Meu nome não é Johnny

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Meu nome não é Johnny

Meio que por engano, um jovem da zona sul passa de consumidor a traficante. E vira um dos maiores traficantes do Rio nos anos 90.

Esse é o resumo básico de Meu nome não é Johnny, filme de Mauro Lima baseado no livro de Guilherme Fiúza, e estrelado por Selton Mello.

Selton Mello é “o cara”. É o nome do cinema nacional hoje em dia. E nos leva a simpatizar com um personagem de moral duvidosa – afinal, o mocinho é um traficante!

Selton Mello interpreta João Estrella, um personagem que realmente existiu. Primeiro, comprava drogas e consumia com os amigos, em festas intermináveis. Daí, passou pro tráfico mais graúdo, e posteriormente, intercontinental.

O filme relata o início, ascenção e queda de João Estrella. Que, na verdade, nunca foi um cara “mau”, apesar de estar do outro lado da lei. Ou, pelo menos, esta é a visão que o filme passa…

Tecnicamente, o filme é perfeito. Boas recriações da época (desde os anos 70 até os 90), locações na Europa, boa trilha sonora, boas atuações do elenco – além de Selton Mello, Cleo Pires, Julia Lemmertz, Cassia Kiss e André di Biasi. E o filme é sério quando tem que ser, mas sem deixar de ser leve.

Boa recomendação pra aqueles que têm preconceito com cinema nacional!

Os Desafinados

Os Desafinados

Mais um simpático filme nacional, desta vez usando a bossa nova como tema. Os Desafinados é o nome de um quarteto de bossa nova que resolve tentar a sorte em Nova York, durante os anos 60 – justo na época que os militares tomam o poder no Brasil.

O filme conta com bons atores. Rodrigo Santoro faz Joaquim, o pianista do grupo, e que acaba se envolvendo com a personagem de Claudia Abreu, uma cantora e flautista brasileira que eles conhecem em Nova York. Selton Mello faz um cineasta que acompanha o grupo, e até funciona, mas algo que está virando clichê é o modo caricato como Selton interpreta seus personagens, todos iguais… Selton é um bom ator, talvez devesse tomar cuidado com essas armadilhas…

O filme, dirigido por Walter Lima Jr, é divertido, mas peca em uma coisa: são quase duas horas e meia de filme. Algumas situações poderiam ser enxugadas, e o filme ficaria mais leve.

Mesmo assim, o filme vale, inclusive para aqueles que, como heu, não são exatamente fãs de bossa nova…

Encarnação do Demônio

Encarnação do Demônio

Alvíssaras! Zé do Caixão está de volta!

José Mojica Marins, o mais famoso cieneasta de terror brasileiro, finalmente conseguiu terminar a trilogia do coveiro Zé do Caixão, começada em 64 com À Meia Noite Levarei sua Alma e que teve continuidade em 67 com Esta Noite Encarnarei no Teu Cadaver. Agora, em 2008, mais de 40 anos depois, a saga de Josefel Zanatas em busca da mulher perfeita que gerará o seu filho tem um fim!

A saga de Josefel continua de onde parou no fim de Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver. Para explicar o hiato de 40 anos, o filme começa com Josefel saindo da cadeia, onde ficou por todo esse tempo, e recomeçando a sua busca, assessorado pelo fiel corcunda Bruno e por alguns empregados / vassalos “góticos”.

O mais interessante desse filme é situar o cinema “udi-grudi” do Zé do Caixão dentro de um contexto moderno. O roteiro consegue fazer o Zé e seu jeito exagerado e histriônico encaixar perfeitamente com cenas gore de deixar produções gringas como O Albergue no chinelo! Qualquer garoto fã de filmes de terror atuais não vai se decepcionar! São várias as cenas bem feitas aqui. Os policiais sendo torturados, o banho de sangue e a descida ao inferno, o balde de baratas, os fantasmas do passado de Josefel… Por um lado, clima psicodélico dos anos 60, quando o roteiro começou a ser escrito; por outro lado, cenas gore à vontade!

E tem um detalhe que deixa o Zé do Caixão ainda mais assustador. Diferente de um zumbi ou vampiro, é um personagem que pode muito bem existir na nossa sociedade. Um cara sádico, que não respeita as leis da sociedade e tortura e mata pessoas pode ser o seu vizinho…

O elenco também tem alguns destaques, como o padre fanático interpretado por Milhem Cortaz; e Jece Valadão, em seu último papel, mostrando porque ele é o nosso cafajeste preferido!

Clássico instantâneo. Desde já um dos melhores filmes do ano!

Gatão de Meia Idade

Gatão de Meia Idade

Mais um filme nacional… E mais uma decepção…

O Gatão de Meia Idade é um personagem criado pelo quadrinista Miguel Paiva, que aparece em pequenas histórias de até um quadrinho. As historinhas são legais, divertidas. Mas o filme não soube transpor para as telas o charme dos quadrinhos…

Claudio (Alexandre Borges), o Gatão de Meia Idade, é um quarentão carioca, que vive entre antigas e novas namoradas. è pai de uma adolescente, Duda; e sua ex-mulher e mãe da Duda (Julia Lemmertz) diz que vai se mudar pra Miami com o namorado milionário e levar a filha junto.

Gosto do Alexandre Borges, e gosto do Gatão nas tirinhas do jornal. Mas o problema aqui foi o roteiro. Isso é um filme! Não adianta pegar várias historinhas curtas, sem qualquer nexo entre elas, e juntá-las de qualquer maneira!

O filme fica sem ritmo e sem coerência. Pena, porque é um filme simpático…

Nome Próprio

Nome Próprio

Nome Próprio

Um filme pode ao mesmo tempo ser atraente e repulsivo? Nome Próprio é assim. Por um lado temos curiosidade de acompanhar a vida da blogueira Camila; por outro, a personalidade de Camila a torna uma pessoa insuportável, e nos vemos torcendo contra ela…

Camila (Leandra Leal), a nossa “anti-heroína”, aparentemente veio de Brasília para São Paulo para ser escritora. Mas, em vez de ralar pra conseguir os seus objetivos, Camila fica trocando de namorados e expondo suas intimidades num blog. Não trabalha, dá pra qualquer um (inclusive namorado de amiga), e ainda por cima reclama o tempo todo. Arrogante, mimada e infantil. Realmente, é difícil de aturá-la…

Além disso, Camila é incoerente: diz que não escreve para ser lida. Mas então por que publica os textos num blog? Se não pra outra pessoa ler, guarde seu diário no bolso!

Pior é que se a gente pensar, conhecemos pessoas assim à nossa volta…

A interpretação de Leandra Leal é o que o filme tem de melhor. Ela está realmente impressionante: mostrando todas as fraquezas de Camila, se despindo física e psicologicamente para as lentes do diretor Murilo Salles.

Pela sua temática, é um filme atual, com essa onda de superexposição de pessoas sem nada a dizer, bem “Big Brother”. Veja o filme pela Leandra, e esqueça a Camila…