Mad Max: Estrada da Fúria

0-Mad MaxCrítica – Mad Max: Estrada da Fúria

E finalmente vamos falar do novo Mad Max!

Num mundo devastado pós apocalíptico, dois rebeldes podem restaurar a ordem: Max, um homem de poucas palavras, e Furiosa, uma mulher de ação que tenta voltar ao lugar onde passou a infância.

Rolava uma grande dúvida sobre este Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, no original): seria uma refilmagem, um reboot? Como este filme se encaixa na linha do tempo “madmaxiana”?

É um novo filme, com o mesmo personagem, Max Rockatansky, em uma nova história, independente dos outros filmes. Nunca se fala em linha temporal, meu chute é que este filme deve se passar entre o 2 e o 3 (me parece que a gasolina era algo mais escasso no terceiro filme). Mas isso pouco importa, temos um filme sem nenhuma ligação com os outros da franquia. Quem não viu (ou não se lembra) dos outros não precisa rever pra entender este novo filme.

Mais uma vez, a direção ficou com George Miller, que tem uma carreira curiosa: depois de dirigir os três primeiros Mad Max, dirigiu As Bruxas de Eastwick (87) e O Óleo de Lorenzo (92), e depois investiu na carreira de filmes infantis (Babe o Porquinho e os dois Happy Feet: O Pinguim. E agora, aos 70 anos de idade, volta aos filmes de ação com as alucinadas perseguições do novo Mad Max. Detalhe: a censura lá fora é “R”, Miller pulou dos filmes infantis para algo só para adultos.

A parte técnica é impressionante. Se as sequências de perseguições de carros já eram boas nos outros filmes, aqui estão ainda melhores. São várias sequências de tirar o fôlego, cada uma melhor que a outra. Pelo que li, George Miller gastou milhões destruindo dezenas de carros reais, em vez de optar pelo cgi. O espectador que for ao cinema atrás de boas perseguições e explosões não se decepcionará!

Outra característica importante na franquia é o visual. Os figurinos e maquiagens são ótimos, e os carros, motos e caminhões – quase todos modificados (tipo uma carroceria de fusca em cima de um caminhão tanque) – estão excelentes. Isso, aliado à uma fotografia bem cuidada, criam um visual impressionante e único.

O problema é que várias coisas no roteiro não fazem o menor sentido – a ponto de termos um guitarrista tocando parte da trilha sonora do filme acorrentado em cima de um dos caminhões! (Pra mim, este guitarrista que aparece várias vezes está lá apenas para nos lembrar que o filme não é para ser levado a sério…)

Isso tudo cria um clima meio trash que não sei se vai agradar a todos. A produção é de primeira, mas a motivação que guia os personagens não é. Isso porque não estou falando de alguns furos de roteiro – aquela passagem pelas pedras estaria limpa daquele jeito?

Sobre o elenco, precisamos falar de Charlize Theron, a verdadeira protagonista do filme. Sim, não é um filme do Mad Max, e sim da Imperator Furiosa (curioso o nome quando lido por latinos, não?). Mesmo sem cabelo, sem um dos braços e com a testa suja de graxa, Charlize é mais bonita do que a maioria das mulheres deste planeta. E não é só a beleza: Charlize hipnotiza o espectador com seus olhos azuis e toma conta do filme.

Max é interpretado por Tom Hardy, o Bane de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, que faz um bom trabalho substituindo Mel Gibson (todo mundo já sabe que Gibson não está nesse filme, né?). E, diferente dos outros filmes, agora temos alguns nomes conhecidos no elenco, como Nicholas Hoult e Zoe Kravitz (o Fera e a Angel de X-Men Primeira Classe) e Rosie Huntington-Whiteley (Transformers: O Lado Oculto da Lua). Ainda no elenco, Riley Keough, Abbey Lee, Courtney Eaton e Nathan Jones. Ah, para os fãs da franquia: o vilão Immortan Joe é interpretado por Hugh Keays-Byrne – o Toecutter do primeiro Mad Max.

Por fim, o 3D. Quem me conhece sabe que não sou fã de 3D, a não ser quando usa o “efeito parque de diversões”: coisas saem da tela na direção do espectador. E é o caso aqui! Ou seja, pela primeira vez no ano, o 3D vale a pena!

Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola

Um-Milhao-de-Maneiras-de-Pegar-na-PistolaCrítica – Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola

Filme novo do Seth MacFarlane, o mesmo de Ted!

Depois de fugir de um tiroteio, um homem medroso perde sua namorada. Nesse momento, uma bela e misteriosa mulher chega à cidade e o ajuda a retomar sua coragem, e os dois acabam se apaixonando. Só que ele não sabe que o marido dela é um notório fora da lei.

Quem viu Ted, ou quem conhece Family Guy, conhece o estilo de MacFarlane: muito humor grosseiro e politicamente incorreto. Não sou muito fã da parte grosseira, mas sei apreciar uma incorreção política (nem sei se essa expressão existe), principalmente nos dias de hoje, cheios de chatos patrulhando.

Na minha humilde opinião, Ted acertou em cheio o tom do humor. Já Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola (A Million Ways to Die in the West, no original), escrito, dirigido e estrelado por MacFarlane, tem alguns momentos geniais, mas escorrega ao usar muitas piadas escatológicas – por exemplo, Neil Patrick Harris é um ator com excelente timing de comédia, mas vê-lo com diarreia é constrangedor e nada engraçado.

(Por outro lado, uma curta e sensacional cena com Christopher Lloyd, sozinha, já serve como uma das melhores piadas do ano! E ainda em o Jamie Foxx em outra genial referência.)

O roteiro também escorrega na sua trama principal, clichê e básica demais – sujeito rejeitado pela mulher amada, mas que consegue uma melhor ainda – e ainda ficou forçado a Charlize Theron gostar dele. Talvez este seja o principal problema de Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola: um roteiro fraco que se apoia em piadas irregulares, por isso são tantos altos e baixos. Se fosse mais curto (são 116 min) e cortasse parte da escatologia, seria uma comédia mais engraçada.

Aliás, o elenco é muito bom. Se MacFarlane como ator não é lá grandes coisas, pelo menos ele teve a boa sacada de se cercar de gente talentosa, como Charlize Theron, Liam Neeson, Amanda Seyfried, Neil Patrick Harris, Giovanni Ribisi e Sarah Silverman. A fotografia e a trilha sonora também são boas.

Por fim, mais uma vez vamos falar mal do título nacional. Se o filme se chama “um milhão de maneiras de morrer no oeste“, de onde tiraram “um milhão de maneiras de pegar na pistola“???

Prometheus

Crítica – Prometheus

Finalmente, chegou um dos mais aguardados filmes de 2012!

Um grupo de arqueólogos descobre uma pista sobre a origem da humanidade na Terra. Uma grande corporação então organiza uma expedição a um planeta distante, onde vão procurar respostas para questões existenciais.

Antes de começar a falar de Prometheus, preciso avisar que NÃO é um filme da franquia Alien. “Ué, mas esse filme não era um prequel do primeiro Alien? Bem, mais ou menos. Explico.

Prometheus é um prequel sim. Mostra o universo dos filmes Alien, antes do que aconteceu lá longe, no primeiro, Alien, o Oitavo Passageiro, dirigido pelo mesmo Ridley Scott em 1979. Mas não é um filme sobre a criatura “alien” – os xenomorfos e “face hughers”. Isso pode causar uma grande decepção em boa parte dos espectadores, que vão ao cinema para ver os bicharocos com sangue ácido e uma boca dentro da outra. Então, caro leitor, deixe-me avisá-lo logo: Prometheus NÃO é um filme sobre os aliens!

Dito isso, vamos ao filme. Prometheus não é Alien, mas é muito bom. Ridley Scott está de volta!

Prometheus entrega o “prometido” (desculpem, mas o trocadilho era inevitável…): misto de ficção científica com suspense e pitadas de terror, trama mostrando elementos do universo Alien, efeitos especiais excelentes e uma cenografia com um visual embasbacante – os cenários e alienígenas seguem o traço do pintor H. R. Giger, o criador do xenomorfo original.

O visual de Prometheus é realmente impressionante. Todos aqueles cenários devem ser digitais, mas a qualidade da imagem faz tudo parecer muito real. A fotografia do filme é belíssima!

O elenco é muito bom. Michael Fassbender está excelente como o androide “da vez” (não, não é spoiler). Noomi Rapace, da versão sueca de Os Homens que Não Amavam as Mulheres, manda bem com a sua “nova Ripley” (personagem de Sigourney Weaver nos quatro filmes da série Alien). Charlize Theron também está ótima com a fria chefe. Só não gostei de Guy Pearce mal maquiado como o idoso Weyland. Por que não contratar um ator veterano? Ou pelo menos fazer uma maquiagem bem feita? Ainda no elenco, Idris Elba, Logan Marshall-Green, Sean Harris, Rafe Spall e uma ponta de Patrick Wilson.

Prometheus é bom, mas não é perfeito. O roteiro tem algumas falhas (como é que logo o geólogo responsável pelo mapeamento do local é o cara que se perde?), e são muitos personagens mal desenvolvidos… E ainda tem outro problema: a responsabilidade de ser “a nova ficção científica dirigida por Ridley Scott”. Scott foi o diretor de dois dos maiores filmes da história da ficção científica: Alien, o Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner, o Caçador de Androides (1982). Prometheus é bom, mas perde na inevitável comparação.

Mas, na minha humilde opinião, o pior defeito de Prometheus é não ser uma história fechada. O fim do filme deixa claro que teremos uma continuação em breve. E sabendo que um dos roteiristas é Damon Lindelof, que tem Lost no currículo, a gente fica com o pé atrás com relação a pontas soltas…

Mesmo assim, Prometheus é um grande filme, e merece ser visto no cinema – parte do visual deslumbrante vai se perder no lançamento em dvd / blu-ray. Vi a versão em 3D, mas não senti nada essencial, acredito que possa ser visto em 2D sem nenhum prejuízo.

Agora aguardamos a continuação. Que seja tão boa quanto a continuação do primeiro Alien!

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Se você gostou de Prometheus, o Blog do Heu recomenda:
Alien, o Oitavo Passageiro
Força Sinistra
Distrito 9

Branca de Neve e o Caçador

Crítica – Branca de Neve e o Caçador

Versão dark da história dos Irmãos Grimm!

Branca de Neve é a única pessoa no reino mais bonita que a Rainha Má. Por inveja, a Rainha manda um caçador encontrá-la na Floxresta Negra e matá-la.

A ideia de mostrar o conto clássico sob uma ótica sombria era muito boa – originalmente, as histórias eram mais pesadas, mas estamos acostumados com a amenizada “visão Disney” dos contos de fada. Mas Branca de Neve e o Caçador, dirigido pelo estreante Rupert Sanders, caiu num sério problema de escolha de elenco. Kristen Stewart como Branca de Neve foi um erro grande. Não tenho nada contra Kristen, até falei bem dela na crítica de Runaways. Ela é até bonitinha – o problema é que nunca, repito, NUNCA ela será mais bonita que a Charlize Theron.

E isso porque estamos falando só de beleza física. Porque, se talento para atuar contar, aí é covardia. Charlize engole Kristen. E isso fica claro ao longo da projeção: Kristen passa o tempo todo inexpressiva, enquanto Charlize rouba cada cena onde aparece. Me vi torcendo por uma improvável vitória da vilã na cena final – a superioridade da rainha má me lembrou O Império Contra Ataca, quando um inexperiente Luke Skywalker ataca sem sucesso um Darth Vader que se defende apenas com uma mão.

Se a gente conseguir desligar este “pequeno” detalhe, Branca de Neve e o Caçador é até legal. O visual do filme é muito bom. Fotografia bem cuidada, belos cenários e figurinos, além de efeitos especiais muito bem feitos – gostei da cena da Floresta Negra “atacando” a Branca de Neve, lembrou o desenho animado.

No elenco, o grande nome é Charlize Theron, que, sozinha, já vale o ingresso. Kristen Stewart está inexpressiva como sempre, e Chris Hemsworth faz um replay do seu Thor. Ainda tem um outro personagem, interpretado pelo desconhecido Sam Claflin, não sei se estava no conto original ou se foi colocado pra criar um triângulo amoroso (tentativa de aproximação com Crepúsculo?). Mas, enfim, não rola química entre Kristen e nenhum dois dois candidatos a mocinho.

Uma coisa interessante foi a concepção dos anões – só não entendi por que oito em vez de sete. Atores de tamanho “normal”, alterados digitalmente, interpretam os oito anões: Ian McShane (Piratas do Caribe 4), Bob Hoskins (Uma Cilada Para Roger Rabbit), Nick Frost (Todo Mundo Quase Morto), Toby Jones (O Espião que Sabia Demais), Ray Winstone (A Invenção de Hugo Cabret), Eddie Marsan (Sherlock Holmes), Johnny Harris e Brian Gleeson. Fiquei imaginando como seria O Senhor dos Aneis com a tecnologia atual. Acho que prefiro o modo como Peter Jackson fez…

Branca de Neve e o Caçador é um pouco mais longo do que deveria. Não chega a cansar, mas poderia ter meia hora a menos sem prejudicar a história.

Agora vou procurar Espelho, Espelho Meu, outro filme da Branca de Neve lançado este ano…

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Se você gostou de Branca de Neve e o Caçador, o Blog do Heu recomenda:
Alice no País das Maravilhas
As Aventuras do Barão Munchausen
Os Três Mosqueteiros

The Wonders – O Sonho Não Acabou

The Wonders – O Sonho Não Acabou

Tom Hanks ganhou dois Oscars de melhor ator seguidos, em 93 por Filadélfia e em 94 por Forrest Gump. Com moral alta, ele resolveu tocar um projeto pessoal, e escreveu e dirigiu este simpático e despretensioso The Wonders – O Sonho Não Acabou, lançado em 96.

The Wonders – O Sonho Não Acabou fala sobre uma banda “one hit wonder”. Conhece esta expressão? É aquela banda que teve um único sucesso – todo mundo conhece a música, mas ninguém conhece o resto do trabalho… A banda The Wonders teve um grande sucesso, a música “That Thing You Do”, mas depois a banda acabou e nunca mais ninguém ouviu falar deles. O filme mostra o início da banda, a ascenção meteórica e o melancólico fim.

A banda é fictícia, claro. Mas o filme é tão bem feito que tem gente que realmente acredita que eles existiram. Aliás, a excelente música “That Thing You Do” é tocada até hoje em festas na noite carioca!

O filme é muito legal. Como disse lá em cima, o clima é despretensioso, Tom Hanks não se preocupou em fazer um “grande filme”. Apenas contou uma boa história, de um jeito delicioso.

O elenco é liderado pelo estreante Tom Everett Scott, parecidíssimo com Hanks mais novo. Ele é o baterista que é convidado de repente pra entrar na banda, já que o baterista original (Giovanni Ribisi) quebrou o braço. Ainda no elenco, Jonathon Schaech e Steve Zahn. Liv Tyler e Charlize Theron, ainda no início de suas carreiras, têm os principais papéis femininos. O próprio Hanks tem um pequeno e importante papel, e sua esposa Rita Wilson faz uma ponta.

Leve e despretensioso. E um dos melhores filmes sobre bandas que têm por aí. Ele está até no meu Top 10 de melhores filmes de rock!