Vanilla Sky

vanilla_skyCrítica – Vanilla Sky

Depois do original, vamos à refilmagem!

Um jovem, bonito e rico herdeiro de uma revista conhece a mulher de seus sonhos, mas pouco depois se envolve num acidente de carro, fica com o rosto desfigurado e vê sua vida entrar em parafuso.

Vanilla Sky é uma refilmagem quase quadro a quadro do original Abre los Ojos. A maior parte das cenas é exatamente igual! Acho que as duas sequências diferentes são a do bar (melhor construída no filme espanhol) e a parte final (mais explicada aqui). Aliás, essa é uma crítica que muitos fazem: nem sempre tudo precisa ser explicado…

Apesar da falta de originalidade, gosto muito deste Vanilla Sky. Se a história já não é novidade, pelo menos a forma é muito bem cuidada. A fotografia é ótima, e a trilha sonora é bem melhor. O produto final hollwoodiano ficou bem palatável – pelo menos isso, né?

A direção ficou com Cameron Crowe (logo depois do genial Quase Famosos), que cinco anos antes tinha feito Jerry Maguire com Tom Cruise. Aqui, denuncio uma injustiça: nos créditos iniciais, o roteiro aparece como se fosse escrito só por Crowe, não vemos o nome de Almenábar! Por que, se os roteiros são quase iguais?

A direção é de Crowe, mas este é um “filme do Tom Cruise”. E é legal ver como o “star power” funciona. Sabe aquela cena inicial, onde vemos Cruise correndo pela Times Square completamente vazia? Não foi cgi! Cruise FECHOU a Times Square para filmar a cena!!!

(Aliás, nada contra Eduardo Noriega, o ator do original, mas achei que o papel combinava mais com o Tom Cruise…)

Uma coisa curiosa, e até onde sei, única na história do cinema: Penelope Cruz fez o mesmo papel nas duas versões! E admito, não gostei… Ainda no elenco, Cameron Diaz, Jason Lee, Kurt Russell, Timothy Spall, Noah Taylor e Tilda Swinton. Johnny Galecki, hoje famoso por The Big Bang Theory, faz uma ponta como o assistente de Cruise.

Mesmo sendo uma refilmagem quase igual ao original, Vanilla Sky é uma boa opção. Mas recomendo ver ambos.

Dogma

Crítica – Dogma

Empolgado com estes Top 10 de entidades divinas, resolvi rever Dogma, um dos melhores filmes de Kevin Smith, um dos meus diretores favoritos.

Dois anjos banidos por Deus descobrem uma brecha nas regras e com isso querem voltar ao Paraíso. Mas se fizerem isso provarão que Deus não é infalível e toda a existência poderá ser destruída. Uma funcionária de uma clínica de aborto recebe a missão de tentar parar os anjos.

Dogma foi lançado em 1999. Na época rolava um “frenesi do fim do mundo”, por causa da virada do milênio (apesar da real virada ter sido entre 2000 e 2001). O filme foi comparado com filmes como O Sexto Dia ou Stigmata, apesar de ser uma comédia. Pelo menos Dogma não ficou datado, já que não falava especificamente da virada do milênio. Visto hoje, é uma divertida comédia apocalíptica.

Kevin Smith pode não ter muita fama como diretor de atores, mas é um gênio no que diz respeito a diálogos bem escritos. Aqui em Dogma ele tem uma história baseada em universo mais complexo do que seus filmes anteriores (O Balconista, Barrados no Shopping, Procura-se Amy). Pela primeira vez, ele usa personagens tirados de outra fonte – a bíblia. E Smith conseguiu: não só os diálogos são bem escritos, como os personagens adaptados da bíblia funcionam bem ao lado de seus personagens habituais.

O elenco é muito bom, talvez o melhor que já esteve à disposição de Smith. Ben Affleck e Jason Lee eram figuras constantes em seus filmes (estiveram em Barrados no Shopping e Procura-se Amy); e Affleck aqui repete a parceria com Matt Damon, que lhes rendeu Oscar de melhor roteiro dois anos antes, por Gênio Indomável. E o filme ainda tem Alan Rickman, Linda Fiorentino, Salma Hayek, Chris Rock, Janeane Garofalo, Guinevere Turner e uma divertida ponta da cantora Alanis Morrisete. E, claro, Jason Mewes e o próprio Kevin Smith mais uma vez como a dupla Jay e Silent Bob.

Falando em Jay e Silent Bob, tive saudades dos dois doidões. Entendo e respeito a decisão de Smith de seguir em frente com a carreira e abandonar a dupla – já foram três filmes sem os dois, Pagando Bem Que Mal Tem, Tiras em Apuros e Red State. Mas que a dupla, presente em seis filmes, era muito divertida, isso era!

Ainda tenho que falar da polêmica com a igreja católica que rolou na época. Os católicos mais radicais se sentiram ofendidos, já que Dogma mostra algumas figuras bíblicas em situações pouco convencionais. Mas, vendo o filme de cabeça aberta, o filme não é ofensivo. É apenas outra visão – uma visão diferente, um pouco mais escrachada…

Dogma é um filme estranho. Não vai agradar a todos, afinal, é uma comédia com temática séria em cima de um tema polêmico. Mas, pelo menos pra mim, é um dos melhores filmes do Kevin Smith.

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Se você gostou de Dogma, o Blog do Heu recomenda:
Red State
O Império do Besteirol Contra-Ataca
Bandidos do Tempo

Tiras em Apuros

Tiras em Apuros

Epa! Como assim, tem filme novo do Kevin Smith já nas locadoras brasileiras, e heu nem sabia?

Em Tiras em Apuros (Cop Out no original), os policiais Jimmy (Bruce Willis) e Paul (Tracy Morgan) são suspensos por indisciplina. Precisando de dinheiro, Jimmy resolve vender um card raro de baseball. Mas o card acaba roubado, e agora Jimmy precisa recuperá-lo para pagar o casamento da filha.

Tiras em Apuros tem um grande problema: Tracy Morgan. Ele é um ator limitadíssimo, só funciona bem em papéis de paródia, como é o caso da série 30 Rock. Lá ele tem um papel que funciona justamente porque é caricato. E aí vem o segundo problema: fica difícil de “comprar a ideia” de Morgan como parceiro de Bruce Willis.

Mas, se a gente “compra” tudo isso, Tiras em Apuros é até divertido!

Kevin Smith conseguiu fazer um filme com cara das comédias de ação dos anos 80. Chamou até o Harold Faltermeyer, autor do tema de Um Tira da Pesada, para fazer a trilha sonora. Se o Tracy Morgan tivesse o talento do Eddie Murphy, Tiras em Apuros seria um novo clássico!

O filme traz outra coisa divertidíssima: apesar de ser a primeira vez que Kevin Smith não filma um roteiro seu (o filme foi escrito por Mark Cullen e Robb Cullen), o filme traz várias referências a outros filmes. Paul vive querendo fazer homenagens a filmes famosos, e muitas frases são usadas por seu personagem. E uma das melhores piadas do filme está na genial sequência inicial de homenagens, quando Paul grita “Yippie-ki-yay, motherfucker!” (frase clássica da série Duro de Matar), e Jimmy fala que não conhece este filme…

Sinto saudades do Kevin Smith do início de carreira. O Balconista, Barrados no Shopping, Procura-se Amy, Dogma, O Império do Besteirol Contra-Ataca, O Balconista 2… Acho que Jay e Silent Bob poderiam aparecer rapidamente em seus novos filmes, como uma homenagem aos velhos tempos. Mas isso ficou pra trás. Inclusive, só o Jason Lee está no elenco, não tem nem o Jason Mewes, nem o Ben Affleck…

Pelo menos é mais divertido que Pagando Bem, Que Mal Tem!


O Império do Besteirol Contra-Ataca

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O Império do Besteirol Contra-Ataca

Tenho que ser coerente, certo? Outro dia falei mal aqui de “filme com pré-requisito”. Bem, O Império do Besteirol Contra-Ataca é um filme assim. Quem não está por dentro do “universo viewaskewano” não vai entender boa parte das piadas!

Jay e Silent Bob descobrem que os quadrinhos Bluntman e Chronic vão virar um filme, então resolvem ir até Hollywood para tentar impedir a realização do mesmo.

Se você está se perguntando o que é Bluntman e Chronic, e quem diabos são Jay e Silent Bob, é justamente por causa dos pré requisitos que citei lá em cima… Boa parte das piadas presentes neste filme são referências aos outros quatro filmes do mesmo diretor que contam com os coadjuvantes Jay e Silent Bob. Por isso que é complicado falar de um filme destes: é genial para quem é fã, mas é sem graça para quem não conhece os outros filmes!

O tal Silent Bob é o próprio diretor e roteirista Kevin Smith. Ele criou esta dupla de personagens, dois desocupados que ficam de bobeira em frente a uma loja de conveniências, e este foi o quinto filme com os dois (Jason Mewes interpreta Jay). Antes deles, tivemos O Balconista, Barrados no Shopping, Procura-se Amy e Dogma – eles ainda voltariam em O Balconista 2. Sempre coadjuvantes, aqui eles têm o seu momento como protagonistas.

Como diria a propaganda: “e não é só isso!” Vários outros personagens destes filmes voltam em O Império… Por exemplo, vejam os dois atores mais presentes em filmes de Smith: Jason Lee repete dois papéis, o de Barrados e o de Procura-se; já Ben Affleck volta com o papel de Procura-se e ainda faz uma participação interpretando a si próprio, ao lado do Matt Damon, numa das melhores cenas do filme.

E por aí o filme segue, piada interna atrás de piada interna… Muito divertido para quem conhece este específico universo!

Ah, sim, o elenco do filme é invejável, principalmente porque se trata de um filme, ahn, digamos, “hermético”. Além dos supracitados Lee, Affleck e Damon, temos Will Ferrell, Shannon Elizabeth, Eliza Dushku, Ali Larter, Sean William Scott, Judd Nelson, Chris Rock, Jamie Kennedy e Tracy Morgan, além de várias personalidades hollywoodianas interpreteando a si mesmos, como os diretores Wes Craven e Gus Van Sant e os atores Shannen Doherty, Jason Biggs e James van der Beek. E Alanis Morissette, numa cena que nem todo mundo viu. E, claro, como um grande fã de Star Wars que Smith é, temos Mark Hammill e Carrie Fisher, pela primeira vez num mesmo filme desde O Retorno do Jedi!

Ah, sim, o nome é horrível, né? Só que é uma piada, mais uma referência a Star Wars, desta vez ao título do segundo filme da saga, O Império Contra-Ataca (em inglês, o nome do filme é Jay and Silent Bob Strike Back).

O Império do Besteirol Contra-Ataca não é o melhor filme de Kevin Smith. Aliás, não é nem recomendado para quem não viu os outros filmes. Mas heu me diverti muito, várias das piadas são muito, muito boas! Acredito que este filme fecharia o “universo viewaskewano”, mas tivemos O Balconista 2 cinco anos depois, em 2006. Ou seja, quem sabe não veremos nossa dupla de desocupados favorita novamente?

Snootchie Bootchies para vocês!

p.s.: Tem uma cena depois dos créditos. Como o resto do filme, a cena é genial, mas apenas para aqueles que estão por dentro do universo…

Quase Famosos

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Quase Famosos

Outro dia falei aqui do filme Rock Star, que mostra os bastidores de uma banda de rock dos anos 80 através de um personagem mais novo, no caso, um cantor de uma banda cover. Quase Famosos é parecido: conhecemos os bastidores de uma banda de rock, só que desta vez dos anos 70; através de um outro personagem mais novo ainda, um adolescente que se passa por repórter da revista Rolling Stone.

Mas esse filme não é uma cópia, longe disso! Arrisco dizer que esse é ainda melhor que Rock Star!

O filme foi baseado na experiência do próprio diretor Cameron Crowe, que escreveu para a mesma Rolling Stone quando ainda era novo – acredito que não tão novo quanto William Miller, o garoto que mata aulas na escola pra acompanhar a Stillwater, uma banda em ascenção que está prestes a virar matéria de capa da revista.

E o jovem William Miller e sua saga nos deram um dos melhores filmes da história do rock’n’roll!

Esse filme é delicioso. Tudo funciona direitinho. O elenco é perfeito, liderado pelo quase desconhecido Patrick Fugit, e com nomes como Kate Hudson, Billy Crudup, Jason Lee, Anna Paquin, Frances McDormand e Philipp Seymour Hoffman. A trilha sonora tem muitas músicas boas de muitos artistas dos anos 70, como Led Zeppelin, The Who, Elton John, Black Sabbath, Yes, Lynyrd Skynyrd, Beach Boys, etc. E a banda Stillwater passa a impressão de que realmente estava lá!

A banda “fake” Stillwater merece um parágrafo… Eles realmente ensaiaram 4 horas por dia, 5 dias por semana, durante 6 semanas! As músicas interpretadas pela banda foram compostas pelo diretor Cameron Crowe, sua esposa Nancy Wilson (ex vocalista do Heart) e “um tal de” Peter Frampton. Frampton, inclusive, ensinou a Billy Crudup a postura de palco de um verdadeiro guitarrista (quem diria, o peladão azul de Watchmen toca guitarra!). E o nosso vocalista Jason Lee copia o estilo de Paul Rodgers, aquele mesmo que está hoje no Queen.

O resultado? Como poucas vezes na história de Hollywood, a banda parece realmente uma banda na tela… Temos até a briga de egos da dupla vocalista / guitarrista, que quer ser como Robert Plant vs Jimmy Page, ou Ian Gillan vs Ritchie Blackmore!

O filme tem várias cenas memoráveis, como a sensacional cena da pane no avião, ou toda a sequência da “fuga” de Russell Hammond e sua volta, com a galera cantando Tiny Dancer no ônibus…

Foi lançado aqui no Brasil um dvd duplo, com a versão que passou nos cinemas e outra versão, a do diretor, com duas horas e quarenta de filme. Recomendo fortemente essa versão mais longa. Acredite, não parece muito num filme desses…