Screamboat

Crítica – Screamboat

Sinopse (imdb): Um passeio noturno de barco se transforma em uma luta desesperada pela sobrevivência em Nova York quando um rato se torna uma realidade monstruosa.

Confesso que a expectativa pra um novo “terror do Mickey Mouse” era a menor possível. Mas não é que Screamboat não é tão ruim assim?

Bem, vamos com calma, o filme é ruim, muito ruim. Mas, comparado com os semelhantes, Ursinho Puf, Alice, Popeye, e, principalmente, The Mouse Trap – o outro terror do Mickey – Screamboat é menos ruim.

O que mais me incomodou em The Mouse Trap é que era um slasher tosco e vagabundo que não tinha nada a ver com o Mickey. O cara colocava uma máscara e ganhava poderes de teletransporte – quando teve uma história do Mickey com teletransporte?

Screamboat é um slasher tosco e vagabundo, mas que tem várias referências ao Mickey e ao universo Disney, tipo, o rato se chama Willie e vivia num barco a vapor – ele era o “steamboat Willie”. Seu dono era Walter, mas o chamavam de Walt. Além disso tem referências em personagens, tipo um grupo de mulheres vestidas como as princesas; e referências em alguns diálogos, como alguém que fala “it’s a small world”. (No banheiro tem uma frase que faz um trocadilho entre “ferry” e “fairy” e fala “ferry tale”, achei uma boa sacada.)

A direção aqui é de Steven Lamorte, que fez algo parecido em seu filme anterior, O Malvado Horror no Natal (o filme de terror do Grinch), que era um slasher tosco e vagabundo, mas que trazia referências às histórias do Grinch. Isso deveria ser algo básico nesses filmes do Poohniverse e afins, mas a galera que faz esses filmes não se preocupa nem com o básico!

Outro ponto positivo de Screamboat é o ator David Howard Thornton, mais conhecido por fazer o palhaço Art nos filmes Terrifier. Thornton interpreta o personagem principal, o rato Willie. Ok, reconheço que o Willie é quase igual ao Art: é um personagem que não fala, interage muito pouco com o resto do elenco, e fica fazendo caras e bocas o tempo todo. É um personagem reciclado, mas funciona dentro da proposta.

Agora, apesar desses elogios, a gente precisa reconhecer que Screamboat é bem fraco. Todas as atuações são péééssimas, e o roteiro é cheio de coisas sem sentido – tipo um personagem cair na água e, vários minutos depois, ainda estar ao lado do barco. E isso porque nem vou falar da cena onde um rato de menos de 50 centímetros de altura pega uma mangueira e molha algumas dezenas de pessoas, e ninguém vai até o rato pra tentar impedir.

Os efeitos de maquiagem são ok. Algumas mortes são criativas, e admito que ri na “cena de sexo”. Agora, os efeitos para o Willie ser pequeno às vezes lembram programas infantis antigos como Castelo Rá Tim Bum e Sítio do Pica Pau Amarelo. Não é uma boa referência…

Teve um outro problema. A sessão de imprensa ia acontecer num cinema, mas houve uma falha técnica e a sessão teve que ser cancelada. A assessoria então nos enviou um link para uma cabine online, uma boa solução. Mas, parte do filme é muito escura, e ver um filme muito escuro na tela do computador nem sempre é tarefa fácil. Resultado: algumas cenas nem consegui ver direito o que estava acontecendo.

Enfim, Screamboat não é bom. Mas, num mar de lixo como Mouse Trap e Ursinho Pooh Sangue e Mel, o resultado é bem mais positivo.

Becoming Led Zeppelin

Crítica – Becoming Led Zeppelin

Sinopse (imdb): As origens do grupo icônico Led Zeppelin e sua ascensão meteórica em apenas um ano contra todas as probabilidades.

Antes de tudo, preciso falar que não sou muito fã de documentários. Pra mim, um documentário só serve se heu me interesso sobre o assunto que está sendo documentado. Ou seja, quem vê é porque normalmente já nutre alguma simpatia pelo assunto.

Curto rock’n’roll dos anos 70, claro que curto Led Zeppelin. Então fui ver o documentário que fala sobre a formação da banda e vai até a gravação do segundo Lp. Mas, achei alguns problemas no filme. Problemas de direcionamento do roteiro, e também problemas técnicos.

Mas antes, queria falar um pouco sobre a minha relação com o Led Zeppelin. Como falei, curto muito rock’n’roll dos anos 70, então claro que curto a “santíssima trindade do rock”: Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple – três bandas inglesas que surgiram no fim dos anos 60 e que lançaram alguns discos fundamentais em toda a discoteca básica de fãs de rock.

Dito isso, preciso confessar que gosto muito mais de Deep Purple do que das outras duas. Principalmente por um nome: Jon Lord. No Led, era o baixista John Paul Jones quem tocava teclado; no Sabbath, quando tinha teclado, ficava escondido*. Já no Purple, o teclado tinha protagonismo. Jon Lord era um excelente tecladista, e o que ele fazia com o órgão Hammond era sensacional. Também sou fã do Keith Emerson e do Rick Wakeman, e conheço pessoas que não curtem o estilo dos dois. Mas nunca conheci quem não gostasse do Jon Lord.

*(Em 1992, vi a montagem do palco do Black Sabbath no Canecão. Vi quando montaram um teclado e colocaram uma cortina preta na frente, pra “esconder” o tecladista. Lamentável…)

Enfim, sou mais fã do Purple, mas também gosto muito do Led. Inclusive posso dizer que vi metade da banda, fui ao Hollywood Rock em 1996 pra ver o sensacional show do Robert Plant e Jimmy Page. Foi uma noite inesquecível: Black Crowes, depois “quase Led Zeppelin”.

Vamos ao filme? Vemos entrevistas recentes com os três membros vivos da banda (John Bonham morreu em 1980). Não sei há quanto tempo as entrevistas foram feitas, hoje Robert Plant tem 76 anos, John Paul Jones tem 79, Jimmy Page tem 81. O documentário traz a voz do John Bonham em uma entrevista que, segundo o que disseram, era inédita, e isso traz um bom equilíbrio aos depoimentos. Os quatro contam como começaram na música, e também comentam sobre algumas coisas bem legais que heu não sabia, tipo, Page e Jones eram músicos de estúdio e tocaram com um monte de gente, inclusive estiveram juntos na orquestra que gravou o famoso tema de Goldfinger, do 007.

Segundo o filme, Plant e Bonham se conheciam por um lado, e Page e Jones por outro, e se encontraram pela primeira vez já para levar um som e começaram a banda direto. Não digo que isso é mentira, mas achei impressionante já rolar química logo de cara, a ponto de criarem uma das mais importantes bandas da história do rock. Se isso for verdade, é bem legal!

Acompanhamos depoimentos e imagens de arquivo falando sobre shows, turnês e gravações dos dois primeiros discos. Algumas das imagens de arquivo são curiosas, como aquela onde eles fazem um show e algumas pessoas na plateia tapam os ouvidos.

Agora, achei que faltou abordarem alguns temas. O Led Zeppelin é famoso por exageros, e não vemos nada sobre consumo de álcool ou drogas. Digo mais, segundo o filme, todos eram pessoas caseiras e com comportamento família. Outra coisa que podia engrandecer o filme era trazer depoimentos de outras pessoas, como músicos de outras bandas – tanto galera da mesma época, que viveu aquele momento; quanto músicos mais novos, que foram influenciados.

Agora, o que mais me incomodou foram algumas decisões técnicas da edição. Vou citar alguns exemplos. Determinado momento, Robert Plant fala que estava sem casa, sem dinheiro, entrou pra uma banda, mas deixa essa história no ar, não conclui. Em outro momento, rola um show em Los Angeles, e as pessoas dançando não combinam nada com a música que está sendo tocada. Ou então quando o filme fala da viagem do Jimmy Page para os EUA, vemos dois produtores, ambos aparecem falando, mas não ouvimos suas vozes, isso confunde o espectador, ficou esquisito. Fora alguns momentos de tela preta que foram um pouco mais longos do que deveriam ser.

Tem outra coisa, mas não sei se é exatamente um problema. Algumas músicas estão completas, em imagens da época. Legal, mas não são músicas famosas e empolgantes, como Black Dog, Stairway to Heaven ou Kashmir (todas essas vieram depois do período retratado no filme). A gente vê longas versões de Dazed and Confused e What is and What Should Never Be. Os fãs radicais devem ter curtido, mas, para o público geral, ficou cansativo.

Resumindo: a banda é nota 10. Já o documentário, esse ficou devendo.

Operação Vingança

Crítica – Operação Vingança

Sinopse (imdb): Quando seus supervisores na CIA se recusam a tomar providências depois que sua esposa é assassinada em um ataque terrorista em Londres, um decodificador decide resolver o problema com as próprias mãos.

Alguns filmes são bons e disputam espaço em listas de melhores do ano, como o recente Pecadores. Outros são ruins e disputam espaço em listas de piores, como o igualmente recente Nas Terras Perdidas. Já outros estão aí só pra “cumprir tabela”. Operação Vingança é um desses. Um filme ok, mas esquecível.

Dirigido pelo pouco conhecido James Hawes, que tem um currículo razoável na TV mas pouca coisa para cinema, Operação Vingança (The Amateur, no original) é baseado no livro “The Amateur”, de Robert Littell, que já tinha virado filme em 1981, estrelado por John Savage e Christopher Plummer. Ou seja, o péssimo nome “Operação Vingança” não é novidade.

Conhecemos Charles Heller, que trabalha nos computadores da CIA. Perfil de nerd que sofre bullying no formato de trabalhar de graça pros colegas. Quando sua esposa morre, vítima de um ataque terrorista, ele chantageia seus chefes para ganhar treinamento para fazer vingança com as próprias mãos.

O melhor de Operação Vingança é que o protagonista Charles Heller não tem o perfil de agente de campo, e não consegue aprender isso no seu rápido treinamento. Ele vai atrás dos vilões, mas continua sendo um “nerd de computador”. E pra piorar, a CIA começa a persegui-lo. Ou seja, ele está atrás de perigosos terroristas enquanto precisa fugir da CIA.

Claro que precisamos de muita suspensão de descrença, porque algumas coisas feitas por Heller são bem difíceis de se aceitar. Mas, faz parte do pacote “filme de espionagem”.

O problema é que Operação Vingança é “correto”, mas em nenhum momento chega a empolgar. Na verdade, parece um produto de streaming, aquele tipo de filme que serve pra entreter por duas horas, e que na semana seguinte você nem se lembra mais.

No elenco, ouvi críticas à atuação de Rami Malek, mas confesso que achei ele bom pro papel (sei que ele fez Mr Robot, mas nunca vi). Rachel Brosnahan, a nova Lois Lane, morre logo no início do filme, mas continua aparecendo por causa de uma boa sacada de roteiro. Também no elenco, Laurence Fishburne, Jon Bernthal, Holt McCallany, Julianne Nicholson e Caitríona Balfe.

Operação Vingança não vai mudar a vida de ninguém, mas pelo menos não vai deixar nenhum espectador com raiva de ter perdido tempo.

Pecadores

Crítica – Pecadores

Sinopse (imdb): Dispostos a deixar suas vidas conturbadas para trás, irmãos gêmeos retornam à cidade natal para recomeçar suas vidas do zero, quando descobrem que um mal ainda maior está à espera deles para recebê-los de volta.

Heu ia falar sobre Pecadores antes de Nas Terras Perdidas. Mas tenho tanta coisa pra falar de Pecadores que preferi atrasar o texto pra poder falar com mais calma.

Vi Pecadores ao lado do meu amigo André Gordirro. Ao fim da sessão, ele fez um comentário que faço questão de repetir aqui: “a gente, como crítico de cinema, vê tanta porcaria, é muito bom quando finalmente vemos um filmão como este”.

Pecadores é um filmão. Daqueles que dá vontade de rever assim que acaba a sessão.

Escrito e dirigido por Ryan Coogler (Pantera Negra, Creed), Pecadores (Sinners, no original) estava na minha lista de expectativas para 2025. Mas posso tranquilamente dizer que superou as expectativas. É daquele tipo de filme onde tudo está no lugar. A história é boa, o elenco está ótimo, a ambientação de época é perfeita, os efeitos especiais são excelentes, e a trilha sonora… A trilha sonora me pegou como há muito tempo uma trilha não me pegava.

Mas, antes de entrar no filme, preciso falar sobre spoilers. Tem uma coisa que acontece bem no meio do filme que muda completamente o rumo da narrativa. E tem muita gente comentando o que acontece, afinal isso aparece no segundo trailer (não aparece no primeiro). Mas… Acredito que o melhor seja ver o filme sem saber, então não vou comentar aqui! Este é um texto spoiler free!

Vamulá. Pecadores começa com um rápido prólogo, e a história volta para o dia anterior. Anos 30, conhecemos os gêmeos Fumaça e Fuligem, que trabalharam em Chicago com Al Capone e agora querem abrir um clube de blues só para negros. Esta primeira metade do filme é mais lenta, pra conhecermos os vários personagens e a relação entre eles, e o roteiro de Coogler é muito bem estruturado neste aspecto. Quando o filme muda de rumo na segunda metade, sabemos quem são aquelas pessoas, temos motivo para nos importarmos por elas!

Preciso falar da trilha sonora. Há muito tempo uma trilha de um filme “não musical” não me impactava assim. Adorei a trilha composta por Ludwig Göransson – se fosse anos atrás, ia correr atrás do disco pra minha coleção. Göransson consegue cria um clima perfeito de tensão usando o violão do blues. Göransson já tem dois Oscars (Pantera Negra e Oppenheimer), não será surpresa se for indicado de novo.

Heu diria que a trilha sonora aqui é tão importante quanto em um filme musical. A última vez que vi algo parecido foi em Baby Driver, que tinha cenas editadas coreografando com a música da trilha, como o tiroteio no ritmo de Hocus Pocus do Focus, ou o sensacional plano sequência inicial ao som de Harlem Shuffle. A diferença é que em Baby Driver eram músicas pop, e aqui Pecadores é uma trilha original (pelo menos heu não conhecia nenhuma das músicas). Mas a trilha é quase um “personagem” do filme. Quase tudo é blues, mas abre um pequeno espaço pra outros estilos, como uma boa cena usando música irlandesa.

Ainda nesse tema, tem uma cena sensacional no meio do filme, uma cena que vai dividir opiniões porque é bem fora da caixinha, mas que se você entrar na onda, vai curtir. Tem uma frase no filme que fala que a música pode invocar espíritos do passado e do futuro, e que pode romper o limite entre a vida e a morte. Então vemos um plano sequência que começa com o personagem Sammie cantando e tocando violão, e a música cresce e toma rumos inesperados, e a câmera começa a passear por caminhos igualmente inesperados. É daquelas sequências pra aplaudir de pé!

E, já que falei do som, tem alguns detalhes geniais que merecem uma ida ao cinema. Vou citar dois exemplos. Um acontece quando uma personagem está mexendo com feitiços e sua voz aparece mais encorpada. É só ela falando, mas a gente sente que ela não está sozinha. Outra é quando ouvimos um personagem contando uma história, e que numa narrativa convencional, a gente veria um flashback. Só que aqui a gente não vê nada – mas ouve tudo!

Os efeitos especiais são muito bons. Já é o quarto filme que vi em poucas semanas onde um ator interpreta dois papéis (os outros são Mickey 17, O Macaco e Alto Knights). Pecadores não tem muitas cenas com os dois personagens interagindo (neste aspecto, Mickey 17 é mais impressionante), mas todas as cenas onde vemos Fumaça e Fuligem juntos são perfeitas. E, quando o filme se assume terror, temos bons efeitos de maquiagem. Não sei o que é efeito prático e o que é digital, mas acho que isso pode ser positivo…

Até agora só falei da parte técnica. Mas Pecadores também tem seu lado político. O diretor sabe abordar o tema do racismo de maneira que fica natural e não panfletária. O modo como ele apresenta as questões raciais não tem nada da lacração que vemos de vez em quando por aí.

No elenco, Michael B Jordan (protagonista de todos os filmes do diretor) está ótimo. Os dois irmãos são muito parecidos fisicamente (em O Macaco os irmãos usam cortes de cabelo diferentes), mas têm personalidades bem distintas. E gostei muito do estreante Miles Caton. Segundo os créditos, ele realmente toca e canta. Também no elenco, Hailee Steinfeld, Delroy Lindo e Jack O’Connell, e uma ponta do músico veterano do blues Buddy Guy.

Pecadores tem cenas pós créditos. Mas não é o mesmo padrão de sempre. Logo no início dos créditos, volta o filme para uma sequência enooorme – heu diria que nunca vi uma cena pós créditos tão longa! É um epílogo, podia facilmente fazer parte do filme. E, lá no finzinho de tudo, aí sim, uma cena pós créditos com cara de pós créditos.

Por fim, uma coisa que heu não entendi o motivo. Parte de Pecadores foi filmado em Imax, então algumas cenas têm o formato de tela diferente, e o filme fica mudando entre os dois formatos. Deve ter algum motivo pra essas mudanças, mas não sei qual foi.

Nas Terras Perdidas

Crítica – Nas Terras Perdidas

Sinopse (imdb): Uma feiticeira viaja para as Terras Perdidas em busca de um poder mágico que permite que uma pessoa se transforme em um lobisomem.

Algumas pessoas encontram um nicho e seguem nessa zona de conforto. Sempre lembro do Adam Sandler, que junta uns amigos, viaja, se diverte, filma um fiapo de história, e vende isso como o seu novo filme. São filmes bem ruins, mas, ora, se tem gente comprando, ele está certo de continuar fazendo.

Paul W.S. Anderson também encontrou um nicho: filmes fantásticos com roteiro fraco e cara de videogame, sempre estrelados por sua esposa Milla Jovovich. Foi assim com Resident Evil, foi assim com Monster Hunter. Por que Nas Terras Perdidas ia ser diferente?

Nas Terras Perdidas (In The Lost Lands, no original), tem uma diferença, que poderia ser algo relevante: é adaptação de um conto de George R R Martin. Não li o conto, mas, pelo roteiro, realmente parece videogame.

Num mundo pós apocalíptico, conhecemos uma bruxa que contrata um mercenário pra encontrar o covil de um lobisomem, para atender os desejos de uma rainha. E o filme segue essa jornada, em etapas que parecem justamente fases de um jogo.

(Aliás, algumas das fases não fazem muito sentido, tipo aquela onde ela encontra seres que parecem uma versão zumbi do Groot.)

Nas Terras Perdidas não chega a ser exatamente ruim. Na verdade, encontrei exatamente o que estava esperando: uma trama rasa em um ambiente fantástico, com efeitos especiais de segunda linha, e um roteiro bem fraco.

Assim como em Monster Hunter, o roteiro é o pior do filme. Parece que ninguém releu e revisou, algumas soluções são bem toscas. Heu poderia listar várias inconsistências, mas ia ser um texto meio chato. Mas só vou dizer uma coisa que chegou a me incomodar. Eles demoram alguns dias para chegarem no destino, e isso porque cortam caminho. Aí depois ela consegue voltar no mesmo dia. Ué, são caminhos diferentes?

(Depois da sessão, comentei isso com um amigo, que fez a piada “é que na ida eles foram tirando fotos e postando no Instagram, não fizeram isso na volta”.)

O visual lembra Mad Max, mas cheio de câmera lenta e imagens estilosas – parecia que Paul W.S. Anderson queria emular o estilo do Zack Snyder. Não vou reclamar dos efeitos especiais. Não são muito bons, mas servem pro estilo proposto pelo diretor. Falo o mesmo sobre as atuações de Milla Jovovich e Dave Bautista. O problema aqui é roteiro!

Agora é aguardar a bilheteria, pra saber se o casal Anderson & Jovovich vai fazer uma continuação, ou se vão adaptar outro videogame. Ainda não sabemos. Só sabemos como o resultado vai ficar.

p.s.: A personagem da Milla Jovovich em Resident Evil é Alice. Aqui é Gray Alys. Ninguém reparou que soa igual?

Drop: Ameaça Anônima

Crítica – Drop: Ameaça Anônima 14/4

Sinopse (imdb): Uma mãe viúva em seu primeiro encontro em anos, seu par é mais charmoso e bonito do que ela esperava. Mas a química deles começa a estragar quando Violet começa a ficar aterrorizada por uma série de mensagens anônimas em seu telefone.

Alguns diretores sempre que fazem um filme novo a gente logo quer ver, grandes nomes como Spielberg, Scorsese, Tarantino, etc. Outros ainda não são do primeiro time, mas mesmo assim fico de olho, porque já realizaram algumas obras que fogem do óbvio. Christopher Landon é um desses nomes.

No início da carreira, Christopher Landon estava ligado aos filmes Atividade Paranormal – franquia pela qual não nutro nenhuma simpatia. Ele roteirizou cinco e dirigiu um dos filmes. Aí ele largou o estilo e em 2015 lançou Como Sobreviver a um Ataque Zumbi, comédia meio boba mas que trazia algumas ideias fora do óbvio. Em 2017, dirigiu A Morte te Dá Parabéns, uma mistura de Pânico com Feitiço no Tempo, outra ideia que não era revolucionária mas teve um resultado bem divertido. Dois anos depois, escreveu e dirigiu A Morte te Dá Parabéns 2, que, diferente da maioria das continuações, não é apenas uma cópia do primeiro filme, e segue um caminho bem diferente. E em 2020, escreveu e dirigiu Freaky, uma versão slasher de Sexta Feira Muito Louca / Freaky Friday. Não são filmes que o elevam ao nível de grandes diretores, mas, poxa, quero ver sempre quando esse cara fizer algo novo!

(Vi agora no imdb que em 2023 ele escreveu e dirigiu Fantasma e Cia, com David Harbour e Anthony Mackie. Aparentemente é filme da Netflix. Confesso que nunca tinha ouvido falar desse filme!)

Drop: Ameaça Anônima (Drop, no original) é o novo longa dirigido por Landon. E podemos dizer que ele mantém sua média: não é um grande filme, mas tem várias boas sacadas.

Drop parte do princípio de que todos têm um certo aplicativo de celular que recebe mensagens de qualquer um que esteja próximo, mesmo que um não tenha o contato do outro. Nem sei se existe este tipo de app, mas no filme isso é algo comum e todos usam. Ok, sem problemas, afinal vivemos tempos de Black Mirror com novidades tecnológicas no dia a dia dos personagens.

A protagonista Violet começa a receber mensagens anônimas a ameaçando e também o seu filho, que está em casa, e o filme entra numa espécie de whodunit. Se o app precisa de proximidade, precisa ser alguém que está no mesmo restaurante. Quem em volta é o vilão?

Ok, já vimos este formato outras vezes. Mas, ora, os filmes anteriores do diretor também partiam de ideias recicladas. O lance é que o cara sabe como pegar uma ideia batida e dar uma nova roupagem, trazendo um certo frescor. Além disso, o roteiro consegue convencer em boa parte das ameaças que ela sofre.

Drop ainda traz algumas soluções visuais bem sacadas, como colocar as mensagens de texto escritas na tela, pra gente não precisar ficar vendo o celular da protagonista. O filme ainda traz alguns usos criativos da iluminação pra destacar alguns elementos do cenário, e alguns ângulos de câmera fora do óbvio aqui e ali.

No elenco, heu não conhecia ninguém. O casal principal é Meghann Fahy (de White Lotus, série que ainda não vi) e Brandon Sklenar. Ambos estão bem, mas este é aquele formato de filme que não exige muito dos atores. Mas se heu puder reclamar de alguém, não gostei do menino que faz o filho.

Achei que Drop: Ameaça Anônima cai bastante na parte final. Mas pra comentar isso, preciso entrar nos spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Pra mim, o filme terminava no restaurante. A sequência onde ela volta pra casa pra tentar impedir o assassino e salvar seu filho e sua irmã é cheia de inconsistências, a começar pelo fato de que ela NUNCA chegaria a tempo. Não chega a ser uma sequência ruim, mas achei bem inferior ao resto do filme.

FIM DOS SPOILERS!

Continue com o bom trabalho, sr. Landon! Continuarei acompanhando!

9 Coisas que Não Fazem Sentido em Código Alarum

9 Coisas que Não Fazem Sentido em Código Alarum

Sinopse (imbd): Dois espiões desonestos saem da rede, casam-se e são atacados em sua cabana remota por várias agências de inteligência que buscam um disco rígido roubado.

A expectativa era a pior possível. Dois meses atrás, vi Blindado, com Sylvester Stallone, produção picareta de um cara picareta chamado Randall Emmett, que usa a seguinte fórmula: oferece um bom cachê pra um nome grande de Hollywood, que vai até o set e trabalha por poucos dias, apenas em algumas cenas, e o filme é lançado com o nome da estrela no cartaz. Um filme vagabundo, aparentemente todo o orçamento é pra bancar esse cachê caro.

Código Alarum (Alarum, no original) é com Sylvester Stallone e produção de Randall Emmett. Dá pra confiar?

Fui na curiosidade de ver a estreia hollywoodiana da Isis Valverde. Segundo o imdb, ela esteve perto de estrelar The Flash em 2023 – ela e Bruna Marquezine eram as principais escolhas para o papel da Supergirl, mas não puderam viajar para Londres para os testes presenciais por causa da pandemia da Covid. Bruna conseguiu um papel importante em outro filme da DC, o Besouro Azul. E Isis, bem Isis deu azar. Já comento sobre isso.

Não diria que Código Alarum é tão ruim quanto Blindado, porque, pra mim, Blindado nem chega a ser um filme de verdade, parece um curta amador esticado. Código Alarum também parece amador, mas pelo menos tem cara de longa metragem, tem mais personagens, mais locações. E tenho um elogio para fazer. Só um, mas pelo menos encontrei algo positivo.

Código Alarum é todo errado. O roteiro é um lixo, a história é confusa e mal amarrada, as atuações são péssimas, os efeitos especiais são sofríveis, tudo é ruim. Vou fazer alguns comentários e depois uma lista de coisas que não funcionaram.

O roteiro é péssimo! Fala de uma agência misteriosa, tem personagens que mudam de lado sem justificativa, tem gente que só fica no escritório falando ao telefone, todos os diálogos são ruins… Olhando de longe, parece que a trama é complexa, mas, de perto, acho que foi apenas mal escrita. E normalmente não reclamo de efeitos especiais, mas os tiros de metralhadora em cgi parecem efeito de celular. E celular velho.

Vou falar spoilers. Acho que pra um filme desses, dizer um spoiler é até algo positivo, porque minha recomendação é “NÃO VEJA!”. Mas, vamulá, spoilers liberados. Todos os brasileiros querem ver a Isis Valverde, afinal, alguns atores daqui começam a despontar em Hollywood. Bruna Marquezine teve um papel quase principal em Besouro Azul; Wagner Moura está muito bem como um dos protagonistas de Guerra Civil; Fernanda Torres foi indicada ao Oscar; Selton Mello está escalado para trabalhar com Jack Black e Paul Rudd. Já Isis Valverde, pena. Ela aparece em duas cenas, depois leva um tiro e acabou o filme pra ela. Sério, o papel dela é tão secundário que ela morre antes mesmo do Stallone aparecer em tela.

Sobre o elenco: Scott Eastwood é o protagonista, e é tão expressivo quanto o cenário onde ele atua. Ele tem moral porque é filho do Clint Eastwood, mas precisa melhorar seus filmes pra começar a ser lembrado por ele mesmo e não por ser um “nepo baby” (falei aqui outro dia do Jack Quaid, que aos poucos constrói um currículo maior do que “ser filho do Dennis Quaid e da Meg Ryan). Stallone nunca foi um grande ator, mas tem carisma pra segurar um papel – quando quer. Aqui acho que ele não queria. Inclusive o papel dele é muito mal escrito. Mike Colter, o Luke Cage da Marvel, está caricato. Mas, tenho um elogio no elenco: Willa Fitzgerald, de Reacher e Strange Darling, está bem. Ela convence nas cenas de luta e é de longe a melhor coisa de Código Alarum. Salva o filme? Claro que não. Mas se todos estivessem no nível dela, seria um filme bem menos ruim.

Já que abri os spoilers, vamos à lista de coisas que não fazem sentido?

1- O casal é um dos mais improváveis da história do cinema. O cara está sendo atacado, leva um tiro, mata o oponente. Aí outra pessoa o ataca, eles lutam por alguns segundos – um chute e dois socos no total – e caem pela janela. Aí ele “veste o Joey Tribianni” e manda uma cantada pra ela. “How you doing?” Caraca, eles se apaixonam depois de trocarem golpes por 30 segundos??? Até acredito que inimigos possam se apaixonar, mas precisa ter toda uma construção anterior, outros confrontos, etc.

2- O Mike Colter estava num avião, matou os dois pilotos e pulou de para quedas, pra depois ir no avião caído e procurar um pendrive. Como é que ele sabia que o avião não ia explodir, colocando fogo no pendrive? Não seria melhor roubar o pendrive antes de matar os pilotos e derrubar o avião?

3- Entendo que em filme de ação o mocinho tem uma mira excepcional e todos os seus adversários tenham “mira de stormtrooper”. Mas aqui isso está exagerado. Tem uma cena onde o mocinho está sozinho numa casa, abrem um grande buraco na parede, e vários oponentes estão com metralhadoras atirando nele. E ele simplesmente aparece no meio do buraco da parede, à vista de qualquer um, atira de volta, e mata todos. Sem levar nenhum tiro!

4- Ainda nesse item, a mocinha mata quatro adversários com tiros. Aparecem outros oponentes, e atacam ela – sem armas de fogo! Por que??? Até aceito não terem matado ela na cena seguinte, o cara queria torturá-la. Mas, naquele momento, no meio do tiroteio, os inimigos não iam abrir mão dos revolveres e metralhadoras.

5- O Stallone é contratado pra duas tarefas: recuperar um pendrive e matar o Scott Eastwood. Aí ele envenena o Scott (na verdade não era veneno, mas ele não sabia disso, pra ele, ele realmente tinha envenenado). Logo depois consegue o pendrive. Por que não matou logo? Dava um tiro, pegava o pendrive e acabou a missão, pode voltar pra casa.

6- A aliança entre o Scott Eastwood e o Mike Colter não faz o menor sentido. O Scott mata TODOS os soldados do Mike, e depois ele diz “ok, não vou te matar agora, vamos virar parceiros”. Oi???

7- Os drones usados pra atacar os mocinhos são os piores drones da história. Mesmo com o “target locked”, conseguem errar todos os tiros!

8- No fim a gente descobre que o Scott Eastwood trocou o veneno, e quem está envenenado é o Stallone. Mas, o filme diz que o veneno mata em uma hora. Era de noite, e já está de dia! Calma que fica pior: eles se encontram, e o Stallone fala que “ainda tem alguns minutos”. Ou seja, a parada é realmente cronometrada! E só depois disso que o Stallone começa a passar mal com o veneno – sendo que ele tomou antes do Scott.

9- Por fim, uma coisa besta, mas que também não faz sentido. O cara da agência (sei lá qual agência) com quem eles conversam ao telefone tem um escritório numa sala enorme. E a mesa dele está bem no meio da sala. Se ele tem vários inimigos, qual é o sentido de ter uma mesa bem no meio da sala, onde qualquer um pode se aproximar pelas costas dele?

Better Man – A História de Robbie Williams

Crítica – Better Man – A História de Robbie Williams

Sinopse (imdb): Um perfil singular do astro pop britânico Robbie Williams.

Antes de tudo, preciso falar que não sou fã do Robbie Williams. Digo mais: não conhecia nenhuma música dele. Achei que podia conhecer alguma música e não saber que era dele – lembro que ano passado, durante o show do Charlie Puth no Rock in Rio, reconheci uma das músicas, não sabia que era dele. Mas, durante o filme, só reconheci My Way, do Frank Sinatra, e Land of 1000 Dances, que, pra ser sincero, confundi com Shake a Tail Feather, que o Ray Charles canta com os Blues Brothers. Ou seja, meus comentários são sobre alguém que não conhecia o artista!

Better Man – A História de Robbie Williams (Better Man, no original) estava na minha lista de expectativas pra 2025, porque era o novo filme do Michael Gracey, mesmo diretor de O Rei do Show, mas também, principalmente, porque trazia uma proposta bem diferente: uma cinebiografia musical onde o protagonista foi trocado por um macaco.

Achei a ideia curiosa. E, depois de ver o filme, me toquei que foi uma sacada genial. Até hoje vejo gente reclamando do Rami Malek interpretando o Feddie Mercury. Se tem um macaco interpretando o protagonista, ninguém vai reclamar que não está igual!

O macaco é muito bem feito, tanto que o filme concorreu ao Oscar de melhores efeitos especiais. Vemos o personagem em diversas fases da vida – isso inclui diversos tipos de cabelos diferentes. E sempre está convincente, nenhuma cena me pareceu falsa a interação do macaco com os atores em carne e osso. Ah, esse formato ainda trouxe outra coisa interessante: o próprio Robbie Williams dublou o seu personagem ao longo do filme. Não me lembro de outra cinebiografia onde o biografado está se “auto interpretando”…

Muitas vezes, uma cinebiografia pega leve com o biografado, principalmente quando este está perto da produção. Isso não acontece aqui. Better Man mostra pontos positivos da carreira do cantor, mas também traz vários podres, incluindo muitas drogas – o filme chegou a ser proibido no Catar pelo uso excessivo de drogas. O filme também foi criativo ao retratar os “fantasmas” que assombram a carreira do cantor: sempre que ele sobe ao palco, ele vê flashes de outros macacos na plateia, sempre desaprovando seus atos. E a sequência onde ele enfrenta esses “fantasmas” é muito boa!

(Como falei, não conheço nada do cantor. Depois de ver o filme, catei a sua entrada no show de Knebworth, e aí a gente vê que os efeitos especiais não foram só pro macaco!)

Falando em sequências boas, Better Man tem algumas. Tem uma música, da época que ele fazia parte de uma boy band, que foi filmada em plano sequência pela Regent Street em Londres. Essa sequência sozinha já vale o filme! E ela ainda tem uma curiosa história nos bastidores. Eles demoraram um ano e meio pra conseguir autorização pra filmar no local. E depois de passar uma semana inteira em ensaios, duas noites antes das filmagens a Rainha Elizabeth II faleceu, e as filmagens tiveram que ser adiadas. Todos tinham que ser pagos de qualquer maneira, incluindo os donos das lojas e a equipe, e o seguro de produção não cobria as perdas devido à morte de um monarca. Os produtores tiveram que levantar fundos adicionais para filmar a sequência, que foi feita cinco meses depois.

Todas as sequências musicais são muito bem filmadas (sempre presto atenção nesses detalhes). Mas, posso fazer um mimimi? Senti falta de mais contato com músicos da sua banda, seja em ensaios ou em shows. Nem sei se tem alguém conhecido tocando com ele, mas heu não ia reclamar se tivesse uma sequência num estúdio de ensaio.

Better Man arriscou, e acertou. Curioso ver Emilia Perez concorrendo a vários Oscars e este, que é um musical muito melhor, só lembrado pelos efeitos especiais.

Um Filme Minecraft

Um Filme Minecraft

Sinopse (imdb): Quatro desajustados são transportados para um bizarro país das maravilhas cúbico onde impera a imaginação. Para voltar para casa, eles terão que dominar este mundo enquanto embarcam em uma missão com um experiente construtor imprevisível.

Um Filme Minecraft estava na minha lista de expectativas pra 2025, porque fiquei curioso de como iriam fazer um filme com atores em um mundo quadrado, e além disso o trailer passava uma vibe meio Jumanji. Ok, reconheço que, na parte técnica, Um Filme Minecraft é muito bem feito. Gostei da construção do “mundo quadrado”. Por outro lado, o roteiro… Diferente de uma adaptação bem feita como Super Mario Bros., Um Filme Minecraft é bem bobinho.

Nunca joguei, mas até onde sei, o jogo Minecraft é uma espécie de Lego dentro do computador, você usa blocos pra construir qualquer coisa. Mas por outro lado não tem exatamente uma história sendo contada no jogo. Se por um lado uma adaptação é mais complicada, por outro lado abre espaço pro roteirista viajar. O próprio Lego tem um filme sensacional, Uma Aventura Lego. Se Minecraft seguisse um caminho desses, tinha potencial de ser bem divertido.

Mas, a história é confusa, tem personagens desnecessários, o vilão é ruim, a motivação dos mocinhos é besta, tudo é bagunçado demais. Sem entrar em muitos detalhes, mas, são quatro pessoas que entram no jogo e encontram o Jack Black (que já estava lá – e que, aliás, se ele sempre quis entrar na mina, por que esperou ficar velho pra isso?). O Jason Momoa, ok, é a outra estrela, também precisa estar no rolê. Os dois garotos são muito sem sal, mas tem uma justificativa pra também participarem da aventura. Agora, por que incluir aquela corretora de imóveis? Tire esse personagem e o filme não muda nada! Digo mais: inventaram uma trama paralela, fora do jogo, com a diretora da escola, que é vergonha alheia de ruim. A sensação que fica é “conseguimos uma atriz famosa, vamos criar umas cenas pra aproveitá-la”.

Ainda nos garotos. Era pro menino ser o protagonista, mas ele é tão água de salsicha que nenhum espectador vai se importar com ele. E olha como o roteiro deu mole: o moleque chega e já mostra habilidades construindo coisas, e logo cria uma arma. Caramba, na batalha final ele ainda está com a mesma arma! Num jogo onde as construções são ilimitadas, ele podia ter construído um monte de coisas diferentes pra usar contra os inimigos!

Aliás, colocaram um ator mirim sem sal pra protagonizar um filme ao lado do Jack Black e do Jason Momoa. Aí aconteceu o óbvio: os dois roubaram o protagonismo e o garoto virou coadjuvante. Consequências de um roteiro mal escrito.

Sobre a batalha final, sabe o conceito “deus ex machina”, que é quando aparece uma ajuda externa pra salvar os heróis? Nessa batalha tem duas vezes esse artifício!

Por fim, queria comentar um problema que me pareceu ser da dublagem. Infelizmente vimos o filme dublado, apesar de todos na sessão preferirem legendado. Ok, vamos no dublado. O filme termina com uma música cantada pelo Jack Black. Ele canta, tem uma banda, já tocou até no Rock in Rio, nenhum problema em vê-lo cantando. Mas, durante a estrofe, a voz dele estava muito baixa, quase inaudível, só ouvíamos as vozes nos refrães. O que me parece que aconteceu? Meu palpite é que a voz estava baixa, pra entrar a voz do dublador. Mas não teve dublagem neste momento. Ou seja, a música final ficou bem ruim. Mas calma que ainda piora! Jason Momoa não canta, mas aparece no palco ao lado do Jack Black, com um keytar pendurado no pescoço – keytar é aquele teclado que fica na correia que nem uma guitarra ou baixo. E em nenhum momento Momoa encosta nas teclas! Pra que colocar um instrumento nele se ele não vai tocar?

Um Filme Minecraft tem cenas pós crédito estilo Marvel: uma logo no início dos créditos e outra lááá no finzinho. Se você joga Minecraft, fique até o final! Mas se nunca jogou, pode ir embora.

No fim, não que Um Filme Minecraft seja “ruim”. Mas tinha um potencial enorme, e virou um filme genérico, que vai ser esquecido. Podia ser um novo Super Mario Bros, mas ficou do nível de Emoji – O Filme.

10 Cópias de Caçadores da Arca Perdida

10 Cópias de Caçadores da Arca Perdida

Lançado em 1981, Caçadores da Arca Perdida foi um grande marco para o cinema de aventura. Claro que isso gerou um monte de filmes tentando pegar carona no sucesso. Pensei em fazer uma lista de filmes que copiaram o estilo. Sim, também podemos chamar de plágios.

Durante os anos 81, tivemos três filmes do Indiana Jones: Caçadores da Arca Perdida em 1980; Indiana Jones e o Templo da Perdição em 84; e Indiana Jones e a Última Cruzada em 89 (vou deixar de lado O Reino da Caveira de Cristal (2008) e A Relíquia do Destino (2023), porque estes dois títulos não fazem sentido para a lista que estou fazendo).

Inicialmente pensei em pegar apenas filmes dos anos 80. Fui catar na internet, tem vários bem vagabundos, como O Tesouro das Quatro Coroas (83), Sky Pirates (86), Caçadores de Tesouro (Jungle Raiders) (85) ou The Further Adventures of Tennessee Buck (88). Mas são filmes que quase ninguém viu, e nem me lembro se foram lançados no Brasil. Achei que seria melhor ampliar o período e fazer uma lista com filmes mais conhecidos.

Alguns dos filmes têm continuações, propositalmente deixadas de fora da lista, pra caber mais exemplos de cópias.

(John Rhys-Davis, que fez o Sallah, amigo do Indiana Jones no primeiro e no terceiro filmes, aparece em dois da lista abaixo. Será coincidência? 😉 )

Vamulá?

10- Os Aventureiros do Fogo (1986)
Dois caçadores de recompensas e uma mulher viajam até a América Central e enfrentam mercenários e os perigos da selva em busca de um suposto templo asteca cheio de ouro. Com Chuck Norris, Louis Gossett Jr., Melody Anderson e John Rhys-Davis.

9- Sahara (2005)
Dois aventureiros em busca de emoção cruzam o caminho de uma linda doutora e se deparam com uma caça ao tesouro extrema que requer a busca de todos. Com Matthew McConaughey, Penélope Cruz e Steve Zahn.

8- Jungle Cruise (2021)
Um pequeno barco fluvial leva um grupo de viajantes por uma selva cheia de animais e répteis perigosos, mas com um elemento sobrenatural. Com Dwayne Johnson, Emily Blunt, Edgar Ramírez, Jesse Plemons e Paul Giamatti.
https://www.heuvi.com.br/jungle-cruise/7- A Lenda do Tesouro Perdido (2004)
Ben Gates procurou toda a vida um tesouro muito bem guardado, associado aos Templários e Maçons. Nunca encontrou uma prova, até que descobre que o mapa está codificado na Declaração da Independência dos Estados Unidos. Com Nicolas Cage, Diane Kruger, Sean Bean, Jon Voight e Harvey Keitel.

6- A Múmia (1999)
Um americano trabalhando para a Legião Estrangeira Francesa numa escavação na antiga cidade de Hamunaptra acorda acidentalmente a uma múmia. Com Brendan Fraser, Rachel Weisz e John Hannah. Teve uma continuação em 2001, O Retorno Da Múmia, e um terceiro filme em 2008, A Múmia: Tumba do Imperador Dragão.

5- DuckTales: O Filme – O Tesouro da Lâmpada Perdida (1990)
Huguinho, Zezinho e Luizinho e seu sofrido tio Tio Patinhas estão de volta, lutando contra o malvado feiticeiro metamorfo Merlock pela posse de uma lâmpada mágica.

4- Lara Croft: Tomb Raider (2001)
Lara Croft é filha de Lord Henshingly Croft, um arqueólogo cujo desaparecimento está por explicar. Sem o saber, ela tinha um fragmento do “O Olho Que Tudo Vê”, artefato que, reconstituído, dá ao seu possuidor o poder sobre o Tempo. Com Angelina Jolie, Jon Voight e Daniel Craig. Teve uma continuação em 2003, Lara Croft: Tomb Raider – A Origem da Vida, e um reboot em 2018, Tomb Raider: A Origem, com Alicia Vikander.

3- As Minas do Rei Salomão (1985)
O caçador de fortunas Allan Quatermain se une a uma mulher engenhosa para ajudá-la a encontrar seu pai perdido no deserto da África do século XX, enquanto era perseguida por tribos hostis e por um explorador alemão rival. Com Richard Chamberlain, Sharon Stone e John Rhys-Davis. Teve uma continuação em 1986, Allan Quatermain e a Cidade do Ouro Perdido.

2- As Aventuras de Gwendoline na Cidade Perdida (1984)
Gwendoline, uma freira fugitiva, chega a Hong Kong em uma missão para encontrar seu pai, que foi visto pela última vez na lendária Terra dos Yik Yak procurando por uma borboleta rara. Ela é guiada em sua perigosa jornada pelo mercenário egoísta Willard. Com Tawny Kitaen e Brent Huff. Também conhecido como As Aventuras de Gwendoline no Paraíso, é uma mistura de Indiana Jones com Barbarella. Era um dos meus maiores guilty pleasures na adolescência.
https://www.heuvi.com.br/as-aventuras-de-gwendoline-na-cidade-perdida/

1- Tudo por uma Esmeralda (1984)
Uma romancista parte para a Colômbia para resgatar sua irmã sequestrada e logo se vê no meio de uma perigosa caça do tesouro com um mercenário. Dirigido por Robert Zemeckis e estrelado por Michael Douglas, Kathleen Turner e Danny DeVito. Teve uma continuação em 1985, A Joia do Nilo.
https://www.heuvi.com.br/tudo-por-uma-esmeralda/