Jogador N° 1

Jogador Numero 1Crítica – Jogador N° 1

Sinopse (imdb): Quando o criador de um mundo de realidade virtual chamado OASIS morre, ele lança um vídeo no qual ele desafia todos os usuários do OASIS a encontrar seu Easter Egg, que dará ao descobridor sua fortuna.

Não sei como os mais novos veem o cinema de algumas décadas atrás. Mas Steven Spielberg era um dos maiores nomes do cinema pop dos anos 80. Não só o cara dirigiu vários filmes essenciais (como ET, No Limite da Realidade, os três Indiana Jones), como produziu muito mais (De Volta para o Futuro, Goonies, Gremlins, O Enigma da Pirâmide, Viagem Insólita). Spielberg era sinônimo de bom entretenimento.

(A partir de 1985, com A Cor Púrpura, Spielberg começou a alternar a carreira entre filmes sérios e filmes pop, caminho que o levou aos Oscars de melhor diretor com A lista de Schindler (1994) e O Resgate do Soldado Ryan (1998)).

Toda essa introdução é pra explicar que Spielberg fez um filme para aqueles que acompanharam sua carreira nos anos 80. Todo quarentão saudosista vai adorar Jogador N° 1 (Ready Player One, no original)!

O que chama mais atenção em Jogador N° 1 são as inúmeras referências. O filme é repleto de citações a outros filmes, séries e videogames. Um exemplo que está no trailer: no grid de largada de uma corrida estão o Mach V de Speed Racer, o Batmóvel dos anos 60, o Interceptor de Mad Max e a van do Esquadrão Classe A – e o protagonista dirige o DeLorean de De Volta para o Futuro!

Acho que a única vez que o cinema viu um crossover parecido foi em Uma Cilada para Roger Rabbit (que, não por acaso, tinha Spielberg na produção), onde vimos ao mesmo tempo Mickey e Pernalonga, Pato Donald e Patolino, dentre inúmeros outros. Só que aqui a quantidade de referências é muito maior!

“Mas, será que o filme é só isso?” Bem, fica difícil julgar uma obra dessas sem se influenciar pelas referências. Tenho uma dúvida sincera se Jogador N° 1 sobrevive para a geração dos mais novos, que não viveram tudo isso. Acredito que sim, porque nenhuma das referências é essencial para a trama, todas estão ao fundo. Mas, ok, admito que a geração millennial não deve curtir tanto quanto os quarentões.

Independente das referências, Jogador N° 1 é uma divertida aventura – como Spielberg fazia muito anos atrás. A cena da corrida de carros é alucinante, e o momento “homenagem a um clássico do terror” é sensacional. São duas horas e vinte que passam rapidinho.

Precisamos falar dos efeitos especiais. Boa parte do filme se passa dentro do videogame, efeitos médios iam enfraquecer a história. Mas os efeitos aqui são excelentes, enchem os olhos de detalhes, todos perfeitos.

A trilha sonora também é muito boa. John Williams estava ocupado com The Post (o filme anterior de Spielberg), então Alan Silvestri foi chamado (é somente a terceira vez que Williams não faz a trilha de um filme do Spielberg!). Silvestri, o mesmo de De Volta para o Futuro, faz um bom trabalho na parte orquestrada. E a parte que usa músicas pop também traz uma excelente seleção, com Van Halen, Tears For Fears, Daryl Hall & John Oates, Joan Jett, Twisted Sister, New Order…

O elenco é encabeçado por Tye Sheridan (Como Sobreviver a um Ataque Zumbi). Gostei de ver Simon Pegg e Mark Rylance com maquiagens que os deixaram bem diferentes. Ben Mendelsohn faz o vilão (como em Rogue One). Também no elenco, Olivia Cooke, Lena Waithe, Philip Zhao, Win Morisaki, Hannah John-Kamen, Ralph Ineson e Susan Lynch. E, se for preciso escolher um ponto negativo, escolho T.J. Miller, as piadinhas do seu I-R0k nunca estavam bem colocadas.

Agora preciso rever o filme. Para me divertir novamente, e também para procurar mais referências. Obrigado, sr. Spielberg. Obrigado por mais um momento de sonho. Obrigado por mais um filme inesquecível!

Jogo Perigoso

Jogo PerigosoCrítica – Jogo Perigoso

Sinopse (imdb): Um casal tenta apimentar seu casamento em sua remota casa do lago, mas agora Jessie deve lutar para sobreviver quando o marido morre inesperadamente, deixando-a algemada na cabeceira da cama.

Ano passado foi um bom ano para os fãs de Stephen King. Tivemos nos cinemas dois filmes (It e A Torre Negra (ninguém gostou, mas heu gostei)), além de uma série, The Mist. E, olha lá, teve mais um filme pela Netflix, este Jogo Perigoso (Gerald’s Game, no original).

Dirigido por Mike Flanagan (O Espelho), Jogo Perigoso tem uma estrutura interessante: quase todo o filme se passa dentro de um quarto, com apenas dois atores. E mesmo assim, não parece teatro filmado! Mais não conto, pra não entrar em spoilers.

A maior parte do filme se passa dentro do quarto, mas vemos alguns flashbacks que enriquecem a história da protagonista e trazem várias interpretações para as algemas.
Jogo Perigoso é baseado em Stephen King, mas não é exatamente um filme de terror, está mais para suspense psicológico. Mas tem uma cena em particular, curtinha, perto do fim, que tem um gore em boa dose.

No elenco, basicamente o filme é com a Carla Gugino e Bruce Greenwood. Curiosidade: o pai dela nos flashbacks é interpretado por Henry Thomas, que 35 anos atrás foi o protagonista de um certo E.T.

Jogo Perigoso não é um filme essencial, mas vai distrair quem não for muito exigente.

Círculo de Fogo: A Revolta

Circulo de FogoCrítica – Círculo de Fogo: A Revolta

Sinopse (imdb): Jake Pentecost, filho de Stacker Pentecost, se reúne com Mako Mori para liderar uma nova geração de pilotos da Jaeger, incluindo o rival Lambert e a hacker de 15 anos Amara, contra uma nova ameaça Kaiju.

O primeiro Círculo de Fogo já não foi grande coisa, mesmo tendo Guillermo Del Toro na direção. Claro que a expectativa pela continuação é baixa. E, mesmo assim, Círculo de Fogo: A Revolta (Pacific Rim: Uprising, no original) decepciona.

Antes de tudo, preciso confessar uma coisa: a ideia de precisar de duas pessoas conectadas pra guiar um robô gigante nunca fez sentido pra mim. Claro que o segundo filme martela a mesma ideia…

Mas isso não é a pior coisa do filme. Círculo de Fogo: A Revolta tem um roteiro mal escrito, atores fracos, e as sequências de ação, que deveriam ser os pontos altos, lembram a franquia Transformers – e isso nunca é uma boa referência.

Os personagens são rasos, ninguém vai se importar com eles. Além disso, parece que quiseram preencher cotas de várias etnias, e isso gerou vários personagens descartáveis. Um exemplo: Adria Arjona, uma Eiza González genérica, não tem nenhuma importância para a trama, tire o personagem e nada se perde.

No elenco, John Boyega mostra que não tem carisma para ser protagonista, enquanto Scott Eastwood parece que só ganha papéis pela semelhança física com papai Clint. Também no elenco multi étnico, Cailee Spaeny, Burn Gorman, Charlie Day, Tian Jing, Jin Zhang, Rinko Kikuchi e Ivanna Sakhno.

No fim, temos um filme que mais parece um catálogo para vender brinquedos. Porque esta parte é bem organizada, cada robô e cada monstro tem nomes e características distintas… As lojas de brinquedos agradecem!

Tomb Raider: A Origem

Lara CroftCrítica – Tomb Raider: A Origem

Sinopse (imdb): Lara Croft, a rebelde e independente filha de um aventureiro desaparecido, deve ir além de seus limites quando se encontra na ilha onde seu pai desapareceu.

No início da década passada, tivemos dois filmes da Angelina Jolie como Lara Croft. São filmes divertidos, mas apenas isso. Ou seja, cabia um reboot, se fosse um filme bom.

Se fosse um filme bom…

Dirigido por Roar Uthaug (A Onda), Tomb Raider: A Origem (Tomb Raider, no original) não é ruim. Mas também não é bom. É apenas mais um filme de ação genérico.

Talvez o pior problema aqui seja o roteiro. São várias inconsistências ao longo da projeção. Daqueles momentos que você diz “não, gente, menos” – e cada vez mais “te tiram” do filme. Um exemplo simples: se dá pra ir de helicóptero pra ilha, pra que se arriscar de barco?

Outra coisa que enfraquece são algumas atuações. Se Dominic West está ruim como o pai da protagonista; Walton Goggins está ainda pior com seu vilão caricato. Gente, hoje, em 2018, um vilão assim não tem mais espaço num filme que pretende ser sério!

E Alicia Vikander? É uma grande atriz, não há dúvida quanto a isso. Mas acho que Angelina Jolie tinha mais carisma para o papel. Bem, pelo menos Alicia não atrapalha como os outros dois.

No fim, como disse lá em cima, é apenas mais um filme genérico. Não vai desagradar o espectador comum. Mas que podia ser melhor, ah, podia. Ainda mais que tem o subtítulo “A Origem”. Ou seja, teremos continuações…

Medo Profundo

Medo-ProfundoCrítica – Medo Profundo

Sinopse (imdb): Duas irmãs em férias no México estão presas em uma gaiola de tubarão no fundo do oceano. Com menos de uma hora de oxigênio sobrando e grandes tubarões brancos circulando por perto, eles precisam lutar para sobreviver.

Ano passado tivemos Água Rasa, um bom filme de tubarão. Deve ter tido um bom resultado nas bilheterias, afinal resolveram lançar Medo Profundo (47 Meters Down, no original) no circuito – um filme que já estava disponível para download já há um tempo.

Escrito e dirigido pelo pouco conhecido Johannes Roberts, Medo Profundo ganha pontos por ser curto e direto. A história é basicamente o drama das irmãs na gaiola – o medo dos tubarões, a falta de oxigênio, o problema de comunicação com o barco… Não tem nada de inovador, mas pelo menos temos uma tensão claustrofóbica constante ao longo do filme.

No elenco, Mandy Moore e Claire Holt seguram a onda como as irmãs. E Mathew Modine aparece como o dono do barco – achei que Stranger Things tinha valorizado o cachê dele, parece que não.

O fim do filme não é ruim, mas se fosse heu, acabava um minuto antes. Mais não falo por causa dos spoilers…

Enfim, nada de novo, mas vai agradar os menos exigentes.

p.s.: No imdb, existe a página da continuação, 48 Meters Down, ainda em produção. E esta escrito assim “The official sequel to 47 Meters Down, the smash Summer hit of 2017“. Smash summer hit? Seriously?

O Passageiro

O PassageiroCrítica – O Passageiro

Sinopse (imdb): Um ex policial está preso em uma conspiração criminosa durante sua viagem diária de trem.

Liam Neeson já fez outros três filmes com o diretor Jaume Collet-Serra. Todos foram legais. Será que cabe mais um?

O Passageiro (The Commuter, no original) é um bom thriller, cheio de boas cenas de ação. Mas é basicamente uma repetição do que já vimos antes – principalmente em Sem Escalas, com a diferença que trocaram o avião pelo trem.

Bem, já falei aqui antes, não me incomodo com ideias recicladas se o resultado final for bom. Pra mim, é o caso. Gostei do filme.

O Passageiro pode não ser novidade, mas tem algo básico: tem bom ritmo e prende a atenção com cenas eletrizantes. Collet-Serra ainda consegue inovar criando vários ângulos pouco convencionais (dentro do trem!) ao longo do filme. E ainda tem uma boa luta em plano sequência. Tá bom assim?

Olha, admito que gostei do filme, mas a gente precisa reconhecer que tem algumas coisas forçadas demais. Aquela teoria da conspiração é complexa demais, forçaram a barra um pouco. Alguns momentos do filme você pensa “menos, gente, menos”…

No elenco, mais uma vez Liam Neeson é “o cara” – ele faz muito bem este tipo de personagem. O elenco traz outros nomes famosos, como Vera Farmiga, Patrick Wilson, Sam Neill e Elizabeth McGovern, mas em papéis pequenos. O pessoal que aparece mais ao longo do filme é desconhecido.

No fim, parece que estamos vendo uma versão atualizada de Assassinato no Expresso Oriente – um “whodoneit” dentro de um trem. Uma versão mais ágil e moderna. Apesar de não ter nenhuma novidade.

Operação Red Sparrow

Operação Red SparrowCrítica – Operação Red Sparrow

Sinopse (imdb): A bailarina Dominika Egorova é recrutada para a “Sparrow School”, um serviço de inteligência russo onde é obrigada a usar seu corpo como arma. Sua primeira missão, visando um agente da C.I.A., ameaça desvendar a segurança de ambas as nações.

Atômica, um dos melhores filmes do ano passado, mostrava uma espiã na Europa em cenas de ação de tirar o fôlego. Este Operação Red Sparrow (Red Sparrow, no original) também traz uma espiã europeia, mas é outro estilo de filme, totalmente diferente.

Dirigido por Francis Lawrence (que não é parente, mas que já dirigiu Jennifer Lawrence em três filmes da franquia Jogos Vorazes), Operação Red Sparrow é um filme lento, que foca mais no “jogo de xadrez” político do que na ação. Vai ter gente decepcionada.

(Depois da sessão de imprensa, ouvi alguns críticos reclamando que o trailer dava sinais de que a Jennifer Lawrence de Operação Red Sparrow seria quase uma Natasha Romanoff. Sorte que não vi o trailer…)

Baseado num livro escrito por Jason Matthews, um ex-agente da CIA, Operação Red Sparrow tem pouca ação, é um filme de espionagem à moda antiga, com uma trama complexa e algumas reviravoltas no roteiro. É um bom filme, mas tem problemas de ritmo, e a longa duração atrapalha. Se dessem uma enxugada o resultado seria melhor.

A parte do treinamento dos sparrows é uma das melhores coisas do filme – sedução se mistura com humilhação (física e psicológica). A gente sempre vê espiões no cinema usando sexo e sedução, aqui eles aprendem a usar isso – e de maneira fria. Taí, acho que heu veria um filme inteiro só com os sparrows – primeiro os treinamentos, depois a prática.

Retrato dos dias atuais: temos uma mudança da visão do comportamento sexual dos personagens. Décadas atrás, o sexo era muito presente nos filmes do James Bond, mas a gente tinha uma visão romântica disso. Dominika Egorova usa o sexo sem emoções, somente para conseguir seus objetivos.

As cenas de nudez da Jennifer Lawrence são um reflexo disso. Nas cenas de sexo, ela não mostra nada. Só mostra em cenas onde o “assunto” é poder e dominação.

O elenco é muito bom. Jennifer Lawrence é um dos maiores nomes do cinema contemporâneo, apesar de muita gente não gostar dela. E ela está acompanhada de um elenco de primeira linha, que inclui Joel Edgerton, Matthias Schoenaerts, Charlotte Rampling, Mary-Louise Parker, Jeremy Irons, Ciarán Hinds e Joely Richardson. Mas teve uma coisa que achei mal feita. Boa parte dos personagens são russos, e a produção decidiu deixá-los falando inglês, com sotaque. Ficou tosco…

Pelo hype, muita gente vai ver Operação Red Sparrow, mas tenho minhas dúvidas se muita gente vai gostar.

A Maldição da Casa Winchester

maldição da casa winchesterCrítica – A Maldição da Casa Winchester

Sinopse (imdb): Instalada em sua extensa mansão na Califórnia, a excêntrica herdeira Sarah Winchester acredita ser assombrada pelas almas das pessoas mortas pelo rifle de repetição Winchester.

Será um filme com os irmãos Sam e Dean Winchester, de Supernatural? Ah, não, é outra família Winchester. Em A Maldição da Casa Winchester (Winchester, no original), a família Winchester é a dos fabricantes de armas. Nada a ver com a série…

Filme novo dos irmãos Spierig, os mesmos que fizeram o excepcional O Predestinado uns anos atrás. Por causa de O Predestinado, eles ainda têm crédito comigo, apesar de terem ficado devendo com A Maldição da Casa Winchester (o mesmo aconteceu com Jigsaw, lançado ano passado)

A Maldição da Casa Winchester simplesmente não anda. Um jumpscare aqui, outro ali, no meio de um monte de clichês. O filme até acerta em algumas cenas (como a cena do espelho), mas no geral é tudo chato e previsível demais. A única coisa que realmente chama a atenção é a casa, que, estranhamente, é pouco explorada.

Pior é que essa casa existe, e a casa real parece ser mais interessante do que o que foi mostrado no filme. Catei fotos no Google, deu vontade de conhecer a casa pessoalmente. Taí, pela primeira vez achei que um documentário sobre o local pode ser melhor do que um filme de ficção. A casa parece ser fascinante!

No elenco, não tem como não se decepcionar com a Hellen Mirren. Claro que ela não está mal, mas não precisava de uma atriz do porte dela, qualquer uma faria esse papel. Também no elenco, Sarah Snook, Jason Clarke, Finn Scicluna-O’Prey, Eamon Farren e Bruce Spence. E, pra quem não reconheceu, Angus Sampson é o Tucker de Sobrenatural.

A Maldição da Casa Winchester não chega a ser ruim, mas, infelizmente, também está longe de ser bom.