Era uma vez um Gênio

Crítica – Era uma vez um Gênio

Sinopse (imdb): Uma estudiosa solitária, viajando para Istambul, descobre um Djinn que lhe oferece três desejos em troca de sua liberdade.

Um filme dirigido por George Miller e estrelado por Tilda Swinton e Idris Elba sempre será motivo de interesse. Mas infelizmente o resultado final não ficou tão bom.

George Miller sempre será lembrado pelos quatro Mad Max, mas a gente tem que se lembrar que ele já passeou por outros estilos – desde o drama de Óleo de Lorenzo, passando pela fantasia em Bruxas de Eastwick e terror em No Limite da Realidade, até o infantil de Babe o Porquinho e Happy Feet o Pinguim. Inspirado no conto The Djinn in the Nightingale’s Eye, de A. S. Byatt, Era uma vez um Gênio (Three Thousand Years of Longing, no original), é até difícil de classificar num estilo. Existe a comédia romântica, né? Acho que este filme pode ser uma “fantasia romântica”.

Boa parte do filme se passa dentro do quarto de um hotel. Mas, diferente de The Outfit, que falei semana passada, onde toda a trama se passa no mesmo ambiente, aqui temos várias cenas em outros ambientes. Os personagens continuam no quarto do hotel, mas o gênio conta histórias, e cada história se passa em lugares diferentes. Temos uma grande riqueza de personagens, cenários e figurinos nessas histórias contadas. Essas histórias são muito boas, definitivamente é o melhor do filme.

Achei que a história perde força no terço final. Acontece uma mudança abrupta de comportamento entre os dois, nada justificou essa mudança. E quando eles saem do hotel o filme fica besta.

E teve uma coisa que me incomodou. A gente vê dois gênios no início do filme, e em nada eles se conectam à história. Pra que incluir esses gênios se eles não serão usado depois?

No elenco, Tilda Swinton e Idris Elba mandam bem como de costume e justificam o valor do ingresso. Além deles, vários nomes desconhecidos dentro das histórias contadas pelo gênio.

Triste dizer, mas Era uma vez um Gênio ficou devendo…

Mad Max: Estrada da Fúria

0-Mad MaxCrítica – Mad Max: Estrada da Fúria

E finalmente vamos falar do novo Mad Max!

Num mundo devastado pós apocalíptico, dois rebeldes podem restaurar a ordem: Max, um homem de poucas palavras, e Furiosa, uma mulher de ação que tenta voltar ao lugar onde passou a infância.

Rolava uma grande dúvida sobre este Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, no original): seria uma refilmagem, um reboot? Como este filme se encaixa na linha do tempo “madmaxiana”?

É um novo filme, com o mesmo personagem, Max Rockatansky, em uma nova história, independente dos outros filmes. Nunca se fala em linha temporal, meu chute é que este filme deve se passar entre o 2 e o 3 (me parece que a gasolina era algo mais escasso no terceiro filme). Mas isso pouco importa, temos um filme sem nenhuma ligação com os outros da franquia. Quem não viu (ou não se lembra) dos outros não precisa rever pra entender este novo filme.

Mais uma vez, a direção ficou com George Miller, que tem uma carreira curiosa: depois de dirigir os três primeiros Mad Max, dirigiu As Bruxas de Eastwick (87) e O Óleo de Lorenzo (92), e depois investiu na carreira de filmes infantis (Babe o Porquinho e os dois Happy Feet: O Pinguim. E agora, aos 70 anos de idade, volta aos filmes de ação com as alucinadas perseguições do novo Mad Max. Detalhe: a censura lá fora é “R”, Miller pulou dos filmes infantis para algo só para adultos.

A parte técnica é impressionante. Se as sequências de perseguições de carros já eram boas nos outros filmes, aqui estão ainda melhores. São várias sequências de tirar o fôlego, cada uma melhor que a outra. Pelo que li, George Miller gastou milhões destruindo dezenas de carros reais, em vez de optar pelo cgi. O espectador que for ao cinema atrás de boas perseguições e explosões não se decepcionará!

Outra característica importante na franquia é o visual. Os figurinos e maquiagens são ótimos, e os carros, motos e caminhões – quase todos modificados (tipo uma carroceria de fusca em cima de um caminhão tanque) – estão excelentes. Isso, aliado à uma fotografia bem cuidada, criam um visual impressionante e único.

O problema é que várias coisas no roteiro não fazem o menor sentido – a ponto de termos um guitarrista tocando parte da trilha sonora do filme acorrentado em cima de um dos caminhões! (Pra mim, este guitarrista que aparece várias vezes está lá apenas para nos lembrar que o filme não é para ser levado a sério…)

Isso tudo cria um clima meio trash que não sei se vai agradar a todos. A produção é de primeira, mas a motivação que guia os personagens não é. Isso porque não estou falando de alguns furos de roteiro – aquela passagem pelas pedras estaria limpa daquele jeito?

Sobre o elenco, precisamos falar de Charlize Theron, a verdadeira protagonista do filme. Sim, não é um filme do Mad Max, e sim da Imperator Furiosa (curioso o nome quando lido por latinos, não?). Mesmo sem cabelo, sem um dos braços e com a testa suja de graxa, Charlize é mais bonita do que a maioria das mulheres deste planeta. E não é só a beleza: Charlize hipnotiza o espectador com seus olhos azuis e toma conta do filme.

Max é interpretado por Tom Hardy, o Bane de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, que faz um bom trabalho substituindo Mel Gibson (todo mundo já sabe que Gibson não está nesse filme, né?). E, diferente dos outros filmes, agora temos alguns nomes conhecidos no elenco, como Nicholas Hoult e Zoe Kravitz (o Fera e a Angel de X-Men Primeira Classe) e Rosie Huntington-Whiteley (Transformers: O Lado Oculto da Lua). Ainda no elenco, Riley Keough, Abbey Lee, Courtney Eaton e Nathan Jones. Ah, para os fãs da franquia: o vilão Immortan Joe é interpretado por Hugh Keays-Byrne – o Toecutter do primeiro Mad Max.

Por fim, o 3D. Quem me conhece sabe que não sou fã de 3D, a não ser quando usa o “efeito parque de diversões”: coisas saem da tela na direção do espectador. E é o caso aqui! Ou seja, pela primeira vez no ano, o 3D vale a pena!

Mad Max 3 – Além da Cúpula do Trovão

Mad Max 3Crítica – Mad Max 3 – Além da Cúpula do Trovão

Num cenário ainda mais desolado do que no segundo filme, Max vai parar numa cidade depois de ser roubado.

Depois de um primeiro filme médio e de um segundo muito bom, chegamos ao terceiro – que é um desastre total!

Não sei exatamente de quem é a culpa. George Miller não dirigiu o filme inteiro, por causa da morte do amigo e produtor Byron Kennedy, que faleceu no meio da produção, num acidente de helicóptero enquanto procurava locações – o desconhecido George Ogilvie divide os créditos de diretor com Miller. Não sei se foi aí que o filme se perdeu. O fato é: tem tanta coisa errada que nem sei por onde começar.

Mad Max 3 – Além da Cúpula do Trovão (Mad Max Beyond Thunderdome, no original) até começa bem, apresentando uma cidade pós apocalíptica, Bartertown. Não sabemos exatamente o que Max foi fazer lá, nem sabemos exatamente quais os critérios da antagonista Auntie para escolhê-lo como representante na luta. Mas a luta na tal Cúpula do Trovão que dá o título ao filme até que é boa – talvez o único bom momento do filme… Porque logo depois, começa a ladeira abaixo com uma “roda da fortuna” que parece uma piada fora do contexto.

Se a primeira parte é legal (apesar de ser inferior ao primeiro filme), tudo piora – muito – quando Max sai de Bartertown e encontra a “Terra do Nunca pós apocalíptica”. A partir daí, o que já era ruim fica pior, e o filme vira um grande trash.

Não vou reclamar das cenas que copiam Caçadores da Arca Perdida (Max atirando num cara com espada) ou Guerra nas Estrelas (Max correndo por um corredor, pra voltar logo depois perseguido por dezenas de guardas; a história é contada na aldeia das crianças numa cena idêntica ao C3PO contando para os Ewoks). Ok, vamos chamar isso de homenagens. Mas algumas coisas são completamente equivocadas, como a música de aventura estilo Goonies numa cena tensa, ou uma linha de trem intacta enquanto todos os prédios estão no chão. E a parte final, quando Max resolve “abrir espaço” para o avião – toda aquela sequência não faz o menor sentido (vou falar disso num podcast daqui a alguns dias, prometo colocar o link aqui).

Tudo é tão desleixado que o ator Bruce Spence está de volta, com uma caracterização parecida com o Gyro Captain de Mad Max 2, mas com outro nome, Jedediah – afinal, era pra ser o mesmo personagem ou não?

Sobre os vilões, este terceiro filme mantém a “tradição” de vilões ruins que estão presentes em todos os Mad Max. A “Titia” de Tina Turner é ruim, mas o Master Blaster é bem pior – na minha humilde opinião, o pior vilão de toda a franquia. Como um cara que fala daquele jeito pode ser o mais inteligente???

O fim do filme é ridículo, mas quando cheguei lá, já tinha desistido. A sensação quando termina o filme é parecida com Highlander 2: uma boa franquia, estragada por um filme péssimo.

Mad Max 2: A Caçada Continua

Mad Max 2Crítica – Mad Max 2: A Caçada Continua

Vamos ao segundo?

No deserto pós-apocalíptico australiano, um cínico vagabundo concorda em ajudar uma pequena comunidade rica em gasolina a escapar de uma gangue de bandidos.

Dois anos depois, Mel Gibson e George Miller voltaram à franquia que lhes deu fama e reconhecimento. E desta vez, o resultado foi bem melhor.

Mad Max 2: A Caçada Continua (Mad Max 2, no original) é o filme que estabeleceu o futuro pós-apocalítico que está no imaginário da cultura pop: cenários desérticos, figurinos estilizados, carros rápidos e modificados. Tudo o que foi feito no cinema e na tv nos anos seguintes dentro da premissa “pós apocalipse” seguiu as regras introduzidas aqui.

Agora, sobre os carros, vem a minha grande implicância com o filme. Eles estão num ambiente onde a gasolina é algo raro, e as gangues ficam dando voltas de carro, só de farra – e o pior, aqueles muscle cars devem beber pra caramba! Uma gangue esperta usaria motinhos Honda Biz…

Relevando isso e alguns detalhes de roteiro (tipo, como aquela comunidade surgiu no meio do nada? De onde eles tiravam água e comida?), Mad Max 2: A Caçada Continua é um filme muito bom, bem melhor que o primeiro. A história é simples e enxuta, e as perseguições de carro são eletrizantes, em mais um excelente trabalho de dublês.

No elenco, mais uma vez, o único nome relevante é o de Mel Gibson. Também reconheci Bruce Spence, o sidekick que voa de helicóptero, que é um eterno coadjuvante, mas com papeis em várias franquas legais, como Matrix, Star Wars e O Senhor dos Aneis – e me lembro dele como o Zed de The Legend of the Seeker. Ah, e como acontece no primeiro filme, os vilões são péssimos. Não sei quem é mais caricato, o Humungus ou o Wez – aquele que, sei lá por que, fica com as nádegas de fora.

Mesmo assim, Mad Max 2: A Caçada Continua é um grande filme. E a franquia deveria ter parado aí. Amanhã explico por que…

Mad Max (1979)

Mad Max 1Crítica – Mad Max (1979)

Um policial australiano caça bandidos para vingar seu parceiro, sua esposa e seu filho.

Semana que vem estreia um novo Mad Max. Bom momento para rever a trilogia!

“Mad Max” virou um marco para “filmes pós apocalípticos”. Curiosamente, este primeiro filme, lançado em 1979, não é exatamente pós apocalíptico. Existe uma certa normalidade, vemos Max em casa com sua esposa e filho. Na verdade, este primeiro é um filme de vingança, não pós apocalíptico.

É o primeiro longa do diretor e roteirista George Miller, que também dirigiu as continuações em 81 e 85, e depois mudou o rumo da carreira (entre outras coisas, fez Babe, o Porquinho Atrapalhado e Happy Feet: o Pinguim). A boa notícia para os fãs da franquia é que ele também dirige o filme novo – ou seja, se é o mesmo cara, a franquia deve ser respeitada.

A produção é meio tosca, mas mesmo assim Mad Max traz ótimas cenas de perseguições de carros. Precisamos nos lembrar que era uma época sem cgi, tudo foi “real”. Um excelente trabalho de dublês!

Mel Gibson também era um nome desconhecido – ele nem aparece no trailer original. Mesmo assim, é o único nome a ser citado no elenco, o único nome do elenco que teve carreira relevante. Aliás, um comentário que serve para toda a franquia: os vilões são muito caricatos. Toecutter e Nightrider não metem medo em ninguém! Outra coisa: de quem foi a ideia de chamar o chefe de Max de “Fifi”?

Um comentário sobre a boa trilha sonora, assinada por um tal de Brian May. Seria o mesmo Brian May que é guitarrista do Queen? Não, é um homônimo. Mas deve ter muita gente confundindo, na página do imdb do cara a primeira informação da trivia é “não é o guitarrista do Queen”…

Li por aí que este primeiro Mad Max seria um dos filmes mais lucrativos da história – teria custado 400 mil dólares, e teria rendido 100 milhões. Não tenho os números exatos, mas é fato que teve uma produção barata e foi um grande sucesso – tanto que gerou continuações e marcou uma época.

 

No Limite da Realidade

No Limite da Realidade

Nos anos 80, foi feito este longa metragem baseado no cultuado seriado Twiligth Zone (que aqui no Brasil se chamava Além da Imaginação).

A ideia do filme era boa: quatro histórias curtas (e mais um prólogo), dirigidas por quatro diferentes diretores ligados ao tema fantástico: John Landis, Joe Dante, George Miller e um tal de Steven Spielberg, no seu projeto logo depois do mega sucesso E.T..

O prólogo é bobinho e divertido, com duas pessoas num carro à noite. Depois acompanhamos um cara enfrentando os seus preconceitos. Depois, uma história besta num asilo de velhinhos, e ainda um garoto com poder de fazer o que quiser. Por fim, a melhor história, a do medroso no avião.

Se o nome Spielberg hoje em dia é um dos mais importantes em Hollywood, o mesmo não pode se falar dos outros três, infelizmente. Miller, depois de ter dirigido os três Mad Max e As Bruxas de Eastwick, fez Babe, o Porquinho, e deve ter gostado de filmes infantis, já que fez recentemente Happy Feet e atualmente trabalha na sua continuação. Dante, nos anos 80, fez um monte de filmes legais, como os dois Gremlins, Um Grito de HorrorViagem Insólita, mas ultimamente só te feito coisas para a tv. E o mesmo aconteceu com Landis, que, pelo menos na minha opinião parecia ter um futuro mais promissor, afinal, o cara fazia bem tanto comédias (Clube dos Cafajestes, Trocando as Bolas, Três Amigos) quanto filmes de terror (Um Lobisomem Americano em Londres, Inocente Mordida); e, de quebra, o cara ainda fazia musicais (ele não só fez Os Irmãos Cara de Pau como ainda dirigiu dois dos mais famosos videoclipes do Michael Jackson, ThrillerBlack or White).

E o mais incrível é que o episódio mais sem graça é o do asilo, o que foi dirigido pelo Spielberg…

O elenco tem alguns nomes legais, como Vic Morrow, Scatman Crothers, Kathleen Quinlan, Dan Aykroyd e Albert Brooks, mas quem se destaca é John Lithgow, como o passageiro alucinado do último episódio.

Pena que, revendo o filme hoje em dia, o resultado não ficou lá grandes coisas. Ficamos com a impressão que o projeto tinha potencial para ir bem mais longe!

Ah, sim, uma dica interessante: não existe dvd nacional deste filme. Mas o dvd gringo traz legendas em português!