O Homem do Norte

Crítica – O Homem do Norte

sinopse (imdb): Depois de testemunhar o assassinato do pai pelas mãos do seu tio Fjölnir, e ver sua mãe e reino tomados pelo assassino, o jovem Príncipe Amleth foge para retornar anos depois, já adulto, determinado a fazer justiça.

Estreou o aguardado épico viking O Homem do Norte (The Northman, no original), novo filme de Robert Eggers.

Como falo sempre, a gente deve seguir o nome do diretor. Este é o terceiro filme dirigido por Eggers, e heu tenho opiniões opostas com relação aos outros dois. Gosto muito de A Bruxa, mas acho O Farol muito ruim. Então, rolava uma expectativa, mas ao mesmo tempo rolava um pé atrás.

A boa notícia é que gostei muito de O Homem do Norte. Gostei mais até do que A Bruxa. Empolgante, violento e muito bem filmado.

O Homem do Norte é o filme mais palatável de Eggers. Sim, tem partes contemplativas e algumas sequências cabeça, mas bem menos que os anteriores. A Bruxa era um terror cabeça, muita gente saiu do cinema com raiva do filme pelos seus momentos “tênis verde”. E O Farol era ainda mais hermético, tipo, “não gostou do meu filme porque é cabeça, vou fazer um ainda mais cabeça”. O Homem do Norte tem seus momentos “tênis verde”, claro, mas por outro lado traz uma clássica história de vingança, num ritmo alucinante, e com muito muito sangue. O cara que for ao multiplex no shopping pode até comentar sobre alguns momentos onde não dá pra entender nada, mas vai curtir a jornada de sangue e violência do protagonista Amleth.

Falei violento? O Homem do Norte é MUITO violento, e tem algumas sequências muito boas. Tem uma (que me pareceu ser um plano sequência) onde um grupo de vikings ataca uma vila e faz um massacre violentíssimo – aliás, é desta sequência que tiraram a imagem do pôster. Vou além: algumas mortes são tão gráficas que vão agradar os fãs de gore.

O visual do filme é um espetáculo. Não li sobre os bastidores, não sei se foi tudo filmado em locações ou se teve algo em estúdio, mas o resultado ficou excelente, vários planos abertos onde dá pra pausar e colocar num quadro. A trilha sonora, que usa muitos sons de instrumentos antigos, também é muito boa.

Queria fazer dois comentários sobre o elenco. O primeiro é sobre o protagonista Alexander Skarsgård. Sou fã do cara desde a época de True Blood. Ele foi o Tarzan, mas flopou. Ele estava num filme do King Kong mas ninguém lembra. Ele aqui está sensacional, ele tem porte físico coerente com o que o personagem pede, e mostra a fúria necessária para o filme. Torço muito por ele, tomara que a partir deste filme sua carreira decole.

O outro comentário não é tão elogioso. Por opção, o filme é falado em inglês, com um sotaque que ficou muito forçado. Grandes atores (Nicole Kidman, Ethan Hawke, Anya Taylor-Joy, Willem Dafoe) , grandes atuações, atrapalhadas por um sotaque artificial.

Segundo o imdb, O Homem do Norte é o filme viking mais correto feito até hoje, historicamente falando. Eggers, junto com historiadores, fez uma pesquisa minuciosa para ter cenários, figurinos e props o mais próximos o possível da realidade.

Filmão!

O Farol

Crítica – O Farol

Sinopse (Festival do Rio): Em uma remota ilha diante da costa da Nova Inglaterra, no final do século XIX, dois faroleiros estão presos e isolados por conta de uma tempestade que parece interminável. Eles embarcam em um conflito crescente de vontades. A tensão aumenta quando forças misteriosas (que podem ser reais ou não) evoluem em torno da dupla.

Gostei muito de A Bruxa, filme de estreia do Robert Eggers. Claro que seu segundo filme estaria no radar. Mas… Me parece que o sucesso subiu à cabeça do diretor, que resolveu fazer um filme hermético e pretensioso.

Se teve público que se sentiu enganado com A Bruxa, que foi ao cinema pra ver filme divertido de sustinho e se deparou com um produto muito mais denso, isto não deve acontecer com este O Farol (The Lighthouse, no original). A fotografia em P&B e o formato da tela quase quadrada (1.19:1, ainda mais quadrado que o 4:3 das antigas TVs de tubo) vão afastar boa parte do público.

Mas isso não me incomodou – a fotografia P&B até tem seus bons momentos. Na minha humilde opinião, o problema de O Farol é a falta de ritmo. O filme é absurdamente chato. Os longos diálogos só pioram. E a trama não chega a lugar algum.

Se tem algo que se salva é a atuação dos dois atores principais. Willem Dafoe é um grande ator, isso a gente já sabia; já Robert Pattinson surpreende e mostra que pode almejar premiações importantes apesar do passado de “vampiro purpurina” de Crepúsculo. Ambos dão show.

Mas, sei lá. Achei muito ruim. Talvez um dia heu reveja e mude de ideia, mas, minha primeira impressão foi péssima.

A Bruxa

A BruxaCrítica – A Bruxa

2016 já tem o seu “melhor filme de terror de todos os tempos da última semana”!

Nova Inglaterra, 1630. Uma família enfrenta forças de feitiçaria, magia negra e possessão.

A Bruxa (The Witch, no original) é o impressionante filme de estreia do diretor e roteirista Robert Eggers. Um filme sério, desconfortável e tenso – um pouco diferente do terror que estamos acostumados a ver no circuito.

Eggers se baseou em relatos reais da época pra construir uma história repleta de fanatismo religioso. Ajudado por uma boa fotografia, cenários assustadores, e um elenco com ótimos e desconhecidos atores, o diretor / roteirista consegue criar um excelente clima de tensão que cresce ao longo do filme – o final é incômodo como poucas vezes visto no cinema recente.

No elenco, o destaque fica com os jovens Anya Taylor-Joy e Harvey Scrimshaw – este tem uma cena impressionante que é quase um monólogo. Também no elenco, Ralph Ineson, Kate Dickie, Ellie Grainger e Lucas Dawson.

Acredito que muitos não vão gostar de A Bruxa, principalmente pelo hype que está rolando na internet. Quem curte terror-pop-engraçadinho, talvez ache chato – não existe um alívio cômico aqui. Mas, na minha humilde opinião, é um dos melhores lançamentos de terror dos últimos tempos.