G.I. Joe: Retaliação

Crítica – G.I. Joe: Retaliação

Acusado de traição, o esquadrão G.I. Joe é exterminado por ordem do presidente dos EUA. Os poucos sobreviventes agora precisam provar que são inocentes, enquanto brigam com seus rivais Zartan e Cobra.

Gostei muito do primeiro G.I. Joe, lançado quatro anos atrás. Gostei do bom equilíbrio entre a ação desenfreada, os gadgets tecnológicos “impossíveis” e o humor leve. Mas, lendo por aí, acho que fui um dos poucos, muita gente odiou, e isso gerou um certo prejuízo nas bilheterias.

Como o resultado não agradou os executivos do estúdio, resolveram fazer uma espécie de reboot. Quase todo o elenco foi trocado, e deixaram o humor e os gadgets de lado, fazendo uma onda mais “pé no chão”. Grande erro, na minha humilde opinião. Alguma coisa se salva, como por exemplo a cena dos espadachins pendurados em cordas. Mas, no geral, G.I. Joe: Retaliação virou um filme bobo e sem graça, que perde na comparação com tantos outros bons filmes de ação semelhantes.

Se o diretor do primeiro filme, Stephen Sommers, já não tinha um currículo lá grandes coisas, o que dizer de Jon M.Chu, o diretor desta continuação? O cara só tinha filmes musicais de gosto duvidoso no currículo, como Se Ela Dança Eu Danço 2 e 3, e o documentário do Justin Bieber, Never Say Never. Não dá pra esperar muito de um cara desses, né?

O roteiro tem alguns furos bizarros, tipo uma das cidades mais importantes do mundo ser destruída e os governantes deixarem isso de lado, ou o sistema rápido de autodestruição de satélites. Acho que os executivos hollywoodianos acharam que um bom roteiro não era tão importante pra este reboot. O lançamento foi adiado por quase um ano para transformarem o filme em 3D (ingressos mais caros…). Pelo visto, 3D vale o investimento, mas roteiro não vale.

Sobre o elenco, a única boa notícia é que Marlon Wayans não está de volta. O seu personagem era a única peça destoante do bom conjunto do primeiro filme. Por outro lado, não termos Sienna Miller e Rachel Nichols é uma grande perda. Adrianne Palicki é bonitinha e simpática, mas está bem abaixo das duas do primeiro filme… Chaning Tatum tem hoje mais star power do que em 2009, então em vez de ter seu personagem sumariamente eliminado, ele aparece aqui num papel pequeno. Outros nomes que voltam do primeiro filme são Byung-hun Lee e Ray Park. Mas não são nomes famosos – Lee é muito pouco conhecido por estas bandas; já Park tem um currículo maior, mas por papeis onde não mostra o rosto (Darth Maul em Star Wars ep I, o cavaleiro sem cabeça em A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, Groxo em X-Men 2). O único do filme anterior que está bem aqui é Jonathan Pryce, que repete o papel do presidente, mas desta vez com um novo status de seu personagem que permite ao ator se soltar muito mais.

As boas novidades do elenco são Dwayne “The Rock” Johnson e Bruce Willis. Ambos têm grande carisma e funcionam muito bem, mesmo em papeis repetem o que fazem sempre. O conjunto do elenco do primeiro filme é melhor, mas está dupla garante o interesse aqui. Ainda no elenco, Ray Stevenson, Elodie Yung, D.J. Cotrona, além da já citada Adrianne Palicki.

(Arnold Vosloo aparece muito rapidamente, acho que só pra justificar o nome mais ou menos famoso; Joseph Gordon-Levitt não está no filme, mas ele realmente não precisava aparecer, seu personagem do primeiro filme nem mostra o rosto).

Parece que os executivos gostaram mais do resultado deste segundo filme. Pena, significa que teremos m breve um terceiro filme mais parecido com este do que com o primeiro. E quem for atento, pode até imaginar qual será o terceiro filme, já que teve mocinho que morreu mas ninguém confirmou se morreu mesmo, e teve vilão que foi deixado de lado…

O Dobro Ou Nada

Crítica – O Dobro Ou Nada

Filme novo do Stephen Frears, estrelado por Bruce Willis, Rebeca Hall e Catherine Zeta-Jones? Pode ser legal.

Beth trabalha como stripper, mas ao ter contato com um cliente perigoso, resolve ir para Las Vegas. Lá, começa a trabalhar com apostas, na empresa Dink Inc. Boa com números, tem problemas ao se apaixonar pelo patrão.

Pode ser legal? Podia, mas não é. O Dobro Ou Nada (Lay the Favorite, no original) é uma grande decepção. O filme é sem graça e não leva a lugar algum. Mas o pior é a grande quantidade de personagens mal construídos.

Os personagens são péssimos! Beth, a protagonista, interpretada por Rebecca Hall, passa o filme inteiro andando de shortinho e enrolando o cacho do cabelo, como se fosse uma adolescente, algo incoerente com sua postura profissional. Tulip, a personagem de Catherine Zeta-Jones, primeiro posa de esposa ciumenta, pra depois ficar amiguinha da mulher que tentou seu marido. Vince Vaughn nem é uma das piores coisas aqui, mas o seu exagerado Rosie chega a irritar, sorte que pouco aparece. Joshua Jackson parece perdido com o seu sub aproveitado Jeremy. Acho que o único que se salva é Bruce Willis, seu Dink não é um grande personagem, mas pelo menos não está mal.

E o pior de tudo é constatar que o roteirista é D.V. DeVincentis, o mesmo do excelente Alta Fidelidade, também dirigido por Frears. Ambos os roteiros são baseados em livros, desconfio que um dos livros deve ser bem melhor que o outro…

Enfim, desnecessário…

 

Looper – Assassinos do Futuro

Crítica – Looper – Assassinos do Futuro

Em 2074, quando a máfia deseja se livrar de alguém, eles enviam a pessoa de volta 30 anos no tempo, no momento exato em que haverá um assassino armado esperando para executá-la. Esses assassinos são chamados “Loopers”.

Gosto de filmes com viagem no tempo, tanto que já fiz um Top 10 sobre o assunto. Não sei se Looper – Assassinos do Futuro teria vaga no Top 10, mas posso dizer que é um bom filme. Escrito e dirigido pelo semi desconhecido Rian Johnson, o filme traz uma equilibrada mistura entre ação, ficção científica e drama, com uma pitada de elementos fantásticos.

Tenho coisas boas e ruins pra falar do roteiro de Johnson. O lado bom é que é um roteiro bem escrito que usa de maneira inteligente os paradoxos da viagem temporal – tem uma cena chave que acontece duas vezes, com uma pequena variação, e tudo faz sentido (tive que rever esta parte pra sacar os detalhes).

Mas… Por outro lado, o roteiro tem umas falhas bizarras. Vou falar depois dos avisos de spoiler.

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

Não vou falar que este sistema inventado pra mandar alguém pro passado pra então ser assassinado não tem lógica, porque seria muito mais fácil matar no futuro e mandar só o corpo, ou mandar o cara com um peso nos pés no meio do oceano. Também não vou falar que ninguém explicou como os loopers saberiam o local e a hora que receberiam a “encomenda”. Tampouco vou falar que seria mais fácil mandar outra pessoa pra matar o looper velho, pra não ter problemas de consciência.

Só vou falar uma coisa: se no futuro é tão complicado matar alguém que tiveram que inventar um sistema envolvendo viagens no tempo, como é que uma das coisas que movimenta a trama é justamente o assassinato da mulher do Bruce Willis???

FIM DOS SPOILERS!!!

Uma outra coisa me incomodou no conceito de Looper – Assassinos do Futuro: a escolha do elenco principal. Sinceramente, não acho Bruce Willis parecido com Joseph Gordon-Levitt. Ok, a maquiagem ficou bem feita. Mas Gordon-Levitt já é um rosto conhecido, ele ficou com cara de “Joseph Gordon-Levitt maquiado”, e não com cara de Bruce Willis!

Apesar desses detalhes, gostei do filme, que tem um bom ritmo e traz uma visão interessante de um sombrio futuro próximo.  Looper – Assassinos do Futuro também traz personagens bem construídos e um bom elenco – além de Willis e Gordon-Levitt, o filme conta com Emily Blunt, Piper Perabo, Paul Dano, Jeff Daniels, Noah Segan, Tracie Thoms, Garret Dillahunt e o garoto Pierce Gagnon.

O que é uma pena é ver que uma história bem bolada com viagens no tempo ter um roteiro com tantos furos. Looper – Assassinos do Futuro é legal, mas poderia ser bem melhor.

Moonrise Kingdom

Crítica – Moonrise Kingdom

Não sei por que, mas heu nunca tinha visto nenhum filme do Wes Anderson. Aproveitei o Festival pra consertar esta “falha”!

Verão de 1965. Em uma pequena ilha na costa da Nova Inglaterra, Sam e Suzy, que se conheceram um ano antes, combinam de fugir juntos – ela, da casa dos pais; ele, do acampamento escoteiro.

Gostei muito do estilo do diretor. Como disse, este foi o meu primeiro Wes Anderson, mas pelo que li, o estilo dele é sempre assim – Anderson é um daqueles raros casos da Hollywood contemporânea que mantém um estilo próprio (assim como Tim Burton ou Terry Gilliam). Os enquadramentos são sempre bem cuidados – existe uma simetria impressionante em quase todos os planos – e os movimentos de câmera são pensados milimetricamente. Essas características, combinadas com uma trilha sonora fora do lugar comum, uma bela fotografia e personagens muito bem construídos, dão a Moonrise Kingdom um ar delicioso.

O clima deste mezzo drama mezzo comédia é meio fantástico, às vezes parece que estamos vendo um filme de fantasia infanto-juvenil. Aliás, diria que poucas vezes vi no cinema um romance entre adolescentes de uma maneira tão bonita e delicada. Acho que vai ter muito marmanjo saindo do cinema com inveja de uma experiência adolescente dessas.

Claro que o elenco ajuda. Dois adolescentes estreantes fazem o casal principal, Kara Hayward e Jared Gilman – ambos estão ótimos. E eles tem um excelente time de coadjuvantes: Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton, Harvey Keitel e Jason Schwartzman.

Como disse, gostei do filme, assim como gostei do estilo do diretor. Em breve vou procurar os seus outros filmes.

O Quinto Elemento

Crítica – O Quinto Elemento

(Antes de começar a falar do Festival do Rio, posso falar de um filme que revi outro dia?)

Há tempos heu queria rever este divertido filme de Luc Besson, de 1997. Aproveitei o blu-ray gringo com legendas em português…

Século 23. Uma ameaça maligna se aproxima da Terra. A única esperança é o Quinto Elemento, que vem ao nosso planeta a cada 500 anos para proteger a raça humana, trazido pelos Mondoshawans. Mas o cruel Jean-Baptiste Emanuel Zorg, com a ajuda dos malvados Mangalores, quer atrapalhar a chegada do Quinto Elemento.

O Quinto Elemento (The Fifth Element, no original) é um daqueles felizes casos onde tudo dá certo. Luc Besson, que escreveu a história quando ainda estava na escola, conseguiu um equilíbrio perfeito entre a ficção científica, a ação e a comédia. Aliás, não se trata exatamente de uma comédia, mas o clima de galhofa rola durante toda a projeção – acho que a melhor coisa de O Quinto Elemento é que em momento nenhum o filme se leva a sério. (E isso porque não estou falando da quantidade incontável de referências à saga Guerra nas Estrelas, além de outras grandes produções da ficção científica…)

O visual do filme é impressionante. Os figurinos são de Jean-Paul Gaultier, e boa parte dos cenários e veículos foram desenhados pelos quadrinistas franceses Moebius e Mézières. Os efeitos especiais foram caríssimos, custaram 80 milhões de dólares – o maior orçamento para efeitos da história até então. Na época do lançamento, O Quinto Elemento era o filme mais caro produzido fora de Hollywood – nem tem cara de filme francês!

Luc Besson estava em ascensão – este filme veio depois de Imensidão Azul (1988), Nikita (90) e O Profissional (94). Em seguida ele dirigiria o fraco Joana D’Arc, e depois ficaria um tempo sem dirigir, só produzindo e escrevendo roteiros. Podemos dizer que O Quinto Elemento foi um grande marco em sua carreira.

O elenco é outro destaque. Bruce Willis faz o de sempre, mas faz bem feito; Milla Jovovich, ainda pouco conhecida, está ótima como a maluquinha Leeloominaï Lekatariba Lamina-Tchaï Ekbat De Sebat; Gary Oldman faz um vilão excelente, à beira da caricatura; Chris Tucker está perfeito com sua exageradíssimo mistura de Prince com Lenny Kravitz. Ainda no elenco, Ian Holm, Luke Perry, Brion James e Mathieu Kassovitz.

(Detalhe curioso: a língua falada por Leeloo foi inventada por Besson e praticada entre ele e Milla. Diz a lenda que no fim do filme eles já dialogavam nessa língua…)

Heu já era fã do filme, e depois de rever continuei fã. Recomendado para quem não viu!

Os Mercenários 2

Os Mercenários 2

A continuação do divertido Os Mercenários!

Barney Ross (Sylvester Stallone) tem uma tarefa teoricamente fácil para o seu grupo de mercenários. Mas algo dá errado no meio do caminho, e agora ele e seu time querem vingança.

Os Mercenários 2 é muito bom, tão bom quanto o primeiro (talvez até melhor). E por um motivo simples: em momento algum o filme se leva a sério. O filme é muito violento, mas as gargalhadas correm soltas ao longo da projeção.

A violência gráfica é grande. Morre muita gente, rola muito sangue – algumas cenas têm requintes de crueldade como cabeças explodindo por causa de tiros de grosso calibre. Mas mesmo assim o filme não é pesado. Os diálogos divertidos são abundantes, são muitas as piadas com referências aos filmes antigos dos atores principais. É quase uma comédia de humor negro…

Desta vez, o protagonista / idealizador do projeto, Sylvester Stallone passou o cargo de diretor para Simon West (Con Air, Lara Croft, Assassino A Preço Fixo). Foi bom, Stallone pode se dedicar ao que ele sabe fazer melhor. E todos os fãs de filmes de ação dos anos 80 conseguiram finalmente ver algo há muito almejado: Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis, lado a lado, empunhando armas pesadas em uma cena de ação!

Como era de se esperar, o elenco é o maior destaque. Do primeiro filme, não temos nem Eric Roberts, nem Mickey Rourke. Repetem seus papeis Jason Statham, Dolph Lundgren, Jet Li (num papel reduzido, ele devia ter outro compromisso na época da filmagem), Terry Crews e Randy Couture. Também estão de volta Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger, desta vez entrando na ação (no primeiro filme, eles só participam de uma cena “bem comportada”, só com diálogos). As boas novidades são Jean-Claude Van Damme e Chuck Norris, ambos muito bem em seus papéis caricatos. Ainda no elenco, Liam Hemsworth (irmão de Chris Hemsworth, o Thor), Scott Adkins e Nan Yu – uma mulher oriental que entra na briga.

Um parágrafo a parte para falar do Chuck Norris. Nasci em 1971, vi muitos filmes de ação nos anos 80. Se Stallone e Schwarzenegger faziam filmes de “primeira linha”; e Steven Seagal e Van Damme eram “segunda linha”; Chuck Norris era terceira (ou quarta, ou quinta)… Lembro de ter visto nos cinemas Comando Delta e alguns da série Braddock, o Super Comando; lembro que a primeira vez na minha vida que tive consciência de que estava vendo um filme muito ruim no cinema foi quando vi Invasão USA. Gente, Chuck Norris nunca tinha feito um filme bom! Mas parece que a nova geração não sabe disso, já que foi criado um “mito Chuck Norris” na internet. Acho que essa nova geração nunca viu nenhum filme de Norris e não tem noção de como eram ruins. Digo tudo isso para afirmar que Os Mercenários 2 foi a primeira vez na minha vida que fiquei ansioso pela participação de Norris em um filme – mas não pelo seu currículo como ator, e sim por causa do mito criado pela internet.

E posso dizer que Norris não decepcionou. O mesmo podemos afirmar sobre Van Damme, que ainda consegue dar o “chute helicóptero” apesar de ter quase 52 anos de idade. E olha que ainda tem a cena com o trio Stallone, Willis e Schwarza. Como diria Barney Stinson, “legen – wait for it – dary”!

Bem, nem tudo funciona perfeitamente. O roteiro de Richard Wenk e do próprio Stallone tem suas fraquezas. Como são vários grandalhões fortemente armados, o grupo fica sem identidades individuais – por exemplo, os papeis de Crews e Couture ficaram redundantes, um dos dois poderia ter sido cortado sem prejuízo para o filme. Isso porque não estou falando de algumas coisas muito caricatas como o vilão de óculos escuros dentro da mina…

Pelo menos o roteiro traz um monte de piadas para os fãs dos filmes de ação dos anos 80 (acredito que seja o principal público alvo do filme). É um tal de “I’ll be back” pra cá, “Yippie-ki-yay” pra lá, citação a Rambo, a Lone Wolf… É o outro destaque do filme.

Agora a gente fica torcendo por um terceiro filme e imaginando o elenco. Steven Seagal? Wesley Snipes? Jackie Chan? Dwayne Johnson?

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Sin City – A Cidade do Pecado

Crítica – Sin City – A Cidade do Pecado

Comprei uma edição dupla gringa de Sin City – A Cidade do Pecado em blu-ray, com duas versões do filme – além da versão que passou nos cinemas, tem a “extended”, “uncut” e “recut”. Revi a original, assim que ver a outra, compará-las-ei no TBBT. Mas, antes disso, vou falar do filme aqui.

Adaptação da graphic novel de Frank Miller, Sin City – A Cidade do Pecado mostra três histórias interligadas, envolvendo policiais corruptos, mulheres sedutoras e marginais durões, uns em busca de vingança, outros em busca de redenção.

Sin City – A Cidade do Pecado é uma das melhores adaptações da história do cinema. Aliás, nem sei se dá pra chamar de adaptação, porque às vezes nem parece filme, parece que estamos vendo na tela os quadrinhos da graphic novel.

A história disso vale ser contada. Um dos maiores nomes da história dos quadrinhos, Frank Miller não tinha um bom currículo em Hollywood. O convidaram para escrever os roteiros do fraco Robocop 2 e do ainda mais fraco Robocop 3. Miller deve ter ficado traumatizado, já que se afastou do cinema – pra que se aventurar num terreno onde não conseguiu bons resultados?

Aí apareceu Robert Rodriguez, que já tinha alguns sucessos na filmografia (A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Prova Final, Era Uma Vez no México). Rodriguez chamou Josh Hartnett e Marley Shelton e fez, sem ter a aprovação de ninguém, um filminho de poucos minutos, capturando o estilo da graphic novel. E perturbou Miller até conseguir mostrá-lo. Com esse curto filme, convenceu Miller a acompanhá-lo ao set e dividir com ele a cadeira de diretor. Miller pensaria nos quadrinhos da sua graphic novel, enquanto Rodriguez se preocuparia com a parte técnica.

Antes avesso a adaptações cinematográficas, Miller agora sabia que sua graphic novel tinha boas chances de virar um bom filme e finalmente aprovou o projeto.

O visual é todo estilizado. Rodriguez filmou tudo em estúdio, e acrescentou os cenários em chroma-key. O filme é preto e branco, com alguns detalhes coloridos (olhos azuis de uma personagem aqui, tênis vermelho de outro personagem ali). Mais: o preto é realmente preto, e o branco é realmente branco, criando contrastes pouco comuns no cinema (mas comuns nos quadrinhos) – o sangue é quase sempre branco em vez de vermelho (e olha que tem muito sangue, o filme é bem violento). Até alguns movimentos de câmera são como se uma câmera estivesse passando sobre a revista. Como disse, a adaptação foi fantástica, como poucas vezes vista na história do cinema.

Os créditos do filme trazem os nomes dos dois como co-diretores, mas o filme é a cara do Robert Rodriguez, que aqui fez o de sempre: além de dirigir, editou, contribuiu com a trilha sonora, coordenou os efeitos especiais, a fotografia… o cara foi até operador de câmera! Robert Rodriguez é um workaholic do cinema!

(Ainda falando de direção, Sin City – A Cidade do Pecado tem uma participação especial de Quentin Tarantino, que dirigiu a cena no carro com Clive Owen e Benicio Del Toro.)

O elenco também chama a atenção: Mickey Rourke, Clive Owen, Rosario Dawson, Jessica Alba, Elijah Wood, Rutger Hauer, Bruce Willis, Carla Gugino, Michael Madsen, Brittany Murphy, Benicio Del Toro, Michael Clarke Duncan, Devon Aoki, Jaime King, Alexis Bledel, Powers Boothe, além de Josh Hartnett e Marley Shelton (o curta feito antes por Rodriguez foi aproveitado, e abre o filme). Nada mal, não?

Claro, o filme não é para qualquer um. O ritmo quase sempre com narração em off pode cansar. Outra coisa que pode desagradar são os personagens, quase todos no limite da caricatura – todos os homens são durões, todas as mulheres são fatais e gostosonas. Pelo menos essas duas coisas ajudam a criar um clima de filme noir diferente…

Desde a época do lançamento (2005), rola um boato sobre uma continuação. Mas até hoje, sete anos depois, não há nada confirmado. Se vier, que mantenha a qualidade!

p.s.: Frank Miller tentou de novo, e, três anos depois, dirigiu The Spirit. Mas foi um fracasso. Senti falta do Robert Rodriguez.

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300

Catch.44

Catch.44

No post sobre Nude Nuns With Big Guns, comentei sobre a influência de Tarantino e Rodriguez no cinema contemporâneo, e sobre alguns péssimos efeitos colaterais causados. Este Catch.44 sofre do mesmo mal…

Um chefão do tráfico manda uma gangue de três mulheres para um restaurante isolado, para interceptar um carregamento de drogas. Mas nem tudo sai como planejado.

Tudo aqui emula o estilo de Quentin Tarantino. A edição fora da ordem cronológica, trilha sonora “muderna”, personagens violentos porém cool e tentativa de diálogos “espertinhos”. Rolam até algumas falhas à la Grindhouse! Isso seria legal, se o filme fosse bom. Pena que não é.

O diretor e roteirista Aaron Harvey se preocupou em imitar o visual do Tarantino, mas se esqueceu do conteúdo. Seu filme é vazio! Os personagens são rasos, só existe um fiapo de trama e os diálogos são pobres – aquela cena quando Bruce Willis contrata Malin Akerman tem um dos piores diálogos que vi nos últimos tempos. E qual foi o sentido daquela piada velha contada no carro?

Pior é que o elenco engana. Além dos já citados Willis e Akerman, o filme ainda conta com Forest Whitaker (sua atuação é uma das poucas coisas boas aqui), Deborah Ann Woll (a Jessica de True Blood) e Brad Dourif (numa ponta onde mal aparece). Um elenco que merecia um filme melhorzinho.

Catch.44 não é de todo ruim, algumas coisas se salvam, Forest Whitaker manda bem, a trilha sonora tarantinesca é legal… Mas é pouco. Sr. Harvey, da próxima vez, deixe a tarefa para pessoas mais competentes, ok?

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Xeque Mate

Xeque Mate

Normalmente, um filme com um elenco desses é para ser visto no cinema e na época do lançamento. Mas comi mosca, nem sabia que esse filme existia!

Slevin (Josh Hartnet) é o cara errado no lugar errado. Ele é confundido com um amigo que deve dinheiro a dois mafiosos rivais e por causa disso, se mete em vários problemas.

Xeque Mate (Lucky Number Slevin no original) é daquele tipo de filme que você tem que prestar atenção nos detalhes. Várias coisas só são revelados no fim do filme. Isso é muito legal, você pega pistas, e no fim, tudo é amarrado. O problema é que você tem que curtir o filme sem pensar muito, aí você não repara numa ponta solta aqui ou num furo no roteiro acolá…

Gostei muito da edição ágil do filme. Algumas das seqüências são muito boas, como a parte inicial, que mostra todo o quebra cabeça em volta da aposta nos cavalos. Me lembrou uma leva de filmes nos anos 90 que queriam seguir a onda aberta com Tarantino e seu Pulp Fiction. Quero mais filmes assim!

O elenco é muito bom. Além de Hartnet, temos Bruce Willis, Morgan Freeman, Ben Kingsley e Lucy Liu, e coadjuvantes de luxo como Stanley Tucci, Danny Aiello e Robert Forster. E o diretor Paul McGuigan foi o mesmo que fez Herois este ano.

Resumindo: não é um filme essencial, mas é um bom programa.

Substitutos

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Substitutos

No futuro, as pessoas não saem de casa. Usam robôs, os “substitutos”, para tudo, enquanto os controlam remotamente, isolados dentro de casa.

Esta é a interessante premissa do novo blockbuster, a ficção científica Substitutos (Surrogates no original), que estreou sexta passada nos cinemas brasileiros.

Uma coisa chama a atenção neste filme. Não sei se foi através de efeitos especiais ou através de maquiagem (ou, provavelmente, uma combinação de ambos), mas quase todos os personagens têm duas versões, o “original”, velho e mal cuidado; e o robô, de aparência mais jovem, mas com menos emoções. O mundo povoado de robôs ficou muito interessante, são várias as cenas protagonizadas apenas pelos substitutos.

Um eficiente Bruce Willis, se dividindo entre robô e humano, encabeça o elenco, que ainda conta com Ving Rhames e James Cromwell, além das mocinhas de rostos não muito conhecidos Rosamund Pike e Radha Mitchell.

A ideia (baseada em quadrinhos) é boa e o filme, curto (pouco menos de uma hora e meia), flui bem. E o roteiro ainda traz algumas reviravoltas interessantes.

Não entrará para a história como um clássico da ficção científica. Mas vale o ingresso.