Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

piratas-do-caribeCrítica – Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

Para escapar da vingança do capitão Salazar e seu exército de fantasmas assassinos, Jack Sparrow precisa encontrar o Tridente de Poseidon, que dá ao seu dono o poder de acabar com maldições.

Num mercado com tantas franquias, não chega a ser surpresa mais um Piratas do Caribe. A surpresa é como a Disney consegue ser tão descuidada com um produto original (não custa lembrar que o filme é baseado numa atração do parque). Não revi os outros filmes da franquia antes de ver este quinto filme, então não vou comparar. Mas não lembro de outro Piratas do Caribe com o roteiro tão mal construído.

Vamos direto ao assunto: o ponto fraco de Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales no original) é o roteiro. O início do filme dirigido pela pouco conhecida dupla Joachim Rønning e Espen Sandberg até que flui bem – admito que ri muito na cena da guilhotina. Mas a partir da cena da ilha, começam a aparecer vários furos consecutivos, como cenas desnecessárias (pra que aquele casamento?) ou personagens que entram e saem da trama sem explicação (tipo o resto da tripulação do Jack Sparrow).

Se tem algo a se elogiar são os efeitos especiais. O cabelo do Salazar, sempre “flutuando”, ficou muito bem feito (apesar de a gente já ter visto um efeito parecido em A Espinha do Diabo, do Guillermo del Toro). E o fundo do mar também tem imagens belíssimas.

No elenco, Johnny Depp e Geoffrey Rush parecem estar no piloto automático; Javier Bardem está um pouco melhor como o vilão. Kaya Scodelario e Brenton Thwaites tentam reeditar a dupla Keira Knightley e Orlando Bloom (que aparecem rapidamente). A surpresa do elenco é um cameo de Paul McCartney – se Keith Richards já tinha aparecido como o pai do Jack Sparrow; MacCartney aparece como o seu tio.

Tem uma cena pós créditos, que traz um desnecessário gancho pra uma desnecessária continuação – que espero que não venha…

Rei Arthur: A Lenda da Espada

Rei ArthurCrítica – Rei Arthur: A Lenda da Espada

Roubado de seu direito de nascença, Arthur cresce do jeito difícil, nos becos traseiros da cidade. Mas uma vez que ele puxa a espada da pedra, ele é forçado a reconhecer seu verdadeiro legado – quer ele goste ou não.

Vamos direto ao ponto. Existem dois ângulos pra você ver Rei Arthur: A Lenda da Espada (King Arthur: Legend of the Sword, no original). Se você pensar na história clássica do Rei Arthur, você vai detestar o filme. Mas se você se desligar da história, pode se divertir.

Na verdade, Rei Arthur: A Lenda da Espada parece mais um filme de origem de super heróis do que um filme do Rei Arthur. Em vez de Merlin, Lancelot e Guinevere, temos um personagem que aos poucos descobre seu “superpoder” e precisa aprender a controlá-lo…

Parece que quando Guy Ritchie começou a divulgar seu projeto, ele falou que seria algo como uma mistura de Snatch com O Senhor dos Anéis. Assim, temos uma espécie de Rei Arthur malandro que parece saído dos subúrbios londrinos…

Dito isso, preciso dizer que gostei muito do filme. Guy Ritchie (Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Sherlock Holmes, O Agente da UNCLE) é um excelente contador de histórias, e mais uma vez ele mostra essa habilidade. Vários trechos do filme têm aquela edição entrecortada, não linear, misturando câmera lenta com imagens aceleradas, tudo com uma pitada de bom humor. Ritchie sabe usar esse estilo como poucos. A cena onde Arthur e seus amigos falam do viking é genial!

Junte a isso efeitos especiais de primeira linha, uma trilha sonora empolgante e algumas boas cenas de ação, e temos uma boa opção pra quem curte filmes pop.

No elenco, sem destaques, nem positivos, nem negativos. Charlie Hunnam (Sons of Anarchy) lidera o elenco, que conta com Jude Law, Eric Bana, Astrid Bergès-Frisbey, Djimon Hounsou e Aidan Gillen. Ah David Beckham faz uma ponta, na cena onde Arthur tira a espada da pedra.

Em lugar nenhum li sobre uma nova franquia. Mas isso parece claro quando ao fim do filme Arthur está montando uma mesa redonda… Acredito que em breve teremos uma continuação…

Enfim, se você curte filmes pop, vá sem medo. Mas se você é fã do Rei Arthur, reveja Excalibur, de 1981.

Alien: Covenant

alien covenantCrítica – Alien: Covenant

Os tripulantes da nave colonizadora Covenant encontram um planeta remoto. O que antes parecia ser um paraíso inexplorado, torna-se uma ameaça além da imaginação.

Depois do decepcionante* Prometheus, mais uma vez Ridley Scott volta ao universo dos xenomorfos e face huggers.

Recapitulando: os dois primeiros (Alien, o Oitavo Passageiro, dirigido por Scott em 1979, e Aliens O Resgate, James Cameron, 86) são clássicos absolutos da ficção científica. O terceiro e o quarto filmes (David Fincher, 92; Jean Pierre Jeunet, 97) têm seus méritos, mas são bem inferiores aos dois primeiros. Na década de 00, tivemos dois Alien vs Predador, uma ideia que no papel parecia boa, mas que gerou dois filmes horríveis. Scott voltou à franquia em 2012 com Prometheus, e disse na época que seria uma trilogia prequel. Alien: Covenant (idem, no original) é o segundo filme desta trilogia.

Ter Scott na direção deveria ser garantia de qualidade, afinal, foi ele quem começou com isso tudo. Mas, mais uma vez, Scott fica devendo.

Alien: Covenant é melhor que Prometheus, mas ainda está bem abaixo dos dois primeiros filmes. Algumas falhas de roteiro presentes no filme anterior se repetem aqui – como é que astronautas entram num planeta desconhecido sem capacete, só porque tem oxigênio e nitrogênio na atmosfera? Ninguém pensou em vírus??? Além disso, a história tem uns papos cabeça desnecessários (pra que aquele prólogo?), e resolve responder perguntas que ninguém perguntou sobre os xenomorfos.

(Dois amigos críticos falaram muito mal, dizendo que Scott queria apagar o Aliens de James Cameron. Não entendi por esse lado.)

No fim, temos mais do mesmo. Li em algum lugar uma comparação com Sexta Feira 13 – vira um filme onde o monstro caça um por um. Ok, divertido, mas a gente já viu isso antes muitas vezes, né?

Se algo merece elogios, é a atuação de Michael Fassbender. O cara interpreta dois androides, e a gente consegue ver direitinho as diferenças entre os personagens. Em compensação, o resto do elenco fica devendo. Katherine Waterstone (Animais Fantásticos e Onde Habitam) falha na tentativa de entregar uma protagonista feminina forte (como Sigourney Weaver na quadrilogia ou Noomi Rapace em Prometheus). E gosto do Billy Crudup pelo Quase Famosos, mas ele tá péssimo aqui. Também no elenco, Danny McBride, Demián Bichir, Carmen Ejogo e Callie Hernandez, além de pontas de James Franco e Guy Pearce.

No fim, temos um filme que nem é ruim, vai agradar os menos exigentes. Mas heu gostei mais do Vida, mesmo sabendo que é quase um plágio do primeiro Alien…

* Revi Prometheus antes de ver Covenant, realmente é um filme com mais defeitos do que méritos. Mas preciso admitir que quando escrevi minha crítica logo depois de sair da sessão, falei bem do filme…

Sing Street: Música e Sonho

Sing StreetCrítica – Sing Street: Música e Sonho

Vamos ao meu novo “filme favorito de todos os tempos da última semana”?

Em Dublin, nos Nos 80,um adolescente começa uma banda para impressionar uma garota que ele gosta.

Sing Street: Música e Sonho (Sing Street, no original) é o filme novo do John Carney, o mesmo de Apenas uma Vez e Mesmo se Nada Der Certo. O filme concorreu ao Globo de Ouro de melhor filme comédia ou musical (perdeu pra La La Land), mas foi ignorado pelo Oscar. Mesmo assim, acho que merecia um lançamento nos cinemas brasileiros. Em vez disso, foi lançado direto no Netflix. Menos mal, pelo menos foi lançado…

Sing Street é uma deliciosa viagem musical aos anos 80. Digo mais: é um filme obrigatório para quem foi músico iniciante nos anos 80. Heu comecei a tocar com 15 anos, em 1986 – e “me vi” diversas vezes ao longo do filme. Diferente de um Commitments ou um Quase Famosos, quando vemos músicos profissionais, aqui são moleques aprendendo a rotina de ensaios e gravações. Vivi isso, e na mesma época!

Nos seus outros filmes, Carney já tinha mostrado boas sacadas ligadas à música. Aqui ele mostra mais uma vez esta habilidade. Uma coisa que gostei muito foram os arranjos musicais. Pelo menos em dois momentos do filme os personagens começam tocando uma música num arranjo mais simples e ao longo da música o arranjo começa a ficar sofisticado e termina com cara de cd.

Outro detalhe genial é que uma banda inicial de adolescentes sempre tem problemas de identidade. E isso é mostrado: eles ouvem Duran Duran e fazem uma música com uma pegada Duran Duran; depois ouvem The Cure e acontece o mesmo, idem com Daryl Hall & John Oates. Não é plágio, as citações são explícitas.

Pelo menos duas cenas são antológicas. Em uma delas, vemos, num plano sequência, a criação de um arranjo musical: começa à noite com voz e violão, entra o piano, fica de dia e entra o teclado, depois baixo e bateria, finalmente a guitarra. Na outra cena, vemos uma homenagem ao baile de De Volta Para o Futuro. Cenas para ver e rever!

Claro que um filme desses precisa de um bom elenco. Se, no filme anterior, Carney tinha Keira Knightley e Mark Ruffalo, desta vez voltou a nomes desconhecidos (como em Apenas uma Vez). A dupla Ferdia Walsh-Peelo e Lucy Boynton tem carisma e talento o suficiente pra segurar o filme. E vi vídeos no YouTube dos dois principais da banda (Ferdia e Mark McKenna) tocando e cantando em programas de TV – eles realmente tocam! O único ator conhecido é Aiden Gillen, o Mindinho de Game of Thrones, num papel pequeno.

Pena que Sing Street foi mal lançado, então pouca gente ouviu falar. Mas fica a recomendação. Mesmo pouco conhecido, estamos diante de um dos melhores filmes do ano!