Screamboat

Crítica – Screamboat

Sinopse (imdb): Um passeio noturno de barco se transforma em uma luta desesperada pela sobrevivência em Nova York quando um rato se torna uma realidade monstruosa.

Confesso que a expectativa pra um novo “terror do Mickey Mouse” era a menor possível. Mas não é que Screamboat não é tão ruim assim?

Bem, vamos com calma, o filme é ruim, muito ruim. Mas, comparado com os semelhantes, Ursinho Puf, Alice, Popeye, e, principalmente, The Mouse Trap – o outro terror do Mickey – Screamboat é menos ruim.

O que mais me incomodou em The Mouse Trap é que era um slasher tosco e vagabundo que não tinha nada a ver com o Mickey. O cara colocava uma máscara e ganhava poderes de teletransporte – quando teve uma história do Mickey com teletransporte?

Screamboat é um slasher tosco e vagabundo, mas que tem várias referências ao Mickey e ao universo Disney, tipo, o rato se chama Willie e vivia num barco a vapor – ele era o “steamboat Willie”. Seu dono era Walter, mas o chamavam de Walt. Além disso tem referências em personagens, tipo um grupo de mulheres vestidas como as princesas; e referências em alguns diálogos, como alguém que fala “it’s a small world”. (No banheiro tem uma frase que faz um trocadilho entre “ferry” e “fairy” e fala “ferry tale”, achei uma boa sacada.)

A direção aqui é de Steven Lamorte, que fez algo parecido em seu filme anterior, O Malvado Horror no Natal (o filme de terror do Grinch), que era um slasher tosco e vagabundo, mas que trazia referências às histórias do Grinch. Isso deveria ser algo básico nesses filmes do Poohniverse e afins, mas a galera que faz esses filmes não se preocupa nem com o básico!

Outro ponto positivo de Screamboat é o ator David Howard Thornton, mais conhecido por fazer o palhaço Art nos filmes Terrifier. Thornton interpreta o personagem principal, o rato Willie. Ok, reconheço que o Willie é quase igual ao Art: é um personagem que não fala, interage muito pouco com o resto do elenco, e fica fazendo caras e bocas o tempo todo. É um personagem reciclado, mas funciona dentro da proposta.

Agora, apesar desses elogios, a gente precisa reconhecer que Screamboat é bem fraco. Todas as atuações são péééssimas, e o roteiro é cheio de coisas sem sentido – tipo um personagem cair na água e, vários minutos depois, ainda estar ao lado do barco. E isso porque nem vou falar da cena onde um rato de menos de 50 centímetros de altura pega uma mangueira e molha algumas dezenas de pessoas, e ninguém vai até o rato pra tentar impedir.

Os efeitos de maquiagem são ok. Algumas mortes são criativas, e admito que ri na “cena de sexo”. Agora, os efeitos para o Willie ser pequeno às vezes lembram programas infantis antigos como Castelo Rá Tim Bum e Sítio do Pica Pau Amarelo. Não é uma boa referência…

Teve um outro problema. A sessão de imprensa ia acontecer num cinema, mas houve uma falha técnica e a sessão teve que ser cancelada. A assessoria então nos enviou um link para uma cabine online, uma boa solução. Mas, parte do filme é muito escura, e ver um filme muito escuro na tela do computador nem sempre é tarefa fácil. Resultado: algumas cenas nem consegui ver direito o que estava acontecendo.

Enfim, Screamboat não é bom. Mas, num mar de lixo como Mouse Trap e Ursinho Pooh Sangue e Mel, o resultado é bem mais positivo.

Pecadores

Crítica – Pecadores

Sinopse (imdb): Dispostos a deixar suas vidas conturbadas para trás, irmãos gêmeos retornam à cidade natal para recomeçar suas vidas do zero, quando descobrem que um mal ainda maior está à espera deles para recebê-los de volta.

Heu ia falar sobre Pecadores antes de Nas Terras Perdidas. Mas tenho tanta coisa pra falar de Pecadores que preferi atrasar o texto pra poder falar com mais calma.

Vi Pecadores ao lado do meu amigo André Gordirro. Ao fim da sessão, ele fez um comentário que faço questão de repetir aqui: “a gente, como crítico de cinema, vê tanta porcaria, é muito bom quando finalmente vemos um filmão como este”.

Pecadores é um filmão. Daqueles que dá vontade de rever assim que acaba a sessão.

Escrito e dirigido por Ryan Coogler (Pantera Negra, Creed), Pecadores (Sinners, no original) estava na minha lista de expectativas para 2025. Mas posso tranquilamente dizer que superou as expectativas. É daquele tipo de filme onde tudo está no lugar. A história é boa, o elenco está ótimo, a ambientação de época é perfeita, os efeitos especiais são excelentes, e a trilha sonora… A trilha sonora me pegou como há muito tempo uma trilha não me pegava.

Mas, antes de entrar no filme, preciso falar sobre spoilers. Tem uma coisa que acontece bem no meio do filme que muda completamente o rumo da narrativa. E tem muita gente comentando o que acontece, afinal isso aparece no segundo trailer (não aparece no primeiro). Mas… Acredito que o melhor seja ver o filme sem saber, então não vou comentar aqui! Este é um texto spoiler free!

Vamulá. Pecadores começa com um rápido prólogo, e a história volta para o dia anterior. Anos 30, conhecemos os gêmeos Fumaça e Fuligem, que trabalharam em Chicago com Al Capone e agora querem abrir um clube de blues só para negros. Esta primeira metade do filme é mais lenta, pra conhecermos os vários personagens e a relação entre eles, e o roteiro de Coogler é muito bem estruturado neste aspecto. Quando o filme muda de rumo na segunda metade, sabemos quem são aquelas pessoas, temos motivo para nos importarmos por elas!

Preciso falar da trilha sonora. Há muito tempo uma trilha de um filme “não musical” não me impactava assim. Adorei a trilha composta por Ludwig Göransson – se fosse anos atrás, ia correr atrás do disco pra minha coleção. Göransson consegue cria um clima perfeito de tensão usando o violão do blues. Göransson já tem dois Oscars (Pantera Negra e Oppenheimer), não será surpresa se for indicado de novo.

Heu diria que a trilha sonora aqui é tão importante quanto em um filme musical. A última vez que vi algo parecido foi em Baby Driver, que tinha cenas editadas coreografando com a música da trilha, como o tiroteio no ritmo de Hocus Pocus do Focus, ou o sensacional plano sequência inicial ao som de Harlem Shuffle. A diferença é que em Baby Driver eram músicas pop, e aqui Pecadores é uma trilha original (pelo menos heu não conhecia nenhuma das músicas). Mas a trilha é quase um “personagem” do filme. Quase tudo é blues, mas abre um pequeno espaço pra outros estilos, como uma boa cena usando música irlandesa.

Ainda nesse tema, tem uma cena sensacional no meio do filme, uma cena que vai dividir opiniões porque é bem fora da caixinha, mas que se você entrar na onda, vai curtir. Tem uma frase no filme que fala que a música pode invocar espíritos do passado e do futuro, e que pode romper o limite entre a vida e a morte. Então vemos um plano sequência que começa com o personagem Sammie cantando e tocando violão, e a música cresce e toma rumos inesperados, e a câmera começa a passear por caminhos igualmente inesperados. É daquelas sequências pra aplaudir de pé!

E, já que falei do som, tem alguns detalhes geniais que merecem uma ida ao cinema. Vou citar dois exemplos. Um acontece quando uma personagem está mexendo com feitiços e sua voz aparece mais encorpada. É só ela falando, mas a gente sente que ela não está sozinha. Outra é quando ouvimos um personagem contando uma história, e que numa narrativa convencional, a gente veria um flashback. Só que aqui a gente não vê nada – mas ouve tudo!

Os efeitos especiais são muito bons. Já é o quarto filme que vi em poucas semanas onde um ator interpreta dois papéis (os outros são Mickey 17, O Macaco e Alto Knights). Pecadores não tem muitas cenas com os dois personagens interagindo (neste aspecto, Mickey 17 é mais impressionante), mas todas as cenas onde vemos Fumaça e Fuligem juntos são perfeitas. E, quando o filme se assume terror, temos bons efeitos de maquiagem. Não sei o que é efeito prático e o que é digital, mas acho que isso pode ser positivo…

Até agora só falei da parte técnica. Mas Pecadores também tem seu lado político. O diretor sabe abordar o tema do racismo de maneira que fica natural e não panfletária. O modo como ele apresenta as questões raciais não tem nada da lacração que vemos de vez em quando por aí.

No elenco, Michael B Jordan (protagonista de todos os filmes do diretor) está ótimo. Os dois irmãos são muito parecidos fisicamente (em O Macaco os irmãos usam cortes de cabelo diferentes), mas têm personalidades bem distintas. E gostei muito do estreante Miles Caton. Segundo os créditos, ele realmente toca e canta. Também no elenco, Hailee Steinfeld, Delroy Lindo e Jack O’Connell, e uma ponta do músico veterano do blues Buddy Guy.

Pecadores tem cenas pós créditos. Mas não é o mesmo padrão de sempre. Logo no início dos créditos, volta o filme para uma sequência enooorme – heu diria que nunca vi uma cena pós créditos tão longa! É um epílogo, podia facilmente fazer parte do filme. E, lá no finzinho de tudo, aí sim, uma cena pós créditos com cara de pós créditos.

Por fim, uma coisa que heu não entendi o motivo. Parte de Pecadores foi filmado em Imax, então algumas cenas têm o formato de tela diferente, e o filme fica mudando entre os dois formatos. Deve ter algum motivo pra essas mudanças, mas não sei qual foi.

A Vingança do Popeye – Popeye’s Revenge

Crítica – A Vingança do Popeye – Popeye’s Revenge

Sinopse (imdb): A lenda do Popeye assombra um grupo de amigos que pretendem abrir um acampamento de verão.

Antes de tudo, preciso confessar que assisti o filme errado. Ouvi falar que este ano teria um filme de terror do Popeye, e gostei do título, porque fizeram um bom trocadilho: em vez de “Popeye the Saylor Man”, o filme se chama “Popeye the Slayer Man”. Ok, tinha tudo pra ser um filme ruim, mas pelo menos era um título criativo.

Mas peguei o filme errado. Em vez de Popeye the Slayer Man, vi Popeye’s Revenge, ou, A Vingança do Popeye. Bem, deve ser a mesma coisa.

Vamos a uma contextualização. Alguns anos atrás descobriram que os diretos do ursinho Puff iam entrar em domínio público, então fizeram um filme de terror com o personagem. Achei a ideia muito boa, gosto de imaginar histórias que a gente conhecia quando criança sendo revisitadas sob outro ponto de vista – meu primeiro curta metragem foi com o boitatá, e um dia ainda hei de voltar a filmar terror com folclore nacional.

O problema é que o filme do Puff é péssimo. É apenas um terror vagabundo, mal escrito e mal filmado, onde um cara coloca uma máscara tosca comprada na shopee e sai matando o resto do elenco. Não tem nada a ver com o ursinho Puff. (E o filme ainda tem a pachorra de ter uma cena onde um personagem fala “não parecem humanos!” Caramba, parecem sim, parecem humanos que compraram máscaras de halloween no Mercadão de Madureira!)

Mas, produção barata, proporcionalmente rendeu bem. Aí abriu a porteira pra outras produções seguindo a mesma ideia (e infelizmente com a mesma indigência artística). O filme do Mickey sofre do mesmo problema: é um slasher vagabundo que não tem nada a ver com o Mickey, só um cara que usa uma máscara do personagem. O resultado chega a ser pior que o do Puff!

Então, claro que as minhas expectativas pra este A Vingança do Popeye eram bem baixas. E olha, posso dizer que me surpreendeu positivamente. Não, não é bom, longe disso. Mas é bem menos ruim do que os dois citados anteriormente.

A Vingança do Popeye começa bem. Tem uma animaçãozinha de uns três minutos contando a história de uma criança que nasceu com problemas: tinha antebraços muito grandes e era muito forte. Na escola, brigou com um coleguinha e acabou esmagando a cabeça do oponente, fazendo os olhos saltarem – “pop eye”, olha que boa sacada! Por causa disso, ele é deixado de castigo no porão da casa. Mas a população local, com raiva, coloca fogo na casa dele, o que acaba matando seus pais. Ele não morre porque estava no porão, mas quando aparece em público, jogam ele no lago e ele morre afogado.

Ok, temos um bom começo. Sei que o primeiro filme do Puff também abre com uma animaçãozinha, mas a historinha contada lá não fazia nenhum sentido, essa daqui foi melhor. Mas sabe aquele desenho do cavalo que começa bem mas vai ficando cada vez mais mal desenhado? A Vingança do Popeye é assim: uma boa introdução, um desenvolvimento capenga e um final bem ruim.

Vamulá. O Popeye morreu criança, e volta pra se vingar depois de anos. Até aí ok. Mas, se ele morreu criança, por que é um adulto que aparece agora? Digo mais: por que ele usa roupa de marinheiro e uma âncora? E de onde veio o cachimbo? Por que o roteiro não desenvolveu algo no personagem pra ligá-lo às características do Popeye original?

Calma que tem uma revelação no final que ainda piora tudo isso. Sim, é um spoiler, mas pra um filme desses acho que ninguém se importa. Quando ele era criança e estava no porão, uma pessoa misteriosa se comunicava com ele com cartas por debaixo da porta. No fim do filme a gente descobre que a pessoa misteriosa é a irmã do Popeye. Seu nome? Olive. Sim, Olívia Palito aqui é irmã do Popeye. Oi???

Ainda tem um momento onde uma lata de espinafre rola pelo chão. Podiam usar isso pra mostrar que o Popeye ficava mais forte, saída muito fácil que o roteiro podia usar. Mas não, só aparece a lata rolando. Pra que?

O roteiro também tem suas tosqueiras, mas isso infelizmente é normal no estilo. Tipo, tem um personagem, morador local, que entra na trama só pra avisar que todos devem tomar cuidado com a névoa. Ele mora lá, conhece a área. Por que diabos ele fica dando mole quando aparece a névoa? Isso porque não vou falar da passagem dos dias, porque tem cenas de dia e cenas à noite que parecem estar misturadas.

Ah, ainda no roteiro, tem um detalhe que queria mencionar. Uma das mortes acontece na piscina. E logo na cena seguinte, a galera já está na mesma piscina. Quem tirou o corpo e limpou o local? Mais uma da mesma cena: prestem atenção, quando o Popeye mata, ele está de costas pra vítima e corta o pescoço. De onde vem aquele esguicho de sangue na cara dele? Não há ângulo pra ele levar aquele jato no rosto!

Sobre o elenco, ninguém merece ser mencionado. Só queria comentar que a atriz Karolina Ugrenyuk aparece com uma camisa do Brasil. Mas procurei pela internet pra saber o motivo e não achei nada. Deve ser uma coincidência, alguém deve ter achado que ela fica bem com aquela camisa.

Dito tudo isso, como falei, achei A Vingança do Popeye menos ruim que os filmes do Mickey e do Puff. Porque aqui é um slasher vagabundo, mas pelo menos tem um vilão coerente com a proposta (mesmo que só parcialmente), e tem algumas mortes graficamente aceitáveis. Não é um filme pra ser recomendado, mas, se visto no espírito certo, pelo menos não dá raiva.

Por fim, só queria lembrar que existe um plano de se fazer um “Poohniverse”, juntando filmes de terror do ursinho Puff, Peter Pan, Bambi e Pinóquio. Mas até onde sei, este filme do Popeye não fará parte desse rolê, apesar de ser da mesma produtora.

O Macaco

Crítica – O Macaco

Sinopse (imdb): Quando os gêmeos Bill e Hal encontram no sótão um velho macaco de brinquedo do pai, começa uma série de mortes terríveis. Os irmãos decidem jogar o brinquedo fora e seguir em frente com suas vidas, distanciando-se com o passar dos anos.

O Macaco (The Monkey, no original) estava na minha lista de expectativas para 2025, por ser uma história do Stephen King, e dirigida por Osgood Perkins, que ano passado apresentou o bom Longlegs.

Gostei de Longlegs e gostei ainda mais de O Macaco. Se o primeiro era um terror sério, o segundo traz várias cenas de humor negro que fizeram o cinema dar gargalhadas várias vezes ao longo da projeção. São muitas cenas de mortes, e com muito gore. E ao mesmo tempo são cenas engraçadíssimas! Às vezes lembra o clima da franquia Premonição, onde a gente fica esperando mortes cada vez mais absurdas.

O humor negro não está só nas mortes. Vários diálogos também são neste estilo. E preciso dizer que adorei o tom do humor. Olha, há muito tempo heu não ria tanto numa sessão. Lembro que há pouco vi a comédia Bridget Jones Louca Pelo Garoto, e não ri quase nada…

Não li o conto original do Stephen King. Não sei se já era engraçado, ou se o humor negro foi uma adição do diretor e roteirista Oz Perkins (que é filho do Anthony Perkins, pra quem não sabe). Independente de quem é o autor, achei perfeito, este é o meu estilo de humor!

(Alguns amigos meus estão chamando O Macaco de “terrir”. Sei lá, pra mim, “terrir” está mais ligado ao estilo do Ivan Cardoso, filmes tipo As Sete Vampiras ou O Escorpião Escarlate, que eram filmes de terror, mas meio trash. O Macaco não é nada trash!)

O Macaco apresenta um brinquedo que, quando dão corda e ele bate no tambor, uma morte aleatória vai acontecer. O irmãos gêmeos Bill e Hal herdam esse brinquedo, mas tentam se afastar depois que descobrem os efeitos desagradáveis e imprevisíveis.

Curiosidade sobre o brinquedo: segundo o imdb, Oz Perkins resolveu fazer o macaco bater em um tambor em vez de pratos porque os direitos da versão com pratos são de propriedade da The Walt Disney Company, já que o brinquedo apareceu como personagem em Toy Story 3. O que é irônico, porque o macaco com pratos estava em Toy Story 3 porque seu diretor Lee Unkrich é fã de Stephen King.

Oz Perkins, na minha humilde opinião, está num bom momento da carreira. Lembro de quando vi Maria e João, o Conto das Bruxas, que achei bem filmado, mas entediante. Longlegs foi bem melhor, parecia uma uma mistura de Silêncio dos Inocentes com Zodíaco, mas em versão terror. O cara sabe filmar, sabe posicionar sua câmera, seus filmes fogem do óbvio. E agora, com O Macaco, Perkins acertou em cheio. E ainda tem um filme novo dele, Keeper, com previsão de lançar em outubro deste ano!

Os gêmeos Bill e Hal são interpretados pelo mesmo ator: Christian Convery quando adolescentes; Theo James quando adultos. Eles estão bem: achei que eram dois atores diferentes interpretando os adolescentes. Tatiana Maslany interpreta a mãe durante a primeira parte do filme. O Macaco ainda tem participações especiais de Elijah Wood e Adam Scott, cada um faz uma cena. E o diretor Oz Perkins tem um papel bem divertido, o tio dos meninos.

Alguns amigos meus falaram mal de O Macaco quando acabou a sessão. Mas te garanto que a sala inteira do cinema estava gargalhando alto. Acho que esses amigos esperavam um filme sério…

O Homem do Saco

Crítica – O Homem do Saco

Sinopse (imdb): Quando uma ameaça sinistra de sua infância volta a assombrá-lo, um pai luta desesperadamente contra seu medo mais profundo. Só que, desta vez, a luta não é por ele mesmo; é por sua família.

Falei aqui outro dia sobre Blindado, filme ruim muito ruim. O Homem do Saco está longe de ser bom, mas é bem menos ruim que Blindado. Vamulá.

Dirigido pelo pouco conhecido Colm McCarthy, O Homem do Saco (Bagman, no original) é mais um terror genérico vagabundo, igual a dezenas de outros lançados a cada ano. Previsível e clichê, mas tem o seu público.

A ideia aqui é explorar a lenda urbana do homem do saco, aquele que leva crianças mal comportadas. O protagonista, adulto, teve um trauma na infância ligado à lenda, e agora, por motivos financeiros, precisa voltar a morar perto de onde morava quando criança, e coisas estranhas começam a acontecer.

O filme podia ter explorado melhor a dúvida que o protagonista vive: aquilo é real, ou é um trauma de infância? Mas infelizmente tudo aqui é muito raso. Inclusive tem algumas coisas que não fazem muito sentido, como uma psicóloga falando pra outra pessoa sobre os problemas de um paciente – na verdade, é um motivo pra ter diálogos expositivos, pra explicar tudo mastigadinho para o espectador preguiçoso.

Heu sei que quase todos os filmes de terror são baseados em cima de decisões burras de personagens. E na maior parte dos casos aceito isso. Mas algumas decisões são tão burras que dão raiva. Em O Homem do Saco, determinado momento do filme acontece um evento traumático que afeta toda a família, inclusive a irmã da protagonista. Na noite seguinte, a irmã vai dormir na mesma cama que o casal, tão grave foi o trauma. Mas… A criança continua dormindo no quarto ao lado! Caramba, se chegaram ao ponto de colocar três adultos numa cama, por que diabos isolar a criança???

Se tem uma coisa positiva em O Homem do Saco, gostei do visual da entidade, o tal Homem do Saco – principalmente antes de tirar o capuz e mostrar toda a cabeça (quando tira o capuz, criaram um visual mais grotesco do que assustador, prefiro com capuz). Também gostei da movimentação da criatura pelas paredes, pena que o filme mostrou pouco disso. Por outro lado, achei que o filme deu um mole grande quando não explorou mais a caverna onde a criatura mora. Aquilo podia ter dado um “up” na reta final do filme. Ah, a trilha sonora também é boa.

No elenco, deu pena do Sam Claflin, que tem um currículo razoável, fez Jogos Vorazes, Como Eu Era Antes de Você, Enola Holmes, protagonizou a série Daisy Jones and the Six… Por que ele está fazendo terror vagabundo?

Claro que O Homem do Saco tem um final que deixa espaço pra uma continuação. E claro que a gente torce pra essa continuação nunca acontecer.

Lobisomem

Crítica – Lobisomem

Sinopse (imdb): Um homem deve proteger a si mesmo e sua família quando eles são perseguidos, aterrorizados e assombrados por um lobisomem mortal à noite durante a lua cheia. Mas conforme a noite avança, o homem começa a se comportar de forma estranha.

Lobisomem (Wolf Man, no original) é o novo filme dirigido por Leigh Whannell, que fez o bom Homem Invisível em 2020 (lembro que foi um dos últimos filmes que vi antes da pandemia!), e que, nem todos lembram, mas é parceiro de longa data de James Wan – Whannell escreveu o roteiro do primeiro Sobrenatural era um dos roteiristas do primeiro Jogos Mortais, além de estar no elenco principal.

Ouvi rumores de que anos atrás este filme estaria atrelado àquele projeto que deu errado de criar um “monsterverse” usando monstros clássicos da Universal, que teve o filme A Múmia, com o Tom Cruise, e depois desistiram da ideia por causa do flop. Os rumores falavam que Ryan Gosling estaria interessado em protagonizar este filme, e que a direção seria de Derek Cianfrance, que dirigiu Gosling em Namorados Para Sempre (2010) e O Lugar Onde Tudo Termina (2012). Cianfrance se desligou do projeto, e Gosling acabou virando produtor, então Whannell teria assumido a direção. Mas, infelizmente não consegui fontes seguras pra confirmar estes rumores.

Vamos ao filme. Lobisomem não se propõe a ser um grande filme. Poucos personagens, poucas locações, quase toda a trama se passa ao longo de uma única noite. Entrando no cinema com este espírito, o espectador pode se divertir.

James Wan não está presente aqui (achei que ia ler seu nome entre os produtores). Mas vemos que Whannell aprendeu algumas coisas com o amigo. Em alguns momentos a câmera sai do eixo e passeia por caminhos fora do óbvio, como quando acontece o acidente e o caminhão fica de lado, e a câmera mostra isso num travelling “sem chão”. Digo mais: uma coisa bem legal aqui – talvez o melhor do filme – é quando o filme mostra, em alguns momentos, o ponto de vista do monstro. O jeito como o filme abordou isso foi bem legal, a câmera gira e muda toda o som, a iluminação, muda tudo no visual. Inclusive explica por que o monstro não consegue se comunicar. E também preciso dizer que gostei do efeito simples de mostrar a respiração da criatura quando não podemos vê-la.

A maquiagem não segue o tradicional de outros filmes de lobisomem que estamos acostumados. Talvez tenha gente reclamando, mas heu gostei porque não é cgi. Gosto de efeitos práticos! A trilha sonora de Benjamin Wallfisch também é muito boa. Por outro lado, achei o filme muito escuro. No cinema ainda vai, mas em breve este filme estará no streaming, vai ser difícil de acompanhar.

Existe outro problema, mas não é do filme em si. É que a gente lembra que Whannell fez O Homem Invisível, que trazia camadas com diferentes interpretações – era ao mesmo tempo um filme de terror e um filme que abordava relacionamentos abusivos. E a segunda leitura proposta por Lobisomem é de uma doença se espalhando (o filme foi pensado na época da pandemia). Ou seja, quem for procurar subtextos vai se decepcionar. Lobisomem é apenas um simples filme de terror.

No elenco, quase o filme todo se baseia na família composta por Christopher Abbott, Julia Garner e Matilda Firth. Nenhuma grande atuação, mas servem para o que filme pede.

Por fim, um mimimi. O nome brasileiro do filme é “Lobisomem”, mas acho que foi um nome mal traduzido. A criatura do filme é diferente dos lobisomens que conhecemos. Talvez esteja mais próxima do wendigo, figura folclórica que veio dos índios norte americanos. Afinal, lobisomens voltam à forma humana durante o dia! Acho que seria melhor chamar de “Homem Lobo”, tradução literal.

Nosferatu (2024)

Crítica – Nosferatu

Sinopse (imdb): Um conto gótico de obsessão entre uma jovem assombrada na Alemanha do século XIX e o antigo vampiro da Transilvânia que a persegue, trazendo consigo um horror incalculável.

Comecemos pelo original, de mais de 100 anos atrás. Em 1922, F.W. Murnau resolveu fazer uma adaptação do livro Drácula, de Bram Stoker. Alterou os nomes dos personagens, alterou o país onde se passa a história, alterou quais são os dentes do vampiro (incisivos em vez de caninos). O resto é exatamente igual. Exatamente a mesma história. A viúva de Bram Stoker descobriu o plágio, entrou com um processo, e pediu para que todas as cópias fossem destruídas. Por sorte, alguns colecionadores e cinematecas guardaram cópias, se não hoje não teríamos essa obra icônica.

Heu nunca tinha visto este Nosferatu de 1922. Vi agora, e entendo todos os méritos, mas preciso admitir que não gosto muito do estilo usado na época. Como era cinema mudo, todas as atuações parecem exageradas, isso me incomoda um pouco. Mas reconheço a importância do filme.

(Existe outra versão de Nosferatu, de 1979, dirigida por Werner Herzog e estrelada por Isabelle Adjani e Klaus Kinski. Vi muitos anos atrás, me lembro de pouca coisa desta versão.)

Finalmente chegamos em 2024 (apesar de já estarmos em 2025). Gosto do estilo do Robert Eggers, gostei de A Bruxa, e gostei mais ainda de O Homem do Norte – apesar de não ter gostado nem um pouco de O Farol, achei chato e pretensioso. Mas estava curioso em ver como Eggers ia apresentar sua versão de Nosferatu.

A história todo mundo conhece: o jovem corretor de imóveis Hutter vai até a Transilvânia para fechar um contrato de venda de um imóvel para o misterioso conde Orlok, que vai até a Alemanha atrás da esposa de Hutter.

Se a história é batida, o visual não é. Goste ou não do estilo de Robert Eggers, seus filmes são sempre belíssimos, com várias sequências com visual deslumbrante. E isso acontece aqui, Nosferatu enche os olhos. A trilha sonora também é muito boa. Além disso, todo o figurino e reconstituição de época são perfeitos.

Um parágrafo à parte pra falar da maquiagem. Bill Skarsgård está irreconhecível. A divulgação do filme fez bem em não explorar o visual deste novo Nosferatu, porque quando ele aparece, está assustador, tanto na aparência quanto na voz – ele treinou a voz por semanas pra baixar uma oitava do seu registro natural para seu personagem ter a voz o mais grave possível.

O vampiro de Bill Skarsgård é assustador, e o clima do filme segue a mesma linha. Nosferatu ainda tem alguns jump scares bem bolados (daqueles que a gente não adivinha quando vão chegar). Mas o mais importante aqui não são os jump scares, e sim o clima tenso de terror. Sim, Robert Eggers sabe trabalhar o clima como poucos no cinema contemporâneo.

(Achei estranho o personagem ter bigode. Deve ser porque Vlad Tepes também tinha.)

Bill Skarsgård não é o único destaque do elenco. Lily-Rose Depp também está excelente (parece que o papel seria da Anya Taylor-Joy, mas ela teve que passar adiante por problemas de conflito de agenda quando foi fazer Furiosa). Também no elenco, Nicholas Hoult, Willem Dafoe, Aaron Taylor-Johnson, Emma Corrin e Ralph Ineson.

Gostei muito deste novo Nosferatu, mas reconheço que não é um filme para qualquer um. Aliás, todo o cinema de Eggers tem essa característica, seus filmes são o oposto do pop. Provavelmente vai ter parte do público saindo insatisfeita do cinema. Mesmo assim, recomendo: filmão!

Por fim, um mimimi que não é um problema deste filme, porque na verdade estava na versão de 1922. Na história original do Bram Stoker, Drácula vai de navio até a Inglaterra. É longe, sair da Transilvânia e ir até a Inglaterra, mas tem lógica se a gente pensar que a Inglaterra é uma ilha, então teria alguma lógica ir pelo mar. Na versão “pirata”, a história se passa na Alemanha, e mesmo assim, Orlok vai de navio. Não entendo muito de geografia europeia, mas a Alemanha só tem acesso ao mar pelo norte. O navio nesta versão teve que dar uma volta enorme! Não vejo lógica em ele ir de navio da Romênia até a Alemanha. Fui o único que pensei nisso?

MadS

Crítica – MadS

Sinopse (imdb): Um adolescente para na casa do seu traficante para testar uma nova droga antes de ir para uma festa. No caminho, ele encontra uma mulher machucada e a noite se torna algo surreal.

Quando ouvi falar de um filme francês de zumbi, em plano sequência, lembrei de Coupez!, refilmagem do japonês One Shot of the Dead, que traz um filme trash de zumbi em um divertido plano sequência, e que tem um plot twist no meio que deixa tudo ainda mais interessante. Mas não, MadS tem outra proposta.

Não sei se MadS chega a ser um “filme de zumbi”. Vemos o início de uma infecção, mas parece mais algo na linha do filme Extermínio, onde pessoas são infectadas e passam a agir como zumbis, mas não são mortos vivos. Enfim, a história em si não tem nada demais. O grande lance é ser um filme inteiro sem cortes.

Escrito e dirigido por David Moreau, a proposta é ser um longo plano sequência de 90 minutos. Li uma entrevista do diretor num site português, ele falou que realmente não tem cortes. Ele disse que filmou tudo cinco vezes, em cinco dias seguidos, e que nos dois primeiros dias deu tudo errado, mas que depois acertaram, e que a quinta filmagem é o filme que estamos vendo.

Se é verdade ou não, não sei. Existem vários pontos onde a câmera passa por uma parede, ou pilastra, ou lugar escuro, pontos onde poderiam haver cortes – normalmente usam esses pontos pra fazer os cortes e depois emendar digitalmente. Heu particularmente não acredito que ele tenha conseguido tudo em um único take.

Mas, isso pouco importa. Valorizo mesmo quando o plano sequência tem essas emendas, porque a concepção do story board precisa pensar em um todo. Por isso, bato palmas pro resultado alcançado, tenha emendas ou não.

Digo isso porque acontece MUITA coisa durante este plano sequência. Tem câmera acompanhando carro, moto, bicicleta, tem festa com dezenas de pessoas, tem cenas com policiais, tem brigas, tiros, sangue… E em defesa da declaração do diretor, a trama começa ao entardecer e segue de noite. E filmar nesse horário é complicado por causa da continuidade.

Outra coisa que heu queria destacar são os efeitos de maquiagem “em tempo real”. Talvez tenha tido algo inserido digitalmente na pós produção, mas em alguns momentos provavelmente o ator estava com algum truque de maquiagem para usar na hora, com a câmera rolando. Independente de como foi feito, o resultado ficou bem legal.

MadS é um filme do streaming Shudder, que infelizmente não existe oficialmente no Brasil…

La Mesita del Comedor / The Coffee Table

Crítica – La Mesita del Comedor

Sinopse (imdb): Jesus e Maria, um casal em dificuldades, tornam-se pais e decidem comprar uma mesa de centro, alterando suas vidas.

E vamos ao provável filme mais desconfortável do ano.

No halloween, rolou um especial do canal Super 8, onde quatro youtubers que acompanho falavam sobre os melhores filmes de terror do ano. Otavio Ugá, Nerd Rabugento, Getro e Lucas Maia comentaram durante 4 horas sobre 19 filmes de terror. Já tinha visto 13. Ok, vamos procurar os outros 6.

O primeiro da minha lista era o espanhol La Mesita del Comedor (ou The Coffee Table, em inglês), dirigido por Caye Casas. Um filme que vejo seus méritos, mas ao mesmo tempo me deixou tão desconfortável que quase desisti de comentar aqui. Reconheço a qualidade do filme, mas não tenho coragem de recomendá-lo pra ninguém.

Jesus e Maria são um casal onde ambos já têm uma certa idade, mas que só tiveram um filho agora. E acontece uma coisa – que não vou falar o que é – que abala totalmente a estrutura emocional de Jesus. O desconforto ainda piora pelas circunstâncias: a visita de seu irmão e a namorada muito mais nova, e uma vizinha adolescente obcecada por ele. A interpretação do ator David Pareja é impressionante!

(Os nomes “Jesus” e “Maria” me fizeram achar que teria algo ligado à Bíblia, mas não interpretei nada religioso na história.)

A cena inicial, quando o casal está comprando a tal mesinha de centro que dá título ao filme, dá a entender que veremos uma comédia. Mas não se deixe enganar: La Mesita del Comedor traz uma história pesada e traumatizante. Acho difícil alguém rir num filme desses.

A cena final é tão desconfortável que é daquelas que gruda na memória por dias depois do filme. Lembrei de Speak no Evil, outro filme que deixa uma sensação igualmente desconfortável. Speak no Evil teve uma refilmagem hollywoodiana com final mais palatável, será que um dia existirá uma versão deste com um final melhor?

La Mesita del Comedor ganhou prêmios de melhor roteiro e melhor ator no Fantaspoa do ano passado. Mais uma vez, reconheço os méritos. Mas não recomendo. Veja por sua conta e risco!

Herege

Crítica – Herege

Sinopse (imdb): Duas jovens missionárias tentam converter um homem, mas a situação se revela muito mais perigosa do que elas poderiam imaginar.

Confesso que fui ver Herege (Heretic, no original) com um pé atrás. Vi o trailer, gostei, aí fui no imdb ver quem tinha feito. Herege é escrito e dirigido por Scott Beck e Bryan Woods, mesma dupla que ano passado fez 65 Ameaça Pré Histórica, filme que errou em quase tudo.

Felizmente, trago boas noticias: em Herege, a dupla de roteiristas e diretores acertou em quase tudo!

Conhecemos duas jovens missionárias mórmons que estão visitando casas para divulgar sua religião. Até que visitam o personagem de Hugh Grant, um cara simpático, carismático e muito inteligente, que primeiro as coloca numa armadilha mental, pra depois evoluir para uma armadilha real.

Herege tem dois grandes trunfos. Um deles é o clima criado pelos cenários da casa velha e pelos excelentes diálogos que questionam vários dogmas de várias religiões. É um filme com muitos diálogos (na verdade, alguns são monólogos), e todos são bem escritos e bem conduzidos. E quase todo o filme se passa dentro da casa, o que cria um ótimo clima claustrofóbico.

Mas o melhor mesmo é a atuação de Hugh Grant. Ele sempre é lembrado pelas várias comédias românticas que fez (como Quatro Casamentos e um Funeral, Um Lugar Chamado Notting Hill ou O Diário de Bridget Jones), mas de uns anos pra cá tem feito papeis diferentes. Gostei dele em Magnatas do Crime e em Wonka. Mas aqui ele está ainda melhor. É um cara simpático e sedutor, seus diálogos são cativantes e conduzem o filme de uma maneira quase hipnotizante. E isso tudo sendo o vilão do filme! Pena que pequenos filmes de terror raramente entram no radar de grandes premiações, porque este papel poderia lhe render um prêmio!

As outras duas atrizes, Sophie Thatcher e Chloe East, também estão bem, mas o destaque sem dúvidas fica para Hugh Grant. E, curiosidade, o outro mórmon que aparece pouco é Topher Grace, de That 70s Show.

Falei lá no início que Herege acerta em quase tudo. O “quase” é porque o terço final muda um pouco o rumo do filme e rola uma quebra de ritmo. Não que fique ruim, mas preferi o clima anterior.

Um comentário sem spoilers sobre o fim: interpretei de um modo, quando acabou a sessão fui conversar com alguns amigos, e ouvi outras duas suposições sobre o final. Ainda acho que a minha é a “certa”, mas foi legal ver que é um final que te faz pensar.

Herege estreia semana que vem, e já quero rever!