Corta!

Crítica – Corta!

Sinopse (Festival do Rio): Em um prédio abandonado, um filme de zumbi de baixo orçamento está ruindo durante as gravações. O diretor abusivo já anda testando os limites do elenco e da equipe com seu comportamento desagradável, quando revela seu plano especial para injetar energia e emoção no projeto: liberar uma maldição zumbi de verdade. Em um frenético plano sequência em que pedaços de corpos e fluidos voam, os atores lutam contra os mortos-vivos e contra o diretor pela sobrevivência — antes que o filme chegue a uma conclusão chocante.

A sinopse deste Corta! (Coupez!, no original) me chamou a atenção. Mas me lembrei de um trash japonês que vi uns anos atrás, One Cut of the Dead, que trazia uma sinopse bem parecida.

E era isso mesmo. Corta! é refilmagem do japonês.

Mas o original era divertido, já faz uns anos que vi, e este novo ainda trazia o oscarizado Michel Hazanavicius (O Artista) na direção. Ok, vale checar a refilmagem.

A boa notícia é que Corta! é divertidissimo. Ok, igualzinho ao original. Não revi o filme japonês, mas tudo que me lembro também está presente aqui. Mas, quantas vezes a gente vê refilmagens e não reclama? Então bora.

O filme é claramente dividido em três partes. Tem uma primeira parte que é muito boa, tem uma segunda parte que é meio fraca e tem uma terceira parte que é a melhor coisa do filme. E como eu já falei em outras ocasiões, quando o filme termina bem, ele ganha pontos, porque a gente sai do cinema feliz.

A primeira parte é o plano sequência em si. É um trecho de pouco mais de meia hora com um plano sequência mostrando um set de filmagens de um filme de zumbis, sendo atacado por zumbis. Segundo o imdb, é um take dividido em dois, e demoraram cinco semanas ensaiando e quatro dias filmando.

A segunda parte mostra os bastidores do projeto, começando um mês antes. Ok, faz parte, pra gente conhecer um pouco mais dos personagens. Mas por outro lado é uma parte meio longa onde nada de legal acontece. Só serve pra gente entender alguns detalhes do que acontece depois, tipo o cara do som ter problemas intestinais, ou um dos atores com problemas com álcool.

A terceira parte é o backstage da filmagem do plano sequência em si. Durante a execução deste plano sequência acontecem algumas falhas meio toscas, e quando revemos a mesma cena sob outro ângulo, vemos o que aconteceu nos bastidores pra justificar essas falhas. Acompanhamos os erros técnicos na produção, e então entendemos todos as tosqueiras que aconteceram. Essa terceira parte é muito bem bolada e muito divertida.

Agora, é divertido, mas sinceramente não entendo um diretor ganhador do Oscar em um projeto desses: uma refilmagem de um trash. Não entendi a proposta do Michel Hazanavicius. Mas, ok, a gente aceita. de repente o cara só queria se divertir com um projeto leve.

O elenco traz alguns nomes conhecidos, como Romain Duris (Os Três Mosqueteiros) , Bérénice Bejo (O Artista)  e Matilda Lutz (Vingança). Todos funcionam, esse é um formato de filme que não pede grandes atuações.

Ah, tem uma cena pós créditos, uma piadinha. Não me lembro se tinha no original japonês.

Um Clássico Filme de Terror

Crítica – Um Clássico Filme de Terror

Sinopse (imdb): Cinco carpoolers viajam em um motorhome para chegar a um destino comum. A noite cai e, para evitar a carcaça de um animal morto, eles se chocam contra uma árvore. Quando eles voltam a si, eles se encontram no meio do nada. A estrada pela qual viajavam desapareceu e há apenas uma floresta densa e impenetrável e uma casa de madeira no meio de uma clareira, que descobrem ser o lar de um culto de arrepiar a espinha.

Dirigido pela dupla Roberto de Feo e Pablo Strippoli, Um Clássico Filme de Terror (A Classic Horror Story, no original) parece uma mistura de um monte de filmes de terror. Tem Midsommar, Louca Obsessão, Pânico na Floresta, O Albergue, O Homem de Palha, Evil Dead… As referências parecem um pouco exageradas, mas depois a gente descobre por que.

Gostei da fotografia do filme, que usa bem as cores e os cenários na floresta e na cabana. Também gostei da trilha sonora, algumas cenas ganham uma tensão maior com aquelas frases de violino.

Agora, o roteiro tem suas escorregadas. Ok, a gente sabe que terá clichês, afinal o próprio nome avisa que é uma “clássica história de terror”, então a gente sabe que vai seguir mais ou menos um certo formato. Mas mesmo a gente sabendo que alguns personagens estão lá só para morrer, os mesmos precisam de algum desenvolvimento. Porque, com zero desenvolvimento, a gente não se importa com eles. Ah, vai morrer? Pode morrer, ué.

(Isso sem falar de um “plot twist” que é telegrafado ainda na parte inicial do filme)

No elenco, só conhecia um nome, Matilda Lutz, que fez O Chamado 3 e Vingança. Também no elenco, Francesco Russo, Peppino Mazzotta, Yuliia Sobol, Will Merrick e Alida Baldari Calabria.

No geral, gostei bastante do resultado, mesmo com algumas escorregadas aqui e ali.

Vingança

VingançaCrítica – Vingança

Sinopse (imdb): Nunca leve sua amante para uma escapada anual entre amigos, especialmente uma dedicada à caça – uma lição violenta para três homens ricos e casados.

Vamos de filme francês ultra violento?

A trama de Vingança (Revenge, no original) é batida: mulher estuprada sai atrás de vingança. A gente já viu isso várias vezes. Mesmo assim, a roteirista e diretora Coralie Fargeat conseguiu um bom resultado com seu longa metragem de estreia.

Ok, reconheço que o roteiro tem algumas coisas bem forçadas – ela dificilmente sobreviveria àquela queda, e o lance de queimar a árvore não me convenceu. Mas se a gente se desligar desses “detalhes”, temos um filme muito bem conduzido. O filme é tenso, e as cenas de gore são muito boas.

Parágrafo à parte para falar do gore. A cena da caverna é bem forte, e a cena do caco de vidro no pé vai fazer o espectador se contorcer na poltrona. E a cena final tem tanto sangue que, segundo o imdb, faltou sangue artifical na produção. E digo mais: não é só o gore propriamente dito, algumas cenas são filmadas de modo a causar desconforto – como uma cena onde um personagem mastiga uma simples barra de chocolate.

Vingança foi escrito e dirigido por uma mulher, e mesmo assim explora bastante o corpo da protagonista Matilda Lutz – tem pouca nudez dela, mas ela passa quase todo o filme com pouca roupa. Pra compensar, o principal Kevin Janssens aparece completamente nu durante a longa cena final, que começa com um impressionante plano sequência e termina com muito, muito sangue. Ainda no pequeno elenco, Vincent Colombe e Guillaume Bouchède.

(É curioso ver um filme assim nos dias de hoje, quando muito tem se falado sobre assédio e objetificação do corpo feminino. Acho que se fosse um diretor homem, Vingança seria muito criticado.)

Boa opção que deve entrar em circuito dia 31.

O Chamado 3

83-Chamado 3Crítica – O Chamado 3

Uma jovem mulher descobre uma terrível maldição que ameaça tirar a sua vida em sete dias.

Fui convidado para uma maratona de O Chamado. Os dois filmes de 2002 e 05, e logo depois uma pré estreia do terceiro filme. Foi uma boa, porque heu não me lembrava de nada do segundo filme (alguém se lembra?). E foi mais fácil de situar o terceiro filme dentro da franquia.

A história tinha que ser atualizada, né? Afinal, quem ainda teria um vídeo cassete para tocar a fita VHS hoje em dia? Essa parte da atualização nem ficou ruim. Mas o roteiro resolveu criar um grupo de estudos com um papo cabeça e sem sentido. No primeiro filme, a investigação da personagem flui muito melhor.

Li muitas críticas falando muito mal de O Chamado 3 (Rings, no original). Ok, concordo, não é um bom filme. Mas, na verdade, nem achei tão ruim assim. Até gostei quando o filme tomou outro rumo no terço final, menos sobrenatural, numa onda que parecia o recente O Homem nas Trevas. Parecia um bom caminho para se fechar a história.

Mas aí teve aquele finzinho. Se acabasse uns 5 min antes, O Chamado 3 seria bem menos ruim, com uma conclusão para a história da Samara. Mas essa tendência atual de se criar franquias piorou o que já estava fraco. O filme termina com um gancho desnecessário e que foge completamente à lógica do primeiro filme.

No elenco, dois nomes conhecidos em papéis secundários, Vincent D’Onofrio e Johnny Galecki (The Big Bang Theory). Os principais, Matilda Lutz e Alex Roe, são desconhecidos, mais fácil de voltarem nas prováveis continuações. Aliás, mais alguém achou que a Matilda Lutz é a cara da Jessica Alba?

Agora aguardemos O Chamado 4. E depois o 5. E o 6…

p.s.: O lançamento foi tão descuidado que não achei no google uma imagem do poster “O Chamado 3”, apenas do “Chamados”…