Red: Crescer é uma Fera

Crítica – Red: Crescer é uma Fera

Sinopse (imdb): Uma jovem vive um ano de formação na companhia de um enorme panda vermelho.

Outro dia falei do sub título nacional péssimo de Ambulância Dia de Crime. Acho que Red Crescer é uma Fera é ainda pior. Essa frase não faz sentido!

A Pixar deixou a gente mal acostumado. Assim como a Marvel mudou o paradigma do filme de super herói, a Pixar fez o mesmo e elevou para outro patamar o conceito de longa de animação filmes como Toy Story, Monstros S.A., Wall-E, Divertida Mente e Soul.

Aí vem Red e seu sub título horrível. Red Crescer é uma Fera (Turning Red, no original) não é ruim, longe disso, mas está abaixo do melhor que a Pixar pode oferecer. Mas… como falei na crítica de Luca, isso é uma espécie de head canon, o problema não é do filme, e sim da expectativa que criei. Então bora falar de Red como se não fosse Pixar.

Estruturalmente, Luca e Red têm semelhanças. Luca foi dirigido por Enrico Casarosa, que antes tinha dirigido um curta para a Pixar. E o longa traz referências à infância do diretor. Red foi dirigido por Domee Shi, que dirigiu o curta Bao, curta que passou antes de Os Incríveis 2 (e vale lembra que ela ganhou o Oscar pelo curta). Mais: a protagonista Meilin é sino canadense e a história se passa no Canadá; Domee Shi nasceu na China mas se mudou para o Canadá aos 2 anos de idade.

O panda vermelho é uma metáfora à puberdade e todas as transformações físicas e emocionais que acontecem na adolescência, principalmente com as meninas (coisa que estou falando sem muita propriedade porque não passei exatamente por isso, mas, como pai de menina, acompanhei uma adolescente de perto). Nessa parte da metáfora, o filme é perfeito. Mas… Teve uma coisa que me incomodou: nenhum adulto sabe da existência do panda gigante!

A história se passa em 2002, o que ajuda, porque, se fosse hoje, cada adolescente teria um celular na mão e o panda estaria em várias redes sociais logo no primeiro dia. Não me lembro se em 2002 já existiam smartphones, mas, se existiam, não eram usados por todos no dia a dia. Mas, mesmo assim, quando o panda vira um evento entre todas as crianças da escola, algum professor ou pai acabaria descobrindo.

A protagonista Meilin é um personagem muito bem construído. Ela é uma menina exemplar e bem comportada diante dos olhos da mãe e ao mesmo tempo é uma adolescente normal entre suas amigas, e é legal ver como ela quer assumir o panda – diferente das mulheres mais velhas da sua família que precisavam reprimir seus pandas internos. As amigas são personagens mais rasos, cada uma só tem uma característica, mas servem para o que o filme pede. As tias e a avó são boas personagens, mas pouco exploradas. Acho que o único personagem bom além da protagonista é o pai.

A parte técnica é impecável, como era de se esperar. E Red ainda traz uma pequena diferença ao padrão Pixar, que são expressões faciais exageradas dos personagens em algumas cenas, lembrando estilo de anime – tudo a ver com a proposta do filme.

Por fim, fico me perguntando quando a Pixar vai voltar aos cinemas. Assim como Soul e Luca, Red Crescer é uma Fera foi direto para o streaming. E – modo velho saudosista on – prefiro muito mais ver um filme desses numa sala de cinema do que na TV de casa.

Divertido e tecnicamente muito bem feito, Red Crescer é uma Fera não é um “novo clássico da Pixar”, mas vai divertir quem estiver na vibe certa.

Os Caras Malvados

Crítica – Os Caras Malvados

Sinopse (imdb): Vários animais criminosos reformados, mas incompreendidos, tentam se tornar bons, com alguns resultados desastrosos ao longo do caminho.

Admito um problema de head canon com relação a este Os Caras Malvados (The Bad Guys, no original). A primeira vez que ouvi falar foi durante a gravação de um podcast sobre expectativas para 2022. GG, host do meu podcast Podcrastinadores, falou de uma animação que supostamente seria uma versão de Cães de Aluguel com animais – sr Lobo, sr. Cobra, sra. Tarântula, sr. Tubarão e sr. Piranha. Taí, esse filme heu queria ver. Os Caras Malvados estava até na minha lista pessoal de expectativas pra 2022 no heuvi.

Passou um tempo descobri que era Dreamworks, o que, neste caso, era uma má notícia. Um estúdio como a Dreamworks provavelmente faria um filme infantil, e a ideia na minha cabeça funcionaria melhor em uma animação adulta.

Mas, é ainda pior que o meu head canon. Os Caras Malvados é um filme bem infantil. Ingênuo acho que é uma boa palavra para descrevê-lo.

Tudo é muito clichê, tudo é muito previsível neste longa de estreia de Pierre Perifel (que já tinha trabalhado no departamento de animação de vários outros desenhos). Pra começar, nenhum dos personagens é cativante, nenhum dá vontade de rever em outro filme, seja continuação ou spin off (como o Gato de Botas ou os Pinguins de Madagascar, pra citar exemplos dentro da Dreamworks). E assim que começa o filme a gente já adivinha os plot twists. E essa história de colocar os bichos “malvados” é um maniqueísmo poucas vezes visto no cinema recente. Por fim, a mensagem do filme é o cúmulo do tatibitati: “seja bom, é melhor que ser ruim”. Esse roteiro foi escrito por alguém que veio do Backyardigans?

Ok, reconheço que não sou o público alvo. Estamos falando de um filme para crianças. Mas, caramba, o cinema de animação evoluiu, temos tido vários exemplos de filmes que agradam as crianças e também os adultos – inclusive filmes da Dreamworks…

Bem, pelo menos quem se desligar desse “detalhe” vai curtir. A parte técnica da animação é perfeita, e rolam algumas piadas muito boas. O ritmo do filme é bom, as cenas de ação são bem executadas, e a trilha sonora funciona muito bem.

Tem uma coisa que achei curiosa. Tirando os sete personagens principais (os 5 do título, mais a governadora (raposa) e o professor Marmelada (porquinho da Índia)), que são antropomorfos, todos os outros são humanos. Estamos em um mundo onde humanos convivem com animais antropomorfos, isso não é muito comum.

Enfim, quem não se importar feito com roteiro pode curtir. Heu prefiro animações mais bem escritas.

Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente

Crítica – Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente

Sinopse (filmeB): Bob Cuspe é um velho punk tentando escapar de um deserto apocalíptico que é na verdade um purgatório dentro da mente do seu criador, Angeli, um cartunista passando por uma crise criativa.

Não lembro exatamente em que ano, mas, na minha adolescência, segunda metade dos anos 80, lia várias HQs nacionais de humor adulto: Circo, Chiclete com Banana, Piratas do Tietê, Striptiras, Níquel Náusea, Geraldão, etc. Conheci o trabalho de vários quadrinistas, como Glauco, Luiz Gê, Fernando Gonzalez, Laerte e Angeli. Na minha humilde opinião, estes dois últimos eram os que tinham a obra mais rica. Heu sempre preferi mais o Laerte (tenho várias revistas e livros, incluindo aí todas as 14 revistas dos Piratas do Tietê, compradas nas bancas na época que foram lançadas; e uma coletânea de três volumes em capa dura lançada nos anos 2000), mas é inegável que o Angeli tinha uma riquíssima galeria de personagens icônicos, como a Rê Bordosa, a Mara Tara, os Skrotinhos, Wood & Stock, Osgarmo, Walter Ego… e o Bob Cuspe.

(Ainda preciso citar a genial revista Los Três Amigos, inspirada no filme com Steve Martin, Chevy Chase e Martin Short. A revista trazia três personagens, desenhados por Angeli, Laerte e Glauco, cada um usando o seu estilo próprio.)

Não sei se foi coincidência ou se planejaram, mas há pouco tivemos Cidade dos Piratas, mistura de documentário e ficção mostrando como o Laerte de hoje em dia lida com sua obra. E agora a gente tem Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente, que tem um formato bem parecido, é uma mistura de documentário com ficção mostrando como o Angeli de hoje em dia lida com sua obra. E, apesar de gostar mais de Laerte e Piratas do Tietê, reconheço que o resultado aqui ficou melhor.

Dirigido por Cesar Cabral, Bob Cuspe é um longa de animação em stop motion, o que por si só já é uma coisa muito legal (outras animações por computador são mais fáceis de fazer, são poucos os que ainda insistem no stop motion) – só pra dar um exemplo, a equipe deste longa gastava um mês pra fazer 5 minutos de filme. Bob Cuspe alterna entre a parte documentário, onde o próprio Angeli (como bonequinho) é entrevistado; e um mundo pós apocalíptico, que seria a mente do desenhista em crise criativa.

A qualidade da animação é excelente. O visual dos bonequinhos me lembrou Anomalisa, mas só o visual, o filme não tem nada a ver. Os bonequinhos são muito bem articulados, e o visual pós apocalíptico é bem legal. E, na parte onde mostra o Angeli, aparentemente filmaram e animaram em cima dos movimentos reais, realmente parecem movimentos humanos. E, pra aumentar a sensação de realidade, o “documentário” tem até ajustes de enquadramento e foco.

Rolam participações especiais de alguns outros personagens do Angeli, como Rê Bordosa, Ralah Rikota e os Skrotinhos – a cena com os Skrotinhos é de rolar de rir. Os inimigos do mundo do Bob Cuspe são pequenas versões do Elton John – não me lembro de ter lido isso nas HQs…

No elenco, Milhem Cortaz faz a voz do Bob Cuspe, enquanto Paulo Miklos faz a voz dos dois personagens que interagem com ele – acho que ambos se chamam Kowalski – boas escolhas. Angeli interpreta ele mesmo, assim como Laerte, que tem uma participação pequena. Também no elenco, Grace Gianoukas, André Abujamra, Beto Hora e Hugo Possolo.

Gostei da trilha sonora, tanto a trilha composta por André Abujamra e Márcio Nigro quanto as músicas inseridas, dos Titãs, Inocentes e Mercenárias.

Por fim, preciso dizer que não gostei do fim. Parece que não tinham um bom fim, e alguém deve ter lembrado “galera, um mês pra fazer 5 minutos, bora fechar de qualquer maneira pra lançar logo!”. Não estragou a experiência, mas foi um final bem fuén.

Star Wars Visions

Crítica – Star Wars Visions

Sinopse (imdb): Uma série de curtas animados dentro do universo Star Wars que verá os melhores animadores de anime do mundo darem vida a esta amada franquia.

Star Wars Visions são animes de Star Wars. 9 historinhas, entre 14 e 21 minutos, feitas por estúdios diferentes, independentes entre si, todas dentro do universo de Guerra nas Estrelas.

Admito que não sou fã de animes. Nada contra, mas o formato nunca me seduziu, vi muitos poucos animes na minha vida. Lembro de ter visto A Viagem de Chihiro no cinema, gostei, e pensei “vou catar mais filmes do studio Ghibli”, mas até hoje ainda não vi nenhum outro.

E por que curti a ideia deste Visions? É porque me lembrou do universo expandido, que existia antes da Disney comprar a Lucasfilm.

Nos anos 90 existia muito pouco material de Guerra nas Estrelas. Mas, quem era fã, procurava o universo expandido, que tinham livros, HQs e videogames contando histórias dentro do mesmo universo. Às vezes usando os mesmos personagens, outras vezes não. Acho que o exemplo mais famoso desse universo são os livros Herdeiros do Império, que contam o que teria acontecido depois de O Retorno de Jedi – livros excelentes, são tão marcantes que alguns elementos criados no livro entraram na saga oficial, como o planeta Coruscant.

Mas quando a Disney chegou, disse “não existe mais Universo Expandido, pode jogar tudo fora”. Até entendo o ponto de vista comercial disso, mas é uma pena porque muita coisa bacana foi deixada de lado.

Enfim, uma coisa legal que tinha no Universo Expandido era trazer novas histórias e novos personagens dentro do universo de Guerra nas Estrelas. Mais ou menos que nem Mandalorian e Rogue One, que são histórias que não são focadas na família Skywalker. Isso acontece aqui em Visions – acho que o único personagem dos filmes é o Jabba, que aparece no episódio Balada de Tatooine. O resto é tudo novidade.

Mas, novidades dentro do universo que a gente conhece e gosta tanto. Tipo,o já citado Balada de Tatooine, que traz uma banda que se apresenta antes de uma corrida de pod racers, aquela que o Anakin correu no Ep 1. Ou o A Noiva Aldeã, onde alguns personagens se conectam com a natureza de uma maneira que me lembrou o Chirrut, de Rogue One, que ficava falando “I’m one with the Force and the Force is with me”.

Alguns episódios trazem algumas ideias realmente novas, como TO-B1, que traz um robô jedi; ou O Nono Jedi, que tem sabres de luz que mudam suas características de acordo com quem os empunha. Talvez algum fã chato se incomode com essas inovações, mas heu achei muito legais – e de quebra esses dois episódios estão entre os meus favoritos.

(Os meus favoritos são TO-B1, O Nono Jedi e O Duelo, que quebra o clássico maniqueísmo entre o bem e o mal que permeia toda a saga Guerra nas Estrelas, quando traz um cara que não é nem Jedi nem Sith.)

Tenho minhas dúvidas se Visions pode ser visto por um “leigo”. Um exemplo simples: alguns episódios citam cristais kyber, que são usados para construir sabres de luz (não me lembro se algum filme chegou a falar desses cristais). Agora, quem é fã provavelmente vai curtir e muito.

Luca

Crítica – Luca

Sinopse (imdb): Um menino vive um verão inesquecível à beira-mar na Riviera Italiana repleto de gelato, macarrão e passeios de scooter sem fim. Luca compartilha essas aventuras com seu novo melhor amigo, mas toda a diversão é ameaçada por um segredo profundo: ele é um monstro marinho de outro mundo logo abaixo da superfície do oceano.

Luca é bonitinho, tem bons personagens, uma história cativante e um visual que enche os olhos. Mas mesmo assim é uma decepção.

Luca carrega a responsabilidade de ser “o novo Pixar”. E, com títulos como Toy Story, Wall-E, Up, Divertida Mente, Monstros S.A., Soul e outros, a Pixar nos ensinou que desenhos animados podem ser algo a mais. Então o espectador vai ao cinema para ver mais uma nova obra prima. Quando vem um filme apenas bom, pode não agradar.

Mas… Isso é uma espécie de head canon, coisa que sempre critico. Head canon é quando você imagina algo na sua cabeça, e quando o filme te apresenta algo diferente, você não gosta. Mas, não é culpa do filme, e sim da expectativa que você criou sobre o filme. Como costumam dizer em términos de relacionamento, “a culpa não é sua, a culpa é minha”.

Então, se a gente analisar Luca sem compará-lo com o catálogo da Pixar, o filme até funciona.

Luca é o primeiro longa metragem dirigido por Enrico Casarosa, que já tinha trabalhado na equipe técnica de alguns longas da Pixar (Ratatouille, Up, Viva, Incríveis 2 e Toy Story 4), e que tinha feito um curta, também pela Pixar, em 2011, A Lua (que passou nos cinemas junto com Valente). Italiano, Casarosa mesclou influências de Hayao Myiazaki (como o nome da cidade Portorosso ser uma homenagem ao filme Porco Rosso) com memórias da sua própria infância (na infancia, ele passou verões em Cinque Terre, local onde Luca se passa; ou ainda, “trenette al pesto”, prato que é servido pelo pai de Giulia, é um prato típico de Gênova, cidade natal do diretor).

A história é simples, mas é bem contada. Algumas piadas são muito engraçadas, e alguns lances são geniais – como o “silêncio, Bruno!”. E os personagens são ótimos, todos eles são bem construídos, e a dupla principal realmente convence como grandes amigos. Vi dublado, deu vontade de rever com as vozes originais quando soube que a dupla é dublada por Jacob Tremblay (O Quarto de Jack, Extraordinário) e Jack Dylan Grazer (It, Shazam).

A animação é um absurdo de bem feita. Mas aí não é nada novo. A Pixar não apresentaria alguma deficiência neste aspecto.

Ah, tem uma cena pós créditos, mas é bem boba.

No fim, fica a recomendação: esqueça que é Pixar e se deixe levar!

Star Wars: The Bad Batch

Crítica: Star Wars The Bad Batch

Sinopse (imdb): O ‘lote ruim’ de clones experimentais e de elite abrem caminho por uma galáxia em constante mudança logo após as Guerras Clônicas.

Até um tempo atrás, a gente estava acostumado a esperar uma semana para o novo episódio da série que estávamos acompanhando. Veio o streaming, e algumas séries tiveram a temporada inteira lançada de uma vez, levando a galera a fazer binge watch. A Disney voltou a trazer episódios semanais e mostrou pra gente as vantagens de uma série vista assim. Depois de Mandalorian, veio Wandavision, depois Falcão e o Soldado Invernal, sempre às sextas. Menos esta semana. Por que guardaram a estreia de Star Wars The Bad Batch pra terça?

Pra quem não sabe, dia 4 de maio é considerado o “dia de Star Wars”, por causa do trocadilho em inglês – May the fourth, aí guardaram o Star Wars novo pro dia 4.

(Curioso que tem uma galera que acha que o dia de Star Wars deveria ser 25 de maio, porque o filme estreou 25/05/77. Mas 25/05 acabou virando dia do orgulho nerd, ou dia da toalha (em referência ao Guia do Mochileiro das Galáxias).)

Star Wars: The Bad Batch é a nova série de animação de Star Wars. Sim, animação. Sei que muita gente tem preconceito, e até entendo. Vi todos os filmes, mais de uma vez cada, e não vi tudo o que de animações – vi Rebels, vi parte de Clone Wars, não vi Resistance… Vou te falar que também tenho um certo preconceito, reconheço. Quando vi Mandalorian e a Ahsoka citou o nome do Grande Almirante Thrawn, pulei da cadeira só de pensar em vê-lo –  e esqueci que ele já tinha aparecido em Rebels. Mas, olha, vi e gostei muito deste novo Bad Batch.

Foram anunciados 16 episódios. Logo saem mais episódios, então não vou entrar muito na trama, porque certamente ficarei desatualizado.

A trama segue os acontecimentos de Clone Wars. Não vi todo Clone Wars, mas sei que os Bad Batch apareceram em alguns episódios daquela série, vou até catar o arco onde eles aparecem.

O primeiro episódio de Bad Batch começa no momento que a Ordem 66 é executada. O que a gente conhece da Ordem 66 foi no Star Wars 3, bem legal ver isso acontecer visto de outro ângulo. Uma curiosidade: o padawan que aparece no início quando crescer vai virar o Kanan, um dos principais personagens de Rebels (foi até dublado pelo mesmo ator, o Freddie Prinze Jr., que acho que é o único nome conhecido no elenco deste episódio). Tem outro personagem de filme / série que aparece aqui, mas desta vez não digo quem é por causa de spoilers.

Somos apresentados ao time dos Bad Batch, clones modificados (e por isso “defeituosos”, daí o nome “bad batch” / “lote ruim”), cada um com suas características, e, reconheço: são bons personagens, carismáticos, engraçados, e se não a série não fosse sobre eles, heu ia querer vê-los em algum outro filme ou série. Um episódio e já virei fã do time.

A parte técnica da animação é excelente. Os primeiros Clone Wars tinham um desenho quadradão, estilo do Genndy Tartakovsky, mas depois o traço foi se modernizando. Não sei se as últimas temporadas de BB já tinham o traço como esse BB, mas posso dizer que os detalhes enchem os olhos. Mas… Como fã chato, preciso reclamar de uma coisa: os uniformes dos Stormtroopers em Kamino são pintados de vermelho com uma textura que não combina muito com o Império. Parece uma pintura artesanal, combinaria mais com os Bad Batch do que com os Stormtroopers que sempre foram muito certinhos. Pelo menos ficou bonitão.

Agora aguardemos os outros episódios. A série começou bem, que continue mantendo o nível!

Soul

Crítica – Soul

Vamos de Pixar?

Sinopse (imdb): Depois de conseguir o emprego de sua vida, um pianista de jazz de Nova York de repente se vê preso em um mundo estranho entre a Terra e a vida após a morte.

A Pixar deu azar com a pandemia. Em 2019, lançou Toy Story 4, e a previsão era dois longas pra 2020, Dois Irmãos (Onward) e Soul. Mas, na época do lançamento mundial de Dois Irmãos, veio a pandemia e o filme nem chegou a passar nos cinemas de alguns países – o Brasil estava nessa leva.

E o cinema entrou em compasso de espera, porque ninguém sabe quando poderemos ter salas cheias de novo.

Dois Irmãos saiu pelo streaming, e perdeu o “bonde do hype” (e nunca saberemos se a história seria outra se fosse lançado no cinema). Mas, com Soul, parece que o lançamento via streaming deu certo.

Antes de entrar no filme, queria falar que esse tema falou diretamente comigo. Já vivi essa situação de “quero viver de música, vou esperar a minha grande chance, e vou dar aulas enquanto isso não acontecer”. Felizmente posso dizer que hoje vivo feliz trabalhando com outras coisas e deixando a música como um hobby sério. Mas o Helvecio de 25 anos era bem parecido com o protagonista de Soul.

Vamos ao filme? Muita gente está comparando Soul com Divertida Mente – porque ambos trazem mundos paralelos ao nosso, mostrando o que seriam os bastidores de coisas da nossa vida – se um fala das emoções, o outro fala de antes e depois da nossa vida aqui nesse planeta. E a comparação tem lógica, afinal ambos os filmes foram dirigidos pelo mesmo Pete Docter (que ainda fez Up e Monstros S.A.).

Soul consegue criar todo um universo onde as almas se preparam para vir para a Terra. E, claro, como acontece na maioria dos limes da Pixar, temos um mundo visualmente rico, personagens bem construídos, e uma trama com momentos engraçadíssimos, ao lado de momentos onde a maior parte do público vai chorar de emoção.

O traço do desenho é fantástico. Nas cenas de Nova York, o traço é tão bem feito que às vezes parece que filmaram os cenários. E, pra contrastar com os desenhos perfeitos, temos alguns personagens – os “Zés” – que são feitos de uma única linha, sem profundidade. Ficou genial!

Só mais um comentário sobre o traço do desenho. Não me lembro de nenhum desenho animado onde vemos um piano sendo tocado de maneira tão perfeita. Você vê os dedos do personagem nas teclas do piano, a sincronia é perfeita!

Sobre a trilha sonora, a surpresa positiva foi descobrir que foi feita por Trent Reznor e Atticus Ross – dupla que fez a trilha de vários filmes do David Fincher, como Mank, Garota Exemplar, Millenium, A Rede Social (até ganharam o Oscar por este último). Heu já curtia as trilhas da dupla, mas não tinha ideia que seriam capazes de fazer uma trilha de jazz, e logo uma trilha tão boa. Afinal, eles são do Nine Inch Nails, que é uma banda de rock industrial e eletrônico.

Vi dublado, quando vi que os dois atores principais são Jamie Foxx e Tina Fey, deu vontade de rever legendado. Gosto muito de ambos. E entre as vozes originais, ainda tem a Alice Braga como um dos Zés!

Frozen II

Crítica – Frozen II

Sinopse (imdb) – Anna, Elsa, Kristoff, Olaf e Sven deixam Arendelle para viajar para uma floresta antiga, de uma terra encantada. Eles partiram para encontrar a origem dos poderes de Elsa para salvar seu reino.

O primeiro Frozen foi um sucesso absoluto. Claro que uma continuação estaria nos planos.

Dirigido pelos mesmos Chris Buck e Jennifer Lee do primeiro filme, Frozen II (idem no original) é aquilo que se espera: eficiente, mas sem nada de novo. Se o primeiro filme trazia mudanças na estrutura clássica das “histórias de princesas” e ainda fazia o espectador sair do cinema cantando as músicas, aqui o efeito não será tão forte.

Por outro lado, estamos falando de Disney. E, felizmente, a Disney sabe fazer entretenimento. Se Frozen II não é um “clássico instantâneo” como seu antecessor, pelo menos vai divertir o seu público. O visual é bem cuidado, os personagens são carismáticos, e tem alguns momentos muito engraçados. Aliás, heu veria uma série de filmes com os “resumos do Olaf”!

Por fim, uma coisa que me tirou do filme, mas é algo pessoal. Ninguém mais reparou que a  melodia que a Elsa ouvia é um trecho de Stairway to Heaven? Elsa, não é um chamado da floresta! É um vizinho ouvindo Led Zeppelin alto! 😛

Playmobil – O Filme

Crítica – Playmobil – O Filme

Sinopse (imdb): Longa-metragem de animação inspirada nos brinquedos da marca Playmobil.

O cinema evolui. De vez em quando aparecem filmes que mudam os paradigmas. O cinema de ação mudou com o Jason Bourne, e depois mudou de novo com o John Wick. Os filmes da Marvel elevaram a barra no subgênero “filmes de super heróis”; os filmes da Pixar fizeram o mesmo com os longas de animação.

Depois dos filmes da Lego, fica difícil ver um filme tão bobinho quanto Playmobil – O Filme (Playmobil: The Movie, no original). Playmobil não é exatamente ruim, mas é tão insosso que até a sinopse do imdb é sem graça.

Playmobil tem alguns bons momentos, e talvez agrade os menores. Mas só. Na dúvida, reveja Uma Aventura Lego.

A Familia Addams

Crítica – A Familia Addams

Sinopse (imdb): A excêntrica família macabra se muda para um subúrbio insosso, onde a amizade de Vandinha Addams com a filha de uma hostil apresentadora de um reality show local exacerba o conflito entre as famílias.

Dirigido por Greg Tiernan e Conrad Vernon (sim, os mesmos de Festa da Salsicha), esta nova versão da Família Addams sofre de dois problemas.

O primeiro problema é o de sempre: hoje em dia estamos acostumados com o padrão alto imposto pela Pixar. Uma animação “apenas boa” vai perder na comparação técnica. Problema comum a vários longas de animação dos últimos tempos.

O segundo é um problema mais específico: nos anos 90 tivemos dois filmes muito bons da Família Addams, que encontraram o tom perfeito do humor negro para o público infanto juvenil .

Relevando esses dois pontos, até que A Família Addams (The Addams Family, no original) é divertido. Aliás, algumas das piadas são muito boas.

Ainda queria falar sobre o elenco original (Charlize Theron, Oscar Isaac, Chloë Grace Moretz, Finn Wolfhard, Bette Midler, Allison Janney, Martin Short, Catherine O’Hara e Snoop Dogg, entre outros), mas aqui só passou a versão dublada. Felizmente, a dublagem é muito boa.

Resumindo: nada de mais, mas vai divertir quem estiver sem expectativas.