Além da Liberdade / The Lady

Crítica – Além da Liberdade / The Lady

Biografia de Aung San Suu Kyi, que apesar de ter se mudado para a Inglaterra e ter se casado com um inglês, foi uma das personagens mais importantes na democratização da sua Birmânia (hoje Myanmar) natal.

Além da Liberdade é um daqueles dramas épicos sobre grandes personagens, como Ghandi ou Gritos do Silêncio. O filme funciona muito bem. Só não entendi a escolha do diretor. Por que Luc Besson?

Sou fã de Besson desde os anos 80, desde a época de Subway e Imensidão Azul. Foi ele quem mostrou ao mundo que bons filmes de ação podem ser feitos fora de Hollywood, quando dirigiu Nikita (1990) e depois O Profissional (94). Isso sem contar com a ótima ficção científica O Quinto Elemento, de 97. Desde Joana D’Arc (99), Besson deixou a carreira de diretor em segundo plano – em dez anos, só dirigiu Angel-A e a série infantil Arthur e os Minimoys. Por outro lado, roteirizou e produziu muitos filmes de ação (Busca Implacável, os dois B13, Dupla Implacável, Cão de Briga, Revólver, as séries Carga Explosiva, Taxi, etc). Em 2010, Besson voltou à direção de um filme de ação, a divertida aventura As Múmias do Faraó. E agora, este Além da Liberdade.

Veja bem, Além da Liberdade não é ruim, longe disso. O problema é que heu esperava algo diferente do diretor. Sinto falta daquele Luc Besson das antigas. No cinema “pop”, Besson é um grande nome; em dramas históricos, Besson é apenas mais um…

Pelo menos ele não fez feio. Besson deixou de lado a sua vocação pop e fez um drama-épico-com-cara-de-Oscar. Não conhecia a história de Aung San Suu Kyi, seu caso foi pouco comentado na mídia ocidental. Ponto para o diretor francês, que chama a atenção para o problema.

O grande nome aqui é Michelle Yeoh, outra que tem vários filmes pop no currículo (007 – O Amanhã Nunca Morre, O Tigre e o Dração, A Múmia – Tumba do Imperador Dragão). Não só Michelle tem uma interpretação digna de premiações (será que este filme vai pegar o Oscar do ano que vem?), como ela é fisicamente parecida com Suu Kyi. Vejam aqui no google! David Thewlis, o Remus Lupin da série Harry Potter, também está excelente.

Li pela internet críticas ao roteiro que dá pouca importância a algumas passagens da vida de Suu Kyi, como por exemplo o pouco espaço na trama dado aos vários anos de sua prisão domiciliar. Discordo. Gostei da opção do roteiro de manter o foco na vida familiar de Suu Kyi em vez de falar mais de política. As difíceis escolhas na vida de Suu Kyi foram sofridas, mas ela conseguiu resultados. E ainda ganhou um Nobel da paz de quebra.

O filme tem ótimos momentos. Gostei muito de Suu Kyi ouvindo o discurso de seu filho pelo rádio, depois tocando no piano a mesma música que era tocada a quilômetros de distância. Belíssima cena!

Além da Liberdade foi filmado parte na Tailândia, parte na própria Birmânia, mesmo sem ter uma autorização oficial. Besson usou uma câmera portátil e se fingiu de turista para driblar o rígido regime local e conseguir imagens do país “certo”.

Espero que Luc Besson ganhe muitos prêmios com o belo trabalho feito em Além da Liberdade. E depois, espero que ele volte ao universo pop! 😉

Artur e a Vingança de Maltazard

Artur e a Vingança de Maltazard

Cinco anos atrás, Luc Besson largou uma “aposentadoria” de seis anos e voltou à cadeira de diretor com o drama Angel-A e com um simpático filme infantil, Arthur e os Minimoys. Assim que soube que a continuação, Artur e a Vingança de Maltazard, também dirigida por Besson, estava à venda aqui no Brasil, corri pra comprar o dvd.

A continuação segue o formato do primeiro filme: parte é filme com atores, parte é animação. Neste novo filme, Artur está prestes a sair da casa de seus avós quando recebe um chamado de socorro escrito num grão de arroz, e precisa voltar para o pequeno mundo em dos minimoys.

Artur e a Vingança de Maltazard tem um grave defeito – não tem fim! Acaba com um “continua em Artur e a Guerra dos Dois Mundos“. Detalhe: isto não é avisado em nenhum lugar da capa do dvd. Sem ver o fim do filme, fica difícil saber se o filme é bom…

Pra piorar, o título do filme fala sobre a “vingança de Maltazard” (vilão do primeiro filme). Mas o Maltazard só aparece no fim do filme!

De positivo, podemos falar que a animação é deslumbrante. Besson mais uma vez caprichou com o visual – aliás, como ele costuma sempre fazer. Em algumas cenas dava pena de ser em dvd, a imagem pedia uma tela de cinema, como as cenas na cidade de Max.

O elenco deste filme não tem tantos nomes famosos como o anterior, mas ainda é um grande elenco. Freddie Highmore (A Fantástica Fábrica de Chocolates, As Crônicas de Spiderwick), um pouco mais velho, volta ao papel de Artur, tanto na parte “live action” quanto na animação. Mia Farrow é novamente a avó; Jimmy Fallon e Snoop Dogg voltam a emprestar suas vozes para Betameche e Max. Uma coisa me incomodou no primeiro filme: a princesa Selenia, par romântico do jovem Artur, tinha a voz da cinquentona Madonna; a voz agora é da popstar teen Selena Gomez, mais compatível com a idade de Freddie Highmore. A voz de Maltazard também mudou, era do David Bowie, agora é do Lou Reed. Robert De Niro, Harvey Keitel e Emilio Estevez não voltaram para a continuação; os cantores pop Fergie e Will i Am dublam novos personagens.

Vou procurar o terceiro filme pra poder julgar melhor. Porque esta segunda parte ficou devendo.

As Múmias do Faraó

As Múmias do Faraó

Oba! Filme novo do Luc Besson em cartaz nos cinemas brasileiros!

Paris, 1911. A jovem Adèle Blanc-Sec (Louise Bourgoin) é uma jornalista que vai até o Egito em busca da cura da doença de sua irmã, que pode estar na tumba secreta de um faraó. Ao retornar para casa, descobre que um pterodáctilo está aterrorizando a cidade.

As Múmias do Faraó é baseado nos quadrinhos do franco-belga Tardi. É uma divertida mistura de Indiana Jones com Tintin!

Aliás, essa semelhança com Indiana Jones não é muito boa para o filme como um todo. Toda a parte inicial no Egito é uma aventura bem no estilo do nosso arqueólogo favorito. E isso faz o que vem depois ser um pouco sem graça… O pterodátilo, apesar de muito bem feito, não é traz sequências tão divertidas quanto a primeira parte…

Os desavisados podem achar que o filme é a volta de Luc Besson à cadeira de diretor. Claro, afinal, depois de Joana D’Arc, de 1999, ele deu um tempo na direção e se dedicou a escrever e produzir um monte de filmes (como Taxi, Carga Explosiva e B13). Mas a sua volta aconteceu mesmo em 2005, com o intimista Angel-A. E ele ainda fez os filmes infantis Arthur e os Minimoys (2006 e 2009).

O certo aqui é falar que é a volta de Luc Besson ao posto de maior diretor de blockbusters fora dos EUA. As Múmias do Faraó é uma super-produção, bem ao estilo do que ele fazia nos bons tempos, como Nikita, O Profissional e O Quinto Elemento. Os efeitos especiais são excelentes! E as múmias são mostradas como nunca antes no cinema.

O humor às vezes é meio caricato, alguns personagens são meio bobos. Mas, ora, trata-se de uma adaptação de quadrinhos! E, no papel principal, uma nova estrela: Louise Bourgoin – rola até uma breve nudez! Quem lê o blog vai se lembrar, falei dela aqui no post sobre Buraco Negro, filme cabeça que passou no Festival do Rio.

Para finalizar, heu gostaria de fazer umas perguntas ao distribuidor brasileiro: por que só cópias dubladas? E por que o filme não entrou em cartaz na Zona Sul? E isso porque não estou falando do nome do filme – as múmias são uma parte importante da trama,mas só aparecem no fim. Por que não chamar de “As Extraordinárias Aventuras de Adèle Blanc-Sec”? Falta de respeito com o espectador…

O fim do filme traz um interessante gancho para uma continuação. Que venha logo!

Dupla Implacável / From Paris With Love

Dupla Implacável / From Paris With Love

James Reece (Jonathan Rhys Meyers) é o assistente do embaixador americano em Paris, mas gostaria de ter uma vida com mais ação. Até que é escalado para trabalhar ao lado do agente Charlie Wax (John Travolta), que precisa desvendar uma rede de terroristas, e utiliza métodos não usuais para conseguir seus objetivos.

Já falei aqui no blog que sou fã do John Travolta, né? Então, imagine um filme desses de ação, com muitos tiros e explosões – aqueles com a cara do Jason Statham – mas com Travolta no papel principal. John Travolta careca e de cavanhaque, num papel de “agente-bad-mother-f%$#cker”. Boa ideia, não?

A escolha de Travolta para o papel de Charlie Wax é o que transforma Dupla Implacável em um filme diferente dos outros. O filme em si não tem nada demais. Mas Wax não é um simples brutamontes boçal. Inteligente, irônico e sarcástico, Wax faz o filme valer a pena.

Travolta teve um bom início de carreira nos anos 70 e viveu altos e baixos nos anos 80. Até que, em 1994, Tarantino e seu Pulp Fiction alavancaram Travolta novamente ao topo do estrelato, de onde ele não merecia ter saído. De lá pra cá, foram vários os bons filmes no currículo, como O Nome do Jogo, A Outra Face, A Senha – Swordfish, A Filha do General, Hairspray e O Sequestro do Metrô 123. (Ah, sim, para os fãs de Tarantino, Dupla Implacável traz uma sutil e divertida citação a Pulp Fiction!)

O resto do elenco, que além de Meyers conta com Kasia Smutniak, Richard Durden e Amber Rose Revah, não ajuda nem atrapalha – é só o resto. O filme é de Travolta!

(Kelly Preston, a sra Travolta, aparece num cameo. É a loira de óculos escuros na torre Eiffell, que está atrás de Reece quando este liga para a namorada. O imdb falou de um cameo semelhante de Luc Besson, mas heu não achei…)

O filme foi dirigido por Pierre Morel, que dois anos atrás nos deu o bom Busca Implacável, com Liam Nesson no papel do “agente-bad-mother-f%$#cker”. Este foi seu terceiro filme, já baixei mas ainda não vi o primeiro, B13 – 13º Distrito.

Dupla Implacável foi escrito e produzido por Luc Besson. Acho curioso que Besson não dirige mais filmes de ação (seus dois últimos foram o drama fantástico Angel-A e o infantil Arthur e os Minimoys), mas continua em plena atividade no estilo como escritor e produtor, como nos três Carga Explosiva, na série Taxi e nos três filmes de Pierre Morel.

Preciso falar do nome do filme. Acredito que para os distribuidores brasileiros querem nos lembrar de Busca Implacável o filme anterior do mesmo diretor. Mas não gostei, a dupla não merece estes epíteto, afinal, Reece é um cara caretão, que é colocado ao lado de Wax, um cara fora dos padrões. A dupla funciona bem, mas é por causa de suas diferenças.

E tem o nome gringo – acho que quiseram traçar um paralelo com From Russia With Love, o nome original de Moscou Contra 007. Mas confesso que me lembrou mais o recente Paris Eu Te Amo

Os mais caretas vão reclamar que Dupla Implacável tem uma história exagerada demais, e muitos furos no roteiro. Bem, para estes, pergunto:onde mais podemos ver John Travolta descendo num poste de bombeiros, de cabeça para baixo, atirando com uma metralhadora? 😀

Dupla Implacável é um dos filmes de ação mais divertidos dos últimos tempos. Desde que não levemos tudo a sério, claro!

Angel-A

Angel-A

Inspirado pela recente visita de Rie Rasmussen ao Rio para o lançamento de Human Zoo, resolvi rever Angel-A, que vi no Festival do Rio de alguns anos atrás. O filme não passou nos cinemas daqui, mas o dvd já foi lançado – e o meu está autografado pela Rie!

André é um cara todo errado. Baixinho, feio, deficiente físico, deve dinheiro para todo mundo e só se mete em roubadas. Aí surge Angela, uma loira de 1,80m e corpo de modelo, que muda a sua vida.

O grande trunfo do filme é seu casal protagonista. Jamel Debbouze (que esteve em O Fabuloso Destino de Amelie Poulan) está ótimo como o looser André. E Rie (que também fez Femme Fatale), linda como sempre, arrasa em seu curtíssimo vestidinho preto. É um casal completamente improvável, e a química entre os dois está perfeita.

Angel-A foi dirigido por Luc Besson em 2005. Besson passou seis anos sem dirigir nenhum filme (desde Joana D’Arc, de 99). Não sei o que o fez ficar tanto tempo sem se sentar na cadeira de diretor, mas, como fã de filmes como Subway, Imensidão Azul, Nikita, O Profissional e O Quinto Elemento, espero que ele não pare de novo!

A fotografia do filme, toda em p&b, traz cenas belíssimas. E o astral do filme é ótimo. Besson abandonou o estilo “ação estilizada” que tem usado muito nos filmes que produz (como Taxi ou Carga Explosiva), e fez um filme de pouca ação, poucos efeitos especiais e uma reflexão sobre o bem e o mal, sobre como o ser humano pode ser melhor.

Não é para qualquer um, não é para qualquer hora. Mas, no clima certo, é um ótimo filme!