A Última Noite

Crítica – A Última Noite

Sinopse (imdb): Nell, Simon e o seu filho Art estão prontos a acolher amigos e familiares para o que promete ser uma reunião de Natal perfeita. Perfeito exceto por uma coisa: todos vão morrer.

Fiquei na dúvida se valia fazer um texto sobre esse filme. Mas fiquei tão bolado com o fim dele que preciso botar pra fora. Vamulá.

Em primeiro lugar, preciso falar que achei que veria um filme completamente diferente. A gente lê a sinopse e vê o poster, e lê no imdb que é terror – achei que iria ver um filme na onda de Ready or Not, uma família rica com hábitos estranhos e mortais. Que nada. A Última Noite passa longe do terror, é um drama pesado. O único terror aqui é o da morte de pessoas próximas.

(Li algumas críticas que falam sobre comédia. Outra coisa errada. A Última Noite tem alguns diálogos engraçados, mas passa longe da comédia.)

Escrito e dirigido pela estreante Camille Griffin, A Última Noite (Silent Night, no original) é um drama sobre amizades e despedidas. Olhando sob este ângulo, é um bom filme, que se baseia basicamente nas interações entre os personagens, suas amizades e suas rixas, tudo dentro do mesmo cenário que é a casa

O elenco é muito bom. Keira Knightley (Piratas do Caribe) e Matthew Goode (Watchmen) fazem os pais e anfitriões da festa, e Roman Griffin Davis, o Jojo Rabbit, é Art, o garoto principal. Também no elenco, Annabelle Wallis, Lily-Rose Depp, Sope Dirisu, Lucy Punch, Rufus Jones e Kirby Howell-Baptiste. O roteiro consegue construir bons personagens e equilibrar bem as cenas entre eles.

(Curiosidade: a diretora Camille Griffin é mãe do protagonista Roman Griffin Davis e de seu irmãos gêmeos, Hardy e Gilby Griffin Davis.)

Preciso falar do fim, mas antes, os avisos de spoilers:

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Ao longo do filme a gente descobre que existe uma nuvem tóxica se espalhando pelo planeta, e que vai matar todo mundo, de maneira lenta e dolorosa. E o governo distribuiu “pílulas de suicídio”, para que as pessoas possam morrer rapidamente e sem dor.
Perto do fim do filme, o garoto Art foge e encontra um carro com pessoas mortas. Ele se desespera com a situação, e neste momento, tem uma nuvem de poeira tóxica, e ele acaba respirando. O pai o encontra, e acha que o problema é o nervosismo por ter visto o carro com as pessoas mortas. O pai traz o garoto de volta pra casa, e, juntos no quarto, a mãe descobre que o filho está doente porque seus olhos e nariz estão sangrando. O pai e a mãe se desesperam, achando que o filho já morreu, e todos tomam a pílula da eutanásia para morrerem abraçados. E aí você pensa que o filme acabou. Um final triste mas coerente, a família morta abraçada. Mas, no último take do filme, o garoto abre os olhos!

Essa cena mexeu comigo. O garoto está vivo! São duas as opções, segundo a minha interpretação. Uma delas é que ele está doente, e agora vai morrer lentamente, sozinho, porque toda a sua família morreu. A segunda opção é que era uma mentira do governo, e que a fumaça não é tão tóxica assim, então todos morreram à toa.

Independente de qual opção, o futuro do menino será terrível. E desde que acabei o filme não consigo tirar isso da cabeça!

FIM DOS SPOILERS!

A minha ideia inicial era ter visto A Última Noite a tempo de escrever este texto para um post de Natal. Que bom que me enrolei e deixei pra ver o filme depois. Não ia querer um filme tão pesado para o Natal.

King’s Man: A Origem

Crítica – King’s Man: A Origem

Sinopse (imdb): Um spinoff da franquia Kingsman sobre essa organização de espiões no início do século XX.

Ah, a expectativa. Já falei aqui diversas vezes, quando a gente cria expectativas, a chance de uma decepção é grande.

Gosto muito do primeiro Kingsman, um excelente filme com cenas de ação insanas e um humor no ponto exato. O segundo é mais galhofa, mas ainda é muito divertido. Fui ao cinema querendo ver algo nessa pegada. Mas esse terceiro filme é muito mais sério. Poucas cenas de ação, e quase nada de humor. E, pra piorar, o filme demora muito tempo no setup inicial, quase uma hora até as coisas começarem a acontecer.

E aí vem a minha dúvida: o problema foi do filme, ou heu que queria ver uma coisa e me foi apresentada outra? Pelo meu head canon, afirmo: achei uma decepção. Talvez vendo uma segunda vez heu mude de ideia, mas, dessa primeira vez, não curti.

Uma coisa que achei estranha foi que é do mesmo Matthew Vaughn que dirigiu os outros dois. Se tivesse mudado o diretor, dava pra entender a mudança de estilo, mas, sendo escrito e dirigido pelo mesmo cara, por que ele resolveu mudar?

Este filme traz uma coisa curiosa. Assim como Tarantino fez em Bastardos Inglórios e Era uma Vez em Hollywood, este King’s Man: A Origem traz personagens históricos reais dentro da trama do filme. Li uma crítica onde falavam que isso era um problema, porque você já sabe o destino de alguns personagens. Mas, admito, falha minha, conheço pouco sobre a história da primeira guerra mundial, então não sabia de nenhum dos acontecimentos.

O primeiro filme tem uma sequência sensacional, que poderia estar em listas de melhores sequências da história do cinema, a cena da igreja. A cena é extremamente bem filmada, e além disso ela tem uma importância muito grande na narrativa, porque o espectador se pergunta “e agora, pra onde a história vai?” Neste novo filme, não tem nenhuma cena que chama a atenção tecnicamente falando, mas tem um desses momentos de “pra onde a história vai?”. Sem spoilers, mas a parte na guerra me causou essa boa estranheza.

O elenco é bom. Como esse filme se passa cem anos antes do primeiro Kingsman, claro que não tem ninguém dos outros filmes – tive a impressão de ter visto Mark Strong na cena final, mas precisaria rever pra ter certeza, no imdb não fala nada. Ralph Fiennes manda bem como o protagonista, e se tiver que dar um destaque, vou de Rhys Ifans (irreconhecível) como Rasputin. Também no elenco, Gemma Arterton, Harris Dickinson, Djimon Hounsou, Matthew Goode, Charles Dance, Alexandra Maria Lara, Daniel Brühl, Tom Hollander e participações menores de Aaron Taylor-Johnson e Stanley Tucci.

King’s Man: A Origem estreia nos cinemas esta semana. Vou tentar rever pra ter uma segunda opinião.

Watchmen

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Watchmen

Tenho muitos amigos nerds. E a maioria está alvoraçada com a estréia de Watchmen, o novo filme de Zack Snyder, diretor da refilmagem de Madrugada dos Mortos e de 300.

Ah, sim, pros nerds, de um modo geral, antes de ser um filme do Snyder, é a adaptação da “melhor graphic novel da história”. Mas isso heu coloco entre aspas, porque não li os quadrinhos, então não posso opinar. Fui ao cinema apenas pra ver um filme. E não é que vi um bom filme?

A história se passa em 1985. Numa realidade alternativa, Nixon é o presidente pela terceira vez, e uma guerra nuclear com a União Soviética é iminente. Foi criada uma lei que proíbe super-heróis mascarados, jogando os “mocinhos” para a marginalidade. E, aos poucos, através de flashbacks, vamos conhecendo melhor a história desses mascarados.

A grande preocupação dos fãs é que essa era uma história considerada “infilmável”. Desde 1987 tem gente em Hollywood tentando trabalhar em uma adaptação!

Terry Gilliam, o ex-Monty Python que virou um diretor legal (Brazil, o Filme, 12 Macacos, tentou, ainda em 87, fazer uma adaptação. Aliás, já tinha elenco:  Robin Williams como Rorschach, Jamie Lee Curtis como Espectral, Gary Busey como Comediante e, pro papel de Coruja, estavam no páreo Richard Gere e Kevin Costner. Mas acabou desistindo, porque achou que não funcionaria como um único filme de longa metragem, e sim como minissérie de 5 horas…

E aí fica a grande dúvida: Zack Snyder conseguiu?

Bem, como não li os quadrinhos, não posso comparar como adaptação. Mas como filme posso dizer que ficou bem legal! Um filme baseado em super-heróis mais adulto, bem diferente do que se tem visto por aí, como os dois “hits baseados em quadrinhos” do ano passado, Batman e Homem de Ferro.

Quase tudo no filme funciona muito bem. O visual é impressionante, aliás, como era de se esperar. A trilha sonora, com trechos de hits oitentistas, é muito boa. O elenco é todo de semi-desconhecidos, como Jeffrey Dean Morgan, que faz um comediante sarcástico na dose certa, ou Jackie Earle Haley, que transpira ódio com seu Roschach. E a Espectral de Malin Akerman ainda vai fazer muito adolescente perder o sono, mais ou menos como um certo biquini dourado nos anos 80… Completam o time de mascarados Patrick Wilson como Coruja (não sei se de propósito, mas heu achei meio parecido com o Batman, tanto na roupa quanto no estilo “menino rico cheio de brinquedos caros”), Billy Crudup como dr Manhattan e Mathew Goode como Ozymandias.

E por que o “quase” do parágrafo acima? É que a história fica um pouco confusa às vezes, e o ritmo é um pouco lento. E, em 2 horas e 40 minutos, só explicaram o porque do superpoder do dr. Manhattan. Em tempos de X-Men e Heroes, heu esperava pelo menos saber um pouco mais sobre o motivo dos outros serem heróis…

Mesmo assim, vale o ingresso do cinema. Sim, cinema, este filme é pra ser visto em tela grande. Sabe aquelas brigas em câmera lenta de 300? Pois é, agora imagine dois mascarados enfrentando dezenas de presidiários numa rebelião…