Quem Fizer Ganha

Crítica – Quem Fizer Ganha

Sinopse (imdb): Com a chegada da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, um técnico precisa de muita dedicação, sorte e empenho de seus atletas para tentar classificar o time de futebol da Samoa Americana, considerada a pior seleção do mundo.

Quem Fizer Ganha (Next Goal Wins, no original) estava na minha lista de expectativas de 2022, por ser o novo filme do Taika Waititi. O filme teve problemas na pós produção e demorou a ser lançado, e ainda por cima foi mal lançado. Um amigo disse que é ruim. Claro que minha expectativa mudou e agora estava lá embaixo.

Mas, não é que curti? Está longe de um Jojo Rabbit (que deu o Oscar de roteiro para Waititi), mas é um filme leve e divertido sobre superação através do esporte.

Um dos problemas da produção foi o personagem Alex Magnussen, que originalmente era interpretado por Armie Hammer. Hammer se envolveu em polêmicas pesadas ligadas a abuso e até canibalismo, então a produção achou melhor trocar o ator por Will Arnett, ou seja, todas as cenas que envolvem o personagem tiveram que ser refilmadas. Não sei o quanto isso atrasou a estreia, mas acho que eles deram mole em não ter lançado perto da Copa do Mundo.

A história contada em Quem Fizer Ganha é muito boa. O time da Samoa Americana entrou na história por ter levado a maior goleada da história das eliminatórias: perdeu de 31 a zero para a Austrália em 2001. E o sonho dos caras não era ganhar um campeonato, mas simplesmente marcar um único gol. Por outro lado, o técnico Thomas Rongen também passava por problemas pessoais e profissionais, quando resolveu assumir o time samoano.

Tem mais: este time tinha uma jogadora trans, Jaiyah, que como estava no meio da transição, ainda podia jogar entre os homens (isso é explicado em um diálogo, em breve ela não poderia mais fazer parte do time). Jaiyah foi a primeira atleta trans a competir em uma eliminatória de Copa do Mundo, e hoje é embaixadora da Fifa pela igualdade.

Uma história dessas merece um filme. Agora, precisamos reconhecer que Quem Fizer Ganha é previsível e usa todos os clichês de “filmes de superação no esporte”.

Todos os filmes do Taika Waititi têm um pé forte na comédia, então claro que Quem Fizer Ganha tem várias cenas engraçadas. O contraste do treinador estrangeiro com toda a calma do povo samoano gera algumas piadas muito boas. Pena que algumas não funcionam, tipo o padre interpretado pelo próprio Taika. Ele como Korg (Thor) ou como Hitler (Jojo Rabbit) funciona melhor.

Por outro lado, Michael Fassbender mais uma vez mostra que é um dos grandes atores em atividade. O seu personagem Thomas Rongen tem camadas, é um cara rabugento e mal humorado, e que aos poucos a gente conhece melhor alguns de seus problemas. Grande ator, grande personagem.

(Para mim, o que enfraqueceu Quem Fizer Ganha não teve nada a ver com o filme. Mas, é difícil a gente não se lembrar de Ted Lasso, onde um técnico “diferente” foi contratado pra treinar um time de futebol. E se Thomas Rongen é um bom personagem, Ted Lasso é ainda melhor.)

No fim do filme, vemos cenas do time real e do treinador real. E tem uma piadinha bem boba no pós créditos.

Quem Fizer Ganha não é um grande filme, mas é um filme divertido e gostoso de acompanhar.

O Assassino

Crítica – O Assassino

Sinopse (imdb): Um assassino começa a colapsar psicologicamente enquanto começa a desenvolver uma consciência, mesmo enquanto seus clientes continuam a solicitar seus serviços.

Dirigido por David Fincher, O Assassino (The Killer, no original) não é um filme de assassino profissional como tantos outros por aí. Temos menos ação e mais momentos reflexivos dentro da cabeça do protagonista. Se por um lado isso deixa o filme um pouco lento (e, reconheço, meio chato às vezes), por outro lado sempre apoio filmes diferentes do óbvio.

O início do filme é muito bom, o protagonista está pronto para cometer um assassinato como sniper, coisa que a gente já viu em dezenas de outros filmes. Mas, o alvo ainda não estava no local. Quanto tempo um sniper precisa ficar esperando pelo tiro perfeito? E o que ele faz enquanto esse momento não acontece? O foco do filme é a rotina do assassino, e não o ato em si!

Agora, precisamos reconhecer que o resto do filme não acompanha esse ritmo. Ele tem tarefas para cumprir e vai seguindo de tarefa em tarefa, e o filme fica meio monótono. Acho que, do resto do filme, a única parte que merece destaque é uma violentíssima luta que acontece mais perto do final.

Ter um nome como Fincher na direção garante a qualidade pelo menos na parte técnica. Se às vezes O Assassino é chato, pelo menos é muito bem filmado. Mas, comparando com outros títulos do diretor (como Seven, O Clube da Luta e Garota Exemplar), na minha humilde opinião O Assassino fica um degrau abaixo.

Um filme nesse formato não funcionaria sem um grande ator no papel principal. E Michael Fassbender está ótimo como o cara metódico e detalhista. Pena que mais ninguém no elenco tem espaço pra desenvolvimento de personagem. Do resto do elenco, a única que tem algum espaço, mesmo que pouco, é Tilda Swinton. O elenco ainda tem um nome que interessaria ao público brasileiro, Sophie Charlotte, mas, diferente da Bruna Marquezine protagonista em Besouro Azul, Sophie quase não aparece aqui.

Enfim, mesmo sendo um filme “menor”, O Assassino ainda tem mais qualidade do que boa parte do que é despejado no streaming. Mas baixe suas expectativas!

X-Men: Fênix Negra

Crítica – X-Men: Fênix Negra

Sinopse (imdb): Jean Grey começa a desenvolver poderes incríveis que a corrompem e a transformam em uma Fênix Negra. Agora os X-Men terão que decidir se a vida de um membro da equipe vale mais que toda a humanidade.

Como a Disney comprou a Fox, os próximos filmes dos X-Men devem se inserir no MCU. Mas ainda faltava um filme pela Fox, para encerrar a saga – que já contava com oito filmes (incluindo os dois solo do Wolverine).

Era uma chance de terminar em grande estilo. Mas não foi. Este último filme não chega a ser ruim, mas está bem longe dos pontos altos da série.

Escrito e dirigido por Simon Kinberg, estreante como diretor, mas experiente como roteirista (incluindo três outros X-Men, Confronto Final, Dias de um Futuro EsquecidoApocalipse), X-Men: Fênix Negra (Dark Phoenix, no original) tem seus bons momentos, mas são tantos escorregões que o filme fica devendo.

Vou citar alguns exemplos, sem spoilers:
– Este filme se passa 3 décadas depois do primeiro, X-Men: Primeira Classe, mas, aparentemente, esqueceram de envelhecer os personagens.
– A Raven deveria ter orgulho de ser azul, e não ficar com a cara da Jennifer Lawrence a maior parte do filme. E sua maquiagem azul ficou bem pior que nos filmes anteriores.
– Os vilões são péssimos! Você não entende as suas motivações, o seu objetivo, tudo é muito desleixado.

Etc etc etc…

Outro ponto que me incomodou, mas aí pode ser um head canon meu, é que heu queria ter visto uma “cena do Mercúrio”, como aconteceu nos dois filmes anteriores. O Mercúrio foi jogado para um papel secundário com zero importância na trama.

Sobre o elenco, tenho uma reclamação: foi um desperdício de Jessica Chastain. Ela é muito mais atriz do que o papel pede. Sophie Turner também não está bem, mas ela sempre foi sem graça, então não é surpresa. James McAvoy e Michael Fassbender são grandes atores, mas não conseguem salvar um filme fraco. Também no elenco, Nicholas Hoult, Tye Sheridan, Evan Peters, Kodi Smit-McPhee e Alexandra Shipp, além da já citada Jennifer Lawrence.

Como falei no início, X-Men: Fênix Negra não é ruim. Mas é um bom retrato de uma longa e desorganizada saga, cheia de altos e baixos.

Que venha o MCU!

Alien: Covenant

alien covenantCrítica – Alien: Covenant

Os tripulantes da nave colonizadora Covenant encontram um planeta remoto. O que antes parecia ser um paraíso inexplorado, torna-se uma ameaça além da imaginação.

Depois do decepcionante* Prometheus, mais uma vez Ridley Scott volta ao universo dos xenomorfos e face huggers.

Recapitulando: os dois primeiros (Alien, o Oitavo Passageiro, dirigido por Scott em 1979, e Aliens O Resgate, James Cameron, 86) são clássicos absolutos da ficção científica. O terceiro e o quarto filmes (David Fincher, 92; Jean Pierre Jeunet, 97) têm seus méritos, mas são bem inferiores aos dois primeiros. Na década de 00, tivemos dois Alien vs Predador, uma ideia que no papel parecia boa, mas que gerou dois filmes horríveis. Scott voltou à franquia em 2012 com Prometheus, e disse na época que seria uma trilogia prequel. Alien: Covenant (idem, no original) é o segundo filme desta trilogia.

Ter Scott na direção deveria ser garantia de qualidade, afinal, foi ele quem começou com isso tudo. Mas, mais uma vez, Scott fica devendo.

Alien: Covenant é melhor que Prometheus, mas ainda está bem abaixo dos dois primeiros filmes. Algumas falhas de roteiro presentes no filme anterior se repetem aqui – como é que astronautas entram num planeta desconhecido sem capacete, só porque tem oxigênio e nitrogênio na atmosfera? Ninguém pensou em vírus??? Além disso, a história tem uns papos cabeça desnecessários (pra que aquele prólogo?), e resolve responder perguntas que ninguém perguntou sobre os xenomorfos.

(Dois amigos críticos falaram muito mal, dizendo que Scott queria apagar o Aliens de James Cameron. Não entendi por esse lado.)

No fim, temos mais do mesmo. Li em algum lugar uma comparação com Sexta Feira 13 – vira um filme onde o monstro caça um por um. Ok, divertido, mas a gente já viu isso antes muitas vezes, né?

Se algo merece elogios, é a atuação de Michael Fassbender. O cara interpreta dois androides, e a gente consegue ver direitinho as diferenças entre os personagens. Em compensação, o resto do elenco fica devendo. Katherine Waterstone (Animais Fantásticos e Onde Habitam) falha na tentativa de entregar uma protagonista feminina forte (como Sigourney Weaver na quadrilogia ou Noomi Rapace em Prometheus). E gosto do Billy Crudup pelo Quase Famosos, mas ele tá péssimo aqui. Também no elenco, Danny McBride, Demián Bichir, Carmen Ejogo e Callie Hernandez, além de pontas de James Franco e Guy Pearce.

No fim, temos um filme que nem é ruim, vai agradar os menos exigentes. Mas heu gostei mais do Vida, mesmo sabendo que é quase um plágio do primeiro Alien…

* Revi Prometheus antes de ver Covenant, realmente é um filme com mais defeitos do que méritos. Mas preciso admitir que quando escrevi minha crítica logo depois de sair da sessão, falei bem do filme…

La La Land: Cantando Estações

La La LandCrítica – La La Land: Cantando Estações

Em Los Angeles, um pianista de jazz que sonha em ter a sua própria casa noturna se apaixona por uma aspirante a atriz.

La La Land: Cantando Estações (La La Land, no original) chamou atenção quando ganhou sete Globos de Ouro: melhores filme, ator e atriz (comédia ou musical); diretor, roteiro, trilha sonora e canção. Ok, a gente sabe que a premiação do Globo de Ouro separa os filmes musicais dos dramas, é “mais fácil” ganhar um prêmio quando não é drama (onde normalmente estão os principais candidatos). Mas se a gente lembrar que os cinco prêmios mais importantes do Oscar são filme, diretor, roteiro, ator e atriz,  La La Land se saiu MUITO bem no Globo de Ouro.

(Atualizando: saiu a lista dos indicados ao Oscar, La La Land concorre a 14 estatuetas – número recorde, nunca um filme concorreu a 15. As chances de Oscar são bem grandes.)

La La Land foi escrito e dirigido por Damien Chazelle, o mesmo de Whiplash. Seu novo filme é um “musical clássico”, daqueles que as pessoas param de falar, começam a cantar e dançar, e, quando a música acaba, tudo volta ao normal. A boa notícia é que as músicas são muito boas, dá vontade de caçar o cd com a trilha sonora quando saímos do cinema.

Não só o filme é alegre, colorido e empolgante, como a parte técnica também é excelente. Vemos vários planos sequência complexos, cheios de coreografias de dança e sapateado!

Ainda sobre a parte técnica, queria falar sobre o Ryan Gosling tocando piano. Chazelle declarou que tudo o que vemos na tela foi realmente tocado pelo ator. Olha, posso garantir que o que vemos não é resultado de apenas alguns meses de prática. Quem toca aquilo no piano estudou por anos. Ou seja: ou Gosling já tocava piano antes, ou tem um dublê de mãos inserido digitalmente.

Ah, o elenco. Ryan Gosling não é um ator muito versátil, ele costuma ter a mesma “cara de paisagem” em todos os filmes (sempre lembro dele nos filmes Drive e Só Deus Perdoa, onde ele usa a mesma expressão durante todo o filme). Mas aqui ele está bem, ele toca piano, canta, dança sapateia, e, apesar de continuar com cara de paisagem, não incomoda. Emma Stone também está bem. Nenhum dos dois tem um vozeirão, mas os arranjos foram feitos respeitando as suas extensões vocais, então tudo desce redondinho (apesar do grave de Gosling ser bastante fraco). J.K. Simmons, que ganhou um Oscar trabalhando com Chazelle, aparece num pequeno papel; o músico John Legend também tem um papel importante.

Claro que tem gente que não suporta musicais e vai passar longe. Mas quem não tiver preconceito verá o primeiro grande filme de 2017.

Assassins Creed

Assassins Creed

Crítica – Assassin’s Creed

Por meio de uma tecnologia revolucionária que destrava suas memórias genéticas, um homem experimenta as aventuras de seu ancestral na Espanha do século XV. Ele descobre que é descendente de uma misteriosa sociedade secreta, os Assassinos, e acumula conhecimentos e habilidades incríveis para enfrentar a organização opressiva e poderosa dos Templários nos dias de hoje.

Existe uma máxima que diz que filmes baseados em videogames não são bons. Bem, este novo Assassin’s Creed (idem, no original) não vai mudar esta máxima.

A direção é de Justin Kurzel, que já tinha trabalhado com Michael Fassbender e Marion Cotillard no recente (e cansativo) Macbeth. Seu novo filme também é cansativo, e olha que Assassin’s Creed até tem bastante ação.

Assassin’s Creed tem vários problemas. Começo com o fraco desenvolvimento dos personagens. O protagonista tem um breve prólogo na sua infância, logo corta pra 30 anos depois, quando ele está preso, no corredor da morte. Quem é esse cara? Por que devo torcer por ele? Isso porque não estou falando de vários personagens secundários que não têm nenhuma função na trama.

Tem elementos aqui tirados do jogo, claro. No game, existe um “salto de fé”, onde um personagem pula lááá do alto de uma torre, cai num montinho de feno, e sai andando. Claro que no cinema esse montinho de feno ia ficar ridículo, então foi cortado da história. Mas o salto é importante na mitologia do jogo. O que fazer? Ah, coloca ele saltando, e depois corta pra outra cena antes dele chegar no chão…

Isso sem contar com vááários furos de roteiro, como, por exemplo, os seguranças que no início do filme usam armas de fogo, mas quando isso mataria personagens importantes, usam só cassetetes e tasers.

Mas o pior de tudo, na minha humilde opinião, foi a trilha sonora, alta, monótona e irritante. Vi no Imax, onde o som é muito alto, dava vontade de pedir pra alguém abaixar o som!

Pena, porque temos um bom elenco à serviço de um filme meia boca. Afinal, não é todo filme que consegue reunir Michael Fassbender, Jeremy Irons, Marion Cotillard, Brendan Gleeson e Charlotte Rampling.

Outra coisa boa é que as cenas passadas na Espanha antiga (e são muitas cenas) são faladas em espanhol. Bom saber que Hollywood evoluiu, alguns anos atrás tudo seria em inglês mesmo. Algumas (poucas) sequências de ação também se salvam.

Pena. E o pior é que o filme termina com um gancho para começar uma nova franquia…

X-Men: Apocalipse

x-men-apocalipseCrítica – X-Men: Apocalipse

No meio de tantos filmes de super heróis, chega a vez de mais um X-Men.

Os X-Men se mantêm unidos em benefício do futuro de todos os mutantes. Porém terão que enfrentar um grande inimigo: Apocalipse, o primeiro mutante.

Mais uma vez dirigido por Bryan Singer (responsável por quatro dos seis filmes dos mutantes), X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse, no original) tem dois problemas logo de cara. Um deles é que, como disse o Deadpool, a cronologia dos filmes é bagunçada – tivemos um meio reboot no filme anterior a este, e são muitos personagens. Fica muito difícil entender toda a lógica que rege os seis filmes.

O segundo problema é a evolução dos filmes de super heróis. Temos que respeitar o pioneirismo, X-Men (2000) e Homem Aranha (2002) abriram portas para o cenário atual (só este ano, são pelo menos seis filmes baseados em super heróis de quadrinhos!). Mas o sub gênero “filme de super herói” mudou ao longo desta década e meia. Um exemplo simples e recente: Capitão América Guerra Civil apresentou bem novos personagens, como o Pantera Negra, e soube equilibrar vários heróis ao longo da trama. Aqui, em X-Men: Apocalipse, temos personagens mal introduzidos e mal aproveitados – como Psylocke e Angel, por exemplo.

Relevando esses dois pontos, X-Men: Apocalipse é até interessante. Bom elenco, bons efeitos especiais, algumas cenas emocionantes… Não é um filme pra top 10 do ano, mas vai agradar a maioria.

Como aconteceu no filme anterior, o melhor aqui é a cena do Mercúrio usando a sua super velocidade. Outra cena boa tem a participação de um personagem muito famoso que não está creditado. Só estas duas cenas já valem o ingresso!

Pena que nem todo o filme tem esse pique. O vilão Apocalipse não mete medo em ninguém, e seus “assistentes” só têm alguma utilidade na sequência final. E, na boa, Magneto não pode ser escada pra ninguém.

O elenco tem pontos positivos e negativos. Os atores que vieram dos filmes anteriores, Michael Fassbender, James McAvoy, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult e Evan Peters, estão bem. Dentre os novos, o destaque positivo é Oscar Isaac, completamente diferente do Poe Dameron de Star Wars 7; o negativo é Sophie Turner, exatamente igual à Sansa Stark de Game of Thrones. Rose Byrne e Olivia Munn estão sub-abroveitadas; li nos créditos que Ally Sheedy (Clube dos Cinco) faz uma ponta como a professora do Scott, mas não reconheci na hora. Também no elenco, Alexandra Shipp, Tye Sheridan, Kodi Smit-McPhee e Ben Hardy.

X-Men: Apocalipse tem um problema curioso: como lidar com o star power da Jennifer Lawrence? A Mística era pra ser uma personagem secundária e a maior parte do tempo debaixo da maquiagem azul. Mas, me responda sinceramente, se você fosse o produtor de um filme com a Jennifer Lawrence, badalada e oscarizada, você não ia aproveitar a atriz? Claro que ela aparece demais. A gente entende, mas reconhece que isso prejudica o filme.

Ainda sobre o elenco, temos um pequeno problema de caracterizações. Este filme se passa 10 anos depois do filme anterior, e todos os personagens estão exatamente com a mesma cara. Aliás, todos não, logo o que não envelhece parece mais velho (o personagem não envelhece, mas o ator sim…). Acho que poderiam ter um trabalho um pouco mais elaborado nas maquiagens.

Sobre o 3D: os créditos iniciais usam bem o efeito. Mas no resto do filme não faz diferença.

Por fim, claro que tem cena pós créditos. Um gancho pra uma provável continuação…

p.s.: O roteiro se refere ao Apocalipse como “o primeiro mutante”. Será que esse pessoal já ouviu falar em teoria da evolução? Somos todos mutantes, né? 😉

Steve Jobs

steve jobsCrítica – Steve Jobs

Um retrato do inventor e empresário co-fundador da Apple. A história se desenrola nos bastidores de três lançamentos de produtos icônicos.

Com roteiro de Aaron Sorkin (A Rede Social), a narrativa de Steve Jobs (idem, no original) é interessante. Em vez de uma cinebiografia clássica, onde acompanhamos a vida do biografado, o filme se divide em três momentos: os bastidores dos momentos antes dos lançamentos do Macintosh, em 84, do NeXT, em 88 e do iMac, em 98.

O elenco é muito bom – Kate Winslet acabou de ganhar o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante e ser indicada ao Oscar; Michael Fassbender também concorre à estatueta pelo filme. Também no elenco, Seth Rogen, Jeff Daniels, Michael Stuhlbarg e Katherine Waterston.

Steve Jobs tem alguns problemas. Michael Fassbender é um grande ator, é sempre um prazer vê-lo atuando, mas… Quando vi o filme, não vi o personagem Jobs na tela, só vi o ator Fassbender. Ok, o cara é bom, mas talvez fosse melhor ter um ator menos famoso, pra gente entrar mais facilmente no personagem.

Outro problema é que, como a narrativa só mostra três momentos distintos da carreira de Jobs, algumas coisas ficam sem explicação para quem nunca acompanhou o desenvolvimento da Apple – saí do cinema e fui catar no google mais informações sobre Apple II e NeXT…

Além disso, são muitos diálogos. Cansa ficar duas horas vendo um cara arrogante brigar com um monte de gente. Pelo menos o estilo pop de Danny Boyle ajuda no ritmo, com cortes rápidos, música alta e até projeções nas paredes do cenário.

Mas, no geral, acho que Boyle ainda nos deve algo mais semelhante ao seu início de carreira…

Frank

frank-2014Crítica – Frank

Meio que por acidente, Jon, um tecladista com pouca experiência profissional, entra para o Soronprfbs, uma banda experimental onde o vocalista e líder da banda fica o tempo todo usando uma grande máscara de papel machê.

O Frank deste filme foi inspirado em Frank Sidebottom, personagem criado pelo músico e comediante inglês Chris Sievey, líder da banda The Freshies que usava uma cabeça bem parecida com a do filme nos anos 80. Não conheço o som do Frank Sidebottom, e pelo que li por aí, não tem nada a ver com o som deste Frank. O Frank do filme dirigido por Lenny Abrahamson é uma espécie de Daminhão Experiença misturado com Rogerio Skylab, mais um que de Hermeto Pascoal. Música experimental, com um pé na genialidade e outro na picaretagem.

Não sou um apreciador da música experimental, heu não compraria um disco dos Soronprfbs. Mas admito que é uma ideia muito boa para um filme. Os percalços que Jon tem que enfrentar quando tenta empurrar a banda para um caminho mais mainstream são muito bem construídos, assim como todos os dilemas internos dos membros da banda quando vislumbram o sucesso e o reconhecimento – os caras não querem ser conhecidos, eles querem fazer música pra eles mesmos!

Claro que ter um grande ator ajuda o filme. Michael Fassbender quase não mostra o rosto, e mesmo “escondido” dentro da máscara consegue construir seu personagem com riqueza de detalhes. O curioso é que, teoricamente, o personagem principal era pra ser o tecladista Jon de Domhnall Gleeson (que era coadjuvante de Harry Potter e estará no Star Wars 7 – esse garoto vai longe!), mas Fassbender rouba todas as cenas. Ainda no elenco, Maggie Gyllenhall, Scoot McNairy, François Civil e Carla Azar. Ah, detalhe importante: todas as músicas que rolam no filme foram tocadas pelos atores!

Frank não vai agradar a todos. Aliás, arrisco a dizer: Frank não vai agradar quase ninguém. Mas quem entrar na onda dos Soronprfbs vai curtir.

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

0-X-Men-posterCrítica – X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Finalmente, o esperado filme que liga as duas gerações dos X-Men!

Acuados pelos Sentinelas, os X-Men mandam Wolverine ao passado em uma tentativa desesperada de mudar a história e prevenir um evento que resultará na eliminação de todos os mutantes.

Amigos, a notícia é boa: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past, no original) consegue o equilíbrio perfeito entre o drama, a ação e a tensão; entre a seriedade proposta pelo tema e o bom humor característico dos filmes da Marvel. Digo mais: na minha humilde opinião, temos uma das melhores adaptações de quadrinhos de super heróis dos últimos tempos.

Rolava um certo receio, porque este na verdade é o sétimo filme usando o universo dos mutantes – teve a trilogia original (2000, 03 e 06), dois filmes “solo” do Wolverine (2009 e 13 – apesar do primeiro ser rejeitado por quase todos, entre crítica e fãs, foi um filme “oficial”), e o reboot (2011) que mostrava os personagens nos anos 60. Com tantos filmes, escritos por tantos roteiristas diferentes, baseados em tantos quadrinhos diferentes, existe uma certa bagunça na linha temporal. E o receio aumentou quando anunciaram que teria viagem no tempo no filme, um artifício que nem sempre funciona. Mas o medo foi infundado, o resultado ficou bem acima da expectativa.

A direção voltou para as mãos de Bryan Singer, o mesmo dos dois primeiros filmes dos X-Men. Alguns fãs ficaram preocupados, porque quando ele largou a franquia, se queimou fazendo o fraco Superman – O Retorno (depois disso, Singer fez Operação Valquíria e Jack, o Caçador de Gigantes). Bem, Singer mostrou que o Superman foi um desvio e que ainda tem boa mão. E, convenhamos, o cara tem moral, né? Quando ele fez o primeiro filme dos X-Men, não existia toda essa aceitação para filmes de super-heróis. Se, no primeiro semestre de 2014, nós teremos 4 longas de heróis da Marvel, Singer é um dos “culpados”!

Os efeitos especiais merecem um parágrafo à parte. Só pra citar um exemplo: Magneto chega a levantar e carregar um estádio pelos ares. Os efeitos são de cair o queixo. E tem uma cena em particular que é sen-sa-ci-o-nal, falarei mais dela no penúltimo parágrafo.

No elenco, uma constatação: o novo X-Men é um filme da nova geração. Michael Fassbender e James McAvoy têm uma participação muito maior do que Ian McKellen e Patrick Stewart. Pareceu mesmo uma “passagem de bastão” do Magneto e Prof Xavier velhos para os mais novos. E Hugh Jackman e seu Wolverine voltam a ter destaque – ele só teve uma cena curta (e engraçada) no penúltimo filme (e que é citada aqui).

Sobre a quarta personagem principal, a gente vê como funciona o “star power” do cinema contemporâneo. Nos primeiros filmes, a Mística foi interpretada pela Rebecca Romijn, lindíssima, mas não muito famosa. Agora o papel é de Jennifer Lawrence, menos bonita que a Rebecca Romijn, mas badaladíssima – ganhadora do Oscar ano pasado por O Lado Bom da Vida e protagonista da franquia de sucesso Jogos Vorazes. Se a Rebecca pouco aparecia sem a maquiagem azul, o mesmo não acontece agora. A Mística atual passa boa parte do filme “fantasiada de Jennifer Lawrence”.

Peter Dinklage confirma que é um grande ator (trocadilhos liberados aqui) – o que todos que já viram Game Of Thrones já sabiam. E o roteiro ainda consegue usar a Tempestade de Halle Berry, e juntar Anna Paquin, Famke Janssen e James Marsden em pequenas participações especiais. Ainda no elenco, Ellen Page, Nicholas Hoult, Omar Sy, Bingbing Fan, Shawn Ashmore, Evan Peters e Josh Helman.

“E o 3D?” Quem me conhece sabe que não sou fã de 3D. Pelo menos X-Men: Dias de um Futuro Esquecido tem uma cena onde o 3D é muito bem usado, uma das melhores cenas do filme, provavelmente a mais divertida: quando tudo fica em câmera lenta por causa da super velocidade de Evan Peters, durante a fuga da prisão.

Ah, claro, é Marvel, tem cena depois dos créditos, aparentemente um gancho para o próximo filme, X-Men Apocalypse.