A Queda da Casa de Usher

Crítica – A Queda da Casa de Usher

Sinopse (Netflix): Para proteger a fortuna e o futuro, um casal de irmãos constrói uma dinastia familiar que começa a ruir quando cada um dos herdeiros morre misteriosamente.

E vamos para a quinta minissérie de terror do Mike Flanagan!

Já comentei em outros posts, heu sempre curti o trabalho do Mike Flanagan (desde Absentia, seu primeiro filme!), mas ele no cinema não era um cara do “primeiro time”. Cheguei a falar que era um aluno que sempre tirava 7 ou 8, mas nunca tirava 10. Gosto de Jogo Perigoso, O Espelho e Hush A Morte Ouve, mas reconheço que não são grandes filmes.

Mas aí o cara começou a fazer séries, e, pelo menos na minha humilde opinião, leva 10 em duas delas: A Maldição da Resistência Hill e Missa da Meia Noite (Mansão Bly e Clube da Meia Noite são boas, mas estão um degrau abaixo).

Agora temos sua quinta série, A Queda da Casa de Usher, baseada em Edgar Allan Poe, onde ele volta a qualidade das suas duas melhores séries!

Existe um conto “A Queda da Casa de Usher”, mas a série não se baseia apenas no conto. Várias outras histórias de Poe são jogadas no liquidificador e aparecem aqui, seja na trama ou nos nomes dos personagens. Infelizmente, não sou um grande entendedor da obra de Edgar Allan Poe, então não vou poder citar aqui as várias referências.

O que posso dizer é que Flanagan consegue contar uma história assustadora e envolvente, em diferentes linhas temporais. Enquanto a trama no passado mostra Roderick e Madeline Usher ainda jovens e sem grana, a trama nos dias atuais se divide pra mostrar cada um dos filhos do agora milionário Roderick, como cada um vive, e como cada um morre.

Um parágrafo para falar sobre jump scares. Flanagan tem alguns dos melhores jump scares do audiovisual recente (Clube da Meia Noite chegou a bater o recorde de maior número de jump scares em um episódio). Aqui tem alguns muito bem sacados, principalmente nas longas conversas entre Roderick e Dupin.

Preciso falar do elenco! Mike Flanagan é um grande diretor de atores, seu elenco sempre está muito bem, e isso também acontece aqui. E tem uma característica curios: Flanagan costuma repetir vários atores que já trabalharam com ele. Catei pela internet quantos filmes ou séries cada um já tinha feito com o diretor: Kate Siegel, 7 (O Espelho, Hush, Ouija A Origem do Mal, Jogo Perigoso, Maldição da Residência Hill, Maldição da Mansão Bly, Missa da Meia Noite); Henry Thomas, 7 (Ouija, Jogo Perigoso, Residência Hill, Doutor Sono, Mansão Bly, Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Carla Gugino, 5 (Jogo Perigoso, Residência Hill, Mansão Bly, Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Katie Parker, 5 (Absentia, Residência Hill, Doutor Sono, Mansão Bly, Clube da Meia Noite); Samantha Sloyan, 4 (Hush, Residência Hill, Mansão Bly, Missa da Meia Noite), Michael Trucco, 3 (Hush, Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Rahul Kohli, 3 (Mansão Bly, Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Alex Essoe, 4 (Doutor Sono, Mansão Bly, Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Bruce Greenwood, 2 (Jogo Perigoso, Doutor Sono); Zach Gilford, 2 (Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Lulu Wilson, 2 (Ouija, Residência Hill); T’Nia Miller, 1 (Mansão Bly); Annabeth Gish, 3 (O Sono da Morte, Residência Hill, Missa da Meia Noite); Robert Longstreet, 4 (Residência Hill, Doutor Sono, Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Kyliegh Curran, 1 (Doutor Sono); Matt Biedel, 2 (Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Carl Lumbly, 1 (Doutor Sono); Ruth Codd (Clube da Meia Noite); Crystal Balint, 2 (Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Sauriyan Sapkota, 1 (Clube da Meia Noite); Igby Rigney, 2 (Missa da Meia Noite, Clube da Meia Noite); Aya Furukawa, 1 (Clube da Meia Noite). De novidade no “flanaganverso” temos Mark Hamill, Mary McDonnell e Willa Fitzgerald. Detalhe: Mark Hamill está no próximo projeto de Flanagan, The Life of Chuck, ao lado de pelo menos outros nove nomes que já trabalharam com o diretor.

Queria fazer um comentário sobre o final. Seguem avisos de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Achei genial a atualização da maldição “vender a alma ao diabo”, não sei se isso estava no conto original de Poe ou se é criação da série. Mas, é muito mais cruel você negociar com o diabo e ele cobrar seus filhos e netos em vez da sua alma. É algo muito mais real, muito mais palpável.

FIM DOS SPOILERS!

São 8 episódios de uma hora cada, heu poderia ficar aqui falando mais um monte de coisas. Em vez disso, recomendo: veja A Queda da Casa de Usher, e depois, se tiver tempo, (re)veja A Maldição da Resistência Hill e Missa da Meia Noite!

Missa da Meia Noite

Crítica – Missa da Meia Noite

Sinopse (imdb): A história se passa em uma ilha isolada povoada por uma pequena comunidade que já enfrenta algumas cisões internas e se vê ainda mais dividida com a volta de um jovem desafortunado e a chegada de um padre carismático.

Queria fazer um texto sem spoilers, mas quero muito comentar detalhes do fim. Então farei em duas partes. A primeira sem spoilers, depois deixo um aviso e falo o resto.

Já tinha comentado sobre o diretor Mike Flanagan no texto sobre A Maldição da Mansão Bly, vou repetir aqui. Já tinha visto vários filmes dele, são bons filmes, mas nenhum filmaço. Tipo um aluno que sempre tira nota 7 ou 8, mas nunca tira 10. Até que ele fez A Maldição da Residência Hill, e foi seu primeiro “10”. Dois anos depois ele fez A Maldição da Mansão Bly, que tinha parte do elenco de Residência Hill, mas em outra história completamente diferente (são séries baseadas em dois livros que não são relacionados). Mansão Bly foi apenas ok. Não é uma série ruim, mas é bem inferior à Residência Hill.
Mais um ano, mais uma série independente. Agora é Missa da Meia Noite, e ele volta ao patamar de Residência Hill. Missa da Meia Noite é uma das melhores produções de terror do ano!

Desta vez Flanagan não se baseou em nenhum livro, a história é de sua autoria. Diferente do habitual em Hollywood, ele dirigiu todos os sete episódios – muitas vezes um diretor famoso dirige um ou dois e deixa o resto da série com outros nomes menos conhecidos.

(Flanagan também dirigiu todos os episódios de Residência Hill, mas só dirigiu um de Mansão Bly. Fica para reflexão.)

Missa da Meia Noite mostra uma pequena comunidade pesqueira, em uma ilha a 50km do continente. O velho padre que acompanhava a comunidade foi viajar e não voltou, e um novo padre vem no seu lugar. E coisas misteriosas começam a acontecer depois que este novo padre aparece.

Quando comecei a ver Missa da Meia Noite, não sabia de nada sobre a história, então vou parar por aqui. Porque foi uma boa surpresa pra mim descobrir ao longo do desenrolar da série.

O que posso dizer sem spoilers é que tratamos de religião. A série cutuca alguns dogmas do catolicismo e levanta alguns questionamentos interessantes. E aborda uma coisa que não me lembro de ter visto antes em filmes de terror. Explico melhor na parte com spoilers.

A série é muito bem filmada. O segundo episódio começa com um longo plano sequência na praia, entram e saem personagens ao longo de uns sete minutos. Os personagens são bem construídos e a narrativa é envolvente.

A série cresce a partir do fim do quarto episódio. Heu estava vendo um por dia. Quando terminei o quinto, não consegui parar até o fim.

O texto dos diálogos é muito bom, mas algumas cenas têm muito falatório, e isso às vezes cansa. Talvez fosse melhor dar uma lapidada em alguns diálogos e ter alguns episódios um pouco menores. No streaming não existe a obrigatoriedade de ter um tamanho certo!

Sobre o elenco, quem conhece a obra de Flanagan sabe que ele costuma repetir atores. Sua esposa Kate Siegel (que estava nas outras duas minisséries) divide o protagonismo com o “estreante” Zach Gilford. Henry Thomas também estava nas duas; Annabeth Gish estava em Residência Hill e Rahul Kohli estava em Mansão Bly. Um dos destaques é Samantha Sloyan (que estava em Residência Hill), fazendo a carola Bev Keane. Mas, se for pra citar um único destaque, fico com Hamish Linklater, outro estreante no “flanaganverso”, que faz o padre. Que ator! O cara convence nas pregações e nos sermões!

(Procurei pela internet pra saber se ele é parente do Richard Linklater, mas não achei resposta, só achei mais gente perguntando. Acredito que não deve ser parente).

Vamos pra parte dos spoilers?

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

– É uma série de vampiros, mas a palavra “vampiro” não é citada em nenhum momento. Lembrei do filme Quando Chega a Escuridão da Kathryn Bigelow, filme que tem seres que precisam de sangue para viver e que morrem queimados no sol, mas que não fala em vampiros. Aqui é a mesma coisa.
– Não me lembro de outro filme de terror que mistura vampiro com a Igreja Católica deste jeito. Pelo contrário, vampiros normalmente fogem da cruz. Aqui o padre vira vampiro e continua sendo padre, a religião continua firme e forte na sua rotina. Achei isso genial!
– O fim do quarto episódio tem um jump scare excelente, quando o vampiro ataca o Riley. Lembrei que a última vez que um jump scare tinha me assustado foi na cena do carro em Residência Hill. Muito bem, Mike Flanagan!
– A cena do Riley morrendo explodiu minha cabeça. Eram sete episódios. No fim do quinto, o protagonista morre! E agora? Como seguir com uma série se o protagonista morreu?
– Aliás, a cena da morte dele é belíssima. Ele passa a série inteira atormentado pelo fantasma da mulher que ele matou no acidente. E agora pela primeira vez ele está em paz com isso. E de repente a cena corta pra Erin desesperada vendo o Riley pegando fogo.
– A parte na igreja onde as pessoas tomam veneno para o suicídio coletivo é bem forte. E o que acontece logo depois me lembrou Um Drink no Inferno.
– A cena final quando os vampiros morrem tem um detalhe genial. Quando descobrem que todos vão morrer, e não terão saída, alguns personagens começam a cantar um hino da igreja. No cinema, existe a música diegética, que é quando os personagens estão ouvindo. O canto começa como música diegética, mas a música cresce, e vira quase uma trilha sonora de toda a sequência. Trilha esta que é interrompida quando o sol nasce – afinal, todos os que estavam cantando acabaram de morrer. Genial!

FIM DOS SPOILERS!

Heu poderia falar mais, mas o texto está ficando longo. Mas, fica a indicação pra quem gosta de uma boa história de terror bem contada!

Agora é esperar, porque vi no imdb que tem uma nova série do Mike Flanagan em produção, The Midnight Club, estrelada por Samantha Sloyan e Zach Gilford. Que mantenha o nível!

A Maldição da Mansão Bly

Crítica – A Maldição da Mansão Bly

Sinopse do imdb: Após a trágica morte de uma au pair, Henry contrata uma jovem babá americana para cuidar de sua sobrinha e sobrinho órfãos que moram na Mansão Bly com o chef Owen, a zeladora Jamie e a governanta Sra. Grose.

A Maldição da Mansão Bly é a segunda temporada de uma série, mas é uma segunda temporada atípica, porque não tem nada a ver com a primeira, que é A Maldição da Residência Hill. Por isso, antes de falar de Mansão Bly, vou falar um pouco de Residência Hill. E antes de falar da Residência Hill, preciso falar do seu criador, Mike Flanagan.

Vi quase todos os filmes do Mike Flanagan (só falta Ouija a Origem do Mal, preciso consertar isso). Pra ninguém dizer que sou modinha, olhem o que escrevi no heuvi em maio de 2012, quando vi Absentia: “Mike Flanagan, o tal diretor / roteirista / editor, conseguiu um resultado impressionante com o seu Absentia. Fiquemos de olho no nome de Mike Flanagan!”.

Mike Flanagan é um cara legal, talentoso, todos os filmes dele são legais, mas nenhum é “obrigatório”. Doutor Sono, continuação d’O Iluminado, é um filme legal, mas, caramba, não dá pra comparar com o filme do Kubrik! E gosto de Jogo Perigoso, O Espelho e Hush A Morte Ouve, mas são filmes “menores” (de todos os filmes dele, acho que só não gostei de O Sono da Morte). O Mike Flanagan é tipo um aluno que nunca tira 10, mas tá sempre tirando 7 e 8 – você sabe que vai ver algo de qualidade, mas falta um pouco pro cara ser um dos “grandes”.

Até que ele fez a Residência Hill, e finalmente ele tem um “dez”.

A Maldição da Residência Hill é simplesmente fantástico. A ambientação da casa, os personagens, o elenco, a trilha sonora, tudo funciona direitinho. Foi um dos melhores filmes (minissérie?) que vi ano passado. Digo mais: sou burro velho com relação a filmes de terror, e teve um jump scare que me pegou – o do carro. Digo mais de novo – tem um episódio em plano sequência!

Claro que fiquei empolgado com a “continuação”. As aspas são porque sim, é uma nova temporada, mas é uma história completamente diferente.

Residência Hill foi baseado no livro homônimo escrito por Shirley Jackson (que teve uma adaptação meia bomba em 99, chamada A Casa Amaldiçoada, do Jan de Bont e com a Catherine Zeta Jones, Liam Neeson, Lili Taylor e Owen Wilson) (Residência Hill é baseado, mas é uma história diferente da que tá no livro). A história fechou, não tem como continuar. Então, a A Maldição da Mansão Bly é outra adaptação, de outro livro, A Volta do Parafuso, de Henry James (que curiosamente teve outra adaptação, pros cinemas, lançada no início deste ano, o filme Os Orfãos – que é beeem fraco, e tem um final péééssimo).

Mansão Bly é uma história completamente diferente, mas tem pontos em comum com Residência Hill. Não só parte do elenco está de volta, como a produção consegue ter todo um clima parecido, apesar de serem mansões diferentes. Até a trilha sonora se repete!

Assim como Residência Hill, a linha temporal não é linear. E aqui tem um detalhe que achei bem legal – tem um flashback dentro de um flashback que é colocado no ponto certo da trama, e só naquele episódio, não precisa ficar indo e voltando.

O elenco traz 5 dos 8 nomes principais da Residência Hill. Victoria Pedretti, Oliver Jackson-Cohen e Henry Thomas estão entre os personagens principais; Carla Gugino é a narradora; Kate Siegel tem um papel menor, mas importante. (Pra quem não ligou o nome à pessoa, Henry Thomas é o garotinho do ET). De novidade, gostei muito da Amelia Eve, tanto da atriz quanto da personagem. Rahul Kohli, T’Nia Miller e Tahirah Sharif também estão bem. E ainda preciso falar das duas crianças, Amelie Bea Smith e Benjamin Evan Ainsworth. Os dois são muito bons. O garoto tem mudanças na personalidade (que são explicadas no roteiro), e o ator convence. E a menininha… Olha, vou te falar que se tem uma coisa que acho assustadora em filme de terror, é garotinha com sotaque britânico. Perfectly Splendid!

Agora, o fato de Mansão Bly ser continuação de Residência Hill é um problema. Porque achei Residência Hill bem melhor. Mansão Bly tem alguns momentos sonolentos. Li uma crítica que disse que Mansão Bly perde pontos por ser “menos terror”. Não gosto de me fechar em rótulos, pode ser terror, drama, comédia, aventura, desde que seja bom. E parece que o Mike Flanagan voltou pra média 7 ou 8.

Mesmo assim, é uma boa minissérie. E agora aguardemos a terceira temporada. Qual será o livro que vai ser adaptado?

Doutor Sono

Crítica – Doutor Sono

Sinopse (imdb): Anos após os eventos de “O Iluminado”, Dan Torrance, agora adulto, deve proteger uma jovem com poderes semelhantes de um culto conhecido como O Verdadeiro Nó, que ataca crianças com poderes para permanecer imortais.

Ninguém esperava uma continuação do clássico O Iluminado, mas, olha lá a programação dos cinemas…

Heu não sabia, mas existe um livro escrito pelo mesmo Stephen King onde ele conta a vida do Danny Torrance adulto. Coube ao diretor Mike Flanagan (que fez um excelente trabalho com a série A Maldição da Residência Hill) adaptar este livro.

O terreno era perigoso, afinal a comparação com a obra de Kubrik era inevitável. Felizmente o filme acerta mais do que erra.

Um ponto positivo é não querer fazer uma refilmagem. Temos personagens novos que guiam a trama por um caminho completamente diferente do filme anterior. Também gostei da caracterização dos atores escolhidos para interpretarem os personagens do filme anterior (Henry Thomas, o garotinho do ET, que estava em Residência Hill, funciona bem como o “Jack Nicholson”). E, claro que fãs de O Iluminado vão ver um monte de referências ao filme de 1980. Tem bastante fan service!

Algumas coisas do roteiro ficaram um pouco forçadas. Não vou comentar aqui pra evitar spoilers, mas falei tudo no Podcrastinadores, quem quiser, ouve lá!

O elenco é muito bom. Ewan McGregor funciona muito bem como o Danny adulto, e Rebecca Ferguson está excelente como a vilã. Também no elenco, Kyliegh Curran, Cliff Curtis, Zahn McClarnon e Emily Alyn Lind, além de uma ponta de Jacob Tremblay (O Quarto de Jack).

No fim, saldo positivo. O Iluminado não precisava de continuação, mas até que funcionou.

Jogo Perigoso

Jogo PerigosoCrítica – Jogo Perigoso

Sinopse (imdb): Um casal tenta apimentar seu casamento em sua remota casa do lago, mas agora Jessie deve lutar para sobreviver quando o marido morre inesperadamente, deixando-a algemada na cabeceira da cama.

Ano passado foi um bom ano para os fãs de Stephen King. Tivemos nos cinemas dois filmes (It e A Torre Negra (ninguém gostou, mas heu gostei)), além de uma série, The Mist. E, olha lá, teve mais um filme pela Netflix, este Jogo Perigoso (Gerald’s Game, no original).

Dirigido por Mike Flanagan (O Espelho), Jogo Perigoso tem uma estrutura interessante: quase todo o filme se passa dentro de um quarto, com apenas dois atores. E mesmo assim, não parece teatro filmado! Mais não conto, pra não entrar em spoilers.

A maior parte do filme se passa dentro do quarto, mas vemos alguns flashbacks que enriquecem a história da protagonista e trazem várias interpretações para as algemas.
Jogo Perigoso é baseado em Stephen King, mas não é exatamente um filme de terror, está mais para suspense psicológico. Mas tem uma cena em particular, curtinha, perto do fim, que tem um gore em boa dose.

No elenco, basicamente o filme é com a Carla Gugino e Bruce Greenwood. Curiosidade: o pai dela nos flashbacks é interpretado por Henry Thomas, que 35 anos atrás foi o protagonista de um certo E.T.

Jogo Perigoso não é um filme essencial, mas vai distrair quem não for muito exigente.

O Espelho

Oculus-posterCrítica – O Espelho

Filme de terror novo na área!

Ao completar 21 anos, um jovem sai de uma instituição onde passou os últimos onze anos, acusado de assassinar seus pais. Sua irmã, dois anos mais velha, tenta provar que os crimes foram cometidos por causa de um poder sobrenatural que reside em um espelho que estava na casa onde moravam.

Em 2011, Mike Flanagan chamou a atenção ao escrever, dirigir e editar Absentia, um filme que, apesar de ser quase amador, é melhor do que muita produção bancada por estúdios com grana. O Espelho (Oculus, no original) é seu novo filme, desta vez com mais recursos.

Baseado no curta Oculus: Chapter 3 – The Man with the Plan (de 2006) escrito e dirigido por ele mesmo, Flanagan, co-escreveu um roteiro muito bem construído. A linha temporal do filme se alterna entre o passado e o presente ao longo da projeção, e em momento nenhum o espectador fica perdido. Além disso, o roteiro também é eficiente ao brincar com ilusão versus realidade.

Por outro lado, talvez o filme decepcione alguns, já que é um terror quase sem sustos. E confesso que não gostei dos fantasminhas que aparecem desde a primeira cena. Pelo menos o clima de suspense funciona bem, assim como os discretos efeitos especiais e de maquiagem.

No elenco, Karen Gillan (da série Dr Who, e que estará em breve em Guardiões da Galáxia) segura bem a onda como a protagonista. Mas quem chama a atenção é Katee Sackhoff, a Starbuck de BSG – ela aparece menos, mas está impressionante. Outro “televisivo” é Rory Cochrane, que fazia CSI Miami e também esteve em 24 Horas. Brenton Thwaites, o príncipe de Malévola, fecha o elenco principal, ao lado das crianças Annalise Basso e Garrett Ryan.

Infelizmente, O Espelho só foi lançado em salas da Zona Oeste e Zona Norte do Rio de Janeiro. Algumas distribuidoras acham que ninguém na Zona Sul gosta de filme de terror…

Absentia

Crítica – Absentia

As resenhas do imdb elogiam muito este filme obscuro. Fui ver qualé.

Sete anos depois de seu marido ter desaparecido, uma mulher está prestes a declará-lo morto e obter uma certidão de óbito. Sua irmã, que vem ajudá-la a superar este momento difícil, começa a desconfiar de estranhos acontecimentos ligados a um túnel de pedestres que tem por perto.

Absentia tem uma característica que traz qualidades e também defeitos: é um filme quase amador, de orçamento minúsculo (70 mil dólares), parece um projeto feito por amigos do diretor / roteirista / editor. Por um lado, o produto final é melhor do que muito filme “grande”; por outro lado, a produção às vezes se mostra precária demais.

Mike Flanagan, o tal diretor / roteirista / editor, conseguiu um resultado impressionante com o seu Absentia. O roteiro é sólido e criativo, a trama é envolvente e o filme é melhor que a média atual de terror e suspense que temos por aí nos dias atuais. E ainda rolam alguns sustos não óbvios.

Mas… Penso que se tivesse uma produção mais, digamos, generosa, talvez o filme fosse melhor. Os atores são amadores demais, e a edição às vezes deixa vazios não intencionais. Só pra citar um exemplo sem spoilers: Tricia, a mulher que teve o marido desaparecido, é interpretada por Courtney Bell, esposa de Flanagan. O problema é que ela estava grávida de sete meses. Ora, uma mulher sofrendo com o desaparecimento do marido há sete anos não deveria estar grávida, né? 😉

Além disso, rola outro problema que nada tem a ver com orçamento. A solução final não convence, deixa muitas pontas soltas. Tá, não precisa deixar tudo didaticamente explicado, o clima do filme é legal mesmo sem a gente saber exatamente o que aconteceu. Mas mesmo assim, o lance poderia ser melhor explorado…

Apesar disso, Absentia é uma boa surpresa. Fiquemos de olho no nome de Mike Flanagan!

.

.

Se você gostou de Absentia, o Blog do Heu recomenda:
Hunger
Splinter
The Loved Ones