Mientras Duermes

Crítica – Mientras Duermes

Uêba! Filme novo do Jaume Balagueró, um dos diretores dos dois primeiros REC!

César (Luis Tosar) é o porteiro de um pequeno prédio de apartamentos. Simpático e prestativo, ele guarda segredos sinistros.

REC foi um dos melhores filmes de terror da década passado. Terrorzão, com direito a violência gráfica e uma boa dose de gore. Já Mientras Duermes segue outro caminho. Trata-se de um bom suspense à moda antiga, sem nada de gore – a não ser talvez para quem tem fobia de baratas. E mesmo assim, tenso como poucas vezes no cinema contemporâneo.

Mientras Duermes consegue criar um excelente clima de tensão, graças ao bem amarrado roteiro de Alberto Marini e à direção inspirada de Balagueró – que, mais uma vez, constroi quase todo o filme dentro de um velho prédio de apartamentos, como fez nos dois REC.

O filme tem um grande trunfo: César, um personagem desagradável e genial, interpretado de maneira magistral por Luis Tosar. O personagem é tão bem construído que, em determinada cena, ele tenta fugir de um apartamento sem ninguém ver. E a gente torce por ele, mesmo sabendo que ele é um ser repugnante.

E assim o filme segue, acompanhando o porteiro César e suas atitudes altamente questionáveis….

O fim do filme não explica muita coisa, na verdade o motivo de César ser daquele jeito não fica claro. Mas isso não torna o filme ruim. Mientras Duermes é um bom filme de suspense. Pena que a gente não sabe se vai ser lançado por aqui…

Em breve teremos as continuações de REC. Paco Plaza está desenvolvendo o terceiro filme, que será um “prequel”; enquanto Balagueró fará sozinho o quarto filme, que teoricamente vai dar um fim à série. E, no seu “tempo livre”, Balagueró mostra que está em forma!

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A Sétima Vítima

Los Crimenes de Oxford
Rec 2
O Orfanato

The Oxford Murders / Los Crimenes de Oxford

The Oxford Murders / Los Crimenes de Oxford

Na Universidade de Oxford, um professor inglês (John Hurt) e um aluno americano (Elijah Wood) ajudam a polícia a tentar solucionar uma série de crimes aparentemente ligados a símbolos matemáticos.

O filme é daquele tipo “mistérios misteriosos”, onde a gente fica tentando adivinhar quem será o próximo a morrer, como e por que, e logo vem uma virada de roteiro que nos joga em outra direção. Neste ponto, o filme flui bem, apesar da trama ser um pouco confusa. O problema é que certas coisas na história parecem meio forçadas demais, e aí o que antes funcionava perde a credibilidade.

Sou fã do diretor espanhol Álex de la Iglesia. Gosto de quase todos os seus filmes: Ação Mutante, O Dia da Besta, Perdita Durango, A Comunidade, Crime Ferpeito… Todos trazem um delicioso ar de filme B, um irresistível humor meio trash. Bem, quase todos. Este The Oxford Murders não tem cara de Álex de la Iglesia… Não falo isso só porque o filme se passa na Inglaterra e os atores principais são hollywoodianos. Perdita Durango é em inglês e se passa na América! The Oxford Murders simplesmente parece ser feito por outra pessoa. Não é um filme ruim, apenas não tem a cara do diretor.

Elijah Wood e John Hurt estão bem em seus papéis, o aluno e o professor que desconfiam um do outro. Nos papéis femininos, temos Julie Cox e Leonor Watling (o único nome espanhol no elenco principal). O francês Dominique Pinon faz um pequeno e importante papel.

A trama usa muitas referências matemáticas e é um pouco difícil de acompanhar, mas pelo menos a solução do filme tem uma certa lógica, apesar de também soar meio forçação de barra – ainda não “enguli” o terceiro assassinato, e achei muita viagem o quarto.

Não vi nada sobre este filme aqui no Brasil, apesar dele ser de 2008. Nem título em português! Por enaquanto, só via download…

Spanish Movie

Spanish Movie

Outro dia encontrei este filme pela internet. Inicialmente, pensei que era mais um daqueles filmes daquela franquia cada vez mais sem graça “alguma coisa movie” (falei deles no meu Top 10 de Filmes Ruins), que começou com Scary Movie (Todo Mundo em Pânico aqui no Brasil) e que depois foi seguido por Uma Comédia Nada Romântica (Date Movie), Deu a Louca em Hollywood (Epic Movie) e Super-Heróis – A Liga da Injustiça (Disaster Movie).

Mas aí vi o elenco do filme. Tem um monte de diretores espanhóis que admiro! Álex de la Iglesia (Crime Ferpeito), Alejandro Almenábar (Abra Los Ojos), Juan Antonio Bayona (O Orfanato), Jaume Balagueró e Paco Plaza (REC)… Bem, já que essa galera está no filme, isso já é motivo para ver “qual é”.

Mas acaba que o formato de Spanish Movie é bem parecido com a franquia americana. O filme dirigido por Javier Ruiz Caldera parodia vários filmes espanhóis recentes, como O Orfanato, Labirinto do Fauno, REC, Abra Los Ojos, Mar Adentro e Volver. Deve ter mais paródias, mas confesso que não entendo tanto assim de cinema espanhol.

E fica a dúvida: funciona? Olha, vou falar que o filme é meio bobo. Mas é bem melhor do que os similares americanos. Algumas piadas são engraçadas, e rolam algumas boas ideias, como por exemplo a cena do marido bêbado com o cenário inclinado. E a sequência que satiriza REC é hilaria!

Fora as participações especiais (ainda tem Belén Rueda repetindo seu papel de O Orfanato), o elenco não tem muitos nomes conhecidos aqui. Alexandra Jiménez, Sílvia Abril e Carlos Areces fazem um bom trabalho como o trio principal. (Ainda rola uma participação desnecessária: Leslie Nielsen repetindo o mesmo papel de sempre numa breve cena. Não precisava disso…)

Findo o filme, fiquei imaginando um “Brazilian Movie”. Com certeza teria Central do Brasil, Cidade de Deus e Tropa de Elite. Quais outros vocês acham que entrariam na sátira?

[Rec] 2

[Rec] 2

[Rec] foi um dos melhores filmes de 2007. Lançado na mesma época que o hollywoodiano Cloverfield, o espanhol [Rec] trouxe um sopro de criatividade ao cinema de horror. Um filme simples, usando a câmera subjetiva com maestria, com poucos (e eficientes) efeitos especiais e sem ninguém conhecido no elenco. Foi um dos filmes mais assustadores dos últimos anos!

Aí anunciaram esta continuação. Vou confessar que fico “bolado” sempre que leio sobre continuações de filmes que gosto. Por um lado, é legal voltar ao universo e aos personagens do filme original. Mas, por outro lado, a chance de dar errado é grande – quase sempre a continuação é muito inferior ao original.

Felizmente, não é o caso aqui. [Rec] 2 pode não ser tão bom quanto o primeiro, mas não decepcionará ninguém!

[Rec] 2 começa exatamente onde o primeiro filme acaba. Policiais equipados com câmeras vão entrar no prédio isolado, escoltando uma autoridade do Ministério da Saúde. Lá dentro, surpresas os aguardam…

É difícil falar muito sem spoilers. Mas posso dizer que há uma grande reviravolta na história, logo no começo do filme. Aquilo que vimos no primeiro filme não é exatamente o que pensávamos!

Ah, sim, como o primeiro filme, [Rec] 2 continua usando somente a câmera subjetiva. Tudo o que passa na tela é filmado pelos atores. E, como acontece no primeiro filme, o roteiro sabe muito bem utilizar este artifício.

Por uma opção narrativa, a segunda parte do filme é um pouco mais lenta que a primeira (é difícil falar mais sem soltar spoilers!). Mesmo assim, o filme nunca fica chato. E reserva uma boa surpresa para o fim!

Os diretores são os mesmos do primeiro filme, Jaume Balagueró e Paco Plaza. Espero que mantenham a equipe para a terceira parte!

Crime Ferpeito

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Crime Ferpeito

Já falei aqui que gosto muito de humor negro? Pena que temos tão poucas produções nessa onda. E considero esta modesta produção espanhola de 2004 uma das melhores comédias de humor negro dos últimos anos.

Rafael (Guillermo Toledo) é o melhor vendedor de uma grande loja de departamentos em Madri. Adorado pelas vendedoras, idolatrado pelos os colegas, ele leva uma vida em alto estilo e almeja o cargo de gerente do andar. Até que um acidente coloca Lourdes (Mónica Cervera), a mulher mais feia da loja, em ponto chantageá-lo…

O filme é muito engraçado. O roteiro, redondinho, mostra várias situações hilariantes às quais o nosso “heroi” é exposto. Se antes ele era o perfeito latin lover, ele passa a conviver com mentiras, situações constrangedoras, e até um fantasma!

Não foi a primeira vez que o genial diretor Álex de la Iglesia mostrou que tinha mão boa para este tipo de comédia. Me lembro de seu primeiro filme a chegar em terras tupiniquins, a ficção científica Ação Mutante, onde um grupo terrorista composto de pessoas deformadas age atacando academias de ginástica e qualquer coisa que faz parte do culto à beleza física (vi esse filme no cinema, sem legendas, e depois consegui comprar o vhs!). E seu filme seguinte, o terror O Dia da Besta, também tem seus momentos hilários, com um padre que quer se aproximar do mal.

E tem mais um pequeno detalhe muito interessante: o “ferpeito”, usado no título e em uma cena importante, foi inspirado no personagem de quadrinhos Obelix! Quem já leu Asterix sabe que quando Obelix fica bebado, ele fala “ferpeitamente”!

Enfim, boa pedida para quem curte um humor não ortodoxo!

O Orfanato

orfanato

O Orfanato

Não é de hoje que a Espanha nos traz bons filmes fantásticos. Aliás, Hollywood descobriu isso em 2007, premiando com 3 Oscars o ótimo Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro, diretor que transita livremente entre Hollywood – onde fez Hellboy – e os países latinos (ele nasceu no México).

Del Toro nos apresenta esse O Orfanato (El Orfanato no original). Diferente da fantasia presente em Labirinto do Fauno, o diretor Juan Antonio Bayona nos apresenta um dos melhores filmes de suspense dos últimos tempos.

Laura (Belen Rueda), seu marido e seu filho adotivo (que depois descobrimos que tem HIV), se muda para um casarão, que era um orfanato onde ela mesma morou quando criança. A sua idéia é abrir um novo orfanato, para crianças especiais.

Seu filho, Simon, brinca frequentemente com amigos imaginários. O que ela não sabe é que, ao seu mudar para a nova casa, ele fará contato com os fantasmas que moram ali, que se tornarão os seus novos “amigos imaginários”. E, quando Simon desaparece, Laura resolve buscar todos os meios pra encontrá-lo de volta.

Como um bom filme de casa mal-assombrada, somos apresentados a personagens sinistros com passado ligado à casa, além dos clássicos ruídos assustadores. E, usando a velha máxima do “mais é menos”, o espectador leva sustos e fica num constante clima de tensão sem precisar de muitos recusrsos gráficos na tela.

Não é bom se falar muito, pra não estragar. Mas o final, com suas citações a Peter Pan, é fantástico.

Curiosidades sobre o elenco: na equipe de “caça-fantasmas” que vai até a casa, além de Geraldine Chaplin, filha do próprio Charles Chaplin, como Aurora, a vidente que vê os fantasmas; está Edgar Vivar, conhecido aqui como o Sr. Barriga do Chaves.

Filmão. Recomendo a todos que gostam do estilo.

[REC]

[REC]

Em abril deste ano vi um dos melhores filmes de terror da minha vida. Um filme desconhecido, espanhol. Na época, só estava disponível pela internet.

Quando soube que ia passar no Festival, pensei: “opa, boa oportunidade de ver esse filme numa tela grande!” E fui pro cinema, mesmo já tendo visto o filme duas vezes antes na tv. Afinal, todos sabemos que a sensação de ver um filme na sala escura e na tela grande é muito melhor.

Vou copiar parte do texto que escrevi aqui mesmo em 8 de abril:

Sabe aquela idéia de câmera na mão e não atores na tela? Depois de reality shows na tv, inventaram o “reality cinema”. O primeiro que conheço é do início dos anos 90, um filme belga chamado Aconteceu Perto de Sua Casa, que mostra uma equipe filmando um assassino profissional. Anos depois Hollywood copiou a idéia e fez A Bruxa de Blair, e ainda tentou vender a história como se fosse verdade! E agora, esse ano, estreou o médio Cloverfield, que leva a idéia pro filme catástrofe; além de Diário dos Mortos, ótimo filme de zumbis do mestre George Romero.

Bem, como o mestre Tarantino nos ensinou, uma boa idéia pode ser reaproveitada, desde que haja talento por trás das câmeras. E acredito que dessa vez os diretores Jaume Balagueró e Paco Plaza se superaram. Um bom filme de terror espanhol já não é novidade há tempos, vide o recente excelente O Orfanato, dentre outros.

(Aliás, esse nome Jaume Balagueró não é desconhecido por aqui, ele dirigiu A Sétima Vítima, com Anna Paquin, que, apesar de parecer Hollywoodiano, é espanhol.)

Angela é uma repórter de tv, de um programa noturno, que vai acompanhar a noite de uma equipe de bombeiros. Junto com o câmera e dois bombeiros, vão até um pequeno prédio ver uma emergência – e são trancados lá dentro, junto com dois policiais e alguns moradores.

Os personagens não sabem o que está acontecendo, e nós também não. Vamos descobrindo aos poucos, e, pela câmera de tv, nem sempre conseguimos ver tudo.

Medo. Há muito tempo heu não sentia medo depois de ver um filme. A situação vivida pelos personagens é claustrofóbica e desesperadora, há um perigo ali do lado, e ninguém sabe o que é. E Angela e seu câmera, imbuídos de espírito jornalístico, filmam tudo, pra poder denunciar depois o que está acontecendo.

Recomendo fortemente! Principalmente porque já sei que a refilmagem americana, Quarantine, já está pronta…