Kaboom

Kaboom

Com 18 anos e morando no campus universitário, Smith se diverte com sua amiga de infância Stella, enquanto dorme com uma maluquinha chamada London e tem desejos sexuais por Thor, seu colega de quarto. Mas depois de comer biscoitos alucinógenos, ele acha que testemunhou o assassinato de uma Garota Ruiva, que frequenta os seus sonhos, por um grupo de pessoas com máscaras de animais.

Dirigido por Gregg Araki, Kaboom não decepciona. Muita nudez, muito sexo (hetero, gay e lésbico), personagens esquisitos a rodo e um argumento bizarro. Ora, é este o espírito dos Midnight Movies!

Tem mais: a montagem do filme aproveita de maneira excelente os contrastes de luz e de som. Cena escura, corte abrupto, tudo claro na tela. Som alto, corte abrupto, silêncio. Meus parabéns ao responsável por esta edição!

Me lembro do nome Gregg Araki, vi Geração Maldita, um filme esquisitão dele, de 1995, com a Rose McGowan (Planeta Terror) e o Jonathon Schaech (The Wonders). Lembro de pouca coisa, mas lembro que o filme trazia doses generosas de nudez e escatologia. Tem filme novo dele? Ok, o lugar dele é realmente na mostra Midnight…

No elenco, temos poucos nomes conhecidos. Acho que só Thomas Dekker, o protagonista da série Terminator – Sarah Connor Chronicles, e Kelly Lynch, cinquentona com tudo em cima. Mas as meninas desinibidas do filme merecem ser citadas: Haley Bennett, Juno Temple, Roxane Mesquida e, claro, a ruiva Nicole LaLiberte. 😉

O filme vai ficando mais maluco perto do final. Definitvamente não é recomendado para qualquer um. Mas, por enquanto, achei um dos melhores do Festival 2010!

Fiquei com vontade de ver outros filmes do Gregg Araki. Acho que vou baixar…

The Topp Twins: Garotas Intocáveis

The Topp Twins: Garotas Intocáveis

Ver no cinema um documentário sobre uma dupla de cantoras country e comediantes neo-zelandesas, gêmeas e lésbicas, é algo que só rola em festivais!

The Topp Twins: Garotas Intocáveis mostra a carreira das irmãs Jools e Lynda Topp. Aparentemente, Peter Jackson é o único neo-zelandês mais famoso que elas…

O documentário mostra um show recente, uma espécie de retrospectiva da carreira das gêmeas Topp, onde estão vários convidados que participaram de sua vida artística. Entremeando o show, vemos entrevistas atuais e um bom trabalho de pesquisa de arquivo – são vários vídeos e fotos das gêmeas desde os anos 80. Nem desconfiava que elas estavam “na estrada” há tanto tempo!

Também temos participações de vários personagens criados pela dupla – o lado comediante. Lembra um pouco o humor inglês, gostei de algumas tiradas.

Sobre o fato de serem lésbicas: não costumo dar bola para as preferências sexuais dos artistas. Sou fã do Freddy Mercury porque era um grande cantor e compositor, não me interessa o que ele fazia em sua vida pessoal. Mas, neste caso, faz diferença, já que as irmãs eram ativistas políticas e montaram a carreira entro deste nicho específico.

Mas… Sabe o problema que falei no post de Nossa Vida Exposta? A história das gêmeas é interessante, mas não dá pra uma hora e meia. Chegou a ficar cansativo.

Enfim, poderia ser mas curto, mas mesmo assim é uma boa opção na mostra Midnight Movies.

Copacabana

Copacabana

Babou (Isabelle Huppert) passou a vida ignorando as convenções sociais. Sua filha Esmeralda se envergonha da mãe e não pretende convidá-la para seu casamento. Sem o amor da filha e sem emprego, Babou aceita um trabalho em outra cidade, vendendo apartamentos no litoral em pleno inverno.

Copacabana é daquelas comédias leves e agradáveis, que não têm a pretensão de ser grandes filmes, apenas querem divertir.

Isabelle Huppert está ótima como a maluquinha Babou. Aliás, arrisco a dizer que ela é a melhor coisa do filme. O resto do elenco está ok, Huppert é que faz a diferença.

Ah, sim, o Brasil só é mencionado porque Babou gosta de música brasileira e quer viajar para cá. Não aparece nada do Brasil no filme, só umas fotos em agência de viagem e um grupo brega de demonstração de samba em cassinos. E a palavra “Copacabana” só aparece no título do filme… 😛

Sunshine Cleaning / Trabalho Sujo

Sunshine Cleaning / Trabalho Sujo

Na escola, Rose foi líder de torcida. Mas agora sua vida não tem nenhum glamour: é mãe solteira, é amante de um homem casado, e trabalha como empregada doméstica. Sua irmã mais nova, Norah, que pula de emprego pra emprego, e seu pai, um vendedor, são outros dois fracassados. Rose, no entanto, está disposta a mudar de vida, e convence Norah a ingressar com ela no milionário ramo da limpeza de cenas de crime.

Dirigido por Christine Jeffs, Sunshine Cleaning é um simples e comovente drama sobre uma família de “losers”.

A atuação do trio principal é muito  boa. Amy Adams, Emily Blunt e Alan Arkin estão ótimos. Também estão no filme Steve Zahn, Mary Lynn Rajskub (a Chloe de 24 Horas), Clifton Collins Jr e o garoto Jason Spevack.

Mas a história é bobinha demais. Acaba o filme e a gente se pergunta “ok, mas, e daí?” O argumento era bom, o elenco era bom, mas a história… É vazia…

O filme está no Festival do Rio de 2010, mas não é tão novo assim, esteve no Festival de Sundance de 2008.

Buraco Negro / Black Heaven / L’Autre Monde

Buraco Negro

Gaspard encontra um celular perdido. Seguindo o dono, acaba o encontrando morto em uma estranha cerimônia de suicídio. Ao lado dele está, desacordada, a bela e sedutora Audrey, que acaba atraindo Gaspard, levando-o a conhecer um jogo virtual chamado Black Hole, onde ela vive uma vida paralela.

O ritmo do filme dirigido por Gilles Marchand é lento. Mas acredito que foi proposital, para mostrar um certo marasmo que acontecia com a vida de Gaspard. Encontrar Audrey e o jogo virtual foi a grande virada na sua vida.

O clima do jogo virtual é bem interessante. O jogo Black Hole é a melhor coisa do filme. Tudo escuro, contrastando com as ensolaradas locações. Aliás, belas locações, tem uma pequena praia incrustada em rochedos tão linda que dá vontade de tirar férias e ir pra lá. E olha que não gosto de praia!

O elenco não traz nenhum nome conhecido por aqui, mas acho que a gente pode apostar em Louise Bourgoin, protagonista de Les aventures extraordinaires d’Adèle Blanc-Sec, próximo filme de Luc Besson.

Buraco Negro esteve no Festival de Cannes deste ano, e agora, no Festival do Rio.

Federal

Federal

Um filme policial nacional, com Carlos Alberto Riccelli, Eduardo Dussek e Michael Madsen no elenco? Opa! Tô dentro!

(Na verdade, o filme também é estrelado por Selton Mello. Mas, diferente dos três citados aí em cima, Selton não é novidade nenhuma no cinema nacional. Ele é o cara, e tá em todas, né?)

Dani (Selton Mello) e Vital (Carlos Alberto Riccelli) lideram um grupo de elite do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal de Brasília, para caçarem o playboy e traficante Beque Batista (Eduardo Dussek).

Dirigido por Eryk de Castro, Federal tem seus méritos, mas também tem seus defeitos. Dá pra ver que se trata de uma produção modesta, as cenas internas são mal iluminadas, a câmera às vezes treme um pouco…

Mas, na minha humilde opinião, os méritos são maiores que os defeitos!

Os atores estão muito bem. Selton Mello apresenta a eficiência de sempre, e Carlos Alberto Riccelli, cinquentão, está em ótima forma. Roberto Cano e Christovam Netto, os outros dois policiais que acopanham Selton e Riccelli, também mandam bem. Michael Madsen aparece pouco, e é o que se espera. Aliás, na cena do avião, ele solta uma frase muito boa e politicamente incorreta sobre as mulheres brasileiras.

Mas as melhores frases de efeito politicamente incorretas estão com Eduardo Dussek. Tem uma cena onde ele fala coisas como “no Brasil, as leis servem para ajudar os bandidos” e “aqui tem carnaval o ano todo (pra gente vender as drogas)”. Genial! Parabéns aos roteiristas pelos excelentes diálogos!

A parte técnica – defeito comum em boa parte da produção nacional – também não decepciona. Ok, o filme tem orçamento pequeno. Mas temos várias tomadas aéreas pela cidade e todos os tiroteios são convincentes.

Para os fãs de rock nacional 80: Philippe Seabra, ex Plebe Rude, trabalha na trilha sonora. E rola uma “cena homenagem”, onde dois policiais estão num carro, ao som de “A Ida”, da Plebe, e um fala para o outro “sangue e porrada na madrugada” (de “Vida Bandida”, do Lobão), enquanto o outro responde “polícia para quem precisa” (de “Polícia”, dos Titãs).

Enfim, boa opção na programação do Festival, e, esperamos, em breve no circuito!

Nossa vida exposta

Nossa vida exposta

Documentário sobre Josh Harris, que apesar de ser um nome pouco conhecido, é um pioneiro da internet. Ainda nos anos 90, ele falava de redes sociais (como orkut, facebook e myspace são hoje em dia), onde todos iriam querer desnvolver o conceito de Andy Warhol, de “15 minutos de fama” para “15 minutos de fama por dia”.

Já falei antes aqui no blog. Não gosto muito de documentários. O problema é que se o assunto é legal, o filme fica legal; mas se o assunto ficar chato, o mesmo acontece com o filme.

Neste documentário, dirigido por Ondi Timoner, acontece isso. Alguns momentos são bem legais, outros são bem monótonos, tudo de acordo com o momento que Harris está passando.

Nossa vida exposta (We Live In Public, no original) mostra alguns momentos geniais da vida de Harris. Ainda  nos anos 90, ele criou o pseudo.com, um site que era uma rede de tv a cabo online, onde programas eram misturados com chat rooms. Depois, perto da virada de 1999 para 2000, criou o Quiet, uma sociedade com suas regras próprias, usando um vasto espaço subterrâneo em Nova York e convidando dezenas de pessoas para submeter seu cotidiano a câmeras por trinta dias. Depois fez o mesmo em sua vida particular, instalando câmeras em sua casa. Ideias novas e interessantes, ok. Mas seus desdobramentos, nem sempre.

Tem outro problema: Harris não é um cara carismático. Suas criações são interessantes, mas ele não é. Fica difícil torcer pro “mocinho”. Assim, o filme perde força quando foca mais no “criador” que na “criatura”.

E assim, entre altos e baixos, Nossa vida exposta segue até um fim estranho – me parece irreal a atual situação de Harris…

Independente dos altos e baixos do filme e da personalidade do seu protagonista, Nossa vida exposta vai agradar àqueles que se interessam pela evolução da internet. Ah, e o filme ganhou o Grande Prêmio do Júri de Melhor Documentário no Festival de Sundance 2010.

O Garoto de Liverpool

O Garoto de Liverpool

Um filme mostrando a adolescência de John Lennon? Ok, vamos ver.

Aos 15 anos, John é um adolescente normal, inteligente e rebelde, que vive desde os cinco anos de idade com a rígida tia Mimi. Um dia, se reencontra com sua mãe, que tem um estilo de vida completamente diferente da tia, o que gera um certo atrito na família.

Um aviso aos beatlemaníacos: este filme não é sobre os Beatles! Vemos o primeiro encontro de John Lennon com Paul McCartney e, pouco depois, com George Harrison. E o filme termina com John se despedindo da tia porque estão indo para a Alemanha, tocar com “aquela outra banda”. Mas o nome Beatles sequer é citado!

Apesar do fundo musical, o principal foco de O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy no original), longa de estreia da diretora inglesa Sam Taylor-Wood, é nas conturbadas relações entre John Lennon, sua mãe e sua tia.

Ainda assim, a parte musical é bem legal. Lennon, então com 15 anos, aprende a tocar banjo, muda para o violão e monta, com colegas da escola, a banda The Quarrymen, através da qual conhece Paul e George. E o resto é história da música pop…

Lennon é interpretado por Aaron Johnson, o protagonista de Kick-Ass. Ele faz um bom trabalho, mas acho que poderiam ter usado um ator mais parecido com o músico. Aliás, defeito igual acontece com Paul e George. Custava eles terem feito como em Backbeat? Lembro que o ator Ian Hart foi chamado para o filme devido à sua semelhança com Lennon! Já Kristin Scott Thomas e Ann-Marie Duff, respectivamente a tia e a mãe, estão ótimas.

Bom filme. Só não sei se beatlemaníacos vão gostar…

Cortina de Fumaça

Cortina de Fumaça

A proposta era colocar em discussão a política de drogas vigente no mundo, dando atenção às suas conseqüências político-sociais em países como o Brasil (em particular no Rio de Janeiro). Mas me pareceu mais um filme pró maconha!

Escrito e dirigido por Rodrigo Mac Niven, Cortina de Fumaça começa levantando o debate sobre as drogas, debate este que acho muito importante para a sociedade, seja lá qual for a sua opinião (acredito que temas polêmicos têm que ser discutidos, independente de opiniões, porque quanto mais discutimos, mais nos esclarecemos). Mas, ao trazer somente pessoas a favor da legalização da maconha, acho que o filme perdeu o rumo do “debate” e ficou só na “opinião”.

Ainda tem alguns detalhes na parte técnica que me incomodaram. A edição das entrevistas é meio cortada, e entre as entrevistas ficamos ouvindo “frases de efeito” soltas – parece que realmente querem nos convencer! Além disso, junto com as frases, rola um eco chatinho…

Por outro lado, de positivo temos várias pessoas sérias e embasadas sendo entrevistadas: temos depoimentos de advogados, médicos, professores, pesquisadores, policiais – rola até um ex-presidente, o Fernando Henrique Cardoso. Não vemos palpites de usuários famosos, o que enfraqueceria o lado didático.

Se você é a favor do “Legalize Já”, é um programa obrigatório. Fora isso, só pra quem quer se aprofundar no assunto.

A Empregada / Hanyo

A Empregada / Hanyo

Filme coreano no Festival? Ano passado vi O Caçador e Sede de Sangue; ano retrasado vi O Bom, O Mau e O Bizarro e Casa Negra; dois anos antes vi O Hospedeiro… Ok, vamos ver qualé!

Lee Eun-yi é contratada para trabalhar como babá numa mansão, onde moram um milionário executivo, sua esposa, grávida de gêmeos, e a filha pequena. Quando Eun-yi vira a amante do executivo, as coisas começam a direcionar para consequências perigosas.

Dirigido por Im Sang-Soo, trata-se da refilmagem da obra homônima de Kim Ki-young, de 1960, que esteve presente no Festival de Cannes deste ano.

O imdb classificou este filme como um “thriller”. Achei que seria mais um bom terror oriental. Que nada! É um dramalhão com cara de novela das 8! Aquelas novelas com famílias disfuncionais. A diferença está na nudez – o filme é pouco recatado, rolam umas cenas bem picantes.

Ainda rola um final felliniano que até agora não entendi… Quer dizer, entendi o que o diretor quis dizer, o que não entendi foi qualé a de se fazer um final nonsense num filme sério…

O filme nem é ruim, mas tampouco é bom. Tem coisa melhor na programação do festival.