Coringa

Crítica – Coringa

Sinopse (imdb): Um corajoso estudo de caráter de Arthur Fleck, um homem desconsiderado pela sociedade.

Estreou o filme que vai gerar as maiores discussões nerds do semestre!

O Coringa é um personagem icônico na cultura pop, mas sempre foi ligado ao Batman. Fazer um filme “solo” do Coringa era um risco (lembrando que o filme do Venom sem o Homem Aranha foi muito ruim). Mas não é que deu certo?

Uma coisa chama a atenção do cinéfilo atento. O diretor é Todd Phillips, que ganhou fama pelos três Se Beber Não Case. Assim como aconteceu ano passado com Peter Farrelly e o seu Green Book, um diretor ligado a comédias de humor grosseiro resolveu fazer um drama – e mandou bem no novo estilo.

Coringa (Joker, no original) é um filme “redondinho”. Boa história, um personagem central muito bem construído, um ator protagonista inspiradíssimo, e uma parte técnica impecável – boa fotografia, boa direção de arte, boa trilha sonora, etc. Não será surpresa se tiver algumas indicações ao Oscar.

Joaquin Phoenix aqui tem talvez a melhor interpretação de sua carreira. Seu Coringa é diferente dos anteriores, aqui temos um cara desequilibrado, que para de tomar seus remédios e entra numa violenta espiral de loucura. Coringa se passa dentro do universo do Batman, ou seja, teoricamente podemos chamar de um filme de super heróis. Mas nada aqui tem ligação com super poderes – Arthur Fleck é um cara “normal”, pode ser o seu vizinho. Talvez isso seja o mais assustador de toda a história.

(Muita gente deve estar se perguntando quem seria o melhor Coringa, afinal, Heath Ledger também fez um trabalho excepcional em Batman Cavaleiro das Trevas. Mas pra mim não tem como comparar, ambos mandaram muito bem, mas em propostas diferentes. A única certeza é que Jared Leto foi infinitamente pior com seu Coringa em Esquadrão Suicida).

Joaquin Phoenix não é o único nome grande no elenco. Robert De Niro tem sua melhor atuação em muito tempo (nem me lembro quando foi seu último destaque). Sua presença confirma a intenção “scorsesiana” do filme (muita gente traça paralelos com Táxi DriverO Rei da Comédia, duas parcerias Scorsese / De Niro). Também no elenco, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen e Shea Whigham.

Preciso fazer um comentário, mas antes, os avisos de spoiler.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Aparece o Bruce Wayne, ainda criança. Mas o Arthur Fleck já é quarentão. Se tivermos uma continuação deste universo, o Coringa será muito mais velho que o Batman!

FIM DOS SPOILERS!

Ah, sim, claro que um bom filme dentro do universo DC vai gerar briga entre Marvetes e DCzetes. “Chupa Marvel, Coringa está mais perto do Oscar do que qualquer filme do MCU!”. Bobagem. Mais uma vez, assim como Ledger vs Phoenix, são propostas diferentes. O MCU é um universo coeso com mais de vinte de filmes de super heróis, com os principais objetivos de divertir o público e fazer bilheterias milionárias. Coringa tem outra proposta. E vale dizer: as duas propostas são válidas. Quem ganha é o espectador!

Shazam!

Crítica – Shazam!

Sinopse (imdb): Todos nós temos um super-herói dentro de nós, basta um pouco de mágica para trazê-lo para fora. No caso de Billy Batson, gritando uma palavra – SHAZAM! – esse garoto adotado de quatorze anos de idade pode se transformar no super-herói adulto Shazam.

A DC decepcionou quando usou os dois maiores nomes do seu catálogo. Mas, depois de um resultado positivo com Aquaman, agora acerta de novo com outro personagem “lado B”, o Shazam.

Shazam! (idem no original) esquece toda a sisudez de Homem de Aço e Batman V Superman e apresenta uma comédia leve e divertida. O grande mérito do filme é que ele nunca se leva a sério – e ter um protagonista adolescente num corpo de adulto só reforça essa ideia.

(Sim, parece Marvel. E isso não é nada negativo, na minha humilde opinião.)

Shazam! é uma comédia assumida, mas o diretor David F. Sandberg veio do terror (ele dirigiu Quando as Luzes se ApagamAnnabelle 2). Assim, temos uma cena de acidente de carro onde mostra mais sangue que em todo o MCU, e os demônios são assustadores. Aliás não sei se foi coincidência, mas o diretor de Aquaman, James Wan, também tem extenso currículo no terror…

O filme tem um problema no desenvolvimento dos personagens, mas me parece que a culpa é do roteiro e não dos atores. Billy Batson e Shazam são a mesma pessoa mas em corpos diferentes. E a personalidade dos dois é muito diferente. Acho que os atores deveriam ter se estudado, para terem um comportamento semelhante.

Levando em conta o problema citado acima, o elenco é bom. Zachary Levi parece se divertir muito como o adolescente no corpo de um adulto com super poderes. Asher Angel não está mal, apenas destoa da personalidade da sua versão adulta. Por outro lado, Jack Dylan Grazer faz um coadjuvante mais interessante que o protagonista. Mark Strong está no limite da caricatura como o vilão com nome de banda lado B de rock nacional anos 80; Djimon Hounsou, sob pesada maquiagem, faz um mago engraçado. Por fim, queria falar da Faithe Herman, que faz a irmãzinha – a menina é adorável, quero vê-la em mais filmes!

A parte final teve uma coisa que me incomodou um pouco, nada grave, mas não vou falar aqui por causa de spoilers. Mas falarei tudo no Podcrastinadores sobre Shazam!, em breve no ar!

p.s.: Como sempre na Marvel, são duas cenas pós créditos. Não, péra…

Aquaman

Crítica – Aquaman

Sinopse (imdb): Arthur Curry descobre que ele é o herdeiro do reino subaquático de Atlântida e deve dar um passo adiante para liderar seu povo e ser um herói para o mundo.

Finalmente, o aguardado Aquaman! Será que a DC acertou?

Não escondo de ninguém que sou fã do James Wan. Minha expectativa com Aquaman (idem, no original) não era pelo personagem (afinal, não leio HQs), mas para ver como Wan se sairia num grande blockbuster de super heróis. E, olha, o resultado ficou legal. Aquaman é tão bom quanto Mulher Maravilha.

Algumas coisas me incomodaram, tipo toda a parte do deserto (vou comentar com mais detalhes no Podcrastinadores que vai sair em breve). A sequência final também é fraca. Felizmente não é nada muito grave.

Aquaman é colorido e divertido, incluindo piadinhas e frases de efeito aqui e acolá (se o formato dá certo na Marvel, por que a DC não pode repetir?). O visual de Atlântida é bem legal, o clima lembra um pouco Flash Gordon, aquele clássico incompreendido dos anos 80.

O filme é um pouco longo (duas horas e vinte e três minutos). Talvez fosse melhor só ter um vilão e guardar o segundo para a continuação, mas a gente sabe que a DC não pensa muito a longo prazo.

James Wan tem um bom currículo no cinema de terror. A cena com os seres das profundezas (que parecem gremlins grandes) mostra bem essa vocação, aquele trecho tem o maior jeitão de filme de terror.

No papel principal, Jason Momoa é um dos grandes responsáveis pelo sucesso do filme. Carismático, ele nos convence que o Aquaman é um herói cool, bem diferente daquele loirinho bobinho que todos conhecem do desenho animado. Também no elenco, Nicole Kidman, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Dolph Lundgren, Temuera Morrison e Yahya Abdul-Mateen II (sim, o Khal Drogo é filho da namorada do Batman com o Jango Fett, e é treinado pelo Duende Verde, que trabalha pro Coruja, amigo do Ivan Drago).

No fim, o saldo é positivo, apesar de alguns escorregões. Que a DC continue assim. O espectador é quem ganha!

Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas

Crítica – Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas

Sinopse (imdb): O plano maníaco de um vilão para dominar o mundo atrapalha cinco super-heróis adolescentes que sonham com o estrelato de Hollywood.

A DC normalmente segue uma linha mais sóbria que a concorrente Marvel. Mas, com esse Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas, resolveu abraçar a galhofa. E o resultado é um dos desenhos mais divertidos do ano!

Baseado no desenho homônimo do Cartoon Network, Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas (Teen Titans Go! To the Movies, no original) não se leva a sério em momento algum, e traz inúmeras referências, tanto para leitores da DC, quanto para cinéfilos de um modo geral. O resultado é uma mistura de Aventura Lego com Deadpool – uma avalanche de piadas referenciais, usando o universo dos super heróis (incluindo várias citações à Marvel). O humor é quase sempre direcionado ao público infantil, mas os adultos que se aventurarem nos cinemas certamente vão se divertir.

O traço do desenho dirigido pela dupla Aaron Horvath e Michael Jelenic é simples, não é uma animação com gráficos perfeitos “padrão Disney / Pixar”, mas isso não deve incomodar ninguém, a proposta aqui nunca foi fazer um desenho realista. O ritmo às vezes dá uma bambeada, mas não é nada grave.

Vi a versão dublada (ótima dublagem, aliás), mas, vendo os créditos, fiquei curioso com o elenco original. Os cinco principais repetem as vozes do desenho do Cartoon, mas temos, entre as vozes novas, Kristen Bell, Will Arnett e Nicolas Cage (fazendo o Superman!).

Não sei como o fã sisudo de DC vai encarar este filme. Mas digo que o espectador que entrar na brincadeira vai se divertir como poucas vezes em um longa da DC.

p.s.: É DC, mas tem participação do Stan Lee! Dublado pelo próprio! Muito boa sacada. Mas, achei excessivo ele aparecer duas vezes…

p.s.2: Por uma feliz coincidência, coloquei meus filhos para verem De Volta Para o Futuro no último fim de semana. Legal, eles entenderam a referência – a citação é tão grande que chega a ter o tema do Alan Silvestri!

Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas

Professor MarstonProfessor Marston e as Mulheres-Maravilhas

Sinopse (imdb): A história do psicólogo William Moulton Marston e sua relação poliamorosa com sua esposa e sua amante, que inspirariam sua criação da super-heroína Mulher Maravilha.

Certas histórias pessoais são tão fascinantes que merecem ser contadas no cinema. William Moulton Marston foi o criador da Mulher Maravilha, inventor do detector de mentiras e vivia uma relação de bigamia com duas mulheres – isso nos anos 30 e 40!

A divulgação do filme escrito e dirigido por Angela Robinson vai querer pegar carona no sucesso de Mulher Maravilha. Mas o foco de Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas (Professor Marston and the Wonder Women, no original) é a vida incomum de William Moulton Marston – seu relacionamento com Elizabeth e Olive (que gerou quatro filhos, dois com cada uma), seu envolvimento com sadomasoquismo e sua briga contra as regras impostas pela sociedade.

Claro que o trio da vida real era bem diferente dos atores Luke Evans, Rebecca Hall e Bella Heathcote (no fim do filme vemos fotos do trio) – mas a gente entende a opção da produção de escolher rostos mais vendável. Também no elenco, Connie Britton e Oliver Platt.

Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas não é um grande filme, mas certamente vale o ingresso.

Liga da Justiça

Liga da justiçaCrítica – Liga da Justiça

Sinopse (imdb): Alimentado por sua fé restaurada na humanidade e inspirado pelo ato altruísta de Superman, Bruce Wayne convoca a ajuda de sua nova aliada, Diana Prince, para enfrentar um inimigo ainda maior.

Depois de um Batman Vs Superman cheio de problemas e um Esquadrão Suicida que desagradou a todos, a DC acertou com Mulher-Maravilha. A boa notícia é que Liga da Justiça (Justice League, no original), apesar de ter suas falhas, também é um bom filme.

A DC sempre teve os super heróis mais famosos do universo pop. Mas a Marvel soube trabalhar melhor o seu universo cinematográfico, e hoje heu arriscaria dizer que existe um empate técnico entre a popularidade de Batman e Superman contra Homem de Ferro e Capitão América (principalmente para as novas gerações).

Digo isso porque se este Liga da Justiça viesse alguns anos atrás, provavelmente a DC continuaria na frente. Porque o grande problema do filme, na minha humilde opinião, é que hoje estamos acostumados com um nível mais alto. Liga da Justiça não é ruim, mas existe coisa melhor por aí.

Para não ficar para trás, a Warner, estúdio que lança os filmes da DC, parece que cedeu e resolveu usar algumas coisas da “fórmula Marvel”. Claro que isso é uma boa notícia: temos um filme mais colorido e com mais piadas – e com cenas pós créditos! Viva a “marvelização da DC”!

Talvez tenha rolado alguma influência de Joss Whedon (diretor dos dois primeiros Vingadores). A direção estava nas mãos de Zack Snyder, mas ele teve um problema pessoal (sua filha se suicidou) e se afastou do projeto. Sabemos que Whedon terminou as filmagens, mas não sabemos o quanto do filme é de cada um.

O filme tem alguns momentos excelentes, os personagens funcionam bem juntos. A boa trilha sonora de Danny Elfman discretamente cita os temas do Superman (John Williams), da Mulher Maravilha (Hans Zimmer) e do Batman (do próprio Elfman). Outra coisa boa é que os fan services são bem inseridos (diferente, por exemplo, da cena dos parademônios em BvS). Tem uma cena onde o Lanterna Verde é citado, mas não atrapalha quem não conhece o personagem.

O cgi às vezes parece videogame, mas isso infelizmente é algo comum em filmes de ação contemporâneos. Mas acho que o pior problema aqui é o vilão – o Steppenwolf, além de ser feito por um cgi fraco, é um vilão que não ameaça ninguém. Além disso, o roteiro tem algumas escorregadas, como por exemplo o tempo enorme que o filme dedica àquela família russa.

Pequeno spoiler a frente:

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Pra mim, é spoiler avisar que o Superman está no filme – ele “morreu” no filme anterior. Mas ele está até em alguns pôsters de divulgação, então nem sei se isso é spoiler.

Enfim, o fim de BvS me incomodou profundamente, com a terrinha flutuando em cima do caixão do Superman, indicando que ele não estava exatamente morto. Mas do jeito que fizeram aqui, seu “ressuscitamento” foi convincente. Não precisava da terrinha flutuando!

FIM DOS SPOILERS!

O elenco é muito bom. Ben Affleck, Henry Cavill e Gal Gadot voltam aos papéis principais. Ezra Miller está ótimo como o Flash, um garoto engraçado e deslumbrado com o que está acontecendo (sem querer comparar, me lembrou o Peter Parker do último Homem Aranha); Jason Momoa e Ray Fisher completam o time principal. Alguns coadjuvantes de BvS e Mulher-Maravilha voltam, como Amy Adams, Diane Lane, Jeremy Irons e Connie Nielsen. J.K. Simmons voltará no filme solo do Batman; Amber Heard, no do Aquaman. Por fim, Ciarán Hinds é um bom ator, mas o seu Steppenwolf é fraco.

É, parece que a DC encontrou um caminho. Torçamos para que continuem.

p.s.1: Os filmes anteriores da Warner / DC não tinham cenas pós créditos. Mas aqui são duas – como é comum nos filmes da Marvel.

p.s.2: Um dos cartazes nacionais resolveu adaptar o cartaz gringo que usa os símbolos de cada herói. O problema é que não tem onde colocar o W da Mulher Maravilha. Ficou muito estranho ver “Você Não Pode Salvar o Wundo Sozinho”. Toda vez que via esse cartaz, em vez de trocar o W por M, trocava o U por A: “Você Não Pode Salvar o Wando Sozinho”… 😛

Liga da justiça - Wundo

Mulher-Maravilha

Mulher MaravilhaCrítica – Mulher-Maravilha

Antes de ser a Mulher Maravilha, ela era Diana, princesa das amazonas, guerreira treinada. Quando um piloto da Primeira Guerra Mundial cai em sua ilha e fala de conflitos no mundo exterior, ela sai de casa para lutar contra uma guerra para acabar com todas as guerras, descobrindo seus poderes e o verdadeiro destino.

Mulher-Maravilha (Wonder Woman, no original) tinha a responsabilidade de levantar o universo cinematográfico da DC, depois das duas decepções do ano passado (Batman V Superman e Esquadrão Suicida). Fãs da DC, afoitos, estão achando que é o melhor filme de super-heróis desde o Superman de 1978. Menos, gente…

Mulher Maravilha não é ruim, longe disso. Se a gente se desligar dessa responsabilidade, o filme é muito bom. Um bom filme de origem de super-herói, com uma personagem carismática e várias boas sequências de ação. E, diferente dos dois filmes do ano passado, é colorido e engraçado – será que alguém resolveu copiar o estilo do concorrente? 😉

Dirigido por Patty Jenkins (que dirigiu Monster: Desejo Assassino, o filme que deu o Oscar a Charlize Theron), Mulher Maravilha consegue o que todo filme de super herói deveria ser capaz: divertir. O espectador vai se empolgar, vai rir, vai se emocionar. Torçamos para que a Warner / DC tenha encontrado o caminho!

Teve uma coisa que me incomodou muito, mas só posso falar depois dos avisos de spoiler.

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

O roteiro tem uma forçada de barra aqui, outra acolá, quase todas são bobas, coisas comuns em quase todos os filmes de ação. Mas dois detalhes devem ser mencionados:

– A cena da luta na praia é toda errada. Pra começar, tem um navio encalhado, de onde vieram alguns escaleres com soldados, mas depois simplesmente esquecem da existência do navio. E, pra piorar, as amazonas entram na praia e matam TODOS os “soldados homens armados”, mas deixam um – o mocinho. Claro, senão não existiria o filme…

– O final do filme traz muitas semelhanças com o final do primeiro Capitão América – um soldado chamado Steve se despede da sua “amada”, entra no avião inimigo, cheio de armas, e o avião sofre um acidente.

FIM DOS SPOILERS!

Apesar disso, o resultado final é muito bom. Heu ia falar que é melhor que Esquadrão Suicida, mas isso não é difícil. Deixemos o passado no passado, agora os fãs da DC têm motivo pra comemorar! E os fãs de cinema pop de um modo geral idem!

No elenco, Gal Gadot, a protagonista, está dividindo opiniões. Por um lado ela é limitada como atriz; mas por outro lado ela tem um muito carisma. Heu particularmente gostei, pra mim, o carisma compensa o que falta. Chris Pine está bem como o seu par, e digo o mesmo sobre o heterogêneo time que o acompanha (Ewen Bremner, Saïd Taghmaoui e Eugene Brave Rock) – uma das melhores coisas do filme (ao lado do bem colocado alívio cômico feito por Lucy Davis). As amazonas Robin Wright e Connie Nielsen também estão bem; por outro lado, Danny Huston e David Thewlis estão no limite da caricatura. Ia falar o mesmo sobre a Elena Anaya, mas ela está tão apagada que nem sei se dá pra falar mal…

Enfim, finalmente um bom filme baseado em DC. Vamos mandar boas vibrações para o filme da Liga da Justiça que estreia em breve!

Esquadrão Suicida

Esquadrão Suicida posterCrítica – Esquadrão Suicida

Estreou o aguardado Esquadrão Suicida!

Depois dos eventos de Batman Vs Superman, uma agência secreta do governo recruta presos com super poderes para executar perigosas missões em troca de clemência.

Uma grande expectativa acompanhava este Esquadrão Suicida (Suicide Squad, no original). Primeiro, porque é a continuação do “universo cinematográfico da DC” (assim como a Marvel faz há anos, agora a DC quer colocar todos os filmes no mesmo universo). Depois porque Batman Vs Superman, o outro filme da DC neste ano, foi muito criticado, e pelo trailer, este Esquadrão acertaria a mão.

Bem, não acertou. Esquadrão Suicida não chega a ser ruim, mas falta muito para ser um grande filme. E, por causa da expectativa alta, vai decepcionar muita gente.

Esquadrão Suicida começa bem, a apresentação da equipe funciona. Mas logo depois o roteiro, escrito pelo diretor David Ayer, escorrega em alguns pontos básicos, como por exemplo não saber dosar a importância de cada personagem no filme – o Capitão Bumerangue deveria ser um alívio cômico, mas as melhores piadas estão com a Arlequina; ou então o Crocodilo, que não tem nenhuma importância na trama, então inventaram uma cena subaquática para justificar sua presença. Além disso, o vilão é péssimo. E isso porque não estou falando do personagem que entra na trama sem introdução, só porque “a gente precisava matar um personagem, então pegamos um que ninguém ia se importar”.

Ouvi gente falando que o problema do filme é que tem pouco humor. Discordo. Esta é uma característica da DC, seus filmes são mais sérios que os da Marvel. O problema é o roteiro preguiçoso mesmo.

Pelo menos temos alguns destaques positivos no elenco. Rolava uma certa preocupação em ter um nome caro como Will Smith, afinal o filme é “do Esquadrão” e não “do Pistoleiro”. Claro que Smith virou o líder do grupo. Mas não achei que isso atrapalhou. Agora, quem rouba a cena é Margot Robbie, muito bem como a Arlequina, que era pra ser coadjuvante, mas podemos dizer que é virou um personagem central. Também gostei de Jay Hernandez como o Diablo. Por outro lado, Jared Leto foi uma grande decepção como o novo Coringa. Não só ele tem pouca importância no filme (tire suas cenas, nada muda), como sua interpretação nos deixa com saudades do Heath Ledger… Ainda no elenco, Viola Davis, Cara Delevingne, Joel Kinnaman, Jai Courtney, Adewale Akinnuoye-Agbaje, David Harbour e Karen Fukuhara, além de uma ponta não creditada de Ben Affleck. A trilha sonora também é muito boa.

Talvez a DC devesse arriscar mais. No início do ano, Deadpool mostrou que um filme baseado em quadrinhos de super heróis pode ser violento. Com um pouco mais de violência, e usando de maneira correta o Coringa (como a Marvel fez com o Homem Aranha em Guerra Civil), talvez o resultado fosse melhor. Ah, claro, um bom roteirista também não deveria ser dispensado.

Batman vs Superman: A Origem da Justiça

BvS-1Crítica – Batman vs Superman: A Origem da Justiça

(Posso repetir piada?)

Depois do “filme mais assustador de todos os tempos da última semana”, temos o “filme de super heróis mais esperado de todos os tempos da última semana”!

Depois da destruição de Metropolis em Homem de Aço, algumas pessoas passam a achar que ter o Superman por perto pode não ser uma boa ideia. Batman, que estava presente na cidade, resolve se preparar para desafiar o Superman. Enquanto isso, um jovem Lex Luthor surge como uma nova ameaça.

Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, no original) é a carta mais forte da DC para tentar recuperar o prejuízo causado pela Marvel nos últimos anos. E a notícia é boa: Batman vs Superman é um bom filme.

Enquanto a DC ainda pensava em “filmes solo”, a Marvel vinha formando um sólido universo cinematográfico (MCU – Marvel Cinematic Universe), construído por vários filmes, lançados ao longo de vários anos. Mas a DC ainda tinha uma forte carta na manga: simplesmente os dois super heróis mais icônicos da cultura pop. Batman e Superman sempre foram grandes nomes independente do cinema.

Então veio a cartada arriscada. Como numa mesa de pôquer onde o jogador está perdendo mas ainda tem boas cartas na mão, a DC apostou um “all in” e lançou logo um filme com os dois heróis, com a Mulher Maravilha de coadjuvante, e ainda abriu espaço para uma vindoura Liga da Justiça.

Cartada arriscada, mas funcionou. Boa notícia para os fãs de filmes de super heróis! Batman vs Superman: A Origem da Justiça pode não ser o melhor filme de super heróis do ano (vai ser difícil barrar Deadpool…), mas é um bom divertimento que vai agradar a maior parte dos fãs.

Como de costume nos filmes dirigidos por Zack Snyder, o visual do filme chama a atenção. Fotografia bem cuidada, figurinos excelentes e algumas boas sequências em câmera lenta. Os efeitos especiais são bem feitos, mas com algumas ressalvas (não gostei muito dos efeitos na cena da perseguição do Batmóvel) – acho que iremos rever este filme daqui a alguns anos e veremos que “perdeu a validade”, como aconteceu com Sucker Punch, do mesmo diretor.

A trama tenta trazer um equilíbrio entre os dois heróis, mas senti que este é um filme mais do Batman que do Superman. Aliás, o motivo da briga entre os dois me pareceu forçado. O trailer de Guerra Civil mostra um motivo mais forte para a briga do Capitão América com o Homem de Ferro do que todo o longa Batman vs Superman.

O elenco está bem. Muita gente torceu o nariz quando anunciaram Ben Affleck como Batman, mas acho que ele vai calar a boca dos críticos. Gal Gadot surpreende positivamente, ela parecia magra demais para interpretar uma guerreira amazona, mas funciona bem na hora do “vamos ver”. Já Jesse Eisenberg não ficou legal, seu Lex Luthor está parecido demais com o Coringa. Henry Cavill, Amy Adams, Diane Lane e Laurence Fishburne voltam aos seus papeis, e o filme ainda conta com Jeremy Irons, Holly Hunter e pontas de Kevin Costner, Lauren Cohan, Jeffrey Dean Morgan e Jason Momoa.

Pena que o filme ficou longo demais, não precisava ser um filme de duas horas e meia, chega a ser cansativo. Algumas cenas são desnecessárias. Vou dizer que até gostei da cena com um plano sequência do Batman lutando contra vários soldados, mas reconheço que é desnecessária – tire essa cena e o filme não perde nada. E a cena do sonho com o Flash saindo da tela não é apenas desnecessária – é ruim.

Não gostei do fim, mas não posso me aprofundar por causa de spoilers. Só digo que, se você tem coragem para sair do óbvio, que mantenha essa coragem até o fim.

No fim, apesar dos problemas, o saldo é positivo. Todos ganham com isso, porque o filme abre espaço para continuações dentro de um “DC Cinematic Universe”. Que venham cada vez melhores!

p.s.: Antes do filme, Zack Snyder aparece na tela para pedir que ninguém espalhe spoilers. Mais do que o seu trailer já espalhou, sr. Snyder? 😉

O Homem de Aço

Crítica – O Homem de Aço

Filme novo do Superman. E aí, será tão fraco quanto o Superman – O Retorno, lançado em 2006; ou manterá o nível da trilogia Batman, o atual top da DC?

A notícia é boa: Homem de Aço é muito bom!

Um menino descobre que tem poderes extraordinários e que não é deste planeta. Mais velho, ele viaja para tentar descobrir de onde veio e por que foi mandado para cá. Mas o heroi deve surgir para salvar o mundo e virar o símbolo de esperança para a humanidade.

A citação ao Batman de Christopher Nolan não é gratuita. Não só por serem os dois principais personagens da DC, mas também pelo fato de Nolan ter atuado aqui como produtor e autor do argumento. E o roteirista é o mesmo David S Goyer, que trabalhou nos três filmes do homem-morcego. Isso tudo é importante, porque a DC quer reunir os herois em um filme da Liga da Justiça tão bem sucedido quanto o ótimo Os Vingadores da Marvel.

E a influência do Batman de Nolan fez de Homem de Aço um filme mais sério do que a maior parte dos filmes de super-herois. O Kal-El / Clark daqui não usa cueca sobre a calça e é cheio de problemas existenciais. Rola até uma sutil comparação com Jesus Cristo – não acredito que tenha sido coincidência Clark estar com 33 anos. Acho que este será o grande diferencial entre DC e Marvel: enquanto uma foca na seriedade, a outra pensa no lema “o cinema é a maior diversão” (ambos os caminhos são válidos, na minha humilde opinião).

A direção coube a Zack Snyder, que já tinha provado seu talento em imagens bem cuidadas em filmes como 300, Watchmen e Sucker Punch. Em Homem de Aço, Snyder teve uma direção mais discreta, acho que não rola nenhuma das suas famosas câmeras super lentas. Mas, mesmo sem a sua “assinatura”, Snyder mostra boa mão na condução das várias cenas de ação.

Não sei o quanto o diretor teve parte nisso, mas os efeitos especiais são absurdamente bem feitos. Os computadores em Krypton tem uma textura diferente de tudo o que estamos acostumados a ver, e a destruição de Metropolis está entre as melhores destruições de cidades já mostradas no cinema. Snyder não usa câmera lenta, mas sua câmera não treme como os “MichaelBays” da vida – conseguimos ver tudo.

Os fãs querem esquecer o filme de 2006, mas a comparação com o clássico de 1978, dirigido por Richard Donner, é inevitável. E a boa notícia: se Homem de Aço não é melhor que o filme de 78, também não é pior. Ambos podem figurar entre as melhores adaptações cinematográficas de quadrinhos de super-herois.

É inevitável pensar no Superman e não lembrar de Christopher Reeve, que imortalizou a personificação do heroi. Henry Cavill faz um bom trabalho, não sentimos falta de Reeve. Mas acho que a tarefa mais difícil era a trilha sonora. A trilha de John Williams para o filme clássico é fantástica, o tema pan-pa-rá pa-ra-ra-ra-rá é um dos temas mais conhecidos da história do cinema (talvez um dos 4 mais conhecidos, ao lado de Tubarão, Guerra nas Estrelas e Caçadores da Arca Perdida – todos de John Williams). Hans Zimmer fez bem em ter ignorado a melodia original, e fez uma trilha competentíssima, que pode não ser tão assoviável quanto a de Williams, mas faz um belíssimo trabalho aqui.

Apesar de O Homem de Aço não ser um filme que exige muito dos atores, Michael Shannon faz um excelente trabalho com o seu general Zod – este sim superior ao anterior de Terence Stamp (que por sua vez também tinha feito um bom trabalho em Superman 2). O resto do elenco, repleto de nomes conhecidos, também está bem: Amy Adams, Diane Lane, Russell Crowe, Kevin Costner e Laurence Fishburn.

Infelizmente, O Homem de Aço não é perfeito. Como pontos negativos, podemos citar a longa duração, que chega a cansar (Os Vingadores também é longo, mas não é tão cansativo); e alguns pontos do roteiro que ficaram muito mal explicados – como assim, o planeta vai explodir, e os condenados por traição são mandados para fora do planeta???

Não vi em 3D. Atualmente evito pagar mais caro por um efeito que mais atrapalha do que ajuda. E pelo que li por aí, fiz boa escolha.

Resumindo: apesar dos poucos pontos contra, temos um forte candidato ao Top 10 2013!

p.s.: Só heu achei que o nome “Homem de Aço” parece uma tentativa barata de ganhar visibilidade com “Homem de Ferro”? Sei que o Superman sempre foi “Super Homem, o homem de aço”, mas o título assim, solto, me pareceu querer ganhar a rebarba do Tony Stark. Não precisava, DC, seu filme é bom, não é nenhum Asylum (que lançou “Transmorfers” na época do “Transformers”…