Hick

Crítica – Hick

Filme novo da Chloe Moretz. Vamos ver qualé?

Logo após completar 13 anos, uma adolescente foge da casa dos pais bêbados e tenta ir para Las Vegas, mas encontra pessoas ao longo do caminhgo que a fazem repensar seus objetivos.

Não li nada sobre Hick antes, fui ver o filme apenas porque sou fã da Chloe Moretz (Kick-Ass, Deixe-me Entrar, Hugo Cabret, Sombras da Noite). Bem, ela não decepciona. Já o filme…

Dirigido pelo desconhecido Derick Martini, Hick não chega a ser ruim. Mas é mal desenvolvido. O roteiro cria situações desnecessárias, e alguns personagens são mal construídos e jogados na trama desordenadamente – por exemplo, me parece que Alec Baldwin só entrou no filme como uma espécie de “agradecimento”, já que Chloe Moretz fez uma participação na sua série 30 Rock

O que é curioso é saber que o roteiro foi escito pela mesma Andrea Portes, autora do livro no qual o filme foi baseado. Será que o livro tem os mesmos problemas do roteiro?

Se salvam as atuações. Chloe Moretz, que ainda tem 15 anos (tinha 14 na época do lançamento de Hick), até hoje não decepcionou. Além dela, o filme conta com Blake Lively, Juliette Lewis, Eddie Redmayne e Rory Culkin, além da já citada ponta de Alec Baldwin.

Enfim, não os fãs de Chloe Moretz vão gostar. Mas que Hick podia ser melhor, ah, isso podia.

Sombras da Noite

Crítica – Sombras da Noite

Uêba! Filme novo do Tim Burton!

No sec XVIII, o rico comerciante Barnabas Collins quebra o coração de uma bruxa. Como vingança, ela o transforma em vampiro e o deixa preso num caixão por duzentos anos. Em 1972, Barnabas consegue sair, e encontra sua mansão e sua família em ruínas.

Sombras da Noite (Dark Shadows, no original) é a adaptação de um antigo programa de tv homônimo, que foi ao ar entre 1966 e 1971. Não conheço o programa de tv, então não posso dizer se foi uma boa adaptação. Mas o filme, apesar de alguns escorregões aqui e ali, é divertido.

Vamos primeiro ao que funciona. Tim Burton é um dos poucos cineastas com personalidade na Hollywood contemporânea – seus filmes têm “cara de Tim Burton”. E Sombras da Noite tem essa “cara”, um filme ao mesmo tempo sombrio e engraçado, com o visual cheio de cores e detalhes que remetem a outros filmes do diretor, como Os Fantasmas se Divertem, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e A Noiva Cadáver. A direção de arte e a fotografia são pontos muito positivos aqui, pelo menos para os apreciadores do estilo de Burton. E a ambientação nos anos 70 está excelente.

O elenco é outro destaque. Pela oitava vez, Johnny Depp trabalha em um filme de Tim Burton – mais uma vez, ao lado de Helena Bonham-Carter (a dupla esteve junta nos quatro filmes anteriores de Burton, A Fantástica Fábrica de Chocolate, Noiva Cadáver, Sweeney Todd e Alice no País das Maravilhas). Ambos estão muito bem, assim como Michelle Pfeiffer e Jackie Earle Haley. Mas o melhor do filme são as atuações da jovem Chloë Grace Moretz, cada vez mais madura e melhor atriz; e de Eva Green, fantástica como a bruxa. Ainda no elenco, Jonny Lee Miller, Bella Heathcote e Gulliver McGrath, além de participações especiais de Christopher Lee e Alice Cooper (interpretando ele mesmo).

Mas… A história não tem muita consistência, parece que o roteiro só funciona nas boas piadas sobre a dificuldade de adaptação de um vampiro do sec XVIII aos anos 70 (algumas das melhores cenas são explorando isso). No resto, a trama não convence muito. Um exemplo: fica claro porque Barnabas quer Victoria, mas por que ela se apaixonaria por ele?

Mesmo assim, gostei de Sombras da Noite. Leve e divertido, com um pé na bizarrice – como todo bom filme do Tim Burton deve ser!

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Alice no País das Maravilhas
A Hora do Espanto
Deixe-Me Entrar

A Invenção de Hugo Cabret

Crítica – A Invenção de Hugo Cabret

Tinha uma coisa me encucando desde que vi o primeiro trailer deste filme. Como assim, uma fábula infanto-juvenil em 3D, dirigida pelo Martin Scorsese? Scorsese nunca fez um filme infantil, até onde sei… Enfim, fui ao cinema ver, incentivado também pelos 11 Oscars que está concorrendo (a  premiação é amanhã!). E posso dizer: A Invenção de Hugo Cabret é um filmaço!

Paris, anos 30. Hugo é um órfão que vive escondido pelos engrenagens dos relógios da estação de trem. Seu pai lhe deixou um autômato, que ele tenta consertar – até descobrir que o autômato pertencia a George Méliès, diretor de cinema, o grande precursor do cinema de ficção.

A primeira dúvida que heu tive era como seria o estilo do Scorsese em um filme direcionado aos pequenos. O cara é o autor de vários fimes excelentes, mas sempre com temas adultos, e muitas vezes violentos –  como Taxi Driver, Os Bons Companheiros, Cabo do Medo, Gangues de Nova York e Ilha do Medo. Neste aspecto, A Invenção de Hugo Cabret difere de sua filmografia, e pode ser classificado como um novo clássico infanto-juvenil.

Mas que ninguém pense que A Invenção de Hugo Cabret é só para os pequenos. Adultos também vão apreciar o filme, principalmente aqueles que são fãs de cinema. Poucas vezes a magia do cinema esteve tão bem representada nas telas. E em alguns momentos, parece que estamos vendo making offs dos filmes de George Méliès!

Outra coisa que chama a a tenção aqui é o 3D. Quem me lê sempre, sabe que não sou um fã dessa “febre 3D”. Um filme não precisa de 3D para ser bom, a não ser que seja um filme do estilo “circense”, tipo Dia dos Namorados Macabro, Fúria Sobre Rodas ou Piranha, onde o 3D faz parte da diversão (e você tem que se abaixar pra desviar das coisas atiradas na direção da câmera). E ainda é pior quando um filme é feito usando os meios convencionais e posteriormente convertido para 3D, aí a gente vê como o efeito é artificial e desnecessário. Pois bem, o 3D de Hugo Cabret é um dos melhores já feitos até hoje. Em algumas cenas, a gente realmente sente a profundidade, como nos flocos de neve, ou na cena do aquário usado por Méliès (quando ele filma através do aquário). E Scorsese mostra que está em plena forma, quase aos 70 anos (que ele completa em novembro deste ano) – alguns travellings em 3D pela estação são belíssimos!

O elenco é outro destaque. O pouco conhecido Asa Butterfield interpreta o personagem título; Sacha Baron Cohen (o Borat!) está excelente como o inspetor da estação; Chloë Grace Moretz, minha atriz mirim contemporânea favorita, também está ótima, como sempre (como em Kick-Ass e Deixe-me Entrar). Ainda no elenco, Ben Kingsley, Christopher Lee, Jude Law, Ray Winstone, Emily Mortimer e Michael Stuhlbarg.

A Invenção de Hugo Cabret é o grande favorito para o Oscar amanhã, está concorrendo a 11 estatuetas, incluindo melhor filme e melhor diretor (Scorsese já foi indicado sete vezes para melhor diretor e duas vezes para melhor roteirista, mas só ganhou uma vez, como diretor, por Os Infiltrados). A concorrência este ano está boa, se Hugo Cabret ganhar, será legal; mas se perder para O Artista, não será injusto.

Por fim, preciso falar mais uma vez do título nacional. O filme foi baseado no livro homônimo, escrito por Brian Selznick , então o erro desta vez não é do tradutor brasileiro. E parece que o livro originalmente se chama “The Invention of Hugo Cabret”, ou seja, o erro vem de mais longe ainda. Mas, será que alguém pode me explicar que “invenção” é essa? Hugo Cabret não inventou nada, a invenção é de George Méliès… O nome original do filme é mais correto: “Hugo“.

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As Aventuras de Tintim
O Artista
Micmacs à Tire-Larigot

Diário de um Banana

Crítica – Diário de um Banana

No sábado, chamei minha filha pra ver um filme da minha época, Os Goonies. No domingo, ela me chamou pra ver um da sua época, este Diário de um Banana.

Na adaptação do livro homônimo (Diary of a Wimpy Kid no original), Greg Heffley (Zachary Gordon) tem 13 anos de idade e sofre problemas por falta de popularidade. E está numa fase perigosa na escola, onde outros colegas já cresceram, enquanto ele continua com a aparência de criança.

Uma explicação pros adultos sem filhos: Diário de um Banana é uma série de livros pra garotada. Já são quatro volumes, mais um especial “faça o seu próprio diário”. Não li nenhum deles, mas minha filha, que leu todos, disse que a adaptação foi boa.

Como cinema, Diário de um Banana tem um grande mérito: é um “filme família” que não insulta a inteligência do espectador – o filme não usa os clichês óbvios. O diretor Thor Freudenthal é o mesmo de Um Hotel Bom Pra Cachorro, filme cheio dos tais clichês óbvios. Aqui a estrutura é outra, vamos seguindo o diário de Greg ao longo de seus problemas de adaptação ao mundo. E, para dar mais leveza à narrativa, rolam alguns desenhos adaptados do livro como elos de ligação entre algumas cenas.

Leve, engraçado, despretensioso – Diário de um Banana consegue ser uma boa diversão tanto pra criançada quanto pros pais!

O elenco já foi escalado pensando nas continuações. Zachary Gordon, com 11 anos, interpreta o protagonista Greg, de 13 – boa sacada, dá tempo pra fazer outros filmes antes dele ficar com cara de mais velho. A boa surpresa do elenco (pra mim) foi Chloe Moretz, de Kick-Ass e Deixe-me Entrar, como a menina esquisita mais velha. Ela tem um papel importante, mas pequeno, espero que sua participação cresça nos próximos filmes. Ainda no elenco, Steve Zahn, Rachael Harris e os meninos Robert Capron e o engraçado Grayson Russell, o ruivinho sem noção.

Diário de um Banana não foi lançado nos cinemas daqui, só em dvd. Enquanto isso, a parte 2 (Diary of a Wimpy Kid: Rodrick Rules) desbancou Sucker Punch nas bilheterias no fim de semana do lançamento americano…

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Toy Story 3
A Pedra Mágica
As Crônicas de Spiderwick

Deixe-me Entrar

Deixe-me Entrar

Ninguém pediu, mas em breve entra em cartaz a refilmagem americana do ótimo filme de terror adolescente sueco Deixe Ela Entrar.

A história é a mesma: Owen é um menino de 12 anos, com problemas com os valentões da escola, e que começa a se envolver com a menina que se mudou para o apartamento ao lado, sem saber que ela é uma vampira.

Confesso que heu tinha sentimentos opostos sobre este filme antes de vê-lo. Por um lado, heu queria muito rever a atriz mirim Chloe Moretz, que fez a Hit Girl em Kick-Ass. Mas, por outro lado, sempre me pergunto: pra que refilmar? Além do mais sabendo que a direção coube ao quase novato Matt Reeves, que até agora só tinha feito um filme para o cinema, o maomeno Cloverfield.

Como é uma refilmagem, e de um filme recente, a comparação é inevitável. Além do mais porque a ambientação fria foi mantida. Ambientação fria nos cenários – é neve pra tudo quanto é canto – e também nas relações entre as pessoas. E, na comparação, o filme americano perde. Não por ser ruim, mas por ser quase uma xerox.

A nova versão tem seus méritos. Por exemplo, gostei da cena do acidente de carro, com a câmera dentro do carro. Os ataques da menina também são interessantes. Mas o próprio filme mostra que isso era desnecessário, já que o melhor ataque é a recriação da cena da piscina, onde não vemos nada, provando que o que não é mostrado às vezes funciona melhor…

E o resto é igualzinho. Tirando um detalhe aqui, outro ali, é o mesmo filme, só que com atores americanos.

No elenco, Chloe Moretz está bem, mas sua atuação não “vale o ingresso” como acontece em Kick-Ass. O garoto esquisito Kodi Smit-McPhee funciona ok, mas me parece que funciona porque ele tem cara de esquisito mesmo, não necessariamente por ser bom ator ou não. Completam o elenco Richard Jenkins e Elias Koteas.

Resumindo, não é ruim. Mas, na comparação, perde. Por isso, prefira o original!

Kick-Ass

Kick-Ass

Kick-Ass é uma das melhores surpresas da temporada!

Dave Lizewski (Aaron Johnson) é um garoto meio nerd, fã de quadrinhos e com poucos amigos. Até que resolve virar um super-heroi – mesmo sem ter super poderes.

Falei que é uma surpresa, porque heu esperava uma comédia na linha do fraco besteirol Super-Herói: O Filme. Que nada, Kick-Ass é um excelente filme de ação, com boas doses de humor (negro) e a quantidade exata de drama. Ou seja: um filme simples, mas com tudo “no lugar”.

Kick-Ass é baseado nos quadrinhos homônimos. Nunca li, não tenho ideia se o filme é fiel aos quadrinhos. Mas o roteiro, escrito por Mathew Vaughn (também diretor) e Jane Goldman, é muito bem escrito, e brinca o tempo todo com clichês de super-herois conhecidos.

O quase desconhecido Aaron Johnson está perfeito no papel principal, o adolescente nerd que quer virar super-heroi, mas mesmo assim nunca consegue deixar de ser nerd. Mas o elenco traz outros dois nomes dignos de nota. Um é a pequena Chloe Moretz, de apenas 13 anos (mas atriz desde os sete), que manda muito bem como a Hit-Girl. Ela é convincente tanto nos momentos dramáticos quanto nos momentos de pancadaria! E o outro nome é Christopher Mintz-Plasse, que estava ótimo mas um pouco exagerado como o McLovin de Superbad, e que aqui encontrou o tom exato (mais sobre seu papel não posso falar sem spoilers!).

Ainda tem espaço para um nome “de ponta”, Nicolas Cage, num papel menor porém importantíssimo. Mark Strong, vilão do novo Sherlock Holmes, aqui também faz um eficiente antagonista. Lyndsy Fonseca é apenas um rostinho bonitinho que funciona – mas o que achei mais curioso é lembrar que há cinco anos ela está em quase todos os episódios de How I Met Your Mother, como a filha do protagonista / narrador. E, last but not least, papéis pequenos para dois rostos femininos conhecidos nos anos 80: Elisabeth McGovern e Yancy Butler.

E a parte técnica? O filme parece ser uma produção menor, mas traz efeitos especiais excelentes. As cenas de ação são de tirar o fôlego – algumas delas dão vontade de voltar para ver de novo, como a cena onde Big Daddy ataca o galpão de Frank D’Amico. E ainda aparecem alguns artifícios na edição do filme para parecer que estamos lendo quadrinhos – isso sem contar todo um trecho em quadrinhos mesmo, contando o passado de Big Daddy.

Vejam só que coisa curiosa é o mercado cinematográfico. Homem de Ferro 2 estreou aqui no Brasil uma semana antes da estreia americana. Já este Kick-Ass tem estreia nacional prevista para 11 de junho, mas já existe para download o release R5 dele…

Enfim, ainda é maio, mas arrisco dizer que estamos diante de um dos melhores filmes do ano!