Mamute

Crítica – Mamute

Serge Pilardosse (Gérard Depardieu), apelidado de Mamute, ao se aposentar, descobre que precisa reunir comprovantes de trabalho passados. Ele sai com sua velha moto para procurar seus antigos empregadores, para conseguir os papeis que ainda faltam. Nesta viagem, Mamute acaba descobrindo coisas sobre ele mesmo.

Escrito e dirigido pela dupla Gustave de Kervern e Benoît Delépine, Mamute está sendo vendido como comédia, mas, sei lá, considero um drama com alguns momentos engraçados. Algumas cenas são realmente engraçadas, como aquela do restaurante onde o sujeito fala ao telefone. Mas outras trazem um humor de gosto duvidoso – a cena do reencontro com o primo é deprimente.

O que vale a pena aqui é Gérard Depardieu, grande, gordo, de cabelos compridos, realmente um grande ator, que carrega o filme nas costas e faz a gente sentir simpatia por um sujeito bobalhão.

Sobre o resto do elenco, preciso falar de dois nomes. Um é Isabelle Adjani, que faz uma fantasmagórica participação especial. Ela aparece pouco, continua lindíssima, com seus 55 anos. O outro nome é da esquisitinha Miss Ming – nunca tinha ouvido falar dela, o que me chamou a atenção foi uma cena onde ela fala algo como “meu nome é Solange Pilardosse, mas pode me chamar de Miss Ming” – imaginei o 007 se apresentando: “My name is Bond, James Bond – mas pode me chamar de Sean Connery também…”

Mas, talvez heu esteja acostumado com cinema hollywoodiano, porque fiquei esperando alguma reação mais enfática do Mamute contra todos que tanto fizeram mal a ele. Nada, o filme passa, e muito pouco acontece…

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Se você gostou de Mamute, Blog do Heu recomenda:
Estamos Bem Mesmo Sem Você
Copacabana
Verão Assassino

As Múmias do Faraó

As Múmias do Faraó

Oba! Filme novo do Luc Besson em cartaz nos cinemas brasileiros!

Paris, 1911. A jovem Adèle Blanc-Sec (Louise Bourgoin) é uma jornalista que vai até o Egito em busca da cura da doença de sua irmã, que pode estar na tumba secreta de um faraó. Ao retornar para casa, descobre que um pterodáctilo está aterrorizando a cidade.

As Múmias do Faraó é baseado nos quadrinhos do franco-belga Tardi. É uma divertida mistura de Indiana Jones com Tintin!

Aliás, essa semelhança com Indiana Jones não é muito boa para o filme como um todo. Toda a parte inicial no Egito é uma aventura bem no estilo do nosso arqueólogo favorito. E isso faz o que vem depois ser um pouco sem graça… O pterodátilo, apesar de muito bem feito, não é traz sequências tão divertidas quanto a primeira parte…

Os desavisados podem achar que o filme é a volta de Luc Besson à cadeira de diretor. Claro, afinal, depois de Joana D’Arc, de 1999, ele deu um tempo na direção e se dedicou a escrever e produzir um monte de filmes (como Taxi, Carga Explosiva e B13). Mas a sua volta aconteceu mesmo em 2005, com o intimista Angel-A. E ele ainda fez os filmes infantis Arthur e os Minimoys (2006 e 2009).

O certo aqui é falar que é a volta de Luc Besson ao posto de maior diretor de blockbusters fora dos EUA. As Múmias do Faraó é uma super-produção, bem ao estilo do que ele fazia nos bons tempos, como Nikita, O Profissional e O Quinto Elemento. Os efeitos especiais são excelentes! E as múmias são mostradas como nunca antes no cinema.

O humor às vezes é meio caricato, alguns personagens são meio bobos. Mas, ora, trata-se de uma adaptação de quadrinhos! E, no papel principal, uma nova estrela: Louise Bourgoin – rola até uma breve nudez! Quem lê o blog vai se lembrar, falei dela aqui no post sobre Buraco Negro, filme cabeça que passou no Festival do Rio.

Para finalizar, heu gostaria de fazer umas perguntas ao distribuidor brasileiro: por que só cópias dubladas? E por que o filme não entrou em cartaz na Zona Sul? E isso porque não estou falando do nome do filme – as múmias são uma parte importante da trama,mas só aparecem no fim. Por que não chamar de “As Extraordinárias Aventuras de Adèle Blanc-Sec”? Falta de respeito com o espectador…

O fim do filme traz um interessante gancho para uma continuação. Que venha logo!

Copacabana

Copacabana

Babou (Isabelle Huppert) passou a vida ignorando as convenções sociais. Sua filha Esmeralda se envergonha da mãe e não pretende convidá-la para seu casamento. Sem o amor da filha e sem emprego, Babou aceita um trabalho em outra cidade, vendendo apartamentos no litoral em pleno inverno.

Copacabana é daquelas comédias leves e agradáveis, que não têm a pretensão de ser grandes filmes, apenas querem divertir.

Isabelle Huppert está ótima como a maluquinha Babou. Aliás, arrisco a dizer que ela é a melhor coisa do filme. O resto do elenco está ok, Huppert é que faz a diferença.

Ah, sim, o Brasil só é mencionado porque Babou gosta de música brasileira e quer viajar para cá. Não aparece nada do Brasil no filme, só umas fotos em agência de viagem e um grupo brega de demonstração de samba em cassinos. E a palavra “Copacabana” só aparece no título do filme… 😛

Buraco Negro / Black Heaven / L’Autre Monde

Buraco Negro

Gaspard encontra um celular perdido. Seguindo o dono, acaba o encontrando morto em uma estranha cerimônia de suicídio. Ao lado dele está, desacordada, a bela e sedutora Audrey, que acaba atraindo Gaspard, levando-o a conhecer um jogo virtual chamado Black Hole, onde ela vive uma vida paralela.

O ritmo do filme dirigido por Gilles Marchand é lento. Mas acredito que foi proposital, para mostrar um certo marasmo que acontecia com a vida de Gaspard. Encontrar Audrey e o jogo virtual foi a grande virada na sua vida.

O clima do jogo virtual é bem interessante. O jogo Black Hole é a melhor coisa do filme. Tudo escuro, contrastando com as ensolaradas locações. Aliás, belas locações, tem uma pequena praia incrustada em rochedos tão linda que dá vontade de tirar férias e ir pra lá. E olha que não gosto de praia!

O elenco não traz nenhum nome conhecido por aqui, mas acho que a gente pode apostar em Louise Bourgoin, protagonista de Les aventures extraordinaires d’Adèle Blanc-Sec, próximo filme de Luc Besson.

Buraco Negro esteve no Festival de Cannes deste ano, e agora, no Festival do Rio.

O Pequeno Nicolau


O Pequeno Nicolau

Anos 50. Nicolau é um menino feliz. Amado pelos pais, tem um monte de amigos na escola. Até que alguns acontecimentos o levam a acreditar que seus pais lhe darão um irmãozinho, e que isso atrapalhará a sua vida.

Simpático filme francês em cartaz nos cinemas cariocas, O Pequeno Nicolau é baseado numa obra de 1959, do ilustrador Jean-Jacques Sempé e do escritor René Goscinny – sim, ele mesmo, co-criador do Asterix (ao lado de Albert Uderzo).

Não conheço o original. Mas o roteiro baseado nele, escrito por Laurent Tirard (também diretor), Grégoire Vigneron e Alain Chabat, é muito bom. É uma comédia leve, cheia de personagens bem construídos e cenas bem escritas, com várias sacadas bem legais. As peripécias do menino Nicolau e seus colegas da escola são muito divertidas!

O elenco é um dos trunfos do filme. Principamente o elenco infantil. São vários garotos, cada um com sua personalidade distinta, e todos estão muito bem.

Outra coisa que muito legal são os créditos iniciais do filme, imitando um livro infantil. Simples e bem feitos, como, aliás, o filme em si.

O Pequeno Nicolau não é um filme essencial, não vai mudar a vida de ninguém. Mas a sua leveza e sua simplicidade o tornam uma opção melhor do que boa parte dos filmes em cartaz.

O Segredo da Rua Ormes

O Segredo da Rua Ormes / 5150 Rue des Ormes / 5150 Elm Street

Uêba! Mais um filme francês ultra-violento!

Yannick, um jovem estudante de cinema, se acidenta de bicicleta, e vai procurar ajuda. No lugar errado, na hora errada…

Depois de Haute Tension, A L’Interieur e Martyrs, um filme como 5150 Rue des Ormes não é surpresa para ninguém. O diretor Éric Tessier traz mais um eficiente e tenso filme francês.

Este não tem tanto gore quanto os outros que citei no parágrafo anterior. Mesmo assim, a violência é grande. Yannick presencia o que não deveria, e então é mantido prisioneiro por uma das melhores famílias de desequilibrados da história do cinema!

Jacques Beaulieu, o pai da família, é um ótimo personagem. Completamente pirado, usa um código de ética distorcido, inventado por ele mesmo. E usa o xadrez como catalisador da sua insanidade.

O elenco é desconhecido por aqui. Nenhum nome se destaca, mas todos estão bem.

Boa opção pra quem gosta do estilo! Infelizmente, acho que só através de download – este tipo de filme nunca chega aqui, né?

23/09 Atualização – este filme está na programação do Festival do Rio!

Verão Assassino

Verão Assassino

Mais uma vez, a internet me ajudou a rever um filme que quase ninguém se lembrava que existia!

Em 1976, Elle, uma linda jovem de 19 anos, se muda para uma pequena cidade e, com seu jeito provocante, chama a atenção de todos. Pin-Pon (Alain Souchon), um bombeiro local, se apaixona por ela e eles acabam juntos. Mal sabe ele que ela tem outros planos para depois do casamento…

ViVerão Assassino (L’Été Meurtrier no original, ou One Deadly Summer em inglês) no Estação Botafogo, na segunda metade dos anos 80 (o filme é de 1983). Na época, não existia internet nem dvd, e os títulos em vhs eram poucos. Então, o Estação exibia muitas reprises. Foi assim que vi vários filmes da Isabelle Adjani, como este, Possessão e Nosferatu.

Visto hoje, em 2010, Verão Assassino me pareceu um pouco longo demais. Acostumado que estou com narrativas hollywoodianas, achei que o ritmo do filme poderia ser diferente, para o filme tomar um rumo mais com cara de suspense. Mesmo assim, o resultado é muito interessante. Aliás, vale ressaltar que não me lembro de outro filme com vários personagens se alternando na narração em off, como acontece aqui.

No elenco, só um nome chama a atenção: Isabelle Adjani, novinha, e linda, linda, linda. E desinibida, também, ela tira a roupa diversas vezes! (Ok, vendo com os olhos de hoje em dia, Adjani continua linda, mas… que corte de cabelo feio, hein?)

Adjani alcançou algo que poucas mulheres em Hollywood conseguiram: não só é muito bonita como também é uma excelente atriz. E aqui ela arrebenta. Sua personagem é complexa, multi-facetada, e Adjani a interpreta com maestria.

Verão Assassino nunca foi lançado em dvd por aqui. Como disse no primeiro parágrafo, que bom que hoje existe o download de filmes!

Micmacs à Tire-Larigot

Micmacs à Tire-Larigot

Uêba! Filme novo do Jean-Pierre Jeunet!

Depois de sofrer um acidente que quase lhe tirou a vida (uma bala perdida se alojou dentro de sua cabeça), Bazil (Dany Boon) é “adotado” por uma excêntrica família de mendigos. Juntos, eles planejam uma vingança contra dois fabricantes de armas, um deles responsável pela bala em sua cabeça, outro pela morte de seu pai.

Sou muito fã de dois filmes franceses meio bizarros dos anos 90: Delicatessen (91) e Ladrão de Sonhos (95). Ambos foram dirigidos pela dupla Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro, e ambos trazem personagens muito estranhos e um visual muito extravagante. Depois disso, Jeunet foi para Hollywood para fazer o quarto filme da franquia Alien; e, em seguida, ele realizou o seu mais famoso filme, O Fabuloso Destino de Amelie Poulan.

Amelie Poulan é muito bom, mas é muito mais “comportado”, se comparado aos primeiros filmes. Os fãs da “fase bizarra” se questionavam: “cadê o Jeunet das antigas?”

Alvíssaras! Micmacs se aproxima do estilo bizarro de seu início de carreira!

(Jeunet fez um filme entre Amelie Poulan e este Micmacs, chamado Eterno Amor. Esse não vi quando passou no cinema, mas já comprei o dvd. Falta só tempo pra assistir!)

O visual aqui é, claro, bizarro. A princípio, parece um filme de época, pelas cores meio amareladas e pelos “props” (acessórios de cena) com cara de vintage – mas o filme é contemporâneo, até o youtube é citado! E os personagens também são todos esquisitos. A troupe de mendigos é repleta de ótimos personagens: uma contorcionista, um homem-bala de canhão que esteve no Guiness, uma mulher que consegue calcular qualquer coisa só com o olhar, um inventor meio professor pardal…

No elenco, só reconheci um ator, Dominique Pinon. Coincidência ou não, Pinon esteve em TODOS os filmes de Jeunet, e também no “filme solo” de Caro, Dante 01. Além de Pinon, temos Dany Boon, André Dussollier, Nicolas Marié, Jean-Pierre Marielle, Yolande Moreau, Julie Ferrier, Omar Sy, Michel Crémadès e Marie-Julie Baup.

Micmacs não vai agradar a todos. Arrisco a dizer que vai agradar a poucos!Aliás, nem sei em que estilo ele se estaria numa locadora – acho que só cult serve. É um filme estranho, porém, leve e divertido. Heu gostei!

Infelizmente, não existe previsão de lançamento no Brasil, nem nos cinemas, nem em dvd… Viva o download!

B13 – 13º Distrito

B13 – 13º Distrito

Depois de ter visto, por acidente, a segunda parte antes da primeira, consegui ver desta vez o filme certo, B13 – 13º Distrito.

Num futuro próximo, Paris isolou os seus subúrbios mais violentos, cercando-os com altos muros. Dentro do 13º Distrito (um destes subúrbios cercados), o destino coloca lado a lado Damien (Cyril Raffaelli), um policial incorruptível, e Leito (David Belle), morador de lá que luta para ter uma boa vizinhança.

B13 – 13º Distrito é um excelente filme de ação. Como falei no post sobre B13-U: 13º Distrito Ultimato, a escolha dos dois atores principais foi muito boa. Cyril Raffaelli é especialista em artes marciais e David Belle é um dos criadores do parkour. Inicialmente antagonistas, depois lado a lado, os dois são carismáticos e protagonizam cenas de tirar o fôlego. E tudo isso em menos de uma hora e meia de projeção!

Detalhe: trata-se de um filme francês! Com roteiro e produção de Luc Besson, a estreia de Pierre Morel (Busca Implacável, Dupla Implacável) na direção é um daqueles casos que a França não deve nada a Hollywood. B13 – 13º Distrito é melhor que muito filme americano!

Lançado em 2004, ainda hoje é uma boa opção para os fãs do gênero.

(p.s.: O início do segundo filme é o fim deste. Bem que reparei que algo estava mal explicado…)

B13-U: 13º Distrito Ultimato

B13-U: 13º Distrito Ultimato

Empolgado com Dupla Implacável, resolvi baixar o primeiro filme do diretor Pierre Morel, 13º Distrito. Mas acho que fiz uma pesquisa mal feita nos torrents – baixei a segunda parte, B13-U: 13º Distrito Ultimato. E o pior é que só reparei nos créditos finais…

A trama é simples: o policial Damien e o marginal gente boa Leito se reencontram para tentar trazer a paz ao 13º Distrito, que está dividido por cinco gangues de diferentes etnias.

Mesmo tendo visto a segunda parte sem ter visto a primeira, deu pra sacar que B13-U: 13º Distrito Ultimato é muito bom. O roteiro e a produção continuam nas mãos de Luc Besson, como na primeira parte. Mas a direção aqui não é de Morel, é de Patrick Alessandrin.

Boa parte da graça do filme está na dupla de atores principais. Cyril Raffaelli (Damien) é especialista em artes marciais; David Belle (Leito) é um dos criadores do parkour. Ou seja, temos boa qualidade na ação, tanto nas cenas de pancadaria quanto nas criativas cenas de parkour.

Claro, às vezes as situações parecem forçadas, como era de se esperar – por exemplo, um homem sozinho, desarmado, dentro de uma delegacia, não conseguiria bater em tantos policiais. Mesmo assim, achei tudo na dose exata. Várias cenas são de perder o fôlego, dávontade de voltar o filme para ver de novo. E o ritmo do filme é todo assim, frenético. Muito bom para aqueles quesabem apreciar um bom filme de ação.

Agora, já baixei o filme certo. Em breve falarei dele aqui!