Hotel Artemis

Crítica – Hotel Artemis

Sinopse (imdb): No Hotel Artemis, localizado em uma Los Angeles devastada por distúrbios, trabalha a Enfermeira, que dirige um hospital secreto de emergência para criminosos.

Heu queria gostar de Hotel Artemis. Afinal, não é todo dia que temos uma trama de ação com toques de ficção científica, estrelada por Jodie Foster, Jeff Goldblum, Sofia Boutella, Dave Bautista, Sterling K. Brown, Charlie Day e Zachary Quinto.

Mas, sabe quando um filme simplesmente não decola? É o caso. O elenco é acima da média, a premissa é muito boa, e a ambientação do hotel é ótima. Mas o tempo vai passando, e parece que o filme não começa nunca.

Um bom exemplo (sem spoliers) de que as coisas simplesmente não funcionam aqui é o personagem da policial. Tire o personagem, nada muda. E quase todo o filme é assim, tudo parece sem propósito.

Hotel Artemis é a estreia na direção de Drew Pearce, roteirista de Missão Impossível Nação Secreta. Só que aqui o roteiro também é dele, então acho que temos um culpado. De que adianta ter bons atores e uma boa ideia, se os personagens são rasos e o filme tem sérios problemas de ritmo?

Será que é cedo pra pedir uma refilmagem? 😉

Elysium

Crítica – Elysium

Um dos mais esperados filmes do ano!

Em 2154, onde os muito ricos moram numa estação espacial, o Elysium, enquanto os outros, pobres, vivem na Terra, que virou uma gigantesca favela, decadente e superpopulada, um operário tem uma missão que pode trazer igualdade a esse mundo dividido.

Por que citei Elysium como um dos mais esperados do ano? Bem, quase todos os cinéfilos brasileiros estavam curiosos pela estreia hollywoodiana de Wagner Moura, aproveitando o sucesso internacional do seu Capitão Nascimento nos dois Tropa de Elite – Alice Braga também está no elenco, mas ela já fez vários filmes na “gringolândia”. Mas, além de torcer pelo sucesso de Moura, heu também estava curioso por ser o novo filme escrito e dirigido por Neill Blomkamp, o mesmo do excelente Distrito 9, um filme sul-africano que surpreendeu o mundo ao usar a ficção científica como metáfora para o Apartheid. Chegou a concorrer a quatro Oscars em 2010, incluindo melhor roteiro adaptado e melhor filme!

E como foi o resultado do segundo filme de Blomkamp? Bem, o resultado é positivo, mas poderia ser melhor…

O problema aqui é a comparação. Distrito 9 era, ao mesmo tempo, uma eletrizante ficção científica e uma pungente crítica social. Elysium funciona muito bem como FC, mas falha na parte social.

Spoilers leves no próximo parágrafo, ok?

Blomkamp tentou fazer uma crítica à segregação de classes sociais e à situação dos imigrantes ilegais, mas se perdeu na parte final do filme. E olha que não estou citando o maniqueísmo: todos os ricos são maus, muito maus! E ainda são capitalistas burros: se aquela “cama médica” é tão prática e tão comum a ponto de estar presente em todas as residências de Elysium, por que não trazer algumas pra Terra e vender os serviços a “preços módicos”?

Fim dos spoilers!

Provavelmente Blomkamp sofreu influência dos executivos norte-americanos. Diz a lenda que o seu roteiro foi alterado, mas como não temos acesso ao roteiro inicial, não sabemos se é verdade. Felizmente a parte “diversão” funciona muito bem. O ritmo do filme é muito bom, e os efeitos especiais são extremamente bem feitos.

E o Wagner Moura, como se saiu?

Moura é coadjuvante, o filme é de Matt Damon. Mas é um coadjuvante importantíssimo na trama, e está muito bem no seu papel de Spider, uma espécie de chefão do tráfico misturado com hacker. Aliás, tem uma cena engraçada para os brasileiros: certo momento, Spider tem uma explosão de raiva e grita dois palavrões em português…

Alice Braga tem um papel mais fraco, apesar de ser o interesse romântico do protagonista. Mas tudo bem, ela já mostrou seu talento em outras ocasiões em Hollywood – inclusive, em filmes de ação / ficção científica, como PredadoresRepo Men e Eu Sou A Lenda.

Enfim, boa ficção científica em cartaz nos cinemas. Só não podemos comparar com o filme anterior do diretor.

O bom elenco “off-Hollywood” ainda conta com o mexicano Diego Luna e o sul-africano Sharlto Copley (que também estava em Distrito 9). Não sei se foi coincidência, mas achei uma boa escolha usar atores que conhecem de perto a situação de países subdesenvolvidos para viverem os moradores do planeta Terra devastado. Ainda no elenco, os “gringos” Jodie Foster e William Fichtner.

Enfim, boa ficção científica em cartaz nos cinemas. Só não podemos comparar com o currículo prévio do diretor…

Eterno Amor

Crítica – Eterno Amor

Finalmente, resolvi ver o único filme que faltava da filmografia do francês Jean-Pierre Jeunet!

França, 1920. Mathilde (Audrey Tautou) recebe a notícia de que seu namorado Manech morreu na guerra contra os alemães. Mas ela se recusa a acreditar, porque acha que ela saberia intuitivamente se ele morresse.

Sou fã do diretor Jean-Pierre Jeunet desde os anos 90, quando vi, no cinema, Delicatessen e Ladrão de Sonhos. Gostei (com ressalvas) da sua estreia hollywoodiana no quarto Alien; também gostei (com ressalvas diferentes) do seu mais bem sucedido filme, O Fabuloso Destino de Amelie Poulan. E adorei quando ele voltou ao estilo dos anos 90 com Micmacs, que não foi lançado aqui foi mal lançado por aqui (mas comprei o blu-ray gringo pela Amazon).

E, sei lá por qual motivo, nunca tinha tido vontade de ver este Eterno Amor (Un long dimanche de fiançailles, no original) – e olha que heu já tinha o dvd original há tempos (coisa de colecionador, se tenho todos os outros filmes em dvd / blu-ray, por que não comprar mais um e fechar a coleção?). E parece que o meu “faro” funciona: Eterno Amor é, de longe, o mais fraco dos seus filmes.

A produção é bem cuidada, claro. O visual é caprichado, como acontece em todos os filmes de Jeunet – aliás, Eterno Amor concorreu aos Oscars de Fotografia e Direção de Arte. Mas, se nos outros filmes, o diretor francês flerta com o cinema fantástico com situações estranhas e personagens bizarros, aqui é tudo convencional. E a trama não só é careta e linear, como é previsível – e chata. E o filme ter mais de duas horas só piora tudo.

Me parece que os produtores queriam se basear no rostinho simpático da atriz Audrey Tatou, que conquistou meio mundo com a sua Amelie Poulan. Mas sua Mathilde não tem um décimo do carisma da Amelie. Falha do roteiro, não da atriz. Mas, não importanta de quem é a culpa, simplesmente não funciona.

Além de Tatou, o elenco traz uma surpresa (pelo menos pra mim: Jodie Foster, interpretando num francês aparentemente perfeito. E a “não surpresa” é Dominique Pinon, claro, como em todos os filmes de Jeunet. Ainda no elenco, Gaspard Ulliel, Marion Cotillard e uma ponta de Tchéky Karyo.

Eterno Amor não é ruim. Mas falta muito pra ser bom. Só recomendado aos fãs radicais de Jeunet e/ou Audrey Tatou. Se bem que acho que vale mais a pena rever Amelie Poulan

O Plano Perfeito

Crítica – O Plano Perfeito

Tem espaço pra falar de filme de sete anos atrás?

Em O Plano Perfeito (Inside Man, no original), dois policiais tentam negociar com o líder de um grupo que planejou o assalto a banco perfeito, mas que mantém reféns dentro do banco.

O diretor Spike Lee é famoso por seus filmes políticos, sempre levantando bandeiras contra o racismo. Mas aqui ele mostra talento em um filme bem hollywoodiano. A câmera é muito bem cuidada, são várias as boas sequências – rola até um plano-sequência interessante na parte final, quando os policiais estão verificando o interior do banco. Já o racismo é até citado, mas fica em segundo plano.

O roteiro, do pouco conhecido Russell Gewirtz, é muito bem escrito. Tá, o plano é fantasioso demais, a gente pode encontrar um furo aqui outro acolá, mas, de um modo geral, a ideia é muito boa. E o melhor: toda a trama flui facilmente. Outra coisa interessante é o personagem de Jodie Foster, que quebra o dualismo polícia / ladrão.

O elenco é muito bom. Além da já citada Jodie Foster, o filme conta com Denzel Washington, Clive Owen, Christopher Plummer, Willem Dafoe, Chiwetel Ejiofor e Kim Director

O Plano Perfeito pode não ter muito a ver com o resto da carreira de Spike Lee. Mas não é, de jeito nenhum, um momento a ser apagado de sua filmografia.