Love & Mercy

love&mercyCrítica – Love & Mercy

Biografia do Brian Wilson!

Na década de 60, o líder dos Beach Boys, Brian Wilson, luta com uma psicose emergente enquanto ele tenta criar sua obra-prima pop. Na década de 1980 , ele é um homem confuso sob a vigilância de 24 horas de um terapeuta de métodos duvidosos.

Quando me perguntam se prefiro Beatles ou Rolling Stones, minha resposta sempre é “Beach Boys”. Claro que quero ver um filme sobre o líder da banda!

Dirigido por Bill Pohlad, Love & Mercy traz duas narrativas paralelas, com dois atores distintos, cada um interpretando o músico em uma diferente fase da vida. Paul Dano interpreta Brian Wilson nos anos 60, na época da gravação do disco Pet Sounds, enquanto John Cusack fica com os anos 80, quando Wilson estava sob os cuidados polêmicos de Eugene Landy.

Isso traz um problema básico:  John Cusack é um grande ator, mas não é nada parecido com o músico. Quando Paul Dano está na tela, vemos Brian Wilson; quando Cusack aparece, vemos Cusack.

Além da semelhança física, Dano ainda deu a sorte de interpretar Wilson durante sua fase criativa. Como fã de Beach Boys, preciso dizer que gostei muito mais da parte do Paul Dano, afinal, ver bastidores de composições, arranjos e gravações de músicas como God Only Knows ou Good Vibrations é muito mais legal do que problemas de relacionamento entre Brian Wilson e seu terapeuta.

O que compensa é que na outra parte temos Paul Giamatti e Elizabeth Banks contracenando com Cusack. Um excelente trio de atores, com uma boa química entre eles.

Love & Mercy passou no Festival do Rio, mas acredito que deve entrar no circuito. Tem potencial para isso!

Mapas para as Estrelas

Mapas para as estrelasCrítica – Mapas Para As Estrelas

Um tour pelo coração de alguns personagens de Hollywood, procurando a fama e fugindo dos fantasmas dos seus passados.

Pensei em começar o texto falando da carreira do diretor David Cronenberg nos anos 80, época de filmes como Scanners, Videodrome e A Mosca. Mas, caramba, o seu último filme fantástico foi eXistenZ, de 99, ele faz filmes “normais” há mais de dez anos!

(Obs: não vi Spider, de 2002, não sei dizer qual das fases ele pertence.)

Enfim, Mapas Para as Estrelas (Maps to the Stars, no original) segue o estilo atual de Cronenberg. Um filme baseado num bom e inspirado elenco, e com um roteiro que coloca personagens disfuncionais em situações de conflito.

O roteiro escrito pelo bissexto Bruce Wagner é envolvente e divide equilibradamente a trama entre alguns personagens, todos interligados, num interessante retrato da podridão que os famosos de Hollywood escondem debaixo dos seus tapetes.

O elenco é ótimo. Julianne Moore (que acabou de ganhar o Oscar por outro filme) ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes por este filme. Mia Wasikowska e John Cusack também estão bem. Nem o “vampiro purpurina” Robert Pattinson chega a atrapalhar. Ainda no elenco, Olivia WIlliams, Evan Bird, Sarah Gadon, e Carrie Fisher numa ponta, interpretando ela mesma.

Pena que a conclusão é fraca. Acompanhamos aquele mundinho de pessoas desequilibradas, mas, ao fim, parece que o filme não leva a lugar algum. Não só a cena final do filme é fraca, como a cena onde um personagem pega fogo é ruim – tanto na parte técnica, quanto na narrativa (ao lado da piscina? Sério?).

E aí volto ao início do texto. Não que Mapas Para as Estrelas seja ruim, mas bate uma saidade da fase fantástica de Cronenberg…

Identidade

Crítica – Identidade

Desde que fiz o Top 10 de finais surpreendentes, tenho vontade de rever Identidade. Tempo livre no fim de semana, revi!

Dez pessoas ficam presas em um motel de beira de estrada por causa de uma forte chuva. Mas, um a um eles começam a ser assassinados. Ao mesmo tempo que procuram o assassino, tentam descobrir o que têm em comum.

Identidade é daquele tipo de filme que o quanto menos você souber, melhor. Acredito que já foi visto por boa parte dos leitores daqui do Blog, mas, em respeito aos que não viram, vou tomar cuidado para não soltar spoilers.

A estrutura do filme parece o clássico “whodoneit”, tipo os filmes da série Pânico: em um grupo de pessoas, um a um é assassinado, e o filme vai dando pistas para descobrirmos quem é o assassino. O Caso dos Dez Negrinhos, livro de Agatha Christie, é citado por uma personagem.

Mas só parece. A trama vai ficando mais complexa, incluindo até elementos que parecem sobrenaturais, até a sensacional reviravolta final. E é aí que a gente pára, porque é complicado falar mais sem comprometer a diversão de quem ainda não viu Identidade. Por mais que seja um filme de quase 10 anos atrás (foi lançado em 2003), tem gente que ainda não viu…

A direção estava nas mãos de James Mangold, que pouco antes fizera Garota Interrompida e Kate e Leopold, e recentemente dirigiu Encontro Explosivo. O elenco, liderado por John Cusack (competente como sempre), também conta com Amanda Peet, Ray Liotta, Rebecca DeMornay, Clea Duvall, Jake Busey, Alfred Molina, John C McGinley, John Hawkes e William Lee Scott. E, claro, Pruit Taylor Vince e seus olhos “nervosos” dão um toque extra especial ao filme.

Pra quem ainda não viu, fica aqui a recomendação. E pra quem viu, sugiro olhar o Top 10 de finais surpreendentes.

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Se você gostou de Identidade, o Blog do Heu recomenda:
A Órfã
Desconhecido
Ilha do Medo

O Corvo

Crítica – O Corvo

(Não, não se trata de uma refilmagem de O Corvo, de 1994, último filme estrelado por Brandon Lee!)

A ideia era boa: um thriller de suspense com John Cusack interpretando Edgar Alan Poe poucos dias antes de morrer (Poe morreu com 40 anos). Será que funcionaria?

Baltimore, 1849. Em seus últimos dias de vida, o escritor Edgar Allan Poe ajuda a polícia a desvendar o caso de um serial killer que se baseia em seus livros.

O Corvo (The Raven, no original), novo filme de James McTeigue (V de Vingança) acerta em vários aspectos. Pena que o roteiro deixa a desejar.

O roteiro é cheio de furos e de situações forçadas. Vou citar alguns exemplos, tomando cuidado pra não soltar spoilers. Determinado momento descobrimos que um personagem foi sequestrado, mas na cena anterior este personagem está no meio dos outros, e cercado de policiais. Detalhe: o bilhete do sequestro veio antes do ato em si! Mais: uma pessoa, dentro de um caixão, na horizontal, consegue espiar através de um furo, e consegue ver a parede em vez do teto!

Situações assim vão acontecendo ao logo da projeção, e isso vai minando a credibilidade do filme. A boa vontade que antes existia se transforma em má vontade, e O Corvo desperdiça uma boa premissa.

Mesmo assim, O Corvo tem alguns méritos, como uma boa trilha sonora e uma bem feita ambientação em Baltimore do sec 19. Além disso, o sempre eficiente John Cusack não decepciona e apresenta um Poe bem construído. Além de Cusack, o elenco ainda conta com Alice Eve, Luke Evans e Brendan Gleeson

O Corvo não é exatamente ruim. Mas é uma grande decepção…

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Se você gostou de O Corvo, o Blog do Heu recomenda:
Aterrorizada
Sherlock Holmes
Alta Fidelidade

Alta Fidelidade

Crítica – Alta Fidelidade

Desde que comecei a fazer meus Top 10, tenho vontade de rever este Alta Fidelidade, de 2000, onde o protagonista também gosta de criar listas.

Adaptação do livro homônimo de Nick Hornby, Alta Fidelidade é um dos melhores filmes do diretor Stephen Frears. Rob Gordon (John Cusack), dono de uma loja de discos de vinil e com mania de fazer listas de Top 5, vive uma crise dos trinta ao se separar de mais uma namorada.

Os Top 5 de Alta Fidelidade são quase todos ligados à música. Mas um deles, o Top 5 de piores separações, é a linha que guia o filme. Acho que é isso o que torna tão interessante. Por um lado, é um filme delicioso para apreciadores de música de um modo geral e amantes de discos de vinil em particular; por outro lado, é a velha história do cara que gosta da garota.

No elenco, um inspirado John Cusack é o nome do filme. Fica difícil imaginar Rob Gordon sem o rosto de Cusack, que inclusive usa diversas vezes o artifício de “quebrar a quarta parede” para maior empatia com a sua audiência. Além dele, o elenco conta com um Jack Black um pouco menos exagerado que o atual, Tim Robbins, Catherine Zeta-Jones, Lisa Bonet, Joan Cusack, Lili Taylor e os desconhecidos Iben Hjejle e Todd Louiso.

Em nenhum momento Alta Fidelidade tem a pretensão de ser um filme grandioso. Assim, com clima intimista, o filme conquistou muitos fãs pelo mundo – incluindo este que vos escreve.

Pra fechar, vou montar a minha lista pessoal de Top 5 – de discos, afinal, sobre filmes, vocês podem ler diversos posts pelo blog…

Top 5 melhores discos do Heu
1- Brain Salad Surgery – ELP
2- A Night At The Opera – Queen
3- Machine Head – Deep Purple
4- Jardim Elétrico – Os Mutantes
5- Nós Vamos Invadir a Sua Praia – Ultraje a Rigor

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Se você gostou de Alta Fidelidade, o Blog do Heu recomenda:
500 Dias Com Ela
Quase Famosos
Escola do Rock
Across The Universe

Conspiração Xangai

Conspiração Xangai

Meses antes do ataque a Pearl Harbor, a cidade de Xangai vive sob a tensa sombra da ocupação japonesa, e é palco de traições entre espiões de diversas nacionalidades.

Trata-se do filme novo do diretor sueco Mikael Håfström, dos recentes O Ritual e 1408. Mas aqui não tem nada de terror, Conspiração Xangai parece aquelas super produções à moda antiga, com bom elenco e cenários grandiosos. Pena que a história é simples e previsível, apesar das reviravoltas no roteiro.

Achei curiosa a escolha de um diretor sueco. O elenco internacional se justifica, afinal, temos americanos, chineses, japoneses e até uma alemã, cada um com um personagem com a mesma nacionalidade – escolhas acertadas. Mas não entendi por que um diretor sueco. Pelo menos ele fez um bom trabalho.

Falando no elenco, todos estão bem: os americanos John Cusack, David Morse e Jeffrey Dean Morgan; os chineses Chow Yun-Fat e Gong Li; o japonês Ken Watanabe; e a alemã Franka Potente…

(Aliás, tenho uma dúvida sobre nomes chineses. Sempre li Chow Yun-Fat e Gong Li, mas aqui nos créditos está escrito Yun-Fat Chow e Li Gong – e não é a primeira vez que vejo assim. Afinal, qual é o certo?)

Conspiração Xangai é um filme correto, tudo funciona direitinho. Mas não espere muito, porque o resultado não é nada demais.

A Ressaca / Hot Tub Time Machine

A Ressaca/ Hot Tub Time Machine

Três amigos, mais o sobrinho de um deles, vão para um resort de esqui onde passaram bons momentos nos anos 80. Inexplicavelmente, depois de uma noite numa jacuzzi, eles vão parar em 1986. E agora eles têm que refazer as mesmas coisas que fizeram na época e descobrir um jeito de voltar para o presente.

A ideia do filme é muito boa. Rever o que fizemos errado, e ter uma nova chance para consertar. Mas achei a trama mal desenvolvida. Em vez de explorar a situação da “volta aos anos 80”, parece que o foco principal do filme são as brigas adolescentes dos protagonistas quarentões.

Problema semelhante acontece com as piadas. As melhores piadas são relativas à década de 80 (como a pergunta para se saber em que ano eles estão: “qual é a cor do Michael Jackson?”). Mas o roteiro insiste em piadas escatológicas, cada uma mais sem graça que a outra…

O elenco principal é formado pelo quarteto John Cusack, Rob Corddry, Craig Robinson e Clark Duke. Mas o melhor do elenco está em dois papéis menores. Chevy Chase é o misterioso técnico da banheira, enquanto Crispin Glover, especialista em fazer “esquisitões”, tem uma participação hilariante.

A Ressaca nem é ruim, quem estiver inspirado pode dar algumas boas risadas. Mas, no fim, fica aquela sensação de que poderia ter sido bem melhor!

P.s.: Ah, os títulos brasileiros! “A Ressaca” (The Hangover) aqui ganhou o título Se Beber Não Case; enquanto “A Banheira Máquina do Tempo” (Hot Tub Time Machine) aqui virou A Ressaca. É mole?

2012

2012

Mais um filme catástrofe de Roland Emmerich, o mesmo diretor de Independence Day e O Dia Depois de Amanhã. Conheço gente que detesta o estilo exagerado do diretor alemão, mas confesso que heu gosto!

A trama é desculpa pra mostrar destruição, claro. A estrutura, inclusive, é bem parecida com já citado O Dia Depois de Amanhã: cientistas descobrem que “o bicho vai pegar”, e acompanhamos alguns sobreviventes no meio do caos. Desta vez, explosões solares causam um bombardeio de neutrinos (seja lá o que forem neutrinos) que agem como microondas na crosta terrestre. Resultado: literalmente, o fim do mundo acontecerá em breve.

Podemos analisar o filme sob dois aspectos. No lado dos personagens, o filme é meloso e afundado em clichês. Clichês tão óbvios que chegam a incomodar. O pai divorciado com problemas para reconquistar os filhos, o cientista com remorsos pela quantidade de gente que está morrendo, o superior sem escrúpulos, o milionário individualista… Podemos adivinhar quase todo o roteiro!

Agora, se a gente pensar no filme como um retrato da destruição do planeta, aí o filme é sensacional. Algumas cenas são de tirar o fôlego, e os efeitos especiais estão excelentes! Poucas vezes vimos tanta destruição tão bem feita. Terremotos, vulcões, maremotos, tsunamis… A lista é grande, e está tudo bem retratado.

Aliás, tem uma cena engraçada para o público brasileiro, especialmente se for daqui do Rio. No meio das destruições, alguém fala que toda a América do Sul foi devastada por terremotos. Aí falam sobre uma gravação feita pela “Globo News”, que é aquela onde o Cristo Redentor aparece caindo, que aparece no trailer! Legal!

(Mesmo assim, ainda achei mais impressionantes as cenas de catástrofe do filme Presságio. Aqui em 2012, as cenas são excelentes, mas é uma evolução do que já vem sendo feito há anos; lá, em Presságio, o ponto de vista mudou, a câmera está dentro da catástrofe. Se você gosta deste estilo e ainda não viu, corra, já está nas locadoras!)

O sempre eficiente John Cusack lidera o elenco, que ainda conta com Chiwetel Ejiofor, Amanda Peet, Thandie Newton, Oliver Platt, Danny Glover e um inspirado (e exagerado) Woody Harrelson. Ninguém se destaca, afinal, são todos coadjuvantes. O principal aqui são os efeitos de destruição.

Enfim, para aqueles que querem uma história bem construída, vejam outro filme. Mas se você quiser ver destruição, vá ao cinema! Sim, cinema, tela grande, este filme não merece download!

p.s.: A bola fora ficou com este poster mostrando o Rio sendo destruído. Admito que o poster ficou bem legal, assim como admito que achei uma honra terem escolhido o Rio de Janeiro na divulgação de um filme blockbuster como este. Mas…

– As ondas vêm de dentro da Baía da Guanabara. Errado! Deveriam vir do outro lado! O maremoto começou na região serrana? Ou em Paquetá???

– O Cristo tá uns 300 metros acima do Pão de Açucar. Se a onda bater no Cristo, não existe mais Pão de Açucar!

– O Cristo fica de frente pro Pão de Açucar. O que diabos fez a montanha inteira ficar de lado? E ainda com um monte de gente em cima???

Matador em Conflito

Matador em Conflito

Matador em Conflito

Divertida comédia de humor negro, Matador em Conflito (Grosse Pointe Blank no original) traz uma trama um tanto surreal: um assassino profissional é convidado para uma reunião de dez anos de formatura no colégio, em sua cidade natal. Já que tem um “trabalho” para fazer na cidade no mesmo fim de semana, resolve ir para lá e participar da reunião…

Dirigido por George Armitage em 1997, um dos méritos deste filme é o elenco. Encabeçado por um como sempre inspirado John Cusack, ainda temos Dan Aykroyd, Minnie Driver, Alan Arkin, Joan Cusack e, de quebra, Hank Azaria e Jeremy Piven em papéis menores. Aykroyd interpreta um  rival de Cusack, que quer convencê-lo a criar um sindicato de assassinos (!); Arkin, por sua vez, faz um psiquiatra apavorado porque descobriu que seu paciente mata outras pessoas como profissão.

Quer mais? A trilha sonora também é muito boa, só de hits dos anos 80 – afinal, temos uma reunião de formandos de 87!

O filme não é daqueles “imperdíveis”. Tá mais pra cult. Mesmo assim, é uma boa e despretensiosa diversão.