Bailarina

Crítica – Bailarina

Sinopse (imdb): Uma assassina treinada nas tradições da organização Ruska Roma sai em busca de vingança após a morte do pai.

Não escondo de ninguém que sou fã dos filmes do John Wick. Vou além: gosto de quase todos os filmes feitos pela galera da 87North, produtora fundada por David Leitch, um dos nomes por trás do primeiro John Wick. Leitch é ex dublê, e hoje dirige e produz filmes de ação que valorizam o trabalho dos dublês, filmes como Atômica, Anônimo, Trem Bala e O Dublê.

E Bailarina ainda tinha outro atrativo: Ana de Armas. Lembro que ela teve uma breve participação no último James Bond, e que foi a melhor coisa daquele filme. Depois disso, fiquei na torcida pra um filme de ação com ela protagonista.

Tive um certo receio quando li quem era o diretor. Bailarina foi dirigido por Len Wiseman, que não tem um currículo muito bom (Anjos da Noite, Duro de Matar 4, a refilmagem de Vingador do Futuro…). Mas, segundo o imdb, Chad Stahelski – diretor dos quatro filmes do John Wick – reprovou o corte original e ficou entre dois e três meses em Praga refilmando boa parte do material feito por Wiseman.

E o resultado ficou muito bom. Bailarina não é um filme perfeito, mas é bem acima da média: é empolgante, bem coreografado, bem filmado, e Ana de Armas está excelente.

Bailarina se passa entre John Wick 3 e 4. Eve é resgatada, ainda criança, e levada para ser uma Ruska Roma e virar uma assassina. Acompanhamos seu treinamento e depois a vemos em ação. Até que resolve sair numa jornada de vingança.

Heu tive um problema que é parte minha incompetência, parte erro de casting. O filme começa com um flashback com a protagonista criança. Aparece o líder dos vilões, interpretado pelo Gabriel Byrne com muita maquiagem. Tanta maquiagem que achei que era o Ian McShane, gerente do Hotel Continental, presente em todos os filmes da franquia. O filme segue, ela vai embora com esse cara, e tempos depois diz que quer se vingar. Pensei, “ué, mas não foi ele que estava lá?” Aí mostra o personagem do Gabriel Byrne, e reparei que eram duas pessoas diferentes. Mas passei boa parte do filme confuso, achando que era o mesmo ator. Ok, parte da culpa é minha, sou um péssimo fisionomista. Mas, poxa, podiam ter colocado atores mais diferentes! Não só eles são parecidos como ainda têm postura semelhante.

Além disso, outra coisa me incomodou. Aprendemos nos outros filmes que o Hotel Continental está em trégua permanente. Se um cara com a cabeça a prêmio por 2 milhões está dentro do hotel, não pode ser assassinado. Mas aí aumentam pra 4 milhões e as pessoas resolvem ir matá-lo. Oi? Por que diabos aquelas pessoas foram até o quarto do cara e começaram a atirar???

Por fim, um mimimi. No treinamento da Eve, a treinadora fala que ela pode trapacear pra ganhar. Aí ela ganha de um cara com um chute no saco dele. Sério que querem dizer que o melhor que ela consegue é um truque sujo? Não seria bem melhor mostrar que ela venceu a luta porque é habilidosa, em vez de ter que apelar pra golpes baixos?

Relatei alguns problemas, mas achei o resultado de Bailarina bem acima da média. Como acontece nos quatro John Wick, são diversas sequências de lutas, e todas elas muito bem coreografadas. Dá gosto de ver cenas de luta assim!

Não acredito que vou falar agora seja spoiler, porque está no trailer e até no cartaz. Mas sim, aparece o próprio John Wick. E preciso dizer que tive sensações dúbias sobre a participação do Keanu Reeves. Porque por um lado é sempre legal vê-lo em ação; mas por outro, não precisava. Se você tirá-lo, o filme não perde nada. Seria um filme legal sem o “dono da franquia”.

No elenco, Ana de Armas está sensacional. Linda linda linda, e convence nas cenas de tiro porrada e bomba. Keanu Reeves, Ian McShane, Lance Reddick e Anjelica Huston voltam aos papéis que já tinham feito nos filmes da franquia. De novidade, temos Norman Reedus, Catalina Sandino Moreno e Gabriel Byrne (que não está mal, mas, como falei, deveria ser outro ator). E, prestem atenção, a concierge do hotel em Praga é Anne Parillaud, sim, a Nikita do filme de 1990!

Bailarina estreia esta semana nos cinemas. Boa opção pra quem gosta de filmes de ação. Claro que o filme termina com um gancho pra continuação. Que mantenham a qualidade e venham outros!

A Fonte da Juventude

Crítica – A Fonte da Juventude

Sinopse (imdb): Dois irmãos afastados unem forças para buscar a lendária Fonte da Juventude. Usando pistas históricas, eles embarcam em uma jornada épica repleta de aventuras. Se forem bem-sucedidos, a mítica fonte poderá lhes conceder a imortalidade.

Pensa num cara que trabalha muito. Entre 2019 e 2024, Guy Ritchie dirigiu seis longas e dois episódios de série. Lembro que um tempo atrás todo ano tinha filme do Woody Allen, mas eram filmes “pequenos”, com poucas locações e pouca produção, teoricamente mais fáceis. Ritchie fez Aladdin, Magnatas do Crime, Infiltrado, Esquema de Risco, O Pacto e Guerra sem Regras – nenhum filme “pequeno”.

Mais um ano, mais um filme. A Fonte da Juventude (Fountain of Youth, no original) é o sétimo longa dele em sete anos.

(Detalhe que heu coloquei outro projeto dele na minha lista de expectativas para 2025. Será que ele ainda lança mais um este ano?)

A Fonte da Juventude é um filme de aventura genérico seguindo a onda dos filmes do Indiana Jones, ou, A Lenda do Tesouro Perdido (que é um filme que se passa nos dias atuais). Um caçador de antiguidades, meio estudioso, meio mercenário, chama sua irmã, que trabalha em um museu, para formar um time que vai procurar a fonte da juventude, tudo bancado por um bilionário doente. Enquanto isso, uma misteriosa mulher tenta impedi-lo.

Sou fã do Guy Ritchie, vi quase todos os seus filmes (só não vi o que ele fez com a Madonna), vou continuar vendo, mas… A Fonte da Juventude nem parece feito por ele. É bem filmado, mas é tão genérico que qualquer diretor poderia ter feito. (E esse problema aconteceu algumas vezes nos últimos anos…)

Tem outro problema, aliás, bem parecido com o que acontece em Guerra Sem Regras. O filme começa bem, mas lá pelo terço final o roteiro se perde e o filme não termina tão bem assim. Aqui, rola um tiroteio meio sem sentido, alguns personagens têm atitudes meio forçadas, e achei muito over existirem steel drums dentro de uma pirâmide há 3 mil anos (o instrumento foi criado em Trinidad e Tobago há menos de 200 anos!).

Como acontece frequentemente em filmes de streaming, A Fonte da Juventude tem três nomes grandes encabeçando o elenco: John Krasinski, Natalie Portman e Eiza González. E ainda tem o Domhnall Gleeson num papel grande e o Stanley Tucci numa ponta. Bom elenco, mas é daquele tipo de filme que não exige muito dos atores.

Agora, talvez fosse melhor se o Guy Ritchie fizesse menos filmes mas focasse mais na qualidade deles. Desses sete dos últimos anos, gosto muito de dois (Magnatas do Crime e Infiltrados), mas tenho reticências com os outros cinco.

Sim, o filme tem uma queda no meio, sim, Guy Ritchie já fez coisa melhor, mas, pelo menos, o resultado não ficou muito ruim. Tecnicamente o filme é bem feito, os atores são bons, e a gente é levado pela trama. Acredito que quem for assistir sem grandes expectativas pode se divertir por duas horas. Só fica aquela sensação de que podia ter sido bem melhor…

Missão: Impossível – O Acerto Final

Missão: Impossível – O Acerto Final

Sinopse (imdb): Ethan e sua equipe estão em uma missão para encontrar e destruir uma IA conhecida como A Entidade. A viagem ao redor do mundo dá origem a cenas de ação incríveis e mais de uma reviravolta inesperada.

E vamos ao oitavo filme de uma franquia que não tem nenhum filme ruim!

Hoje, em 2025, nem todos se lembram, mas Missão Impossível era um seriado, que durou sete temporadas, entre 1966 e 1973, e que teve um remake em 1988 com duas temporadas. Até que em 1996, Tom Cruise assumiu o papel principal da versão cinematográfica e transformou cada novo filme em um grande evento, e, principalmente, em um “evento Tom Cruise”. E agora, Missão: Impossível – O Acerto Final (Mission: Impossible – The Final Reckoning, no original) tem cara de encerramento da franquia, incluindo citações a vários elementos de outros filmes da saga. Será que Tom Cruise, hoje com 62 anos, ainda teria pique pra seguir com a série?

(Ok, sabemos que Hollywood é movida por dinheiro, então claro que pode aparecer um novo filme onde o Ethan Hunt do Tom Cruise se aposenta e “passa o bastão” para outro agente mais novo. Mas acredito que vai ser uma barra difícil de segurar, seja quem for o novo protagonista.)

A direção ficou mais uma vez com Christopher McQuarrie, que dirigiu os três anteriores (os quatro primeiros filmes foram de quatro diretores diferentes). McQuarrie tem uma sólida parceria com Cruise, não só dirigiu quatro Missão Impossível e o Jack Reacher de 2012, como também estava no roteiro de No Limite do Amanhã, A Múmia e Top Gun Maverick. McQuarrie entrega um bom resultado, este oitavo filme pode não ser tão bom quanto o sétimo, mas duvido que alguém saia do cinema decepcionado.

Como já virou tradição, Missão: Impossível – O Acerto Final tem longas sequências de ação de tirar o fôlego, e sempre com o Tom Cruise dispensando o dublê. Aqui são duas sequências, uma em um submarino; outra em pequenos aviões monomotores. Ok, sempre vai ter alguém dizendo “mas duvido que o Tom Cruise estivesse fazendo aquilo tudo, ele estaria preso por cabos de segurança”. Sim, sim, como qualquer cena executada por um dublê, existem alguns artifícios usados para minimizar os riscos que o profissional pode correr. Mas mesmo assim, desafio qualquer leitor deste site: você conseguiria fazer aquela cena?

(Sei que o nome do filme é “Missão Impossível”, e já vimos diversas situações absurdas vividas pelo protagonista. Mas talvez o final da sequência do submarino seja a mentira mais mentirosa de toda a saga…)

Agora, se por um lado essas duas sequências valem o filme, por outro lado o roteiro poderia ser mais enxuto. São quase três horas de filme, e com MUITAS explicações. O filme é tão confuso que dá vontade de ver outra sessão pra tentar pegar todos os detalhes, mas é tão cansativo que não dá vontade de rever.

(Mas reconheço que gostei da dinâmica de algumas cenas que misturam diálogos e ações em dois locais diferentes. Sabe aquela parada de uma pessoa terminar a frase que a outra começou? Desse jeito, mas misturando cenas distintas.)

Pra piorar, o vilão não é bom. Existe o vilão principal, a Entidade, que é uma IA, então é um vilão invisível. E existe o vilão secundário do Esai Morales, que é caricato e não assusta nada.

Agora, depois que passamos pelas sequências de ação, a gente até esquece as falhas. Porque precisamos lembrar que a qualidade dos filmes da franquia é muito alta. Este oitavo filme pode não ser um dos melhores, mas está acima da média do cinema de ação contemporâneo. E ambas as sequências são sensacionais. Sim, vale pagar o ingresso caro do cinema, nem que seja só pra ver as duas sequências.

Sobre o elenco, indubitavelmente é um “filme do Tom Cruise”, e ele não decepciona. Mas outros atores também têm espaço (afinal são duas horas e quarenta e nove minutos de filme!). Ving Rhames, Simon Pegg, Hayley Atwell e Pom Klementieff voltam aos seus papéis como a equipe que ajuda o herói (tem mais um membro, Degas, interpretado por Greg Tarzan Davis, mas o roteiro não o privilegiou, é um personagem desnecessário). E, como falei antes, não gostei do Esai Morales. Dentre as novidades, gostei de dois personagens interpretados por atores mais conhecidos por séries de TV: Hannah Waddingham (Ted Lasso) e Tramell Tillman (Ruptura).

Ainda queria falar da trilha sonora. Gosto muito do tema original, em 5/4. Uns anos atrás fiz um short falando de músicas em 5/4. Quase todas as músicas que ouvimos por aí são em 4/4, que é quando tem um tempo forte a cada quatro tempos, UM dois três quatro UM dois três quatro… O tema de Missão Impossível tem um tempo forte a cada cinco: UM dois três quatro cinco UM dois três quatro cinco. O tema de Halloween também é em 5/4. Você já tinha reparado neste detalhe?

Por fim, temos uma cena em um porta aviões. Caramba, podia ter uma piadinha interna, onde Ethan Hunt podia avistar, ao longe, o Maverick!

O Contador 2

Crítica – O Contador 2

Sinopse (imdb): Christian Wolff aplica sua mente brilhante e métodos não tão legais para montar o quebra-cabeça não resolvido do assassinato de um chefe do tesouro.

O primeiro O Contador foi lançado em 2016, nove anos atrás. Lembro que vi, lembro que gostei, mas não lembro de nada do filme. Ou seja, os comentários serão como se heu não tivesse visto.

Dirigido por Gavin O’Connor (o mesmo do primeiro filme), O Contador 2 (The Accountant 2, no original) é mais um filme genérico de ação. Tecnicamente bem feito, mas teve um detalhe que me incomodou: o protagonista Christian, interpretado por Ben Affleck, é um cara super inteligente, muito rico, bonito, forte, sabe lutar e ainda sabe usar armas de fogo de alto calibre. Caramba, o cara não tem nenhum ponto fraco?

Ou será que Affleck ainda quer ser o Batman?

Aí a gente lembra da situação curiosa vivida pelo ator. Affleck é quem mais interpretou o Batman no cinema, foram quatro filmes (Batman vs Superman, Liga da Justiça, e pequenas participações em Esquadrão Suicida e The Flash). E, ironicamente, é o único que não teve um filme “solo” – Michael Keaton, Val Kilmer, George Clooney, Christian Bale e Robert Pattinson foram estrelas dos seus filmes.

Vendo este histórico, não parece que Affleck quer transformar O Contador 2 no seu filme do Batman? Afinal, o Batman é um cara muito inteligente, muito rico e que luta muito bem…

Piadas à parte, esse lado “super herói” me incomodou um pouco. Talvez funcionasse melhor nos anos 80 ou 90, mas, hoje em dia, fica difícil ver um personagem sem nenhuma vulnerabilidade e levar o filme a sério.

(E ainda tem uma escola para super dotados que ajuda remotamente o personagem, e é impossível não lembrar de X-Men e a escola do professor Xavier. Mais um “super poder”!)

O elenco é bom. Tem crítico que não gosta do Ben Affleck, mas heu não tenho nada contra, acho que ele funciona bem neste tipo de papel. Jon Bernthal também está bem e tem boa química com Affleck. J.K. Simmons aparece muito pouco, pena, gosto dele. Também no elenco, Cynthia Addai-Robinson e Daniella Pineda

O Contador 2 não é ruim, como falei, tecnicamente é bem feito e tem algumas boas sequências de ação. E a dinâmica entre os irmãos é bem construída. Mas acho que funcionaria melhor se os irmãos tivessem uma dinâmica diferente, um sendo “o cérebro”, outro sendo “os músculos”.

Caos e Destruição

Crítica – Caos e Destruição

Sinopse (imdb): Um roubo de drogas sai do controle, levando um policial a encarar o submundo de uma cidade corrupta para salvar o filho de um político importante.

Finalmente estreou Havoc! Pra ninguém dizer que é mentira, aqui está o link das expectativas para 2023, quando comentei que queria ver este filme!

Antes do filme, quero falar do diretor, e de onde vinha essa expectativa. Festival do Rio de 2011. Heu estava lendo a programação, pra escolher quais filmes iria ver, tinha um filme indonésio na mostra Midnight Movies, chamado The Raid. Normalmente, filmes de países assim vão pra mostra Panorama do Cinema Mundial, e se estava na Midnight Movies é porque tinha algo de diferente. E realmente tinha, acabei em uma sessão onde vi um dos melhores filmes de ação daquela década. Um filme onde literalmente me senti sem fôlego no meio da sessão.

Em 2014 estive em Londres e dei sorte de ver The Raid 2 num cinema (este segundo filme não passou nos cinemas brasileiros). Vou copiar parte do meu texto escrito naquela época: “Se o primeiro filme é um diamante bruto de testosterona, este segundo filme é um diamante do mesmo quilate, só que lapidado. Se em The Raid a ação é toda em uma trama linear, e tudo acontece dentro do prédio; agora temos vários climas, vários cenários, vários personagens. E a violência extrema continua lá. E ainda melhorada. Olha, vou contar para vocês: a violência nunca foi mostrada assim antes na história do cinema. Nunca antes o sangue jorrou de maneira tão bela! Estamos acostumados com o “padrão Marvel de violência” – sem sangue, sem gore. A violência aqui é crua, bem longe de Hollywood. A quantidade de sangue derramado e de ossos quebrados é muito grande, com detalhes visuais que chamam a atenção”.

De lá pra cá, Gareth Evans dirigiu um filme de terror (Apóstolo) e alguns episódios da série Gangs Of London, que trazem essa violência crua, mas que é uma série irregular (mesmo assim, recomendo o episódio 5 da primeira temporada, acho que deve ser o produto audiovisual televisivo mais violento da história). Até que li sobre Havoc, seu novo longa metragem – que aqui ganhou o nome genérico “Caos e Destruição“.

Segundo o imdb, Caos e Destruição terminou de ser filmado em 2021, mas passou por refilmagens de lá pra cá. Deve ter tido outros problemas também, afinal o filme só foi lançado quatro anos depois – e sem nenhum alarde.

Caos e Destruição não é tão bom quanto os dois The Raid. Os filmes indonésios têm muito mais lutas corporais, algumas delas antológicas – só pra citar dois exemplos, no primeiro tem uma cena onde o protagonista enfrenta dezenas de oponentes num corredor; no segundo tem uma das minhas cenas favoritas de todos os tempos, quando uma mulher, com um martelo em cada mão, ataca sete adversários armados com facas. Caos e Destruição também tem lutas, mas nenhuma memorável como as citadas anteriormente.

Mesmo assim, algumas sequências não deixam nada a desejar. Heu adoro o estilo de como o Gareth Evans filma as cenas de ação. O filme abre com uma tensa perseguição de carro onde a câmera se posiciona diferente do óbvio. E no meio do filme tem uma longa sequência numa boate onde temos lutas e tiros por quase dez minutos ininterruptos. E tem uma sequência que lembra Gangs Of London, onde pessoas sitiadas em uma casa enfrentam vários inimigos que chegam atirando.

Agora, precisamos reconhecer que a trama é meio clichê. Policial corrupto em busca de redenção, compra briga com outros policiais corruptos e também com bandidos. Parte técnica excelente, mas história com pouca originalidade.

Se o roteiro é fraco, por outro lado o elenco é melhor que os filmes anteriores do diretor. Tom Hardy está bem como o policial anti-herói (ele funciona bem neste tipo de papel). Já Forest Whitaker está caricato, não gostei do seu personagem. Caos e Destruição ainda conta com Timothy Oliphant e Luiz Guzmán.

Por fim, um mimimi de fã do Gareth Evans. A atriz Narges Rashidi está em Gangs Of London, e tem uma cena excelente com ela lutando. A mesma atriz aqui aparece como a esposa do protagonista, uma personagem que não entra na luta. Ok, head canon meu, mas queria vê-la lutando…

Thunderbolts*

Crítica – Thunderbolts*

Sinopse (imdb): Depois de se verem presos em uma armadilha mortal, uma equipe não convencional de anti-heróis deve embarcar em uma missão perigosa que os forçará a confrontar os cantos mais sombrios de seus passados.

(Antes de tudo, aquele aviso pra quem não me conhece: não leio HQs de super heróis, nem sei se existe uma HQ dos Thunderbolts. Meus comentários serão sobre o filme e o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU)).

Já comentei antes. Entre 2008 e 2019, a Marvel fez um trabalho excepcional nos cinemas. Lançamentos da Marvel eram quase sempre garantia de um bom filme. Mas, de lá pra cá, a situação mudou, e muitos dos títulos decepcionaram.

Este ano a previsão era de três longas da Marvel: Capitão América 4, que foi mais do mesmo. Antes do fim do ano teremos Quarteto Fantástico, que promete ser uma grande revolução no MCU. E tinha esse Thunderbolts*, uma grande incógnita. O que esperar de um filme que só tem personagens secundários?

Não sei se é porque heu não tinha nenhuma expectativa, mas, não é que curti Thunderbolts*? Não é um grande filme, não vai mudar a vida de ninguém, mas posso dizer que me diverti no cinema. Curti bem mais do que Capitão 4.

Dirigido pelo pouco conhecido Jake Schreier, Thunderbolts* traz um time de personagens que parecem refugo de outros filmes. O único que tem alguma relevância no MCU é o Bucky (Sebastian Stan), parceiro do Capitão América original e que esteve em oito filmes e na série Falcão e o Soldado Invernal. O resto é tudo “lado B”: Yelena Belova (Florence Pugh), irmã adotiva da Natasha Romanoff e que também tem treinamento de Viúva Negra e que estava no filme Viúva Negra e na série Gavião Arqueiro; o Guardião Vermelho (David Harbour), pai adotivo da Natasha e da Yelena, e que estava no filme Viúva Negra; Antonia Dreykov (Olga Kurylenko), a Treinadora, também do filme Viúva Negra; John Walker (Wyatt Russell), o “Capitão América da Shopee”, da série Falcão e o Soldado Invernal; Ghost (Hannah John-Kamen), vilã de Homem Formiga 2; e o Bob (Lewis Pullman), personagem novo. Sim, apenas Bob, isso será explicado no filme. Ah, também tem a Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), que faz uma espécie de Nick Fury aternativa, e que esteve em Falcão e o Soldado Invernal, Viúva Negra e Pantera Negra 2.

(Em tempos de “nepo babies”, temos o filho do Kurt Russell e o filho do Bill Pullman…)

Parecia que o protagonismo ia ser do Sebastian Stan, né? Não, na verdade é a Florence Pugh quem lidera o filme. E faz um excelente trabalho – ela inclusive saltou do segundo prédio mais alto do mundo sem usar dublês! Aliás, o filme sabe equilibrar bem a quantidade de personagens, não tem nenhum personagem que parece que está só pra ser “mais um”. E apesar de todos parecerem secundários demais, o time “deu liga”.

(Só não entendi por que um dos personagens sai logo no início do filme. Me parece que o ator/atriz estava com algum problema pessoal ou contratual e não podia seguir no filme. Ficou estranho usar um personagem em toda a divulgação e não usá-lo ao longo do filme.)

As cenas de ação são boas, e, claro, é Marvel, tem muito humor – achei o personagem do Guardião Vermelho um alívio cômico perfeito. E tem uma sequência muito boa no meio do filme que, não sei se foi proposital ou não, mas lembrou muito O Exterminador do Futuro.

Thunderbolts* ainda entra no delicado assunto da depressão, tanto nos protagonistas quanto no antagonista. Agora, não vou entrar em spoilers, mas a parte final atinge parte da população “civil”. Quando o Thanos estalou os dedos, isso afetou o mundo e isso foi tratado em outros filmes; será que os próximos filmes vão lidar com o que aconteceu com as pessoas afetadas?

Ainda sobre a sequência final, Thunderbolts* ser um filme dentro do MCU traz outro problema recorrente: onde estavam outros heróis? O Doutor Estranho não mora na mesma cidade onde se passa o filme? O Sam Wilson não estava por aí “anteontem” como o novo Capitão América? Por que Thunderbolts* nem sequer menciona os outros heróis? (Um evento de Capitão América 4 é citado, ou seja, eles confirmam que estão no mesmo universo!).

Mesmo assim, achei o resultado de Thunderbolts* muito positivo. Não é o melhor filme da Marvel, mas acho que podemos dizer que é o melhor desde Guardiões da Galáxia 3. Agora aguardemos Quarteto Fantástico pra saber se Thunderbolts* foi um caso isolado ou se estamos numa curva ascendente.

Por fim, o tradicional da Marvel: duas cenas pós créditos, uma piadinha no meio dos créditos, e um gancho pro próximo filme lá no fim de tudo. Achei um gancho meio previsível, mas, ok.

Ah, o asterisco no título do filme tem sentido. Assim como o Bob, é explicado no filme.

Operação Vingança

Crítica – Operação Vingança

Sinopse (imdb): Quando seus supervisores na CIA se recusam a tomar providências depois que sua esposa é assassinada em um ataque terrorista em Londres, um decodificador decide resolver o problema com as próprias mãos.

Alguns filmes são bons e disputam espaço em listas de melhores do ano, como o recente Pecadores. Outros são ruins e disputam espaço em listas de piores, como o igualmente recente Nas Terras Perdidas. Já outros estão aí só pra “cumprir tabela”. Operação Vingança é um desses. Um filme ok, mas esquecível.

Dirigido pelo pouco conhecido James Hawes, que tem um currículo razoável na TV mas pouca coisa para cinema, Operação Vingança (The Amateur, no original) é baseado no livro “The Amateur”, de Robert Littell, que já tinha virado filme em 1981, estrelado por John Savage e Christopher Plummer. Ou seja, o péssimo nome “Operação Vingança” não é novidade.

Conhecemos Charles Heller, que trabalha nos computadores da CIA. Perfil de nerd que sofre bullying no formato de trabalhar de graça pros colegas. Quando sua esposa morre, vítima de um ataque terrorista, ele chantageia seus chefes para ganhar treinamento para fazer vingança com as próprias mãos.

O melhor de Operação Vingança é que o protagonista Charles Heller não tem o perfil de agente de campo, e não consegue aprender isso no seu rápido treinamento. Ele vai atrás dos vilões, mas continua sendo um “nerd de computador”. E pra piorar, a CIA começa a persegui-lo. Ou seja, ele está atrás de perigosos terroristas enquanto precisa fugir da CIA.

Claro que precisamos de muita suspensão de descrença, porque algumas coisas feitas por Heller são bem difíceis de se aceitar. Mas, faz parte do pacote “filme de espionagem”.

O problema é que Operação Vingança é “correto”, mas em nenhum momento chega a empolgar. Na verdade, parece um produto de streaming, aquele tipo de filme que serve pra entreter por duas horas, e que na semana seguinte você nem se lembra mais.

No elenco, ouvi críticas à atuação de Rami Malek, mas confesso que achei ele bom pro papel (sei que ele fez Mr Robot, mas nunca vi). Rachel Brosnahan, a nova Lois Lane, morre logo no início do filme, mas continua aparecendo por causa de uma boa sacada de roteiro. Também no elenco, Laurence Fishburne, Jon Bernthal, Holt McCallany, Julianne Nicholson e Caitríona Balfe.

Operação Vingança não vai mudar a vida de ninguém, mas pelo menos não vai deixar nenhum espectador com raiva de ter perdido tempo.

Nas Terras Perdidas

Crítica – Nas Terras Perdidas

Sinopse (imdb): Uma feiticeira viaja para as Terras Perdidas em busca de um poder mágico que permite que uma pessoa se transforme em um lobisomem.

Algumas pessoas encontram um nicho e seguem nessa zona de conforto. Sempre lembro do Adam Sandler, que junta uns amigos, viaja, se diverte, filma um fiapo de história, e vende isso como o seu novo filme. São filmes bem ruins, mas, ora, se tem gente comprando, ele está certo de continuar fazendo.

Paul W.S. Anderson também encontrou um nicho: filmes fantásticos com roteiro fraco e cara de videogame, sempre estrelados por sua esposa Milla Jovovich. Foi assim com Resident Evil, foi assim com Monster Hunter. Por que Nas Terras Perdidas ia ser diferente?

Nas Terras Perdidas (In The Lost Lands, no original), tem uma diferença, que poderia ser algo relevante: é adaptação de um conto de George R R Martin. Não li o conto, mas, pelo roteiro, realmente parece videogame.

Num mundo pós apocalíptico, conhecemos uma bruxa que contrata um mercenário pra encontrar o covil de um lobisomem, para atender os desejos de uma rainha. E o filme segue essa jornada, em etapas que parecem justamente fases de um jogo.

(Aliás, algumas das fases não fazem muito sentido, tipo aquela onde ela encontra seres que parecem uma versão zumbi do Groot.)

Nas Terras Perdidas não chega a ser exatamente ruim. Na verdade, encontrei exatamente o que estava esperando: uma trama rasa em um ambiente fantástico, com efeitos especiais de segunda linha, e um roteiro bem fraco.

Assim como em Monster Hunter, o roteiro é o pior do filme. Parece que ninguém releu e revisou, algumas soluções são bem toscas. Heu poderia listar várias inconsistências, mas ia ser um texto meio chato. Mas só vou dizer uma coisa que chegou a me incomodar. Eles demoram alguns dias para chegarem no destino, e isso porque cortam caminho. Aí depois ela consegue voltar no mesmo dia. Ué, são caminhos diferentes?

(Depois da sessão, comentei isso com um amigo, que fez a piada “é que na ida eles foram tirando fotos e postando no Instagram, não fizeram isso na volta”.)

O visual lembra Mad Max, mas cheio de câmera lenta e imagens estilosas – parecia que Paul W.S. Anderson queria emular o estilo do Zack Snyder. Não vou reclamar dos efeitos especiais. Não são muito bons, mas servem pro estilo proposto pelo diretor. Falo o mesmo sobre as atuações de Milla Jovovich e Dave Bautista. O problema aqui é roteiro!

Agora é aguardar a bilheteria, pra saber se o casal Anderson & Jovovich vai fazer uma continuação, ou se vão adaptar outro videogame. Ainda não sabemos. Só sabemos como o resultado vai ficar.

p.s.: A personagem da Milla Jovovich em Resident Evil é Alice. Aqui é Gray Alys. Ninguém reparou que soa igual?

9 Coisas que Não Fazem Sentido em Código Alarum

9 Coisas que Não Fazem Sentido em Código Alarum

Sinopse (imbd): Dois espiões desonestos saem da rede, casam-se e são atacados em sua cabana remota por várias agências de inteligência que buscam um disco rígido roubado.

A expectativa era a pior possível. Dois meses atrás, vi Blindado, com Sylvester Stallone, produção picareta de um cara picareta chamado Randall Emmett, que usa a seguinte fórmula: oferece um bom cachê pra um nome grande de Hollywood, que vai até o set e trabalha por poucos dias, apenas em algumas cenas, e o filme é lançado com o nome da estrela no cartaz. Um filme vagabundo, aparentemente todo o orçamento é pra bancar esse cachê caro.

Código Alarum (Alarum, no original) é com Sylvester Stallone e produção de Randall Emmett. Dá pra confiar?

Fui na curiosidade de ver a estreia hollywoodiana da Isis Valverde. Segundo o imdb, ela esteve perto de estrelar The Flash em 2023 – ela e Bruna Marquezine eram as principais escolhas para o papel da Supergirl, mas não puderam viajar para Londres para os testes presenciais por causa da pandemia da Covid. Bruna conseguiu um papel importante em outro filme da DC, o Besouro Azul. E Isis, bem Isis deu azar. Já comento sobre isso.

Não diria que Código Alarum é tão ruim quanto Blindado, porque, pra mim, Blindado nem chega a ser um filme de verdade, parece um curta amador esticado. Código Alarum também parece amador, mas pelo menos tem cara de longa metragem, tem mais personagens, mais locações. E tenho um elogio para fazer. Só um, mas pelo menos encontrei algo positivo.

Código Alarum é todo errado. O roteiro é um lixo, a história é confusa e mal amarrada, as atuações são péssimas, os efeitos especiais são sofríveis, tudo é ruim. Vou fazer alguns comentários e depois uma lista de coisas que não funcionaram.

O roteiro é péssimo! Fala de uma agência misteriosa, tem personagens que mudam de lado sem justificativa, tem gente que só fica no escritório falando ao telefone, todos os diálogos são ruins… Olhando de longe, parece que a trama é complexa, mas, de perto, acho que foi apenas mal escrita. E normalmente não reclamo de efeitos especiais, mas os tiros de metralhadora em cgi parecem efeito de celular. E celular velho.

Vou falar spoilers. Acho que pra um filme desses, dizer um spoiler é até algo positivo, porque minha recomendação é “NÃO VEJA!”. Mas, vamulá, spoilers liberados. Todos os brasileiros querem ver a Isis Valverde, afinal, alguns atores daqui começam a despontar em Hollywood. Bruna Marquezine teve um papel quase principal em Besouro Azul; Wagner Moura está muito bem como um dos protagonistas de Guerra Civil; Fernanda Torres foi indicada ao Oscar; Selton Mello está escalado para trabalhar com Jack Black e Paul Rudd. Já Isis Valverde, pena. Ela aparece em duas cenas, depois leva um tiro e acabou o filme pra ela. Sério, o papel dela é tão secundário que ela morre antes mesmo do Stallone aparecer em tela.

Sobre o elenco: Scott Eastwood é o protagonista, e é tão expressivo quanto o cenário onde ele atua. Ele tem moral porque é filho do Clint Eastwood, mas precisa melhorar seus filmes pra começar a ser lembrado por ele mesmo e não por ser um “nepo baby” (falei aqui outro dia do Jack Quaid, que aos poucos constrói um currículo maior do que “ser filho do Dennis Quaid e da Meg Ryan). Stallone nunca foi um grande ator, mas tem carisma pra segurar um papel – quando quer. Aqui acho que ele não queria. Inclusive o papel dele é muito mal escrito. Mike Colter, o Luke Cage da Marvel, está caricato. Mas, tenho um elogio no elenco: Willa Fitzgerald, de Reacher e Strange Darling, está bem. Ela convence nas cenas de luta e é de longe a melhor coisa de Código Alarum. Salva o filme? Claro que não. Mas se todos estivessem no nível dela, seria um filme bem menos ruim.

Já que abri os spoilers, vamos à lista de coisas que não fazem sentido?

1- O casal é um dos mais improváveis da história do cinema. O cara está sendo atacado, leva um tiro, mata o oponente. Aí outra pessoa o ataca, eles lutam por alguns segundos – um chute e dois socos no total – e caem pela janela. Aí ele “veste o Joey Tribianni” e manda uma cantada pra ela. “How you doing?” Caraca, eles se apaixonam depois de trocarem golpes por 30 segundos??? Até acredito que inimigos possam se apaixonar, mas precisa ter toda uma construção anterior, outros confrontos, etc.

2- O Mike Colter estava num avião, matou os dois pilotos e pulou de para quedas, pra depois ir no avião caído e procurar um pendrive. Como é que ele sabia que o avião não ia explodir, colocando fogo no pendrive? Não seria melhor roubar o pendrive antes de matar os pilotos e derrubar o avião?

3- Entendo que em filme de ação o mocinho tem uma mira excepcional e todos os seus adversários tenham “mira de stormtrooper”. Mas aqui isso está exagerado. Tem uma cena onde o mocinho está sozinho numa casa, abrem um grande buraco na parede, e vários oponentes estão com metralhadoras atirando nele. E ele simplesmente aparece no meio do buraco da parede, à vista de qualquer um, atira de volta, e mata todos. Sem levar nenhum tiro!

4- Ainda nesse item, a mocinha mata quatro adversários com tiros. Aparecem outros oponentes, e atacam ela – sem armas de fogo! Por que??? Até aceito não terem matado ela na cena seguinte, o cara queria torturá-la. Mas, naquele momento, no meio do tiroteio, os inimigos não iam abrir mão dos revolveres e metralhadoras.

5- O Stallone é contratado pra duas tarefas: recuperar um pendrive e matar o Scott Eastwood. Aí ele envenena o Scott (na verdade não era veneno, mas ele não sabia disso, pra ele, ele realmente tinha envenenado). Logo depois consegue o pendrive. Por que não matou logo? Dava um tiro, pegava o pendrive e acabou a missão, pode voltar pra casa.

6- A aliança entre o Scott Eastwood e o Mike Colter não faz o menor sentido. O Scott mata TODOS os soldados do Mike, e depois ele diz “ok, não vou te matar agora, vamos virar parceiros”. Oi???

7- Os drones usados pra atacar os mocinhos são os piores drones da história. Mesmo com o “target locked”, conseguem errar todos os tiros!

8- No fim a gente descobre que o Scott Eastwood trocou o veneno, e quem está envenenado é o Stallone. Mas, o filme diz que o veneno mata em uma hora. Era de noite, e já está de dia! Calma que fica pior: eles se encontram, e o Stallone fala que “ainda tem alguns minutos”. Ou seja, a parada é realmente cronometrada! E só depois disso que o Stallone começa a passar mal com o veneno – sendo que ele tomou antes do Scott.

9- Por fim, uma coisa besta, mas que também não faz sentido. O cara da agência (sei lá qual agência) com quem eles conversam ao telefone tem um escritório numa sala enorme. E a mesa dele está bem no meio da sala. Se ele tem vários inimigos, qual é o sentido de ter uma mesa bem no meio da sala, onde qualquer um pode se aproximar pelas costas dele?

Resgate Implacável

Crítica – Resgate Implacável

Sinopse (imdb): Ele quer viver uma vida simples e ser um bom pai para sua filha. Mas quando a filha adolescente de seu chefe, Jenny, desaparece, ele é chamado para reempregar as habilidades que o tornaram uma figura lendária nas operações secretas.

Filme novo do Jason Statham, dirigido por David Ayer – mesma dupla de Beekeeper. Cheirinho de filme ruim, mas vamulá.

Jason Statham é um cara carismático, que tem uma filmografia com vários bons títulos – mas ele também fez várias bombas. Já David Ayer dirigiu aquele Esquadrão Suicida todo errado, então o saldo dele é bem negativo. Ainda tinha um nome bom, o roteiro é de Sylvester Stallone. Respeito o Stallone, tem uma carreira impressionante, décadas de bons serviços prestados ao cinema de ação, mas a gente sabe que nem sempre ele acerta.

Bem, a notícia não é boa. Resgate Implacável é bem fraco. Beekeeper era um filme de ação genérico, mas tinha algumas boas sequências. Resgate Implacável é só genérico.

Outro dia ouvi uma boa definição sobre os filmes do Jason Statham, que se aplica a boa parte de sua filmografia. Em Beekeeper, ele é um apicultor, que também é um assassino. Em Infiltrado, ele é um segurança, que também é um assassino. Em Carga Explosiva, ele é um motorista, que também é um assassino. Bem, aqui em Resgate Implacável, ele trabalha numa empresa de construção, e também é um assassino. Levon Cade (Jason Statham) trabalha numa obra. Quando a filha do seu patrão é sequestrada, ele resolve ir atrás de quem sequestrou.

Mas, sabe qual é o problema? Hoje, em 2025, esse formato do “exército de um homem só” precisa convencer o espectador. Alguns filmes conseguem, tipo a franquia John Wick. Mas aqui tudo parece muito fácil. O cara sai matando e vai galgando entre figurões da máfia russa, sempre mostrando o rosto nas câmeras de segurança, e nenhum dos bandidos procura saber quem é. Além disso, ele nunca se machuca. É daquele tipo de filme onde, quando ele está sem uma arma de fogo, ou o oponente também está sem arma de fogo, ou o oponente tem “mira de stormtrooper”.

Pra piorar, não tem nenhuma cena de ação memorável (Beekeeper não foi um bom filme, mas tinha algumas boas sequências). Como resultado, temos um filme arrastado. São quase duas horas de projeção, mas parece mais longo. E ainda tem cenas que dão raiva. Vou dar um exemplo: determinado momento ele está cercado, tem dois oponentes atirando. Aí ele mostra que consegue usar seu rifle com uma telinha bluetooth e mata um deles com um tiro certeiro. E depois ele joga uma granada em cima do outro. Por que não matar o outro da mesma forma?

Sobre o elenco, Jason Statham faz o de sempre. Quem vai ao cinema pra ver um filme dele não quer uma grande atuação, só quer ver tiro, porrada e bomba. Agora, não entendi as escalações de David Harbour e Michael Peña. São dois bons atores, poderiam agregar valor ao filme, mas têm papéis muito secundários, poderia ser qualquer ator em cada um dos papéis. Principalmente o David Harbour, que parece que só está lá pra se o filme tiver uma continuação.

Sim, continuação. Existe uma série de livros, com doze volumes, com o personagem Levon Cade. Ou seja, provavelmente a proposta é começar uma nova franquia. Tomara que a bilheteria deste primeiro filme seja fraca e desistam da ideia.