilers!

P.s.2: existe um filme quase homônimo, o Repo Man, dirigido pelo cult Alex Cox em 1984. Não vi este, mas pelo que li por aí, não tem nada a ver, é só coincidência.

Powder Blue

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Powder Blue

Ok, confesso que a minha grande motivação para ver este filme eram as anunciadas cenas de nudez da atriz Jessica Biel, de O Ilusionista e O Vidente, e que em breve estará nas telas dirigida por Ridley Scott na versão cinematográfica do seriado oitentista Esquadrão Classe A.

Somos apresentados a alguns personagens, cada um com sua tragédia pessoal. Temos a stripper com o filho em coma, o ex-presidiário doente terminal, o suicida religioso que por isso não consegue se matar e o agente funerário com problemas financeiros. A trama acompanha o drama de cada um, e como suas vidas se entrelaçam.

O ritmo do filme escrito e dirigido pelo vietnamita Timothy Linh Bui é leeento, o que dificulta um pouco acompanhar os problemas de cada personagem. Mas a trama é até envolvente, apesar da velocidade dos acontecimentos do filme tornarem a sessão um programa um pouco monótono.

O elenco do filme chama a atenção, afinal, não é sempre que temos Jessica Biel, Forest Whitaker e Ray Liotta nos papéis principais, e ainda coadjuvantes como Kris Kristoferson, Lisa Kudrow e um quase irreconhecível Patrick Swayze (rip). (Ainda temos o desconhecido Eddie Redmayne no elenco principal).

E a Jessica Biel? Bem, podemos dizer que ela não decepciona! As cenas são até discretas, bonitas, apesar da personagem ser uma stripper drogada. E, olha, ela manda bem no pole dance!