Homens em Fúria

Crítica – Homens em Fúria

Imagine um bom elenco completamente desperdiçado. É o caso deste Homens em Fúria (Stone, no original).

Um presidiário, prestes a ser libertado, passa por uma série de entrevistas com um agente de condicional, ainda dentro do presídio. Ao mesmo tempo, a esposa do presidiário começa a assediar o agente fora da cadeia.

O problema deste filme dirigido por John Curran é simples: não há história. As cenas passam e naaada acontece.

Pena, porque Robert De Niro e Edward Norton são dois dos maiores atores contemporâneos, e ambos estão muito bem aqui, principalmente Norton, exercitando bem sua habilidade de criar sotaques. E as coadjuvantes Milla Jovovich e Frances Conroy também não fazem feio.

Mas o filme segue, e a gente espera que aqueles diálogos entre De Niro e Norton nos levem a algum lugar, e nada. O filme acaba e o espectador fica com cara de tacho, e percebe que perdeu 105 minutos.

Dispensável.

Todos Dizem Eu Te Amo

Todos Dizem Eu Te Amo

Sim, Woody Allen já fez um musical! E, apesar de ser um musical, continuou a ser um típico “filme do Woody Allen”.

Em Todos Dizem Eu Te Amo (Everyone Says I Love You no original), acompanhamos uma grande família da alta classe de Nova York. A história não importa muito, o que é legal é aqui são os vários ótimos personagens interpretados por grandes atores, em situações bem “woodyallenianas”, com direito a todas as neuroses presentes em todos os seus filmes.

Como disse antes, é um musical. Como numa grande homenagem, Allen quis fazer um musical à moda antiga, daqueles onde o ator, no meio de um diálogo, pára de falar e começa a cantar e dançar, e as pessoas em volta o acompanham numa coreografia. Mas o detalhe legal aqui é que os atores não foram escolhidos pelos seus dotes líricos! Ou seja, nem todos cantam bem…

(Aliás, rola uma história interessante sobre isso: Allen só dizia para os atores que se tratava de um musical depois deles assinarem o contrato!)

Independente de cantar bem ou não, as cenas musicais são ótimas. Algumas das coreografias são muito legais, como a do hospital, a da funerária ou a da loja de jóias (com direito a Edward Norton sapateando!). E, last but not least, o número musical com Goldie Hawn flutuando é belíssimo!

O elenco é ótimo: Alan Alda, Goldie Hawn, Woody Allen, Julia Roberts, Edward Norton, Drew Barrymore, Natasha Lyonne, Natalie Portman, Lukas Haas, Tim Roth… Tem até um Billy Crudup novinho fazendo um papel pequeno. Se posso apontar um defeito, heu diria que Woody Allen está velho demais para o seu papel. Não me entendam errado, ele está bem interpretando ele mesmo (como sempre, aliás) – só que, na época do filme, ele estava com 61 anos, o que tornou estranho ele ter filhas adolescentes e se envolver romanticamente com uma Julia Roberts então com 29 anos. Não seria melhor se ele tivesse uns 15 anos a menos?

O nome Todos Dizem Eu Te Amo foi tirado de um diálogo do filme Os Gênios da Pelota, dos Irmãos Marx, que também são homenageados com duas músicas tiradas de outros filmes (Os Quatro Batutas e Os Galhofeiros) e ainda um dos números musicais. Pena que Groucho Marx não está mais vivo para poder ver a homenagem…

O Primeiro Mentiroso

O Primeiro Mentiroso

Imagine uma sociedade onde não existe a mentira. Todos dizem a verdade – sempre! Interessante, não? Pois este é o mundo onde se passa O Primeiro Mentiroso (The Invention of Lying).

Mark Bellison (Ricky Gervais) é um roteirista de cinema que um dia tem uma ideia genial: mentir! E como ele está num mundo onde TODOS sempre dizem a verdade, ninguém duvida dele…

(Aliás, é bom explicar: como funciona o cinema num lugar onde não existe a ficção? Fácil! São atores lendo livros de história!)

A ideia do filme é muito boa, e gera piadas sensacionais, como as propagandas de coca e pepsi. Mas acho que o diretor / roteirista / protagonista Gervais se perdeu no meio do caminho – de repente, o filme perde a graça.

Acho que poucas vezes foi tão claro ver o momento exato onde o filme se perde. Isso acontece na cena das caixas de pizza. A partir daí, o filme, antes interessante, fica bobo e enfadonho.

Pena, porque o elenco é bem legal. Temos Jennifer Garner, Rob Lowe, Tina Fey, Jonah Hill, Louis C.K., e ainda rolam pontas de Edward Norton (o policial) e Philip Seymour Hoffman (o barmen).

Assim, uma ideia boa foi desperdiçada. O Primeiro Mentiroso termina com piadas sem graça e um final óbvio de comédia romântica. Pena…

O Incrível Hulk

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O Incrível Hulk

Mais um filme de super-heróis! Temos tido muitos, né? Pelo menos agora eles têm uma coerência entre si e gente com talento e dinheiro por trás deles, coisa que raramente acontecia algumas décadas atrás…

Mas heu, que não saco nada de quadrinhos, tenho uma dúvida básica com relação ao Hulk: por que ele é um super-herói? Ele é um cara que sofreu uma mutação, e quando se transforma, simplesmente quebra tudo em volta. Isso é ser herói? Não me parece ter a mesma lógica de um Homem Aranha ou um Super Homem. Vou pesquisar sobre isso…

Bem, devido ao fracasso comercial do outro Hulk de alguns anos atrás, dirigido pelo Ang Lee e estrelado pelo Eric Bana, esse novo Hulk simplesmente ignora a existência daquele. Temos um pequeno flashback pra nos situar sobre quem é Bruce Banner, e vamos direto para a favela da Rocinha, Rio de Janeiro, onde o filme começa – as tomadas aéreas parecem ser realmente na Rocinha, mas as cenas com os atores gringos (Edward Norton, Tim Roth, William Hurt e mais uns de menor importância) foram filmadas na Tavares Bastos, no Catete. Não, Liv Tyler não esteve no Rio pra essas filmagens… 🙁

A partir daí seguimos Bruce Banner, cientista que teve sua estrutura molecular alterada por raios gama, que procura a cura para a sua situação enquanto foge do exército americano, que o querem transformar numa arma militar.

O filme funciona bem: os quatros atores principais fazem esses papéis com os pés nas costas; o diretor francês Louis Leterrier – da série Carga Explosiva – não compromete; os efeitos são competentes; o roteiro não nos chama de burros… Bom programa pra quem gosta de filmes baseados em quadrinhos!

Alguns detalhes interessantes: pra quem gosta de aparições cameo, além do óbvio Stan Lee (que gosta de aparecer em todos os filmes baseados em quadrinhos seus) como o velhinho que toma um refrigerante contaminado, temos Lou Ferrigno – o Hulk dos seriados – como o segurança do prédio que é “subornado” com a pizza. E, no fim do filme, Robert Downey Jr volta como Tony Stark, o Homem de Ferro…

Clube da Luta

fightclub

Clube da Luta

Coloque o dvd no player. Espere os avisos. Aparecerá esse texto:

Warning: If you are reading this then this warning is for you. Every word you read of this useless fine print is another second off your life. Don’t you have other things to do? Is your life so empty that you honestly can’t think of a better way to spend these moments…

A ironia do filme começa antes do filme…

Clube da luta é um filme sobre testosterona. Sobre a necessidade masculina da volta à violência natural do ser humano, que foi suprimida nos tempos modernos. Pensando assim, dois amigos, interpretados por Edward Norton e Brad Pitt, fundam o Clube da Luta – onde podem exercer toda a violência reprimida.

A partir daqui, virão spoilers. Ou seja, se não viu o filme, pare de ler!!!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Quando penso em “filmes com finais surpreendentes”, lembro de 3: O Sexto Sentido, Jogos Mortais e esse Clube da Luta. E, ao rever o filme, você vê que tudo aquilo faz sentido! Pra começar, o personagem principal não tem nome. Ele é o “narrador” – só. E, revendo o início, você consegue ver flashes do alter ego inseridos no cenário: por 4 vezes, aparece um Brad Pitt como o Tyler Durden que acompanhará o Edward Norton. (ele aparece como mensagem subliminar, assim como o pênis que aparece na cena final)

Sem conseguir paz interior, o narrador começa uma guerra particular contra a sociedade de consumo. E, assim, Tyler Durden e seu alter ego constroem a sua sociedade secreta e subversiva, e nos conquistam com seus ideais fora dos padrões.

Ao lado de Se7en, Clube da Luta é um dos melhores filmes de David Fincher (que, depois, nos trouxe o fraco Zodíaco e agora concorre ao Oscar por O Curioso Caso de Benjamin Button). E os dois atores, Brad Pitt e Edward Norton, como sempre, arrebentam.

Filmão. Violento, mas nada gratuito. Dá uma boa sessão dupla com outro “filme testosterona”, o 300, de Zack Snyder.