O Sexto Sentido

Crítica – O Sexto Sentido

Hora de rever O Sexto Sentido!

Um garoto que se comunica com espíritos que nem sempre sabem que estão morto é ajudado por um psicólogo infantil.

Todo mundo já viu O Sexto Sentido (The Sixth Sense, no original), não? Bem, se você não viu, faça um favor a você mesmo e veja. E tome cuidado para não ler nada sobre o fim, um dos finais mais surpreendentes da história do cinema.

A boa notícia: O Sexto Sentido continua bom mesmo visto hoje, 14 anos depois (o filme é de 1999). Hoje a gente conhece a carreira do diretor e roteirista M. Night Shyamalan e fica com os dois pés atrás com cada um de seus novos filmes. Mas, mesmo conhecendo sua reputação, seu primeiro filme ainda é um filmaço.

Shyamalan teve problemas na produção de seu filme. O estúdio Buena Vista, da Disney, não queria liberar uma grande produção nas mãos de um diretor e roteirista estreante. Mas no fim, felizmente, o resultado ficou excelente, a história do menino que vê gente morta é muito bem contada. Shyamalan consegue criar o clima perfeito de tensão que o filme pede.

O elenco ajuda. Haley Joel Osment (que, diz a lenda, não passou no teste para ser o novo Anakin no Star Wars ep 1 lançado no mesmo ano) mostra impressionante maturidade ao liderar o elenco de gente mais velha e mais experiente. Bruce Willis também está muito bem, assim como Toni Collette. Ainda no elenco, Olivia Williams e Donnie Wahlberg. Ah, curiosidade: sabe a menininha envenenada? É a Mischa Barton, que cresceu e ficou famosa com a série The O.C.

Pra quem não acompanha bastidores, a carreira de Shyamalan é curiosa. Este seu primeiro filme é realmente muito bom, mas depois foi ladeira abaixo. Depois de O Sexto Sentido, veio Corpo Fechado, bom filme, mas parecido demais com o primeiro. Depois veio Sinais, que começa bem, mas termina mal, muito mal. Aí veio A Vila, ideia interessante, mas que não sustenta um longa, seria um bom episódio de uma série tipo Twilight ZoneDama na Água veio em seguida, e é ruim, ruim, ruim – se fosse despretensioso, seria um bom trash. Pouco depois, veio Fim dos Tempos, que é tão ruim, mas tão ruim, que talvez seja pior que Dama na Água. O Último Mestre do Ar, sua primeira adaptação, também falhou. Depois da Terra, seu último filme, é menos ruim que os três anteriores, mas está bem abaixo do seu debut. É, hoje, 15 anos depois, acho que a gente já pode afirmar que O Sexto Sentido foi o “ponto fora da curva”.

Última curiosidade: catando no google, achei uma crítica da época do lançamento, que citava alguns nomes promissores. Além de Shyamalan, falava dos irmãos Wachovski, que no mesmo ano fizeram o excelente Matrix – e que também nunca mais acertaram depois. É, o tempo ensina muita coisa pra gente…

Ajuste de Contas

Crpitica – Ajuste de Contas

Rocky e Touro Indomável na terceira idade? Pára tudo, quero ver isso!

Dois ex-lutadores de boxe, grandes rivais nos anos 80, resolvem sair da aposentadoria e voltar aos ringues para saberem qual é o melhor dos dois – 30 anos depois de sua última luta.

É curioso como o mundo dá voltas. Voltemos 16 anos no tempo, época de Copland, um filme pequeno e pouco badalado lançado em 1997, que também tinha Robert De Niro e Sylvester Stallone no elenco. A diferença é que, naquela época a carreira de De Niro ainda tinha prestígio (entre 75 be 92, ele ganhou dois Oscars – O Poderoso Chefão 2 e Touro Indomável – e ainda concorreu outras quatro vezes), enquanto Stallone era “apenas um ator de filmes de ação”. Já hoje, De Niro acumula bomba atrás de bomba, enquanto Stallone soube administrar melhor a carreira e tem um star power maior que o colega, apesar de continuar “apenas um ator de filmes de ação”.

Felizmente, aqui não interessa quem tem o maior star power. Ambos estão bem em seus personagens, o introspectivo Razor (Stallone) e o fanfarrão Kid (De Niro). E principalmente: ambos convencem como ex-lutadores de boxe aposentados. O diretor Peter Segal (Tratamento de Choque, Agente 86) conseguiu fazer uma comédia leve, divertida e com um bom ritmo. O humor não é escrachado, mesmo assim Ajuste de Contas (Grudge Match, no original)  tem alguns momentos hilariantes.

O grande marketing de Ajuste de Contas está nos famosos personagens boxeadores que os dois protagonistas fizeram entre o fim dos anos 70 e o início dos 80, Rocky Balboa e Jake LaMotta. Inclusive, vemos imagens de ambos em seus personagens icônicos – uma reportagem de tv mostra o passado dos personagens, e mostra fotos do Rocky e do Jake.

Ajuste de Contas ainda traz alguns lances geniais, como o início do filme, que mostra uma luta dos dois personagens, 30 anos antes, num impressionante trabalho de cgi; ou a cena do MMA, com participação do lutador Chael Sonnen. E a luta final é muito bem coreografada, e, importante, respeita a idade dos atores (De Niro está com 70 anos; Stallone, com 67). Agora, seria legal se, em vez de Back In Black, tocasse The Eye Of The Tiger na entrada de Razor na luta. Ah, ia…

Outro ponto forte é o elenco. Kim Basinger, com 60 anos, está mais bonita que muita menina novinha; Alan Arkin está muito bem, com diálogos engraçadíssimos. E Kevin Hart também está ótimo, no limite da caricatura – ele tem vários diálogos excelentes com Arkin. Ainda no elenco, Jon Bernthal, o Shane de The Walking Dead.

Enfim, boa comédia! Ah, é bom avisar: Ajuste de Contas tem cenas durante os créditos finais. Uma das melhores piadas do filme foi guardada para este momento!

Ninfomaníaca – Vol 1

Crítica – Ninfomaníaca – Vol 1

Mais uma polêmica by Lars Von Trier!

Um homem encontra uma mulher ferida na rua, e a leva para casa. Ela começa a contar a sua vida e vários casos de sua ninfomania.

Lars Von Trier já tinha incluído cenas gratuitas de sexo explícito em dois filmes anteriores, Os IdiotasAnticristo. Agora ele prometeu algo mais ousado: rostos de atores conhecidos inseridos em cenas explícitas, protagonizadas por dublês de corpo.

Mas… Ninfomaníaca é uma “propaganda enganosa”. Na verdade, três vezes propaganda enganosa!

1- O filme não tem uma conclusão. De repente, o filme para e aparece um trailer do volume dois.

2- O tal sexo explícito só aparece uma vez, e bem rápido. Piscou o olho, perdeu.

3- Tem atores que estão no cartaz que não aparecem, como Willem Dafoe.

Von Trier declarou que seu filme terá várias versões. Supostamente, teremos uma versão completa com cinco horas e meia – esta seria a versão com sexo explícito. Mas, por enquanto, só temos meio filme, e em uma versão reduzida.

A primeira coisa que a gente lembra é de Kill Bill – outro filme dividido em dois “volumes”. Mas Kill Bill vol 1 é bem diferente do 2, Tarantino fez dois filmes distintos. Ainda é cedo pra falar, mas tudo indica que Von Trier só dividiu o filme por razões comerciais (mesmo caso do terceiro Crepúsculo). Ou seja, não precisava, pagamos um ingresso inteiro para ver meio filme.

E aí tem o agravante de ser uma versão “censurada”. Quando Anticristo passou nos cinemas, não tinha a cena de sexo explícito, esta cena foi inserida em uma versão “unrated”. Ou seja, se for verdade que o filme terá 5 horas e meia, espectador está pagando um ingresso pra ver meio filme, e ainda por cima cortado!

Dito isso, nem achei o filme tão ruim quanto os últimos filmes do diretor (as enganações Melancolia e Anticristo). A história flui bem, apesar do papo cabeça com metáforas com a pescaria e com a polifonia musical. E algumas cenas são legais – a sequência da personagem da Uma Thurman é muito boa.

No elenco, uma coisa curiosa. A protagonista era pra ser a Charlotte Gainsbourg, não? Só que ela está contando “causos” de sua juventude. Então a personagem é a mesma, mas a atriz é a estreante Stacy Martin, bem mais bonita que a feiosa Charlotte. E desinibida, a jovem passa metade do filme sem roupa.

Ainda no elenco, Uma Thurman e Christian Slater estão muito bem. Ninfomaníaca ainda conta com Shia LaBeouf, Stellan Skarsgård, Jamie Bell e Connie Nielsen. E, como falei, Willem Dafoe nem dá as caras.

Em termos de imagens fortes, sexualmente falando, Ninfomaníaca é até comportado – tirando a tal cena explícita e uma cena de sexo oral que não dá pra saber se é real ou com uma prótese. Fora isso, temos no cinema recente vários exemplos onde o sexo é mais “real” – vide o último ganhador da Palma de Ouro de Cannes, Azul é a Cor Mais Quente.

Agora resta esperar o resto do filme. Meio filme só merece meia crítica.

p.s.: Vi dois cartazes do filme por aí. Um deles, de tremendo mau gosto, mostra os rostos dos atores em atos sexuais – outra propaganda enganosa, porque nem todos os personagens fazem sexo no filme. O outro, mais discreto, é bem mais interessante. Escolhi este outro para o post.

Aftershock

Crítica – Aftershock

Filme de terror chileno, estrelado pelo Eli Roth? Vamos ver qualé.

Um grupo de turistas se diverte em festas pelo Chile, quando um terremoto afeta a região. Eles pensam que a maior dificuldade será sair dos escombros, mas algo muito pior espera por eles na superfície.

A premissa do despretensioso Aftershock é interessante: o que acontece durante e logo depois de um terremoto. Não é um grande filme, mas mesmo assim é legal vermos um filme latino-americano que não é drama ou comédia.

Pena que nem tudo funciona. Por exemplo, a parte inicial, que mostra os amigos em festas, é longa demais, o filme demora a engrenar por causa disso. E os personagens não têm carisma, principalmente os dois homens chilenos – um passa o filme inteiro reclamando da ex; o outro, com o visual copiado do Alan de Se Beber Não Case, é um riquinho mala filhinho de papai. A gente quase torce pra eles morrerem logo.

O diretor Nicoláz López, também co-autor do roteiro (ao lado do “padrinho” Eli Roth, que ainda foi produtor), acerta a mão quando acontece o terremoto. A partir daí, o filme pega um bom ritmo, antagonistas são introduzidos na história e temos sangue e gore. A maquiagem é bem feita.

No elenco, só reconheci Eli Roth (Bastardos Inglórios) e Natasha Yarovenko (Room in Rome). A popstar teen Selena Gomez faz uma ponta que faz a gente se perguntar – “o que ela está fazendo aí?”.

A parte final tem uma coisa boa e outra ruim. O “plot twist” do personagem que se revela mau é inconsistente – por que o cara mudaria a personalidade só porque foi descoberto? Por outro lado, a cena final é muito boa. Tá, o efeito especial ficou tosco, mas o humor negro foi ótimo!

Terror na Ilha

Crítica – Terror na Ilha

Três amigas de infância vão passar um fim de semana numa ilha desabitada. Só que um acidente transforma o fim de semana em uma luta por sobrevivência.

Terror na Ilha (Black Rock, no original) parece uma nova versão de Amargo Pesadelo – turistas acidentalmente se estressam com o povo local, que reage com violência. Pena que é uma versão fraca.

Dirigido e estrelado por Katie Aselton, Terror na Ilha teve roteiro de seu marido Mark Duplass, baseado em uma história da própria Katie. Ou seja, é um projeto pessoal dela. Não conheço a carreira da atriz, ela deve gostar de terror…

Curiosamente, o filme tem uma cena de nudez frontal gratuita da diretora. Determinado momento, Katie Aselton e Lake Bell (também produtora) estão com frio e com roupas molhadas, então resolvem tirar as roupas. Ok, mas precisava mesmo tirar tudo, inclusive calcinha e sutiã, e ficar passeando peladonas pelo mato? Não, não precisava.

(Kate Bosworth é a terceira amiga, mas esta não tira a roupa.)

Voltando ao filme… O problema de Terror na Ilha é que é tudo muito clichê e tudo muito previsível. A gente já viu tudo isso antes… Pelo menos o filme é curtinho, 1h 13min. E, se não temos muita violência gráfica, pelo menos tem belas mulheres sem roupa pra compensar.

Só não espere muita coisa.

p.s.: Não veja o trailer. Conta todo o filme!

Frozen – Uma Aventura Congelante

Crítica – Frozen – Uma Aventura Congelante

Desenho novo da Disney!

Baseado no conto A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen, Frozen – Uma Aventura Congelante conta a história de uma futura rainha que nasceu com a capacidade mágica de criar gelo e neve, mas escondeu isso de todos, até de sua irmã mais nova. Após um acidente onde a rainha condena o reino a um inverno eterno, ela foge e auto-exila-se num castelo de gelo. Agora cabe a sua irmã partir em uma jornada para trazer a rainha de volta e reverter o inverno em verão.

Antes de tudo, é bom avisar: Frozen é um “desenho de princesas”. A propaganda maciça no canal Disney Jr não avisa isso, e os diretores vêm de desenhos mais ligados à comédia – Chris Buck dirigiu Tá Dando Onda e Tarzan e Jennifer Lee foi roteirista de Detona Ralph. Meu filho de 4 anos queria ver, fomos a cinema sem saber que se trata de um filme “de menina”… Bem, pelo menos o filme é muito bom.

Com relação à parte técnica, Frozen é um assombro. Depois de uma época meia bomba, uns anos atrás, a Disney voltou a ser sinônimo de altíssima qualidade quando se fala em longas de animação (viva a concorrência, a Disney, a Pixar e a Dreamworks precisam se reiventar a cada ano pra não ficarem para trás). Frozen mostra a neve e o gelo de uma maneira nunca antes vista em desenhos animados!

Como nos longas da Disney de anos atrás (época de A Bela e a Fera e Alladin), Frozen é um musical. São vários os números musicais – o que nem sempre funciona com plateias infantis. Na minha humilde opinião, o filme fica cansativo, mas sei que tem gente que gosta.

Os personagens são bem construídos, conseguimos compreender as motivações das duas princesas – aliás, é interessante notar que a “vilã” não é má. Mas, sem dúvidas, o melhor personagem é o boneco de neve Olaf, um excelente alívio cômico. Pena que ele aparece pouco.

No elenco original, as princesas são dubladas por Kristen Bell e Idina Menzel. Na versão dublada em português, Fabio Porchat faz um bom trabalho dublando o divertido Olaf, e Taryn Szpilman mostra o vozeirão como a rainha Elsa.

Ah, antes da sessão para a imprensa rolou um curta muito legal, onde pela primeira vez em um bom tempo achei que o 3D valeu a pena. Vemos um filminho do Mickey em preto e branco, com cara de ter sido feito na época do Steamboat Willie. Até que a tela se rasga e os personagens começam a sair e interagir – em cores e em 3D. Tomara que este curta acompanhe todas as sessões por aí.

Por fim, não se esqueçam de ficar até o fim dos créditos. Tem cena extra!

p.s.: no canal Disney Jr toca o tempo todo a versão em espanhol da música Let it go. Por que não a versão original em inglês (cantada pela popstar teen Demi Lovato) ou a traduzida em português (com a Taryn Szpilman), ambas presentes no filme?

Rio Sex Comedy

Crítica – Rio Sex Comedy

Um filme feito no Rio com a Irène Jacob, a Charlotte Rampling e o Bill Pullman no elenco? Vamos ver qualé.

O filme mostra algumas histórias independentes sobre estrangeiros no Rio de Janeiro: o novo embaixador dos EUA foge para uma favela; uma conceituada cirurgiã plástica resolve convencer os pacientes a não fazerem cirurgias; um casal de cineastas franceses está fazendo um documentário sobre a desigualdade social relativa às empregadas domésticas; e um americano que trabalha com turismo quer casar com uma índia.

Lembro da época que Rio Sex Comedy passou no Festival do Rio, uns anos atrás. Achei a ideia curiosa, mas dei preferência a outros filmes. Aí agora apareceu outra oportunidade e aproveitei. Mas talvez fosse melhor nem ter visto…

Rio Sex Comedy tem dois problemas básicos. O primeiro é a longa duração e a insistência em desenvolver histórias desinteressantes. Mais de duas horas para acompanhar tramas bestas? Por exemplo, tire a parte dos índios que o filme não perde nada. E o final da trama do embaixador é completamente sem sentido. Ah, e precisamos lembrar que um filme que tem “comedy” no título deveria ser engraçado, o que não acontece aqui.

Mas o pior é ver o que os gringos pensam sobre o Rio e sobre o povo carioca. Parece que aqui no Rio todos só pensam em sexo o tempo todo, e a única outra opção de assunto é a busca do corpo perfeito através de cirurgias plásticas. Sim, Rio Sex Comedy mostra que, lá fora, a única coisa que existe na imagem do Rio é o turismo sexual.

O pior é que parece que o diretor e roteirista Jonathan Nossiter morava no Rio na época do filme. Ou seja, o cara deveria ter legitimidade pra falar da cidade. Só não sei que Rio é esse. Porque o Rio onde heu nasci e moro até hoje não é assim.

Salvam-se a atuação das duas francesas. E vale notar: Irène Jacob está linda e bem à vontade nas cenas de nudez, apesar dos 44 anos.

Mas é pouco, muito pouco. Rio Sex Comedy é uma decepção.

Ender’s Game – O Jogo do Exterminador

Crítica – Ender’s Game – O Jogo do Exterminador

Uma das mais esperadas FC dos últimos tempos!

Em um futuro próximo, extra-terrestres hostis que parecem formigas gigantes atacaram a Terra, mas foram derrotados. Desde então, as forças militares terrestres treinam as crianças mais talentosas do planeta desde pequenas, no intuito de prepará-las para um próximo ataque. Ender Wiggin, um garoto tímido e brilhante, é selecionado para fazer parte da elite.

Trata- se da adaptação do livro de Orson Scott Card, escrito em 1985. Há tempos que os fãs do livro esperavam esta adaptação. Pena que o filme falhou. E feio.

O filme é bem feito, a produção é bem cuidada, bom elenco, bons efeitos especiais, mas… Ender’s Game – O Jogo do Exterminador tem um problema sério: a história não começa nunca! São quase duas horas de introduções e preparativos, e quando a ação realmente começa, passa rapidinho e o filme acaba.

Pra piorar, Ender’s Game parece um filme sem identidade. Parece uma mistura de Harry Potter com Tropas Estrelares, com uma pitada de Independence Day – logo no início vemos que a “grande manobra salvadora” é igualzinha à de ID4 (isso não é spoiler, é bem no começo do filme).

Ender’s Game foi escrito e dirigido pelo sul-africano Gavin Hood, que chamou a atenção com o bom drama Infância Roubada (Tsotsi), mas depois chamou atenção negativamente pela bomba X-Men Origens: Wolverine. Será que estamos diante de um “novo Shyamalan”?

Até nos efeitos especiais Ender’s Game deu azar. Os efeitos de gravidade zero são legais, mas inferiores ao Gravidade, lançado alguns meses antes…

O elenco é bom, mas não consegue salvar o filme. Asa Butterfield (Hugo Cabret) mostra que pode ser uma estrela do primeiro time, se souber trabalhar a carreira. Harrison Ford interpreta o mesmo Han Solo de sempre; Ben Kingsley aparece menos, mas está um pouco melhor. Ainda no elenco, Hailee Steinfeld, Abigail Breslin e Viola Davis.

O fim tem um gancho, mas nada muito forte. Se não vier um segundo filme, podemos considerar a história fechada. E, sinceramente, espero que a continuação não venha.

Questão de Tempo

Crítica – Questão de Tempo

Sabe quando uma boa ideia é desperdiçada?

Ao completar 21 anos, Tim descobre que os homens de sua família são capazes de de viajar no tempo e mudar coisas do próprio passado. Ao descobrir o dom, o jovem tenta usá-lo para conquistar uma namorada.

Gosto de filmes com viagens no tempo. Gosto de me imaginar nas situações apresentadas. E a viagem no tempo aqui tinha uma proposta diferente e interessante: você só pode alterar a sua própria linha temporal. Ok, não podemos conhecer outras épocas, mas poderíamos apagar vários momentos constrangedores e decisões erradas. Legal, não?

O problema de Questão de Tempo (About Time, no original) é que aqui a viagem no tempo é algo secundário. O mais importante é o lado romântico e meloso – e chato… Não tenho nada contra filmes românticos. O problema é que a trama se arrasta – o roteirista (e diretor) Richard Curtis tinha muitas opções legais para explorar, mas sempre escolhe o lado “açucarado”. E o fato do filme ter mais de duas horas ainda piora a situação.

Alguém pode dizer “ah, mas você deveria esperar isso de um filme do Richard Curtis!”. Bem, ele foi o roteirista de Um Lugar Chamado Notting Hill e de O Diário de Bridget Jones. Mas… Dentre os poucos filmes que ele dirigiu (este é o seu terceiro), está Simplesmente Amor, que é um filme romântico que não tem nada de chato.

No elenco, uma coisa curiosa. É “um filme romântico de viagem no tempo estrelado pela Rachel McAdams” – mas não estamos falando de Te Amarei Para Sempre (The Time Traveler’s Wife)! Sei lá, sei que são histórias diferentes, mas achei estranho a mesma atriz em dois filmes com argumentos tão parecidos. É como se chamassem o Michael J. Fox pra outra trilogia de viagem no tempo…

Ainda sobre o elenco: muita gente vai ficar se perguntando “onde já vi esse cara ruivo?”. É Domhnall Gleeson, um dos irmãos Weasley de Harry Potter… Bill Nighy é o terceiro (e último) nome conhecido do elenco.

Enfim, Questão de Tempo vai agradar os românticos. Mas vai decepcionar aqueles que curtem viagens no tempo. Pode levar a namorada ao cinema, mas vá com expectativa baixa.

Os Garotos Perdidos

Crítica – Os Garotos Perdidos

Hora de rever mais um clássico oitentista!

Uma mãe recém separada se muda com seus filhos para Santa Clara, uma cidade que tem muitos jovens desaparecidos. Logo os irmãos descobrem que uma gangue de vampiros age na cidade, e Michael, o irmão mais velho, gradualmente começa a se tornar um deles.

É estranho rever Os Garotos Perdidos (Lost Boys, no original) hoje em dia. Por um lado, mesmo tendo momentos e personagens caricatos, é um filme que leva a sério o mito dos vampiros e não inventa modas – diferente de boa parte dos filmes atuais. Mas, por outro lado, o visual é tão datado que às vezes fica difícil de acompanhar sem rir do visual.

Os Garotos Perdidos é muito datado. Figurinos, cabelos, trilha sonora, tudo tem muita cara de anos 80. Mas, se a gente conseguir “comprar” a ideia, o filme é bem legal, e consegue um bom equilíbrio entre os momentos assustadores e os momentos bem humorados. Como se fazia muito naquela década, o filme é repleto de frases de efeito, e consegue ter trechos engraçados sem virar uma comédia.

A direção é de Joel Schumacher, num tempo em que ele ainda acertava. Preciso admitir que já fui fui fã do cara, por filmes como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985), Linha Mortal (90) e Um Dia de Fúria (93) – mas hoje é impossível a gente não lembrar de seus dois filmes com o “Batman carnavalesco” (95 e 97). Enfim, apesar dos Batman, Schumacher tem talento (ou pelo menos tinha), e mostra isso aqui.

Ainda precisamos citar a fotografia, muito bem trabalhada, apesar de parecer oitentista demais. A trilha sonora também é muito boa. E os efeitos especiais são simples e eficientes.

O elenco é muito bom. Jason Patric, projeto de galã que nunca decolou alto, faz um dos irmãos; o outro, Corey Haim, também nunca foi um grande nome, apesar de alguns filmes legais no currículo. Kiefer Sutherland, o Jack Bauer em pessoa, faz o líder dos vampiros; Corey Feldman anda sumido, mas esteve em vários filmes importantes da época (Os Goonies, Gremlins, Conta Comigo). Jami Gertz parecia que ia virar uma estrela – ela também estava em Abaixo de Zero, A Encruzilhada e A Primeira Transa de Jonathan – mas sua carreira nunca vingou; Jamison Newlander tem uma carreira curiosa: só fez cinco filmes, sendo que três são da franquia Garotos Perdidos. Ainda no elenco, Dianne Wiest, Edward Herrman e Barnard Hughes.

Os Garotos Perdidos teve duas continuações, mas que curiosamente, só vieram mais de vinte anos depois do primeiro filme: Lost Boys 2 – The Tribe, de 2008, e Lost Boys 3 – The Thirst, de 2010. Existia um gancho para um quarto filme, mas até agora, nada.

Ao lado de A Hora do EspantoOs Garotos Perdidos continua sendo um dos meus filmes favoritos de vampiros dos anos 80!